Blog do Raul

Eleições

O fim da linha de Cuba !

Cuba, Fidel Castro e Chê Guevara marcaram muito a minha juventude e as gerações que me antecederam. O espírito revolucionário que derrubou o regime oligárquico-ditatorial cubano e implantou um governo popular nos animava ao enfrentamento do regime militar no Brasil, adversário da democracia e da reunião de forças políticas e populares no governo do nosso país. Nossa luta aqui perdurou de 1964 a 1984, quando perdemos a luta por eleições diretas para a presidência da República, aceitamos a escolha de José Sarney pelo Colégio Eleitoral no Congresso Nacional e atravessamos o abismo da ditadura para a chamada Nova República. Apesar de tudo mantivemos acesa a chama do idealismo, renovando idéias e comportamentos, até o testemunho dos últimos acontecimentos lamentáveis desde Cuba.

Juro que me vejo incomodado com a visão arcaica de Fidel Castro e com o desmoronamento do regime que sonhou e ainda mantém a ferro e a fogo. Acho inaceitável o papel de cúmplice da repressão política e da violação dos Direitos Humanos na América Latina, sintomas do atraso, quando vivemos praticamente uma 5.ª Revolução Industrial. Não estamos mais suscetíveis a martelar com romantismo os referenciais da década de 60, que na história da minha geração e de duas anteriores, além de ter sido marcada por um sabor de inocência e lirismo nas manifestações sócio-culturais, de idealismo e entusiasmo no espírito de luta do povo, nas experiências com drogas, revolução sexual e protestos juvenis contra a ameaça de endurecimento dos governos. Mesmo assim conto isso aos meus filhos com o orgulho da minha natureza política e ainda exibo fotos de uma viagem em missão do governo brasileiro a Cuba em 1996, inclusive ao lado de Fidel.

Mas nunca tive laços de amizade com Fidel, como revelam sem constrangimento os atuais ocupantes do governo federal brasileiro e da militância do PT. Atravessei a fase de idolatria revolucionária, focando prioridades com a alfabetização, a educação para o emprego, a melhoria da qualidade do atendimento na área da saúde, o combate a corrupção, ao terrorismo e aos bloqueios políticos e econômicos desde o fim da Guerra Fria e o símbolo da derrubada do muro de Berlim. Fidel Castro explicitou recentemente, para mim soando nostálgico, que muitas gerações acreditaram e apoiaram a sua revolução, porque conseguia mobilizar gente atuante na ciência, na técnica, no trabalho, professores, intelectuais, jovens, estudantes.

Lamento que Fidel tenha se transformado numa figura errante, sobrevivente dos ideais revolucionários e encantado com a bajulação de esquerdistas caquéticos do Brasil e dos simpatizantes do neo-revolucionário bolivariano Hugo Chavez. Sei que um comentário dessa natureza, distante da linha comum da cobrança pura e simples de uma posição do governo do PT em relação a morte do dissidente cubano Orlando Zapata, morto em razão de maus tratos sofridos durante a sua prisão em Cuba, agravados pela greve de fome que manteve por mais de 80 dias, desagradará “companheiros”. Serei confinado na “direita” e na combinação de opositor lulopetista/tucano neoliberal (sic), que rasgou a “parte boa da biografia”. Não me importo com isso, minha preocupação está mais voltada a dignidade humana e a perspectiva emancipatória e de sobrevivência das pessoas

Cuba precisa de ajuda. O seu povo sofre, apesar da cultura, conhecimento e consciência, legados importantes da Revolução Cubana. O Brasil deveria aproveitar esse momento de “prestígio” político com a família Castro, posicionando pela democracia, liberdade e solidariedade. Por uma questão de princípio e de compreensão da realidade, o atual governo federal deveria considerar inegociável uma parceria tecnológica para produção e de investimentos para a recuperação econômica daquele Estado, sem o início da reconstrução da democracia. Não quero prosseguir acreditando que o presidente Lula esteja conivente com a similaridade histórica do holocausto e da opressão que vive o povo cubano.

Dizer amém aquele modelo político hoje, diante de todos os sinais de socorro emitidos da Ilha de Cuba, impõe compactuar com o atraso, o refluxo do esquerdismo e as ameaças contra as liberdades individuais. Em nosso próprio território, o governo Lula combina o seu pensamento autoritario para validar o polêmico Programa Nacional de Direitos Humanos, também rechaçado por toda a sociedade. O assessor para Assuntos Internacionais de Lula, Marco Aurélio Garcia, justificou a defesa da falta de liberdade de expressão e dos direitos humanos em Cuba, relativizando que “há problemas de direitos humanos no mundo inteiro”. Assim é possível compreender o silêncio de muitos e a mudança de posição de poucos, que felizmente tiveram a capacidade de despertar no meio desse pesadelo !

