Blog do Raul

Notí­cias

China ofende Cubatão !

Fiquei indignado na semana passada, quando li matéria no jornal “Folha de São Paulo” (22/06), classificando Cubatão como um dos “lugares mais horríveis do mundo”, num ranking elaborado pela Agência de Notícias Xinhua, da China. Ruim pela notícia falsa, pior porque foi baseada em informações dos anos 1970, divulgando que ainda hoje é a cidade mais poluída do mundo ou o “Vale da Morte”. A Prefeitura convidou os chineses a uma visita ao município, para testemunhar in loco as razões que justificam o título de exemplo de recuperação ambiental, recebido da ONU – Organização das Nações Unidas, durante a Eco-Rio em 1992.

Era o secretário municipal do Meio Ambiente, quando Cubatão viveu essa transformação. Por isso acho que os representantes na Prefeitura, Câmara Municipal, sociedade civil e setores produtivos do Pólo Industrial deveriam exigir uma retratação pública. Com a propagação desse ranking podem ressuscitar a velha imagem de cidade poluída afastada faz 20 anos.

Fiz este comentário porque a Agência Xinhua é uma instituição jornalística estatal da República Popular da China e mantém o site de notícias ( http://www.xinhuanet.com/english2010/ ) mais visitado da China e terceiro do mundo, com cerca de 800 milhões de acessos diários. As notícias veiculadas por eles repercutem porque eles têm a fama de garantir por uma questão de princípio, o compromisso com a realidade, objetividade, justiça e oportunidade.

Esse princípio foi desconsiderado e a Xinhua deve desculpas a Cubatão. Para conhecer melhor o tratamento da cidade basta digitar “Cubatão” e buscar as suas notícias relacionadas, vendo logo ilustrações de um cadáver cheio de formigas e do Pólo Industrial tomado pela fumaça “poluente”. “Ignoram” que há outra cidade após o programa de controle da poluição iniciado durante o governo Franco Montoro e concluído no começo dos anos 1990. E agora o Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar, que atende às pessoas que vivem desde os anos 1930 nos chamados bairros Cota, removendo-as para áreas urbanizadas e seguras.

No texto de apresentação dos “lugares mais horríveis do mundo”, a Agência Xinhua introduz o ranking assim: “Em nosso grande mundo, há também cidades horrendas, habitadas por uma subcultura de poluição, pobreza e gângsteres. Aqui, você vai descobrir alguns dos lugares mais poluídos e violentos”. Em seguida eles listam duas cidades brasileiras: o Rio de Janeiro, pelas suas favelas, e Cubatão, por causa da poluição e das péssimas condições de vida, ao lado de Dharavi (Mumbai, Índia), Tchemobil (Ucrânia), Mogadíscio (Somália), Dzerzinsk (Rússia) e comunidades pobres do Quênia, Zâmbia e do Camboja

Essa matéria faz parecer que os “colegas jornalistas” chineses da Xinhua ignoram as suas próprias mazelas. Sem querer consolar a comunidade cubatense, um dos mais importantes institutos americanos especializados em poluição, o Blacksmith com sede em Nova York, aponta duas cidades chinesas entre as dez mais contaminadas do planeta – Linfen e Tianying, excluídas das mais “horríveis”. O Brasil deve ser respeitado pelas suas conquistas e mudanças. Não é possível aceitar que, por causa de uma política externa ideologizada do atual governo federal do PT, condescendente com ditadores, Cubatão fique sem essa reparação!

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Golfo do México x Bacia de Santos

A catástrofe ambiental provocada pelo vazamento de óleo no Golfo do México apavora Barack Obama, que não consegue controlar essa situação, e todos quantos residentes no continente americano pelas consequências sem precedentes mundiais. O tempo está passando e são evidentes as dificuldades da maior potência do mundo controlar o quê se passa a 1.500 metros de profundidade. Mas esse acontecimento tem caráter educativo e deveria alertar os responsáveis para ações preventivas com investimentos nas melhores opções de segurança para uma indústria que é gravemente insegura. São muito claras as lições do Golfo do México para o que está por vir da Bacia de Santos.

