Blog do Raul

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Senador Eduardo Azeredo indefeso!

Silêncio condenatório do PSDB.

Tenho acompanhado pela imprensa, o pré-linchamento do senador Eduardo Azeredo, um dos fundadores do PSDB no Estado de Minas Gerais, por causa do relatório da polícia federal, que “concluiu pela existência de um esquema de caixa 2” na sua campanha à reeleição para governador em 1998. Em 2006, quando explodiu o escândalo dos Correios e emergiu a figura do publicitário mineiro Marcos Valério, como responsável pela distribuição de mensalão a políticos da base aliada do PT, a conexão com Minas popularizou a expressão “valerioduto” e trouxe de roldão o seu PSDB. Até esse ponto, nenhuma surpresa foi causada ao eleitorado brasileiro, convencido que todos os políticos são farinha do mesmo saco.

Mas, nos últimos dias, fatos novos sobre o caso das raízes do “valerioduto” ocuparam revistas semanais e os espaços dos jornais pelos repórteres investigativos e pelos analistas de plantão. Além de Eduardo Azeredo, houve respingos nas figuras públicas do governador tucano Aécio Neves e do ministro lulista Walfrido dos Mares Guia. E uma porção de postagens fez misturar petistas (os 40 já denunciados) e tucanos mineiros (em vias de serem denunciados pelo procurador-geral da República ao Supremo Tribunal Federal), como se fosse para engavetar ou escandalizar tudo.

Não estou entendendo mais o comportamento do próprio PSDB em relação ao citado envolvimento do senador Eduardo Azeredo. Lí com ironia as manifestações do presidente Lula de solidariedade sobre os seus 40 denunciados. Acabo de reler as declarações do presidente da República ao jornal americano “The New York Times”, dizendo não acreditar no envolvimento do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (PT) com o mensalão. Achei no site do Democratas – DEM, maior aliado do PSDB, a publicação, na íntegra, de matéria do jornal “Valor Econômico”, cujo título estampava singelamente “PSDB divide-se na defesa de Azeredo”.

Mergulhei nessa diferença de comportamento de tucanos e petistas, em relação aos seus quadros políticos importantes. Não encontrei uma palavra que expressasse, de imediato, solidariedade do PSDB ao senador Azeredo. Também não achei uma declaração de dúvida sobre as denúncias que recaem sobre si. Constatei interpretações sobre a possibilidade do partido explicitar uma estratégia de diferenciar mensalão tucano, como sendo “doações eleitorais não declaradas”, do petista justificado como “recursos não contabilizados”.

Belíssima hipocrisia essa de explorar o fato que apenas a campanha eleitoral de Eduardo Azeredo praticava caixa 2 em 1998. Se havia mecanismos de impedir isso já naquela época, a bem da democracia e da transparência pública, bem que todas as contas eleitorais poderiam ser revisitadas. Quantas campanhas em 1998 e em 2006 tiveram níveis de exposição tão abusivos e uma prestação de contas tão fictícia ?

No Brasil, há políticos acusados de improbidade administrativa, quebra de decoro e abuso do poder econômico, que renunciam e voltam à cena graças aos votos “gratuitos” e “desinteressados” do povo. Corruptos declarados funcionam como iô-iô, nunca se importando com o quê pensam os cidadãos. Aliás, riem dos cidadãos. Mas assisti, recentemente, à cassação de um senador do Amapá, acusado de ter corrompido dois eleitores, com a compra de seus votos por R$ 27 (vinte e sete reais, sim).

Quero dizer que não se justifica o posicionamento equidistante do PSDB com um quadro tão importante e decente como o senador Eduardo Azeredo, também ex-presidente nacional do partido. Mesmo que seja denunciado e incluído no rol daqueles que futuramente serão julgados pelo Supremo Tribunal Federal, ele não merece esse tratamento de abandono político.

Azeredo indefeso é um mal exemplo da falta de respeito. O presidente Fernando Henrique disse que falta convicção ao PSDB para reconhecer o legado de seu governo de tantos êxitos. Não posso crer e aceitar a minha própria infâmia, de refletir se não seria o caso de o PSDB ter alguém como o “Lula”, que não se constrange em revelar solidariedade a um companheiro, até que se prove o contrário!