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Quem paga a conta das campanhas políticas ?

O regime democrático é o melhor e prevê a participação de todos na escolha dos seus representantes e na realização dos seus projetos. Mas esse processo de escolha, que acontece por meio de eleições, tem custo político, moral e financeiro. Um exercício que exige regras claras e bem definidas, para que todos tenham igualdadade de condições diante de uma disputa, mas que no Brasil são sempre duras e estimulam atitudes nada republicanas de alguns para o seu cumprimento. Essa constatação óbvia vem servindo para afastar a sociedade dos mecanismos de pressão para mudar e acompanhar as mudanças, justamente porque sobra a impressão de que todo político não presta e dele tudo de mal pode se esperar. Nos últimos tempos uma avalanche de denúncias sobre desvios de dinheiro que seriam destinados as campanhas eleitorais acentua ainda mais a desconfiança no sistema e o fosso entre os níveis de informação do cidadão e a verdade sobre quem realmente está pagando essa conta.

Preocupa a banalização dos desmandos políticos e administrativos, os flagrantes de corrupção em várias esferas de governos e partidos, mensalões, dossiês forjados, bem como a sua contraposição a impunidade, apesar das evidências e comprovações. Por isso é que vejo com muito bons olhos a chegada do projeto de lei de iniciativa popular (PLP 518/09), conhecido como “ficha limpa”, que pode impedir que os “fichas sujas” sejam candidatos nas próximas eleições.

Desde setembro do ano passado no Congresso, articulada pelo Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE), essa proposta foi subscrita por 1,5 milhão de assinaturas, mas obteve o apoio imediato de apenas 22 dos 513 deputados. Quando o tema é divulgado em todas as mídias gera uma sensação de mobilização política para os cidadãos, porém longe da transparência desejada no quesito financiamento das campanhas. Esse, a meu ver, o tema do momento, principalmente por causa dos custos projetados por alguns especialistas de marketing e produção de materiais eleitorais. Todo mundo sabe a diferença existente entre os volumes materiais da propaganda eleitoral e os resultados focalizados.

Os exemplos pedagógicos de punição a políticos de oposição ao atual governo federal do PT despertam para a oportunidade desse debate. Quando o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM) conheceu pela imprensa a decisão do juíz da 1.ª Zona Eleitoral da Capital, de sentenciá-lo com a cassação do mandato de prefeito por causa do recebimento de doações supostamente ilegais nas eleições de 2008, a primeira interpretação foi considerar a existência de dois pesos e duas medidas no julgamento exposto. Afinal, parece estranho que os magistrados definam punições e absolvições com base num limite aleatório para recebimento de arrecadações consideradas ilegais.

O comitê financeiro da campanha de Kassab declarou na sua prestação de contas, doações feitas pela Associação Imobiliária Brasileira, de sete construtoras e do Banco Itaú, instituições que mantém algum tipo de relação com concessionárias de serviços públicos ou diretamente com a prefeitura paulistana, que somavam valores superiores a 20% do valor total recebido nas eleições, mas que na visão do juiz não poderiam ultrapassar esse “teto”. Isso mesmo, “teto”!

Ora, se os prestadores de serviços, contratados e concessionárias do poder público estão impedidos de contribuir com as campanhas eleitorais, não será o momento de retomar a questão do financiamento público das mesmas ? Hoje esse financiamento acontece em parte, com os repasses de verbas do fundo partidário as legendas políticas e através do dito “horário eleitoral gratuito” nas emissoras de rádio e TV que, como é do conhecimento geral, são concessões públicas. A função pedagógica dessa decisão judicial é importante porque reabre a discussão sobre o sistema vigente de financiamento das campanhas, justamente porque há julgamentos parecidos em outros pleitos, com resultados diferentes.

Não posso deixar de dizer que, pela forma como o assunto foi trazido a opinião pública, cheira a ação eleitoreira, para comprometer um dos mais destacados líderes da oposição ao poder central. Assim, uma luz amarela, a caminho da vermelha, acendeu no meio do caminho. E não se ouve um pio de parlamentares de todas as origens partidárias, porque é evidente a delicadeza do tema, num ano eleitoral, que pode afetar ainda mais a confiança e a disposição daqueles que ajudam a pagar a conta das campanhas políticas.