O primeiro passo do atual governo federal, por meio dos seus ministros e dirigentes da Agência Nacional do Petróleo e da Petrobrás, foi anunciar a descoberta das jazidas de petróleo e gás na Bacia de Santos. Esse acontecimento trouxe para o Brasil muita esperança para a sua estabilidade financeira num futuro próximo, proliferando planos de utilização desses recursos daqui para as próximas décadas. No passado recente a Petrobrás comemorava a sua auto-suficiência, e agora com o início da exploração das riquezas sob a camada do pré-sal quem se prepara para esse salto é o próprio país.

Vivemos na região metropolitana da Baixada Santista, inserida no Litoral Paulista, que já recebe os primeiros sinais da anunciada prosperidade, mas que pouco ainda sabe do ônus dessa movimentação presente e futura. Todas as análises indicam para o aproveitamento dos dividendos da exploração e comercialização dos volumes prováveis sob a camada do pré-sal e para as medidas essenciais da convivência com o novo mundo técnico e industrial dos produtos da descoberta.

Estima-se que a camada do pré-sal contenha o equivalente a cerca de 1,6 trilhões de metros cúbicos de gás e óleo. Para essa extração, ainda perdura uma grande polêmica sobre a tecnologia que será utilizada e sobre os recursos técnicos para retirar o óleo de camadas tão profundas. O campo de Tupi, como exemplo, está a 300 quilômetros do litoral, a uma profundidade de 7.000 metros e sob 2.000 metros de sal. Portanto, a 7.500 metros além das jazidas do Golfo do México.

Essa é mais uma preocupação para o debate econômico do Brasil, que hoje discute no Congresso Nacional o sistema de partilha e a utilização dos seus recursos financeiros, mas ainda não possui um planejamento compartilhado com as cidades litorâneas para a expansão urbana com a previsão de infra-estrutura que assegure a qualidade de vida da população e programas continuados de qualificação de mão de obra que indica para a contratação de pelo menos 240 mil técnicos, sem falar das demais cadeias produtivas e de prestação de serviços.

Uma longa e importante entrevista do biólogo marinho americano Richard Steiner, ao caderno “Aliás” do jornal O Estado de São Paulo deste final de semana, contribui muito para os cuidados que o Brasil deve ter na hipótese de um acidente, como a explosão da plataforma da British Petroleum ou BP, no Golfo do México, há dois meses: “Antes de furar a camada pré-sal, que se pense em tudo. Do funcionamento das travas hidráulicas ao custo oculto do petróleo”. Enfim, um tema na contramão da busca de alternativas energéticas, das mudanças climáticas e de vidas saudáveis, num mundo que poderia se recuperar com maior foco na sustentabilidade e em harmonia com a natureza.

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Twitter, cadê você ?

Uma das redes sociais mais badaladas da Internet hoje em dia, o Twitter, saiu do ar por volta das 23h30 desta segunda-feira (14). Busquei informações no google e em outros sites e parece que a boataria de que o Twitter sofreria uma pane geral nos próximos dias, desta vez teve razão de ser. Faz uma hora e meia que não consigo acessá-lo e, a exemplo das vezes anteriores, ao digitar o seu endereço de acesso www.twitter.com aparece aquela já famosa imagem da baleia com o aviso “Twitter is over capacity” (excesso de capacidade do Twitter). Então comecei a imaginar como seria a vida sem o Twitter…

Coube lembrar imediatamente a letra daquela composição do Arnaldo Antunes, intitulada “Longe”, que descreve uma situação muito parecida e “aflitiva” com o pesadelo de viver sem o hábito de tuitar: “Onde é que eu fui parar? / Aonde é esse aqui? / Não dá mais pra voltar / Por que eu fiquei tão longe? / Longe… / Onde é esse lugar? / Aonde está você? / Não pega celular / E a terra está tão longe / Longe… / Não passa um carro sequer / Todo comércio fechou / Não tem satélite algum transmitindo / notícias de onde eu estou / Nenhum email chegou / Nem o correio virá / E eu entre quatro paredes sem porta / ou janela pro tempo passar / Dizem que a vida é assim / Cinco sentidos em mim / Dentro de um corpo fechado / no vácuo de um quarto no espaço sem fim / Aonde está você? / Por que é que você foi? / Não quero te esquecer / Mas já fiquei tão longe / Longe… / Não dá mais pra voltar / E eu nem me despedi / Onde é que eu vim parar? / Por que eu fiquei tão longe? / Longe, longe, longe, longe / Longe, longe, longe / Seis, cinco, quatro, três, dois, um.