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Brasil sem coleta e tratamento de esgoto

O tema é aparentemente árido, mas por força do meu trabalho atual na superintendência de comunicação da Sabesp achei importante compartilhar com os leitores deste blog a notícia que "Metade do Brasil não tem esgoto". Mas não confunda o mar de lama que todos os dias chafurdam políticos e empresários brasileiros, com o fato preocupante aos governos sérios e mais responsáveis, da carência de maiores investimentos para o setor de saneamento básico nacional.

Conforme matéria divulgada pela Agência Estado, "mais da metade dos domicílios brasileiros (51,5%) não dispõe de rede de coleta e tratamento de esgoto. O acesso a esse serviço avançou de forma pífia nos últimos 14 anos, atravessando quatro diferentes gestões federais ao ritmo de 1,59% ao ano. Mantida essa velocidade, para reduzir à metade o déficit de saneamento básico seriam necessários 56 anos e meio, segundo cálculos da Fundação Getúlio Vargas (FGV)."

"Ou seja, o Brasil chegaria ao ano de 2063 ainda com 25% dos lares sem coleta e tratamento de esgoto. Esse é um problema sistêmico, de política pública. Enquanto o país avança no combate à pobreza a uma velocidade quatro vezes maior do que a determinada pelas metas do milênio, não chega à metade do que deveria na questão do saneamento, diz o economista Marcelo Neri, da FGC, que utilizou microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, para fazer a projeção."

"Neri descarta cálculos sobre a universalização do serviço, que levaria mais de um século para ser atingida. Devemos pensar em metas factíveis de redução do problema, argumenta, lembrando que o país entrará no Ano Internacional do Saneamento, fixado pela ONU para 2008, entre os piores desempenhos do setor."

"O governo do presidente Lula admite o problema e anuncia investimento de R$ 10 bilhões neste segundo mandato, na tentativa de duplicar o ritmo da expansão. O objetivo é chegar em 2010 com cerca de 80% dos municípios atendidos com redes de água e esgoto."

ATENÇÃO PARA A META DE SERRA EM SÃO PAULO !

O governo do Estado de São Paulo mostra arrojo com a sua Companhia de Saneamento – Sabesp: o seu programa de investimentos para o período 2007/2010 somará R$ 6 bilhões. Com isso, os novos investimentos em água e esgoto objetivam o cumprimento das metas empresariais de abastecimento de água (manter a universalização), coleta de esgotos (ampliar a coleta de 78% para 84%) e tratamento dos esgotos coletados (ampliar de 63% para 82%).

 

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Futuro em troca das esmolas

Há uma discussão em curso sobre a eficiência das políticas públicas e sociais. O governo Fernando Henrique estabeleceu uma rede de proteção social, iniciada com profundas reformas no tratamento da educação básica; primeiro com a universalização do acesso das crianças de 7 a 14 anos de idade, que passou de 89% em 1995, para 97% em 2002; segundo com a implementação de medidas compensatórias, para erradicar o trabalho infantil (PET), para garantir a frequência das crianças nas escolas (Bolsa Escola) e para manter o controle da nutrição e vacinação infantis (Bolsa Alimentação). Agora o governo Lula da Silva comemora a redução da pobreza, como se nada tivesse acontecido antes para garantir esse resultado.

A questão não é apenas de paternidade dos programas e ações. Há um passivo a ser resolvido pelos governos, em todas as suas esferas. Já me ocupei deste espaço para trazer comentários sobre a competência na comunicação. Admiti e admito que o PT e os "amestrados" do governo Lula são eficientes. Aliás, o presidente Fernando Henrique cobrou mais convicção ao PSDB para defender o legado do seu governo. Não estou só nessa reflexão, basta que procurem e leiam a sua entrevista no jornal "O Estado de São Paulo" deste domingo.

Na defesa do gesto de dar o peixe e, ao mesmo tempo, ensinar a pescar, acho que o caminho é o da transformação paulatina das chamadas políticas compensatórias, para aquelas de caráter emancipatório. O brasileiro fica envergonhado com as esmolas governamentais. Isso não é retórica. Nem demagogia para esconder esse sentido de cidadão pleno. O povo quer oportunidades de educação, emprego e geração de renda.