O modo atual de financiamento contribui bastante para a dúvida de financiadores, financiados e da própria sociedade, em razão da falta de transparência com que alguns políticos captam recursos, interesses envolvidos, hipocrisia etc. O tema está pautado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e tende a inovar com a possibilidade de doações em massa pela Internet, bem como com a possível restrição das chamadas “doações ocultas”, feitas aos partidos e sem a especificação dos candidatos a quem elas se destinam.

Retomo a reflexão sobre a democracia, um dos maiores patrimônios da sociedade brasileira pós 25 anos de governos impostos, nomeados e autoritários. Já disse antes que ela tem custos como em qualquer lugar do mundo, mas que esses custos precisam ser transparentes e conhecidos, assim como os verdadeiros objetivos dos cidadãos que se propõem a disputa de uma vaga no cenário de uma Nação forte e ainda em construção. Nesse início de debate sobre tema tão crucial, do financiamento da política eleitoral brasileira, uma posição clara e verdadeira vai fazer bem. Não hesitaria provocar que os possíveis candidatos assinassem uma carta de princípios comprometida com uma Reforma Política!

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Brasil a frente com Serra Presidente !

A contragosto de muitos analistas políticos e de convivas do lulopetismo espalhados pelas redes sociais, os resultados das pesquisas pré-eleitorais confirmam a liderança do governador José Serra (PSDB-SP) para a presidência da República em 2010, sem que ele tivesse se apresentado como candidato, desfrutado do mesmo índice de exposição da candidata do PT (Dilma Rousseff) ou contasse com um cabo eleitoral como Lula. Os últimos números divulgados pelo Ibope, de levantamento realizado entre os dias 6 e 9 de fevereiro, apenas atualizam a percepção de que Serra irá para o segundo turno ou, na hipótese de Ciro Gomes receber outra missão do presidente Lula, Serra vencerá o pleito logo no primeiro turno.

Esse cenário comporta análises óbvias de otimismo do PSDB por uma vitória que resgata o seu modo de governar para o país, e de celebração do PT com a justificativa de que a sua candidata ainda sem ser caracterizada como “a Cara” do Lula avança rumo ao empate técnico antes da campanha “começar”. Mas vejo que o PT aposta na impunidade da sua campanha antecipada e se mostra equivocado quando torce pela comparação entre os dois últimos governos do partido, com os dois comandados por Fernando Henrique Cardoso, mesmo consciente que a sua candidata está prestes a alcançar o seu patamar de votos, em torno de 30%. Serra, FHC, Aécio Neves, Geraldo Alckmin, Tasso Jereissati, Beto Richa, lvaro Dias, Teotônio Vilela, Velozo Lucas, Arthur Virgílio, Yeda Crusius, Sérgio Guerra e muitos outros tucanos, por exemplo, não têm medo de comparar ações e resultados.

Os atuais 25% obtidos por Dilma na pesquisa Ibope não lhe pertencem, porque é um percentual conseguido única e exclusivamente pela transferência de prestígio do presidente Lula, que surfa na mesma popularidade que não foi suficiente para reeleger Marta Suplicy prefeita de São Paulo em 2004 ou para a sua última tentativa em 2008. Pelo contrário, o governador José Serra desponta e se sustenta na liderança dessas pesquisas eleitorais porque é o político mais conhecido no Brasil, dentre os atuais concorrentes, e detém o menor índice de rejeição de todos eles.

Mas o governador José Serra tem biografia e um currículo recheado de idéias, ações, experiência e resultados políticos e administrativos. Se a comparação for a partir desse ponto, rejeitada pelo lulopetismo, independentemente das candidaturas postas no cenário nacional, a vantagem pertence indiscutivelmente ao candidato do PSDB. Não tenho dúvida que ele será o candidato e que a partir do momento em que estiver desincompatibilizado das tarefas que programou no Governo do Estado de São Paulo, Serra exercitará o seu poder de articulação para definir o arco de alianças políticas, ditos palanques regionais.

Não há eleição ganha por antecipação. Esse processo prevê expressão nacional das candidaturas, campanha, debates, comparação de visões, modos de fazer e feitos pelo Brasil. Assino embaixo do artigo de FHC, reconhecendo que com o seu legado político, econômico, social e administrativo, não temos que temer o passado estruturante do presente com Lula. Daqui a 61 dias, esses ingredientes serão postos para todos os brasileiros. Erram agora os precipitados e também aqueles que apostam numa Nação dividida e sem rumo.

