Toffoli, o “péssimo aluno” !

Ouvi agora à noite, comentário da jornalista Lúcia Hippolito na CBN, que os senadores estão cautelosos com a indicação do advogado José Antonio Dias Toffoli porque parecem temer a sua juventude aliada à perspectiva de permanecer 30 anos no cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal. Medo das suas condutas passadas e presentes dependerem da decisão de Toffoli no futuro, porque não acreditam na mínima hipótese do Senado deixar de aprovar o seu nome para o STF na próxima semana. Com isso, simplesmente dão de ombros para o curriculum fraco e comprometido do afilhado do presidente Lula, assinando embaixo da sua fala ao justificar Toffoli das críticas, sob o argumento de que se tratavam de "pura bobagem", pois "alguns dos maiores cientistas foram péssimos alunos".

Confesso que ando desanimado com o comportamento vigente na política. Mesmo com o consenso na opinião de especialistas em Direito e de raros opositores no Congresso Nacional, sobre as características de formação do futuro ministro do STF, do desprestígio da instituição em abrigar um membro sem notório saber jurídico, que não possui mestrado ou doutorado, que tomou bomba por duas vezes nos exames para juiz estadual, que responde a duas condenações e que pode participar do julgamento do mais escandaloso caso da era Lula, o "Mensalão", nos papéis de réu e juiz ao mesmo tempo, Toffoli será homologado.

Não consigo entender sempre que esse tipo de coisa acontece porque já houve um precedente. Aprendi a vida inteira que um erro não deve justificar outro, nem mesmo na melhor das hipóteses. Por isso engulo seco as palavras do presidente do STF, Gilmar Mendes, quando diz que exercia também o cargo de advogado-geral da União ao ser indicado para o órgão pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, minimizando as críticas que recebeu do PT à época no meio de uma disputa eleitoral e que hoje esse partido não é mais o mesmo.

Arthur Virgílio, líder do PSDB, por sua vez, não esconde a sua pregação de cautela, alegando que não faria uma avaliação pública antes da sabatina do dia 30 de setembro, para esperar a repercussão no mundo jurídico e ouvir "compromissos" que mostrem também que "aquela coisa de advogado do PT ficou para trás". Senador, é claro que a advocacia do PT ficará para trás, porque no STF ele terá uma estabilidade de mais ou menos 30 anos no novo emprego, a não ser que no futuro próximo ele se sinta "convocado pela Nação" para cuidar de um ministério da Defesa, como fez Nelson Jobim, indicado por FHC para o STF.

Há uma inversão de valores e uma acomodação nunca antes vista na história do Brasil. Ou estou equivocado?

O que leva um presidente da República a minimizar a importância da educação formal na construção do cidadão? Só mesmo o afã de validar a sua própria biografia e isso Freud explica.

Desde cedo aprendi que o exemplo vem de cima, que o cidadão é um produto do seu meio; sendo assim pais são exemplos para seus filhos e presidentes para suas nações. Batalho em casa com meus filhos sobre a importância de seus estudos para uma vida futura plena, independente de qualquer jeitinho ou golpe de sorte para alcançar o sucesso profissional.

Como cidadão, político e militante desses ideais e crenças busco respostas. Outro dia assisti a matéria na televisão, mostrando pessoas em países diferentes e de diversas nacionalidades, respondendo __ Educação à mesma pergunta: __ O quê faz um país crescer?

Negar a importância da educação na formação do cidadão é o mesmo que avalizar o vale-tudo, a impunidade, o desrespeito aos pais, professores, sociedade. Pobre país, com medo do futuro incerto e do julgamento que pode ter em razão dos seus erros. Na democracia a busca do consenso é uma decorrência natural da luta política e das adversidades. Por tudo isso não entendi o defensivo título do post do Reinaldo Azevedo no seu blog – "É o currículo que diz quem é Toffoli, não eu" – dia 6 de setembro de 2009 – http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/e-o-curriculo-que-diz-quem-e-toffoli-nao-eu/ 

Fala mais, Brasil! Seja franco, mude!

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