Recordava outro dia que muitas pessoas chamavam o Programa Bolsa Escola, de Bolsa Esmola. Menosprezavam os R$ 15,00 por criança inscrita no programa. Mal sabem que há 40 milhões de brasileiros numa posição abaixo da linha da pobreza. E, destes, milhões com renda familiar "zero". Daí a razão do sucesso das políticas compensatórias.

O jornalista Gilberto Dimenstein, na folha deste domingo, copila um dos chavões de Lula, com uma interpretação diferente: "Um Brasil que nunca tinha visto". O foco do seu artigo dominical é o programa "Dê mais que esmola, dê futuro", da Prefeitura de São Paulo. O autor da idéia é o sociólogo Floriano Pesaro, secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (ele foi Secretário Nacional para o Programa Bolsa Escola Federal no governo FHC), com a cobertura do que chama de "São Paulo Protege".

O programa é um dos carros-chefes da secretaria de Floriano. Com ele são desenvolvidos várias ações integradas de proteção social a indivíduos e famílias em situação de risco pessoal e vulnerabilidade social. É direcionado especialmente a adultos em situação de rua, a crianças e adolescentes em trabalho infantil, vítimas de abuso e exploração sexual, que vivem nas ruas e ameaçados de morte e a adolescentes que cumprem medida judicial em meio aberto.

Isso acontece desde 2005 e alerta os motoristas para que não dêem dinheiro às crianças que pediam esmola nos semáforos, baseada no argumento de que esse tipo de auxílio dificulta tirá-las das ruas e, ao mesmo tempo, sustenta quadrilhas de adultos.

Dimenstein relembra que "como era previsível, a idéia nasceu cercada de desconfiança tanto sobre a possibilidade de as pessoas mudarem de atitude como, principalmente, de o governo oferecer, em contrapartida ao fim da esmola, um melhor atendimento a 4.030 crianças, que, naquele ano, moravam ou trabalhavam na rua".

Os dados positivos e que precisam ser amplamente divulgados, para se tornar exemplo de ação em outros municípios do país, é que um recenseamento da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), ligada à USP, computou 1.842 crianças vivendo ou trabalhando nas ruas em 2007. "Ainda é muito, considera Gilberto Dimenstein, mas a queda é de 54%".

Então, aproveitando os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que mostrou a redução maior da pobreza no primeiro governo Lula, para incluir também o reflexo de ações que são apropriadas pelos lulo-petistas, a mudança da paisagem das ruas paulistanas, considerada no artigo de Dimenstein, é "uma das traduções possíveis da estatística divulgada, na semana passada, pela Fundação Getúlio Vargas do Rio, sobre os miseráveis do país, cuja redução, de 2005 a 2006, foi de 5,9 milhões de pessoas".

Importante, não ?

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Muitos carros no dia mundial sem eles

Dia 22 de setembro este ano caiu num sábado e é a data escolhida para se comemorar o Dia Mundial Sem Carro, todos os anos. Na Capital paulista houve um grande esforço para comemorar essa data, com o envolvimento da prefeitura e de mais de 200 entidades da sociedade civil, e os mais conscientes preferiram ficar em casa, a esperar um tempão pelos transportes coletivos. Um amigo resolver sair do Butantã e se deslocar para a Cidade Universitária, em companhia da sua mulher. Seguiram ladeira abaixo, a pé, como mandava o figurino da "comemoração". Sofreram para voltar: a espera de um ônibus durou 50 minutos.

Algumas das principais vias paulistanas estiveram fechadas para os carros. Isso provocou o congestionamento das que sobraram, porque o sistema público de transportes ainda é largamente deficiente. Esse fato por si só já serve de alerta para os entusiastas dessa iniciativa. Oded Grajew, do Movimento Nossa São Paulo (organizador do evento), comemora a reflexão sobre o excesso de veículos para a sociedade.

No jornal "Folha de São Paulo" deste domingo, Grajew confirma as dificuldades vividas pelo casal de amigos meus: "A idéia é provocar uma pressão para ter outras alternativas de transporte, mostrar as deficiências do transporte público e, agora, sugerir ao governo aumento de ciclovias e fechamento de ruas aos domingos".

Pois é, as mudanças climáticas mostram bem os efeitos da deterioração da qualidade de vida das pessoas, nas grandes cidades. A quantidade de veículos e o uso individual dos mesmos, a ocupação descontrolada dos solos e as consequências da poluição gerada pela própria população nos córregos e rios, os cortes de árvores e o desperdício no uso da água, dentre tantas outras aberrações, precisam de urgentes medidas corretivas.