No que toca o PSDB, vale a pena lembrar dos alertas para não se apequenar em qualquer situação, como escreveu certa vez o saudoso ministro Sérgio Motta, porque o Brasil exige energias renovadas, disposição, capacidade e competência para responder as suas expectativas com um governo de verdade !

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Eleições com Internet, em livro !

O uso da Internet como ferramenta eleitoral no Brasil será posto a prova em 2010. Posso dizer que ficamos atrasados em relação a isso, porque tanto legisladores, quanto a Justiça Eleitoral impunham muitas restrições, talvez por causa do desconhecimento do assunto em estágio bem avançado em outras democracias no Mundo. A experiência vitoriosa de Barack Obama nos Estados Unidos tornou-se um referencial para as campanhas eleitorais e ainda há pouca bibliografia em livro com os seus exemplos. Essa foi a minha primeira justificativa para escrever “Militante Virtual – Eleições com Internet”, colecionando o novo marco legal eleitoral em nosso país, estratégias, modelos de campanhas e a vontade de usufruir de meios mais acessíveis, baratos, transparentes e eficientes para mobilizar um novo tipo de cabo eleitoral.

Fui candidato a deputado federal por São Paulo, obtendo 83 mil votos, e a prefeito de Santos, terminando a disputa no primeiro turno com 13%. Posso dizer que a organização de uma campanha na forma tradicional ou com os meios virtuais é tudo. No entanto, a vantagem de um competidor em relação ao outro na maioria das vezes se dá pela capacidade de investimento financeiro na produção de peças publicitárias, infra-estrutura de comitês e meios de transportes, além da produção dos programas de rádio e tv, contratação de lideranças sociais e de cabos eleitorais para a propagação das suas idéias ou simplesmente do seu próprio nome.

É frustrante para o objetivo de vencer ter apenas uma idéia e um violão. Com recursos suficientes apenas para atender ao básico numa campanha tradicional e com a limitação anterior imposta para o uso da Internet, os resultados foram óbvios: muita gente nem soube da existência da minha candidatura e os votos conseguidos foram insuficientes para me eleger. Por isso, na minha visão, com a Internet livre nas campanhas, as condições dos candidatos serão menos desiguais, principalmente quando você está familiarizado com antecedência das ferramentas disponíveis.

“Militante Virtual – Eleições com Internet” não será uma receita para vencer eleições em um novo cenário. Mas posso dizer que corresponderá a um manual de experiências exitosas ou não com a web, servindo de base para adaptar técnicas de marketing e publicidade eleitoral em toda a rede de relacionamentos entre pessoas, ideias e votos. Com o novo livro compartilharei descobertas e reacenderei procedimentos que alimentam a interatividade entre quase todos os incluídos digitais.

Para escrever esse livro, há dois anos venho pesquisando em todas as mídias sobre o tema. Nas livrarias de Santos, São Paulo e Brasília, e em livrarias virtuais de publicações de universidades brasileiras, adquiri 65 títulos de livros sobre o uso das ferramentas da web em diversas atividades, em especial nas áreas de marketing, vendas e educação. Também salvei na memória do meu laptop 3 mil páginas de textos e referências sobre o tema, além de 600 links e cerca de 800 matérias e notas em revistas e jornais brasileiros e estrangeiros.

O livro deverá ser lançado na primeira quinzena de abril deste ano, por uma editora que será definida e anunciada brevemente.

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Feliz 2010 !

Estou muito otimista em relação às perspectivas do novo ano. Em primeiro lugar para a Baixada Santista, que já recebe os primeiros sinais do interesse de investidores privados, com os anúncios das descobertas de petróleo e gás na Bacia de Santos e da atenção que o governo do Estado vem dando à infra-estrutura regional. Segundo porque vamos entrar num ano eleitoral e nessa situação as expectativas de mudanças são sempre maiores, embora a credibilidade da classe política brasileira esteja muito crítica. Quando você reflete sobre a renovação da esperança, tem em mente aquilo que não conseguiu até agora, para atender às suas necessidades pessoais ou coletivas e que acabam interferindo na vida de todas as pessoas. Mas não estou otimista apenas porque há motivos concretos econômicos ou político-eleitorais no cenário do Brasil.