Por onde os meus amigos, conhecidos, desconhecidos, fakes ou trolls, que passaram a interagir comigo, desde que criei o meu login www.twitter.com/raulchristiano em agosto de 2008, voltarão a se encontrar comigo? Quem sabe o meu amigo e colega de pós-graduação na ESPM, o publicitário Adriano Brandão, que me orientou acessar o Twitter pela primeira vez, tenha uma receita que substitua esse quase vício de contar o que estou fazendo, pensando e querendo mudar. Por ele já me habituei ao mantra: #Educaçãoétudo #Educaçãoétudo #Educaçãoétudo ou parodiar o poeta, dizendo que tuitar é preciso, mas viver é ainda muito mais!

Pelo Twitter além de interagir mais com as pessoas, contando sobre as minhas idéias e tornando mais transparentes as minhas opiniões sobre quase todos os assuntos que movimentam nossas vidas, acompanhei também as reflexões dos meus filhos e percebi o quanto bem humorados eles se tornaram. Eles cresceram e já pontuam uma visão do mundo à sua volta, que hoje em dia é quase impossível conhecer nos raros momentos em que compartilhamos todos à mesma mesa na hora do almoço ou do jantar.

O Twitter me fez tuitar mais que blogar, que já havia se tornado um hábito diário. Virtualizando consegui olhar o mundo de uma outra forma, sem barreiras, principalmente porque quando comecei aqui, o fazia pelo prazer de confabular, chegando a imaginar que na síntese das minhas orações, mensagens, agendas, análises críticas, em apenas 140 caracteres, na prática retomaria a minha produção poética dos anos 70 e começo dos 80. Mas está cada vez mais clara a importância dessa rede e de suas ferramentas eficazes, o seu uso no dia a dia pessoal, do trabalho e da militância política.

Não posso crer que o Twitter se apagou, mesmo agora quando começo a acreditar, há quase três horas sem conseguir acessar o meu próprio perfil, que os boatos tinham um fundo de verdade. Buscando informações, achei uma nota sobre um possível “Twitpocalypse”, informando que a ameaça de esgotamento devia ao banco de dados da rede social Twitter, que suporta 2.147.483.647 (dois bilhões, cento e quarenta e sete milhões, quatrocentos e oitenta e três mil, e seiscentos e quarenta e sete) posts e que, quando esse número fosse ultrapassado, a tendência é que o sistema pararia de funcionar.

A vida é mesmo assim… quem sabe esse apocalypse seja apenas mais uma estratégia de marketing para ganhar ainda mais adeptos ou então para que possamos utilizá-lor cada vez mais, como se já não tivéssemos a idéia do quanto impossível é viver fora de uma rede social nos dias atuais. Confesso que, antes de postar estas divagações, tentei dezenas de vezes acessar o Twitter, em vão… …enquanto isso não acontece, e nem bem sei se ele irá voltar, vale a pena ouvir Arnaldo Antunes, cantando “Longe”, mas tão perto de todos nós: http://youtu.be/uoKWAiwmUes

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“Aloprados” sempre de plantão !

Sobraram denúncias e confirmações ao longo do atual governo federal do PT, da fabricação de “dossiês” contra os seus adversários políticos, por orientação direta da Casa Civil da Presidência da República, do ministério da Justiça ou de pessoas contratadas pelo partido governista para as suas campanhas e ações eleitoreiras. As justificativas oficiais rechaçam sempre a versão da existência de uma central de “dossiês”, optando pela irônica referência a uma tarefa corriqueira atualização de “banco de dados”, que prevê bisbilhotar inclusive a vida pessoal dos seus opositores para tentar inibir reações contrárias ao novo modo de fazer política no Brasil pelos lulo-petistas. Isso é uma afronta ao estado democrático, repetida agora no início da disputa eleitoral de 2010.

O tema “fábrica de dossiês” retornou ao noticiário em todas as mídias, por conta de um alerta feito por José Serra, de que havia indícios de uma nova ação dos articuladores da campanha atual do PT, para ilegalmente escutar conversas telefônicas, reunir material contra pessoas e partidos, principalmente do PSDB e do DEM. A reação do PT foi imediata, “indignados” e pró-ativos numa possível interpelação de Serra nas barras da justiça. Mas logo veio a confirmação de atores consultados para elaborar o roteiro de uma nova tentativa de farsa eleitoral. E caiu o gabinete de comunicação da candidata Dilma.