O Dia Mundial Sem Carro serve para mudar a cultura das pessoas. Uma comunidade saudável fica chocada quando as doenças cardiovasculares e infecciosas, como por exemplo a leptospirose e a dengue, rondam os seus lares. Temos que fazer alguma coisa e São Paulo fez o seu alerta. Foi mínimo ? A adesão foi reduzida ? Não importa. Importante mesmo é que o assunto já faz parte das nossas reflexões.

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Eficiente jeito Rolando Lero de comunicar

Impressionante a fala do ministro Guido Mantega em cadeia nacional de rádio e tv, sexta-feira (21) à noite. Pediu a atenção de todos para um recado ao povo brasileiro e ocupou o seu tempo apenas para exaltar genéricamente os "grandes feitos do governo Lula na economia", que nunca antes na história deste país foram vistos. Comemorou os números do IBGE e falou que muito mais e melhor vai acontecer, sem especificar o quê e como. Proselitismo puro. O quê vimos e ouvimos foi um plágio daquele personagem da turma de Chico Anísio, o Rolando Lero.

Com essa aparição e os improvisos do presidente Lula, parece que o Brasil é um outro país. A comunicação tem uma grande influência e eles sabem utilizar os seus recursos. Quantas vezes paramos para refletir sobre a inibição de políticos e governantes importantes, que realizaram "obras" essenciais para a recuperação econômica e financeira dos cofres públicos, sobrando para si a marca dos cortes de verbas e de pessoal, ao invés do gestor austero, responsável, estancador dos abusos e do desperdício nas contas públicas.

A cientista social Lourdes Sola, em recente entrevista ao jornal "O Estado de São Paulo" disse que são visíveis as largas diferenças entre o uso da comunicação pelos governos petistas e tucanos, por exemplo. Sem entrar no mérito dos gastos com publicidade oficial, mas fundamentando este comentário no planejamento estratégico para uma política de comunicação eficiente e eficaz, Sola destaca que o PSDB é tímido ao assumir e propagar os seus resultados, porque fica pensando a comunicação como fator secundário e às vezes porque tem medo de ser comparado a governos conservadores, de direita.

Nessa mesma entrevista, Lourdes Sola destaca que os governos petistas tem uma capacidade enorme para a comunicação, inclusive para a apropriação de feitos positivos que não foram de sua iniciativa. Ela tem razão. Veja os resultados da última pesquisa Estadão/Ipsos, divulgados na semana passada:

Conforme esse levantamento, o governo Lula fez três coisas boas: o Programa Bolsa Família, a estabilidade econômica e a ajuda aos pobres. Dentre as coisas ruins, o eleitorado nacional cita como "obras" do PT e de Lula, a corrupção, o apagão aéreo e a pouca atenção à saúde.

Na própria análise do jornal "O Estado de São Paulo", sobre a pesquisa, explicita a afirmação que Lula se apropriou quase que por inteiro da estabilidade da economia. Para 67% dos entrevistados, o presidente Lula é o responsável por ela; o ex-presidente Fernando Henrique, cujo governo implantou o Plano Real e sustentou os primeiros oito anos estáveis, foi mencionado como responsável por apenas 7%.

Para Alberto Carlos Almeida, diretor da Ipsos, a resposta do eleitorado é coerente com o discurso do governo: "O governo Lula reitera em seu discurso que está trabalhando todo o tempo para os pobres. O eleitorado brasileiro padece de ‘presentismo’, ou seja, tende a atribuir as coisas boas ao governo presente, mesmo que ele não tenha sido o autor delas – desde que esse governo seja bem avaliado, tenha a simpatia da maioria da população e, naturamente, possua um bom mecanismo comunicador".

Reynaldo Azevedo, em seu blog na revista Veja – http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/ , comenta a fala de Rolando Lero, digo, Guido Mantega: "É obviamente, uma provocação. Foi à TV prometer mais e novos benefícios, deixando claro que tudo é uma questão de vontade do presidente Lula. Se está tudo certo, que aprove sozinho a CPMF. Por que digo isso ? Ora, já vimos que os benefícios da contribuição estão sendo privatizados pelo PT antes da sua aprovação. Por que dividir com as oposições o ônus de uma contribuição impopular ?" 