Felizmente superamos em parte a crise econômica mundial por causa das bases do Plano Real e das medidas complementares adotadas pelo atual governo. Porém ainda há milhares de famílias brasileiras que amargam o desemprego de seus entres sem ver uma solução de curto prazo, apesar dos sinais emitidos principalmente pelos anúncios de empregos da Petrobrás, suas subsidiárias e prestadores de serviços em geral.

No entanto há caminhos a percorrer, principalmente com qualificação para esses futuros empregos. Ou imediatamente na área da construção civil, que já absorve milhares de trabalhadores nas obras habitacionais, de saneamento, duplicação de estradas, ampliação de vias urbanas e do Porto de Santos.

O grande problema a ser transposto é o da baixíssima execução do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC que, num balanço divulgado recentemente, indica que das cerca de 12.500 obras anunciadas pelo atual governo federal, 1.530 foram concluídas. Pouco mais de 10%. Sabemos que reverter isso não acontecerá da noite para o dia e a minha confiança estremece ao saber que o presidente da República, Lula da Silva, deseja realizar uma reunião em janeiro para discutir com os ministros da área econômica a ampliação de investimentos no país em 2010 e que entre os assuntos em pauta está uma segunda edição do PAC ou PAC 2, como os governistas já propagandeiam, sem ter cumprido 90% da primeira.

Por outro lado, o governador José Serra comentou recentemente a sua preocupação com o baixo valor atribuído à importância do planejamento, quando muitas cidades experimentaram e agonizam devido ao crescimento urbano desordenado. Ele se referia especificamente às perspectivas sonhadas pelas cidades que receberão dividendos das ditas descobertas no Pré-Sal, que carecem de se preparar para o que virá.

Logo, a iniciativa dos municípios de aprovar os seus orçamentos para o próximo ano, prevendo intervenções públicas em infra-estrutura, mostra que um sinal amarelo está intermitente sobre a prioridade do planejamento urbano, dados os péssimos exemplos de outras regiões que sofreram muito com o desenvolvimento desordenado.

Por fim, a travessia segura para o futuro se dará com a escolha de propostas e nomes políticos para todos os níveis de representação democrática no país, do deputado estadual ao presidente da República. Vejo que a sociedade dispõe hoje de todas as ferramentas necessárias para interferir e participar mais desse processo eleitoral, razão pela qual acredito que fará as melhores escolhas, porque é a sua opção concretizar um futuro otimista. Feliz 2010 !

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O destino de Serra e Aécio !

O anúncio da desistência da pré-candidatura a Presidência da República, pelo governador Aécio Neves (PSDB-MG), não precipita nada na estratégia do partido em relação à definição do seu nome para 2010. Neste domingo o Instituto Datafolha revelou novos números de pesquisa realizada após o programa de televisão do PT, que "atormentou" até alguns tucanos pela eficiência da comunicação dos lulopetistas, mas reforçou a liderança do nome do governador José Serra, com 37% (14% na frente de Dilma Rousseff). Esse resultado pareceu óbvio para todos, porém o destino de Aécio no processo eleitoral do ano que vem está gerando todo tipo de comentário, principalmente de quem torce pela divisão do PSDB e por uma suposta oposição de Minas Gerais a uma candidatura tucana que não seja de lá.

Já escrevi que entendo as razões do governador José Serra em não colocar o bloco na rua antes do tempo. No comando de São Paulo ele considera que há ainda muitas urgências administrativas que ele deseja consolidar como titular do cargo de governador. Acompanho a sua desenvoltura como testemunha das ações de governo, tanto como membro da sua equipe, quanto como dirigente do partido na comissão executiva estadual, atualmente empenhado na identificação e formação de chapas de candidatos a deputados estaduais e federais em todo Estado.

Por outro lado, essa "indefinição" do PSDB perturba mais os seus adversários que o próprio partido, porque o seu arco de alianças partidárias para 2010 está definido com muita antecedência e não é motivo de dúvida para quem analisa o cenário político nacional. Com o PSDB seguirão DEM, PPS e boa parcela do PMDB, apesar da influência exercida pelo presidente Lula em seus quadros mais autênticos (sic) José Sarney, Renan Calheiros, Romero Jucá etc.