Vale relembrar que a então ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) foi pilhada quando a sua secretária-executiva Erenice Alves Guerra, atual ministra da mesma pasta, montava com a sua equipe um dossiê com denúncias feitas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de sua mulher Ruth Cardoso. O episódio nunca foi esclarecido, além de uma minimização de que se tratava de uma atualização do banco de dados da presidência da República.

Na sequência, em 2006, a mesma movimentação da central de dossiês queria atingir as campanhas do PSDB. Detectada e denunciada a tempo de transformar o processo eleitoral num festival de baixarias, coube ao próprio presidente Lula considerar publicamente que as imagens de petistas e contratados do PT, carregando malas de dinheiro e dialogando em escutas telefônicas da Polícia Federal sobre a fabricação de informações contrárias a políticos do PSDB, eram coisa de “aloprados”, uma “brincadeira”. Ora, até hoje não se sabe a origem e o destino daquela dinheirama movimentada nos bastidores da campanha de 2006 do senador Aloysio Mercadante.

Imaginava que o PT reagiria dessa lição e se ocuparia de outros meios, recompondo-se com a ética e com o respeito às regras democráticas esperadas em campanhas e eleições livres e limpas. Ledo engano. A nova descoberta demonstra que toda atenção será pouca no processo político em curso. Os próximos quatro meses prometem muito e acho fundamental manter o equilíbrio nesse jogo desigual, rasteiro, que não deveria, mas que precisa de novos revezes para ser considerado sério e merecer o crédito de uma sociedade longe da perplexidade. A culpa é do cenário óbvio, infelizmente.

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O mal do Brasil sem fronteiras !

José Serra não faltou com respeito à Bolívia e aos bolivianos, quando disse que o governo daquele país é cúmplice com o tráfico de drogas e que 90% da cocaína consumida no Brasil vem daquele país. José Serra apenas realçou que o atual governo federal do PT é complacente com a direção imposta pelo mui amigo Evo Morales, ideologizando uma parcela do Itamaraty (leia-se ministério das Relações Exteriores com dois ministros sentados na mesma cadeira – Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia) e deixando frouxa a vigilância das fronteiras brasileiras, porque os vizinhos são bastantes companheiros.

A Bolívia não combate nem a produção, nem o tráfico de drogas. A Colômbia, bem ou mal, combate. E o atual governo brasileiro se mostra incapaz de cobrar contrapartidas de seus parceiros políticos estrangeiros, aceitando sem qualquer resistência o maior combustível para o crime organizado no Brasil e para a imobilização da juventude brasileira sujeita ao vício da cocaína e do crack, com a acessibilidade cada vez mais fácil em todo o território nacional. Porque não se corta o mal pela raiz ?

O jornalista Josias de Souza, da Folha de São Paulo, teve acesso a documentos oficiais produzidos pelo governo federal durante a gestão do presidente Lula, que reforçam a acusação de José Serra contra o governo da Bolívia. As candidatas Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) estão equivocadas quando, respectivamente, combateram as declarações do presidenciável do PSDB: a petista disse que Serra “demoniza” a Bolívia, enquanto a verde alegou que “não se trata assim um país irmão”. Ora, não lí até agora uma linha de ambas em relação à maior segurança nas fronteiras do Brasil, à Soberania Nacional e à política concreta de Segurança Pública em todos os níveis.

Conforme os documentos revelados por Josias de Souza, realmente 80% da cocaína distribuída no Brasil vem da Bolívia, sendo a maior parte na forma de “pasta”, para que o refino seja feito no país. A fonte é uma autoridade da Divisão de Controle de Produtos Químicos da Polícia Federal, e o próprio Itamaraty atesta que, sob o governo de Evo Morales houve “valorização” da folha de coca, o aumento na sua produção pelo quinto ano consecutivo e o interesse daquele governo firmar acordo com o Brasil, segundo o qual a PF brasileira passaria a atuar lá no combate ao tráfico de cocaina e armas.

