“Às vezes é o partido que muda”
Essa frase interessante no título é do presidente Lula da Silva, ontem, em Florianópolis. Para incluir a sua opinião acerca da decisão do STF, da propriedade dos partidos sobre os mandatos políticos, Lula bem que poderia aprofundar o tema além de fixá-lo na ironia pela mudança de nome do antigo PFL para DEM. Uma pena ? Nem tanto, porque a meu ver o extrato da sua fala proporciona uma reflexão e muitos comentários a partir de uma outra visão nas propostas e discursos para a esperada Reforma Política.
"Às vezes não é apenas um deputado que muda [de partido] ou um senador. Às vezes é o partido que muda. Nesse caso, nós temos partido que mudou de até de nome. Portanto os deputados não são obrigados a ficar num partido que tem o nome diferenciado", disse Lula (Folha de São Paulo, 6 de outubro de 2007, página A-7.
Na história recente, os partidos mais definidos, doutrinariamente falando, registram mudanças. Os seus militantes, dirigentes e detentores de mandatos (vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores e presidente) na maioria das vezes continuam seguindo as suas orientações, exceto aqueles que procuram siglas para eleição e para negócios (ou negociações). Felizmente não é regra esse "exceto" e o STF parece ter freado momentâneamente esse "impulso" de infidelidade partidária.
Mudanças programáticas, do gênero esqueçam o quê escrevi, porque uma coisa é ser oposição e outra governo. Éticas e morais, quando chafurdam em caixas 2, tesouraria público-privada, dinheiro na cueca, valerioduto, "abstenção" de votos, "assinaturas de cheques em branco", enfim.
Nós também já verificamos que há muitos contrastes entre grupos partidários, principalmente quando alguns destes querem a hegemonia nas suas direções, desconsiderando programa, estatutos, história, compromissos com a sociedade. Querem fazer das grandes e estruturadas legendas, moeda de troca; como também a imposição de projetos pessoais de poder ou de pressão ou ainda de remissão dos pecados.
Sou defensor dos partidos, ou melhor: do fortalecimento dos partidos. Num regime democrático, cabem somente aos partidos políticos tarefas fundamentais para a mobilização da sociedade e, com o seu apoio e voto, iniciar as transformações políticas, econômicas e sociais.
Defendi no Telejornal Opinião, de quinta passada, o Parlamentarismo. O leitor deste blog não é um desavisado: sabe que sou tucano e que, portanto, o Parlamentarismo integra o programa do PSDB. Mas não é apenas por causa dessa condição que defendo o Parlamentarismo. Acho que com esse sistema de governo vamos ter maior transparência e comprometimento do Congresso Nacional com um verdadeiro projeto de construção de um país mais justo, menos desigual.
Então, para este debate no final de semana, que tal explicitar uma saída, não meramente jurídica, para impedir que os partidos mudem tanto, afora a necessidade de mudanças apenas para que se mantenham antenados e atualizados diante das transformações vividas pela sociedade brasileira, por que não global ?
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