Como fundador e militante do PSDB lamento que as instâncias de participação de todos os seus filiados no processo decisório ainda são limitadas. Nunca alimentei qualquer expectativa de que a escolha do presidenciável tucano para as próximas eleições acontecesse por meio de prévias ou primárias internas ou ampliadas. Luto por isso internamente, mas ainda há um longo caminho até obter esse amadurecimento e a consolidação da democracia interna, que conseguimos incluir no primeiro esboço dos seus estatutos e ainda não aconteceu. Mesmo assim, o PSDB nasceu como um partido de quadros e para as disputas de cargos majoritários sempre observou o entendimento entre os seus líderes maiores, como Franco Montoro, Fernando Henrique, Mário Covas, José Richa, Pimenta da Veiga, Tasso Jereissatti, José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin.

O candidato da vez é José Serra e não tenho dúvidas de que ele anunciará a sua disposição antes da Convenção Nacional no mês de junho. As pesquisas reconhecem essa condição e o governador Aécio Neves apenas convergiu, com o seu anúncio de servir ao seu Estado e ao país transferindo a sua chama política para outra direção. Ele tem o tempo que quiser para decidir, sem a aflição que acomete a imprensa e o lulopetismo, sobre as definições do PSDB.

Também não será a militância tucana que irá decidir o futuro de Aécio, bem como o seu próximo desafio partidário. Acho que há urgências maiores que o anúncio de Serra e de Aécio para 2010, como por exemplo a possível candidatura de Tasso ao governo do Ceará, Firmino Filho no Piauí, Álvaro Dias ou Beto Richa no Paraná, Luiz Paulo Velloso Lucas no Espírito Santos, Yeda Crusius no Rio Grande do Sul. Esses palanques são fundamentais para a campanha do PSDB no ano que vem, justamente porque servirão para ascender novas lideranças tucanas para o futuro próximo.

Agora, se você quer saber mesmo a minha opinião sobre a melhor chapa para liderar a aliança PSDB, DEM, PPS e boa parte do PMDB, não hesito dizer que ficarei muito feliz em votar José Serra Presidente, Aécio Neves Vice-Presidente, que representam de fato a unidade pelo Brasil!

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A “vantagem” da corrupção !

Na teoria da comunicação e na experiência da minha própria vida, sempre compreendi algumas mensagens em escala, como a de que uma imagem vale mais do que mil palavras. Que um governo considerado ético é aquele que não rouba e não deixa roubar. Ou que, em relação ao espírito de solidariedade, um erro não induz nem justifica a conivência com outro erro ou com o ato infringente de norma ética ou legal. Mas, nos últimos anos, a inversão de valores é tamanha que fico pensando se terei sucesso na pregação do que sempre aprendi e entendi como o melhor para viver em dignidade.

Acho inaceitável a mais recente afirmação do presidente Lula, quando comentou o flagrante do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), recebendo um bolo de dinheiro com vídeo e áudio, de que "a imagem não fala por si". Não fosse esse mais um ato que não é isolado sob o seu governo, Lula vem pregando um tratamento político para cada desvio de conduta dos homens públicos neste país, justificando que o Brasil vive uma onda de denuncismo, julgamentos apressados e criminalização pela imprensa e pelos canais competentes (TCU, TCE’s, MP’s) de fiscalização e controle sobre a aplicação de dinheiro público.

Lí um artigo de JR Guzzo na última página da revista Veja, no último final de semana, que faz uma excelente reflexão sobre o estado de institucionalização da bandalheira nos últimos sete anos, graças à complacência do presidente da República, que deveria ser o primeiro a explicitar os melhores exemplos para a Nação. Guzzo enfatiza que "há muito tempo, na verdade, a divulgação de um escândalo deixou de inibir outro; ser pego em flagrante é a última de suas preocupações".

Ele pinça vários acontecimentos desse período lulopetista, de responsabilidade do governo e da oposição, protegidos sob a inspiração no que ele chama de "evangelho de Lula e se sustenta que ninguém é culpado de nada". Os ministros do governo Lula entoam esse mantra e diminuem a responsabilidade dos mensaleiros com as chagas na imagem do PT: "Até agora não temos nenhuma dessas pessoas julgada e condenada, por isso acho absolutamente normal que elas exerçam os seus direitos políticos", conforme Dilma Rousseff na convenção do partido.