Rolando Lero era do tipo esperto, não fazia feio na frente de ninguém, mesmo sem saber as respostas. O personagem foi "imortalizado" pelo ator Rogério Cardoso, falecido em julho de 2003, justamente no ano em que iniciou o primeiro governo de Lula da Silva.

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DEM tira Cascione de Lula ?

Políticos de Santos estão de olho em 2008 e mexem no tabuleiro partidário local. Enquanto o prefeito João Paulo Tavares Papa (PMDB) navega em águas tranquilas, porque diga-se de passagem Santos vive um de seus melhores momentos por responsabilidade ou não do próprio prefeito, a sua reeleição e/ou sucessão tomam os bastidores e o noticiário local também. A entrada do grupo do ex-deputado federal Vicente Cascione no Democratas (DEM) é a grande surpresa, porque até ontem, à tardinha, ainda era o maior defensor do governo Lula da Silva. Segundo o vice de Papa, Antonio Carlos Silva Gonçalves, que acaba de anunciar a sua saida do DEM, o seu agora ex-partido recebeu a orientação de lançar candidato próprio nas próximas eleições.

Então, a conclusão mais simples é a possível candidatura de Cascione pelo DEM. Ironia do destino, porque justamente o DEM tem se configurado na legenda política que faz as maiores críticas ao governo federal, até recentemente vice-liderado pelo ex-deputado. Talvez a justificativa para essa mudança de opinião do ex-deputado esteja vinculada às mudanças na diretoria da Companhia Docas do Estado de São Paulo – CODESP. O diretor Arnaldo de Oliveira Barreto, então responsável pela área de Infra-Estrutura e Serviços, era o afilhado político de Cascione. Será que ele ficou magoado com o seu amigo Lula pela demissão de Barreto e agora radicalizou de lado ?

Isso é possível, mas também não está afastada a hipótese de uma mudança para o futuro. Vicente Cascione pode estar lançando o seu filho Luciano, que ocupa a diretoria estadual de Turismo do Governo Serra, a prefeito pelo DEM ou a vice-prefeito de alguém. Nessa direção, nenhuma hipótese pode ser afastada, com exceção (imagino!) de ser vice do PT pelo DEM. Seria muito antagonismo e arrojo para uma cidade como Santos.

E o PSDB local, diante desse novo movimento do Democratas ? O PSDB sinaliza que pode lançar um dos seus deputados estaduais, Paulo Alexandre Barbosa e Bruno Covas; ou o ex-deputado Edmur Mesquita. Dependendo do andar do bonde santista, uma composição PSDB-DEM é possível, o contrário é bem difícil. Mas seria muito curiosa, por exemplo, uma composição do vereador Paulo Barbosa com o ex-deputado Vicente Cascione, que já estiveram juntos no velho PDS, na visão de renovar a política com a representação dos seus filhos: Paulinho prefeito e Luciano Cascione de vice.

Esperar para ver ? Que lancem os comentários !

 

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Vale mais Brasil!

Semana passada um professor da escola de minha filha abriu espaço em classe para uma militante do PT, que desejava colher assinaturas favoráveis à realização de um plebiscito para decidir sobre a reestatização da Companhia Vale do Rio Doce. Ao chegar em casa comentou o ocorrido, argumentando que embora o fato tivesse tom político partidário ela se sentiu mais ofendida com as críticas do professor e da militante à iniciativa do governo Fernando Henrique Cardoso: __ Pai, vc me disse antes que a privatização da Vale foi boa para o Brasil. E agora, o quê me diz ?

Com certeza essa dúvida ainda paira sobre muitas cabeças. Os responsáveis pela privatização da Vale são os tucanos, que não conseguem superar os seus bloqueios com a comunicação e perdem essa batalha para a contra-informação petista-lulista. Quem não se lembra da dificuldade de Geraldo Alckmin em responder sobre o tema nas eleições passadas ou para desfazer o boato da privatização do Banco do Brasil ?

Entre os leitores deste blog lancei uma enquete para confirmar o quê sempre acreditei: foi realmente boa para o Brasil a privatização da Vale. O resultado não me surpreendeu. Vinte e um leitores optaram pela alternativa que a Vale está melhor porque foi privatizada; quatro a queriam estatal; cinco defenderam a sua reestatização e nove votaram favoráveis que continue privada.