Ao invés de um gesto de preocupação e tranqüilidade para com a família brasileira, vítima das drogas e do crime organizado em nosso país, o PT insurgiu juntamente com o ministério das Relações Exteriores da Bolívia, as candidatas petistas (Dilma e Marina) e o presidente Lula, tentando desqualificar José Serra e as suas graves denúncias. Lula brincou de “fazer inveja no Serra”, abraçando Evo Morales no Rio de Janeiro, enquanto a cocaína continua atravessando nossas fronteiras. Por essas atitudes e por muitas outras que ainda estão por vir, acho fundamental que a sociedade reflita melhor sobre quais mãos garantem um futuro mais sério e seguro para todo o Brasil.

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“Iscas eleitorais” e a ficha limpa!

A sociedade brasileira tomou partido pela despoluição do Congresso Nacional, de políticos e candidatos a cargos políticos, com a apresentação do projeto para vetar candidaturas de pessoas condenadas. O projeto “Ficha Limpa”, aprovado por deputados federais e senadores, vai ser sancionado pelo presidente da República, sobrando uma dúvida fundamental, se a Justiça irá ou não considerar a sua validade para as eleições deste ano. Essa iniciativa é transformadora num processo eleitoral improvisado e oportunista, que até hoje protege fichas sujas com a redoma da imunidade parlamentar e foro privilegiado no enfrentamento de pendências judiciais. Por outro lado, partidos médios e nanicos montam time de “iscas eleitorais” que escondem a eleição de rejeitados pela própria sociedade.

É preciso registrar que o Congresso Nacional é composto por um número mínimo de fichas sujas, que devido ao comprometimento ético dessas figuras, antes e ao longo de suas vidas públicas, contamina a visão da sociedade sobre as instituições democráticas, especificamente o parlamento em todos os níveis – Câmaras Municipais, Assembléias Legislativas, Câmara dos Deputados e Senado Federal. Comportamentos e folhas corridas de uns servem para generalizar a consideração de todos. Daí o descrédito e a rejeição aos políticos, que na última pesquisa do Datafolha no mês de março indicava que 33% consideravam o desempenho de deputados e senadores ruim e péssimo.

Acho fundamental que o Tribunal Superior Eleitoral opine pela validade da Lei “Ficha Limpa” para as eleições deste ano. Essa é a melhor resposta para o empenho da sociedade, que pela quarta vez na história quis modificar regras sobre questões essenciais e de interesse público, por meio de projetos de iniciativa popular. “Ficha Limpa” contou com 1,6 milhões de assinaturas na sua apresentação e agora soma quase quatro milhões de subscritores.

Mas será que isso por si só muda o perfil da classe política no Brasil? Acredito que é um passo muitíssimo importante para recuperar a credibilidade das instituições democráticas, mas ações complementares com uma Reforma Política e Eleitoral são necessárias, justamente para evitar as deformações representativas, que poderiam ser corrigidas a partir do voto distrital, por exemplo. No entanto, partidos forjam força eleitoral com investimento em candidatos que servem apenas para puxar votos e eleger também donos de partidos e até gente de passado duvidoso.

São as chamadas “iscas eleitorais”, compostas de personalidades do mundo artístico e dos esportes, sem traquejo político, mas de amplo conhecimento público, que se somam aos políticos com preço de compra por governantes inescrupulosos. Figuras que contribuem para aumentar a ignorância política e os desvios das finalidades do Congresso Nacional. Infelizmente esses servem de escada a políticos espertos, que apostam sempre na manutenção da repugnância e do descrédito nas próprias instituições, para agir com propriedade no retrato infiel da verdadeira democracia representativa.

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Educação melhor desde FHC

A melhoria da qualidade da educação não está atrelada à criatividade da publicidade institucional dos governos, mas à efetivação de programas estruturados que ofereçam as condições necessárias para isso. Nos últimos dias tenho assistido aos comerciais do MEC – Ministério da Educação apresentando experiências de sucesso em escolas públicas de diversas regiões do país, sem dizer que é obra do PDDE – Programa Dinheiro Direto na Escola, idealizado e executado desde Paulo Renato Souza, a partir de 1995, quando era ministro da Educação durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Por uma questão de honestidade histórica e intelectual, governantes de todas as esferas deveriam ter o cuidado de defender a continuidade das políticas públicas bem sucedidas, principalmente quando se referem à Educação.

Hoje o PDDE é uma das ações do Programa Mais Educação, criado em 2007, e é um dos principais ítens para melhorar o IEE – Índice de Efeito Escola, que indica o impacto que a escola pode ter na vida e no aprendizado do estudante, fomentando atividades para melhorar o ambiente escolar. O “guarda-chuva” Mais Educação é uma grande iniciativa do atual governo federal, porque ele responde de maneira global aos resultados dos estudos desenvolvidos pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com base nos resultados da Prova Brasil, realizada pelo Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira como parte do Saeb – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica.