Ou então sobre as declarações de Juca Ferreira, ministro da Cultura, de que "a imprensa é paga para mentir" e, portanto, ninguém deve acreditar no que ouve, vê ou lê nos meios de comunicação. Isso é muito ruim para a educação de um povo, que se sente cada vez menor diante dos mais espertos que pode sobreviver apenas se levar vantagem em quase tudo…

Qual a vantagem da ética sobre esse mar de lama, se os julgamentos tendem a respostas políticas ao invés de revelar a verdade ou decisões isentas ? Na semana passada o STF decidiu aceitar a denúncia contra o ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), e o novo ministro José Antonio Dias Toffoli votou contra, deixando no ar a interpretação de que um voto favorável derrubaria a tese do "eu não sabia", que ele construiu para isentar Lula.

Mas essa tese valeu antes para considerar o presidente inocente no processo do mensalão que exonerou ministros e afastou deputados do PT e da sua base aliada em 2006. O próprio senador Eduardo Azeredo disse que a sua situação é muito semelhante, mas o tratamento foi desigual e Lula não recebeu nenhum inquérito. Um erro justificaria o outro nesse caso ? A sociedade brasileira é obrigada a aceitar a compensação das falhas, se as provas forem fabricadas ou as imagens e indícios não falarem por si ?

A jornalista Mary Zaidan escreveu artigo com o título de "Pesos e Medidas", para comentar a condenação da ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina (PSB), obrigada a pagar R$ 353 mil aos cofres paulistanos por ter publicado em 1989, anúncios sobre a greve de ônibus na cidade. Nesse caso, Erundina não se meteu em falcatruas para encher seu bolso, não inventou operações escusas de precatórios, não fez acordos com empreiteiros, não desviou grana para caixa 2 de campanha.

Hoje o deputado federal cassado José Dirceu (PT), ao voltar ao comando do partido, disse que o povo sabe diferenciar corrupção de caixa 2. Lula disse na semana passada que o povo brasileiro sabe que a solução para mudar esse cenário passa por uma reforma política; iniciativa que sempre surge como o remédio para todos os males e que não teve consenso nas últimas quatro legislaturas do Congresso Nacional.

O povo sabe, o povo quer. Daqui a pouco sobrará para o povo a responsabilidade pela impunidade e pelas teses esdrúxulas dos governantes de plantão, às vésperas de uma eleição importante em 2010. Até quando os direitos serão desiguais para todos ? Quais as razões, como bem reflete Mary Zaidan, para a defesa insana do senador José Sarney por Lula ? Porque os produtores do dossiê antitucano na campanha de 2006 continuam fora da cadeia ? E o publicitário Duda Mendonça que relatou ao vivo e a cores que recebera dólares não declarados em uma conta no exterior para quitar dividas do PT com o seu trabalho em campanha ?

A "vantagem" da corrupção não pode diminuir a expectativa de quem faz muito para mostrar a diferença. Comecemos por impedir que se nivelem todos os políticos por baixo. Ainda há tempo de refletir e construir as nossas melhores escolhas ! Não somos avestruzes !

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Vale-tudo eleitoral para Dilma e o PT ?

Se o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, admite que o governo Lula testa os "limites de tolerância" da Lei Eleitoral e nenhuma atitude é tomada para coibir a antecipação da campanha, é possível acreditar que as disputas de 2010 vão institucionalizar o vale-tudo ! Nunca antes na história deste país essa atitude saiu impune, mas agora parece legal emitir sinais eleitoreiros nas margens do São Francisco, nas cercanias do Palácio do Alvorada e nas "inspeções" de obras lentas do PAC. Quem pagará pelo dinheiro público que está sendo utilizado na campanha, com tenda árabe no meio do sertão, com nove cozinheiros, 22 garçons, cantor de forró e aviões e helicópteros transportando lulopetistas ? Não sabia que o TSE e os TRE’s têm "limites de tolerância".

Trocando em miúdos, para bom entendedor, o processo eleitoral do vale-tudo está virando uma zona, por causa das más intenções históricas do Congresso Nacional que não aprova uma reforma política para valer, com fidelidade partidária, voto distrital e até as burocráticas listas partidárias. Quem duvida disso precisa observar o desdém no tratamento aos candidatos com fichas sujas, que mereceu a mobilização da sociedade civil – Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral – que reuniu 1,3 milhões de assinaturas em projeto de iniciativa popular, crentes em mudanças.