Imagine a sanha petista-lulista aparelhando a Vale, nessa confusão que fazem entre Estado e Partido, a Companhia seria um prato cheio. Lula herdou de FHC, em 2003, 19.943 cargos de confiança. Criou mais e hoje Lula e seus aliados continuam insatisfeitos com "míseros" 22.345 cargos ocupados. Recentemente a imprensa divulgou que o PT calcula que cerca de 5.000 cargos federais são ocupados por filiados, que são obrigados a contribuir com parte do salário, o "dízimo", para o partido.

Justificativas políticas não me faltam. Mas para responder com clareza à minha filha, ao seu professor, à militância petista e aos leitores deste blog, extraí explicações claras do cientista político Eduardo Graeff, em seu artigo "Lula e seus militantes amestrados", publicado na seção Tendências e Debates do jornal "Folha de São Paulo" (17 de setembro de 2007):

"Melhor ainda juntar o proveito político do reflexo condicionado antiprivatização com o proveito econômico da Vale privatizada.

"Recorde de investimento: US$ 44,6 bilhões nos últimos seis anos contra US$ 24 bilhões nos 54 anos anteriores. Recorde de produção: 300 milhões de toneladas de minério neste ano contra média anual de 35 milhões da Vale estatal. Recorde de emprego: 56 mil empregos diretos hoje contra 11 mil há dez anos. Recorde de exportações: quase US$ 10 bilhões em 2006 contra US$ 3 bilhões em 1997, garantindo mais de um quarto do saldo da balança comercial "deste país".

"A Vale não é exceção. Da Embraer à telefonia, passando pela siderurgia e petroquímica, o desempenho de quase todas as empresas privatizadas é uma história de sucesso em benefício de seus compradores e empregados e do país.

"A isso o estatista contrapõe números que são, eles sim, fraude grosseira: a comparação dos US$ 3 bilhões pelos quais a União vendeu 42% de suas ações ordinárias da Vale em 1997 com os US$ 50 bilhões que a Vale inteira valeria hoje, depois de toda a expansão possibilitada pela privatização.

"E quem foram os beneficiários desse "ato de lesa-pátria" ? A quem pertence a Vale privatizada ? Aos funcionários e aposentados do Banco do Brasil, principalmente, por intermédio de seu fundo de pensão. Com o BNDES, eles detêm dois terços do capital da Vale. O restante se distribui entre o Bradesco, a "trading" japonesa Mitsui e mais de 500 mil brasileiros que aplicaram parte do FGTS em ações da companhia.

"O padrão de gestão da Vale é privado. A propriedade, como se vê, nem tanto. Depois de privatizada, a empresa recolheu aos cofres da União, em impostos e dividendos, algumas vezes mais do que fez ao longo de toda a sua existência como estatal".

Uma preciosa contribuição de Eduardo Graeff para destravar a comunicação tucana e os elementos naturais de sua valorização. 

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Que vergonha!

Faço parte de uma geração que foi testemunha ocular da história na travessia da ditadura golpista de 1964 para a redemocratização do nosso país. Nesse período participei de muitos momentos como figurante em atos públicos que reunia Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro, Teotônio Vilela, Mário Covas, Leonel Brizola, José Richa, Dante de Oliveira, Severo Gomes, Magalhães Teixeira… Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Lula da Silva, Eduardo Suplicy, Almino Affonso, Pimenta da Veiga…

Aprendi, ouvindo Mário Covas, que é possível ter orgulho de fazer política, ser político, dedicar-se à política e à causa pública. Dessa maneira tenho me comportado e até me vangloriado, sem querer a propriedade da ética e da moral como fizeram uma parte considerável de petistas, de ser um político ético e coerente com as minhas convicções ideológicas e históricas.

Valorizo o papel do Poder Legislativo – Câmaras Municipais, Assembléias Legislativas e Congresso Nacional. Disputei eleições para buscar um mandato nessas casas e conquistei milhares de votos, porém insuficientes para me eleger e tentar ao lado de tantos outros convictos mudar os destinos do país, no que depender dos seus parlamentos.