Mas quem reestruturou o Inep e consolidou o sistema de avaliação da educação? Quem criou a vantagem do programa Dinheiro Direto na Escola e em seguida o Fundef – Fundo de Desenvolvimento da Educação e Valorização do Magistério? O governo FHC. Governo que é responsável por ações estruturantes nunca antes vistas na história deste país desde Gustavo Capanema, ministro da Educação no Estado Novo com Getúlio Vargas.

Se não fossem essas ações, com toda certeza as imagens positivas de uma significativa parte das escolas brasileiras ainda seriam impossíveis. As escolas públicas precisam de atenção, não só para garantir o sustento da corporação dos seus professores e funcionários, mas também para uma contínua assistência financeira, em caráter suplementar como ocorre com o PDDE. Esse programa bem sucedido, que felizmente não foi interrompido pelo atual governo, engloba várias ações e objetiva a melhora da infra-estrutura física e pedagógica das escolas, bem como reforça a autogestão escolar nos planos financeiro, administrativo e didático, fatores essenciais para elevar os índices de desempenho da educação básica.

O Brasil merece mais. Se durante o governo FHC deixou de ser uma letra morta na constituição, o dispositivo que assegurava a universalização da matrícula nas escolas públicas para as crianças de todo o país, o MEC ainda deve uma vitória na orientação para o desafio da melhoria da qualidade do ensino para todas as crianças brasileiras. Um futuro melhor será garantido com mais educação de qualidade e sem conviver com a coexistência de escolas públicas boas e ruins. Mais governo ajudará muito o MEC!

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A madrasta do PAC !

Durante entrevista ao jornalista Paulo Schiff, no programa “Manhã Litoral” da Rádio Litoral FM da Baixada Santista, fui questionado sobre o quê pensava das declarações do presidente Lula ao jornal espanhol “El País” que afirmou construir no Brasil “um capitalismo moderno, o Estado do bem estar” e que não via a “possibilidade de perder as eleições” com Dilma. Respondi ironicamente que o presidente não se vê exagerando quando passa a impressão no exterior de que o Brasil foi descoberto em 2003 e disse também que Dilma Rousseff, candidata do PT a presidência, não foi uma boa gestora nem do PAC para querer ser presidente. Paulo Schiff retrucou dizendo que Dilma era considerada a “mãe do PAC” e me provocou dizendo que isso podia ser uma vantagem para ela, juntamente com o apoio de Lula.

Não resisti à provocação e relembrei que de acordo com os levantamentos feitos pelo PSDB e pelo site Contas Abertas o atual governo federal do PT não conseguiu executar 15% das ações e obras anunciadas. Mais tarde, ao escrever este post, constatei que das 10.914 obras prometidas, apenas 320 ficaram prontas, sem falar nas expectativas criadas pelo programa “Minha Casa, Minha Vida” que, diante das dificuldades de construir 1 milhão de casas, passou a culpar os governos municipais e estaduais pela falta de projetos executivos etc.

Sobre o rótulo de “mãe do PAC” atribuído por Lula, diante do fracasso em cuidar de todas as etapas do Programa de Aceleração do Crescimento, a partir da sua concepção, acompanhamento e orientação até a entrega dos benefícios ao povo brasileiro, não hesitei comparar Dilma Rousseff ao papel de madrasta, mas do tipo daquela procuradora aposentada do Rio de Janeiro, Vera Lúcia de Sant’Anna Gomes, que foi flagrada torturando uma menina de dois anos de idade sob a sua guarda.

Imagino que deixei a impressão de pegar pesado com a candidata do PT, mas ressalvados os possíveis exageros na comparação, entendo que também no quesito passivo da infra-estrutura do Brasil, perante as perspectivas excelentes da sua economia e de desenvolvimento, José Serra abre larga vantagem. Quem puder viajar pelo Estado de São Paulo, como tenho feito, e perguntar aos prefeitos e vereadores de qualquer legenda partidária, sobre as realizações do governante tucano que se apresenta como candidato à presidência da República neste ano, o canteiro de obras logo emergirá em todos os depoimentos.