A Internet liberada, com algumas pequenas restrições, logo será usada antes do prazo para apresentar candidaturas e antecipar os pedidos de votos. Observo que há um certo conformismo geral, mesmo com os partidos – PSDB, DEM e PPS – de oposição ao PT e ao lulopetismo, representando pedido de punição à campanha eleitoral antes do prazo à justiça responsável pela aplicação das novas regras. Acho que ninguém acredita na capacidade de fiscalização e punição pelos tribunais eleitorais, porque o presidente Lula não se preocupa mais em pedir votos e torcer pela sua candidata, enquanto a ministra Dilma Roussef, como ouvi hoje de comentaristas políticos no rádio, que "bate como homem", cândidamente diz que a oposição a persegue por preconceito contra o fato de ser mulher.

Como disse a senadora Marina Silva (PV), o governo Lula está usando a máquina pública para fazer campanha: "Há um incômodo legítimo da sociedade; essa ida ao São Francisco em caravana caracterizou um ato de campanha; os atos falhos falam por si. Não tem nada a ver com ser homem ou mulher."

Esse cenário abusivo merece aquela comparação que Dilma Roussef sempre gosta de fazer: quem respeitou mais a democracia e as regras do jogo por eleições limpas e sem corrupção. A história registra que FHC jamais manipulou a igualdade de oportunidade na competição eleitoral !

Enquanto o PT, Lula e os seus lulopetistas aloprados…

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… e foi-se Chalita !

Faz dois meses e o vereador de São Paulo, Gabriel Chalita, foi lançado candidato ao Senado num encontro com alguns tucanos da Baixada Santista em Santos. Com todo o respeito que ele sempre mereceu, esse acontecimento não repercutiu no PSDB porque foi um ato isolado e de motivação aparentemente pessoal. Com o desfecho da novela "Chalita" e o seu destino assemelhado à infidelidade e à traição, estou ainda mais convicto que, ao contrário das suas pregações filosóficas e literárias, ele jamais demonstrou qualquer afeto ao PSDB, excetuando os seus laços com a família de Geraldo Alckmin e a recém-revelada paixão pelos exemplos democráticos de Franco Montoro e Mário Covas.

O professor que recitava poemas e cantava melodias de auto-ajuda com os professores em todo o Estado de São Paulo passou a construir e a executar, desde o seu "lançamento em Santos", uma estratégia de negação das oportunidades confiadas por Geraldo Alckmin, durante quase cinco anos ininterruptos nas secretarias da Juventude e da Educação. Pior que isso: ao se dizer frustrado em não poder realizar o seu "sonho de educador" nos governos do PSDB, deseja passar ao largo de uma gestão educacional marcada por muitas dúvidas administrativas – ainda sem os devidos esclarecimentos.

De uns tempos para cá, o projeto político pessoal de Chalita virou um prato cheio para colunistas sociais e de política, nos jornais, revistas e portais na internet. Todos destacaram os seus flertes com outras legendas partidárias, deixando a impressão de que era apenas mais um político seguindo a temporada de troca de partido, comum no mês de setembro, em ano que antecede as eleições.

"Vítima" do PSDB que não lhe dera a oportunidade de "sonhar com uma ação política que privilegie o ser humano", o intelectual bem educado demonstrava a sua consistência ideológica e ética ao trocar José Serra por Dilma Rousseff ou Ciro Gomes, Geraldo Alckmin por Kleber Bambam ou Rita Cadilac, sem contar o grau de seus compromissos com o manifesto e o programa do PSDB.

Para muitos, essa movimentação parecia uma estratégia arquitetada apenas para chamar a atenção do partido para os projetos comuns de suas alas. Mas, sem argumentos que pudessem convencer a estrutura do PSDB em todo o Estado e impaciente com o debate interno, Gabriel Chalita não mediu e não escondeu seus vôos e articulações com os principais opositores do PSDB no cenário nacional.

Numa manhã de domingo, no Twitter, testemunhei Chalita interagindo com militantes virtuais do PSDB, conhecendo melhor as suas impressões do processo de saída anunciada. Achava, até aquele momento, que tais articulações externas se resumiam às notas na imprensa e que ele não moveria peças no xadrez partidário sem o consentimento de Alckmin. Ledo engano!

Alertei Gabriel Chalita para que ele procurasse a direção do PSDB e manifestasse o seu interesse em se candidatar ao Senado em 2010. Respondeu que do PSDB ele tinha apenas a saudade da democracia de Montoro e Covas, batendo os pés com a justificativa de que a sua candidatura serviria à realização do seus sonhos e num partido mais democrático.

Realmente, Chalita, vá logo e tenha uma boa sorte!

… e foi-se Chalita ! Read More »