Mas há uma sucessão de desvios de condutas políticas, na história recente do Brasil, que alimenta o desprezo da sociedade pelos que a representam nessas instâncias. Para reavivar a memória, como estão presentes hoje os escândalos dos anões do orçamento, do mensalão do governo Lula e da quebra do decoro pelo senador Renan Calheiros.

Impunidade. Perdão político com a recondução para os mandatos através de campanhas milionárias. Transparência democrática substituída por sessões secretas e votos na penumbra. Abstenção de quem se espera posição, decisão.

46 votos ampliam o fosso para resgatar o respeito à boa política. Que mal exemplo esse para os nossos filhos, nossa juventude e para uma sociedade que não consegue mais imaginar o futuro, ter esperança.

Quero que você saiba, que nunca antes na história deste país, como ontem, tive tanta vergonha de algumas dezenas de nossos políticos brasileiros.

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Lula prega solidariedade aos réus do mensalão

Na sua primeira fala sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal, que surpreendeu favoravelmente a Nação ao decidir pela abertura de processo penal contra 40 acusados no escândalo do mensalão, o presidente Lula do PT veio a São Paulo participar do 3.º Encontro do seu partido e disse que "nenhum petista tem de ter vergonha de defender um companheiro". Quando o escândalo estourou, o mesmo Lula disse ter sido traído, porque os 40 acusados compunham o seu governo e a sua base aliada. "Todo mundo adorou" a solidariedade de Lula, segundo o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoíni.

"Até agora, nenhum deles foi inocentado, mas também nenhum deles foi culpado. Tem um processo e somente esses companheiros – nem eu nem vocês – sabem o que aconteceu. Na política, nós não precisamos ser mais duros do que somos. Não podemos perder a sensibilidade e o companheirismo porque é exatamente quando a gente está vivendo momentos difíceis que precisa", atestou o presidente Lula ao se autoproclamar o cidadão brasileiro mais ético entre todos os cidadãos do Brasil.

Postei esta mensagem para a sua reflexão e comentários. 

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Tribuna “flagra” vereadores aos bocejos e risos

No último domingo, 02 de setembro, o jornal "A Tribuna de Santos" publicou matéria assinada pelo jornalista Luigi Di Vaio, retratando o cotidiano da Câmara Municipal de Santos. As sessões são realizadas às segundas e quintas-feiras, e os vereadores foram "flagrados" lendo jornais, rindo e bocejando no plenário. Com certeza a matéria ainda causou alguma surpresa sobre o comportamento do Poder Legislativo e provocou novos questionamentos sobre a validade dessa representação política.

A realidade da Câmara de vereadores santistas não é diferente de outras país afora, quando se resume às sessões legislativas. Muito menos das Assembléias Legislativas e do Congresso Nacional. Os principais problemas da cidade, do Estado e do país resultam em acalorados debates, quase sempre, quando prefeitos, governadores e a presidência da República não encaminham os seus projetos e medidas provisórias. Há uma rotina a cumprir, para justificar a presença e o pagamento dos jetons (valor pago pela presença nas sessões). Fora isso, infelizmente, a presença se justifica literalmente para "cumprir tabela".

Na segunda-feira, 03 de agosto, o mesmo jornal repercurte o tema, e a própria imprensa é criticada por matérias anteriores cobrando produção dos vereadores. Segundo a líder do PT, Cassandra Maroni Nunes, a imprensa "estimula o excesso de futilidades na Câmara, como apresentação de requerimentos pedindo poda de árvore ou um campeonato de empilhar centenas de requerimentos".

Enfim, deve ser cansativo mesmo a leitura obrigatória de requerimentos e de indicações para podas de ávores, retirada de entulhos, votos de congratulações. O interessante é que essa é uma atividade inerente aos vereadores, que devem cumprir à risca o papel de acompanhar e fiscalizar as ações da Prefeitura, bem como as decisões do prefeito. Se a sociedade os escolheu para representá-la é porque está ocupada com múltiplos afazeres, a rotina de lutar pela sobrevivência, principalmente.

Na minha opinião é válida a representação política em todos os níveis, mas é preciso fazê-lo com dignidade, respeito e compromisso com os representados. Não entenda este comentário como a opinião de um conformado com esse estado de coisas, mas a imprensa regional e nacional ainda editarão novas matérias com o mesmo instantâneo de comportamento.

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