Mas Lula aproveitou os últimos dias de Dilma no seu governo para lançar o PAC-2, um cardápio de obras previstas para acontecer a partir de janeiro de 2011. E os petistas aproveitam as oportunidades virtuais, artigos e discursos para especular sobre o “medo dessas ações não acontecerem” se Serra for eleito. Ora, pelo que já fez por São Paulo, o tal PAC-2 só vai acontecer com Serra Presidente!

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Brasil paga mais campanha antecipada !

Os showsmícios das centrais sindicais na comemoração do Dia do Trabalho serviram para expor ainda mais que o Brasil precisa acordar e reconstruir a credibilidade nos seus representantes políticos, partidários, comunitários, sindicais e de governos. O fato de a Força Sindical ter convidado José Serra, maior representante da oposição neste país, para o seu evento no Campo de Marte, em São Paulo, não isenta os seus organizadores e patrocinadores das práticas de improbidade administrativa e de crime eleitoral. Faz um mês e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aproveitou evento custeado por entidade pública no ABC para lançar de novo a candidata do PT, Dilma Rousseff; sábado ele foi pela primeira vez e no último ano de seu governo, insinuar com lágrimas e cinismo, pedido de votos para a continuidade do seu projeto.

As entidades sindicais enfrentam esvaziamento político e não se atualizaram para as novas tendências do mundo. Por isso o caráter reivindicatório de melhores salários perdeu lugar faz tempo para as condições de trabalho e garantia do próprio emprego. Os sindicatos não mobilizam mais, exceto quando contam com uma estratégia política ou com o patrocínio de governos ditos populares, para erguer bandeiras mais próximas da realidade dos representantes do que dos representados. Sobra o sentimento de manipulação dos trabalhadores de todas as áreas, como foi o caso mais recente da Apeoesp – Sindicato dos Professores Estaduais de São Paulo, em que os seus dirigentes assumiram o caráter político e suspenderam a “greve” de mãos vazias, porque haviam cumprido o papel de fazer barulho contra o PSDB e o início do período de desincompatibilização de candidatos para as eleições deste ano.

E as centrais sindicais brasileiras são hoje o retrato da inércia, com um inesgotável espírito pelego, que as subordinam a governos oportunistas como os do PT, em qualquer nível. Os eventos faraônicos de primeiro de Maio, com grandes shows e sorteios de carros, imóveis, viagens, eletrônicos etc., nada mais são do que a representação artificial de uma força política que é manipulada e que no dia seguinte volta a depender dos recursos do Fundo de Amparo do Trabalhador para tentar passar a idéia que assume o papel do Estado na qualificação dos jovens e trabalhadores para as oportunidades de emprego e trabalho. O déficit nesse quesito, nas estatísticas de nosso país, é tão grande que imagino fosse verdadeiras essas intenções a realidade seria outra.

Sem hipocrisia, mas fica impossível ignorar que os eventos das centrais não tiveram outra função, além do “pão e circo”, de anabolizar candidaturas a deputados, senadores, governadores e presidente da República, custeados com o dinheiro do povo brasileiro. Sim, porque nos eventos paulistas circularam candidatos do PT e de partidos aliados, ao custo de R$ 2,1 milhões, pagos pela Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Eletrobrás, BNDES e Petrobrás, à CUT, Força Sindical, UGT, Nova Central e CTB. Todas as mídias noticiaram a campanha escancarada, e os lulopetistas já se utilizam das redes sociais com o contra-argumento de que uma pressão ao TSE – Tribunal Superior Eleitoral e ao Ministério Público Federal refletem movimentos da “direita” política deste país.

Ora, a sorte está lançada. Se o processo que estamos iniciando é, como presumo, sério e importante para a transformação política do Brasil, TSE e MPF reúnem todos os elementos necessários para interpretar e punir como crime eleitoral e improbidade administrativa. Por fim, para refletir sobre a confiança da sociedade nas instituições representativas, em quem vamos confiar nossas reivindicações e lutas, fora do Poder Legislativo – vereadores, deputados e senadores -, se as entidades que sempre reconhecemos independentes, nunca antes na história deste país foram tão apequenadas, servis, subalternas e desacreditadas?

Minha singela homenagem ao Dia do Trabalho ou ao Primeiro de Maio do Trabalhador passa pela avaliação de elegermos no dia 3 de outubro, um verdadeiro projeto de país, sem desfaçatez e mais abusos. Ando muito cansado da hipocrisia, demagogia, imoralidade, impunidade! Salve, Brasil, salve!

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Encanta Santos FC !

A nova geração de meninos da Vila Belmiro contagia o Brasil pela exuberância do futebol com a camisa do Santos Futebol Clube e pela alegria adolescente nos gramados após cada gol. Hoje, quando o Santo André marcou primeiro, estava me confraternizando com amigos no Heinz Bar em Santos e percebia o desalento em muitas mesas vizinhas à minha. Diga-se de passagem que alguns corintianos vibraram com esse gol, mas desde antes do início da partida havia um grito de campeão guardado no peito de cada um, mesmo sabendo que o campeonato paulista será decidido em dois jogos.

O Santos teve pela frente um adversário que também impôs respeito ao longo da disputa para dividir as atenções nesse confronto. Exceto os corintianos, que representam uma parcela ínfima da população santista, não se percebe uma cidade dividida em relação ao objetivo do título de campeão. Isso ficou ainda mais claro no segundo tempo do jogo, que devolveu as coisas aos devidos lugares, com a virada do Santos e o placar final de 3 a 1.

Esta é a segunda vez que falo de esporte neste espaço. A primeira foi quando assisti pela TV o futebol feminino brasileiro, na seleção comandada pela Marta. Isso acontece hoje por conta do momento atual do futebol brasileiro, prestes a embarcar para a África do Sul e disputar outra Copa do Mundo, com elevados índices na expectativa da torcida pelo hexacampeonato. E os preparativos para essa disputa passam pelo desempenho do Santos, principalmente pelo grau de atenção e de envolvimento que a equipe atual vem despertando em torcedores mais aficionados ou simplesmente nos caronas da programação esportiva, acordados pela graça dos meninos-gol.

Conheço vários torcedores de outros clubes que já mudaram de preferência na torcida. No passado essa atitude de mudar de camisa de time de futebol era “grave”. Mas muita gente está convencida e inclusive se utilizam dos argumentos da letra de “Metamorfose Ambulante”, de Raul Seixas, que relata sobre a preferência de metamorfosear, de mudar de idéia e de posição, do “que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Peço que reflitam, então, sobre torcer para outro clube, como uma atitude menos grave do que esquecer idéias e compromissos que interferem muito mais na vida das pessoas, dos cidadãos e do próprio país.

Relação com o clube para mim tem a ver com o coração, com um novo amor. Penso assim agora, porque sempre estive do mesmo lado político, ideológico e eleitoral, por exemplo. Minha descendência espanhola em nada influenciou a minha opção anterior de torcida. Influenciado pelo meu saudoso pai, a torcer pelo Palestra (Sociedade Esportiva Palmeiras), clube que tenho a maior de todas as simpatias desde criança, acho mais honesto confessar a quem possa interessar que sou um daqueles que não conseguiu resistir ao futebol espetáculo dos meninos Neymar, Ganso, André, Wesley, Robinho e todos os outros.

Com frequência vou ao estádio da Vila Belmiro assistir às partidas e não escondo a minha comoção durante os 90 minutos das partidas. Quase infartei na disputa recente de Santos e Palmeiras. Solitário no meio de uma torcida forte, aguerrida e sofrida pela derrota ao Palmeiras, atravessei a dimensão daquele momento para me refugiar no Twitter e revelar a minha “contrição”. Ainda bem que sobrevivi para relembrar que esses conflitos vinham desde os tempos de Pelé, Dudu, Ademir da Guia.

No início dos anos 70, quando cheguei a Santos, vindo do interior de São Paulo (Brotas), frequentava a Vila, inclusive nos horários de treinamento do Santos, durante as minhas férias de trabalho. Confesso que a emoção era semelhante diante do meu campo de visão atual, mais maduro, sabendo escolher pelas minhas próprias convicções. Creio que a partir de agora, com a clareza da minha torcida convicta por dois clubes, Palmeiras no sangue e Santos no coração, nada mais oportuno que aproveitar este momento para difundir uma palavra de ordem, como sempre fiz nos momentos políticos decisivos de nosso país, para que a CBF e o atual técnico Dunga da seleção brasileira, também mudem de opinião, convocando do Santos, além do Robinho, Neymar e Ganso! Pronto, falei!

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