Blog do Raul

PSDB

Social-Eleitoral !

O PSDB sempre se saiu melhor governando do que fazendo propaganda dos seus feitos. Essa é uma das principais explicações para a perda da paternidade de programas estruturantes do país, como o Plano Real de Estabilização Econômica, o Avança Brasil e a Rede de Proteção Social, para citar os principais, que segundo estudos divulgados pela pesquisadora Lourdes Sola indicam que essas realizações podem ser facilmente apropriadas pelo lulopetismo porque os tucanos acham que não é importante comunicar. Pior que isso, além da apropriação dessas ações, o PT é useiro e vezeiro em manipular e mentir dados estatísticos, transformando-os em uma verdade absoluta pela massificação da sua propaganda enganosa.

Normalmente debato ideias e projetos de governo, sem qualquer preocupação com as comparações entre os governos FHC e Lula, como pretendem os petistas para considerar que massacrarão com as suas diferenças. Acho que esse momento de luta política dependerá muito mais da forma com que as principais ideias para o Brasil serão transmitidas, enfatizando as suas perspectivas para o futuro a partir de janeiro de 2011, quando um outro governo sucederá o de Lula.

No último programa do PT nas emissoras de rádio e televisão houve o pré-lançamento da ideia de um projeto denominado "Consolidação das Leis Sociais". É evidente que as primeiras informações dessa esperteza estruturam um discurso de campanha, com o pretexto de imitar Getúlio Vargas celebrizado pela iniciativa da CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas na década de 30. E em se tratando de comunicação mais eficiente com as pessoas acho excelente a idéia da CLS que, por outro lado e sem razões eleitorais, coincide com uma proposta que sempre defendi para a criação de mecanismos institucionais que regulem mais claramente e proíbam a descontinuidade de políticas públicas bem sucedidas.

Os avanços educacionais no período do governo FHC funcionam como um exemplo dessa natureza, por causa da interrupção ou da deformação de muitas das suas iniciativas pelo governo do PT. Mas fora isso, a CLS apropria a Rede de Proteção Social do PSDB, que originou do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, cuja validade expira em 2010 e ainda não teve uma decisão do atual governo e do Congresso Nacional sobre a sua prorrogação ou para a definição de novas fontes de financiamento de seus programas sociais hoje capitaneados pelo Bolsa Família.

A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) é autora de um Projeto de Emenda Constitucional que institui uma "Lei de Responsabilidade Social" com a finalidade de estabelecer metas macrossociais, de modo a permitir que o país construa uma política de assistência eficaz e determinante nas três esferas de governo, que também não vem sendo considerado seriamente no Congresso.

Vale mais para o PT o impacto da sua propaganda exorbitante, para esconder os antecedentes estruturantes da atual estabilidade econômica, do nauseabundo PAC – Programa de Aceleração do Crescimento e de todas as vertentes do Bolsa Família. Mas o governo do PT não se cansa de vociferar os resultados de hoje como suas conquistas, tentando aplicar no Parlamento a tática de um divisorde águas que fortaleça para a sociedade a ideia de que somente eles tiveram preocupações sociais.

É preciso dizer que o PT mente desbragadamente quando afirma que a ascensão social foi "insignificante" no governo do PSDB. A proporção de pobres na população brasileira caiu de 42% para 33% entre a primeira metade dos anos 90 e o ano 2000. A de indigentes (pessoas em situação de extrema pobreza) passou de 20% para 14% no mesmo período, como mostra o portal http://pautaemponto.blogspot.com/ que faz referência ao livro "A Era do Real", que traz um balanço das realizações da gestão tucana.

Nos anos Lula, o Brasil continua sendo apenas o 75.o melhor país do mundo para se viver, segundo o ranking de desenvolvimento humano da ONU. De acordo com esse levantamento, o Brasil ainda permanece entre os dez países mais desiguais no mundo. Então, que embalagem o lulopetismo pretende para esse discurso político social-eleitoral ?

Qual a resposta para os 28 milhões de aposentados, dos quais 8 milhões, que ganham mais do que o salário mínimo, insistem em receber reajuste salarial acrescido da proposta governamental de dar ganho real de acordo com a evolução do PIB e relativamente acima da inflação ?

As chances do Brasil ter um governo que corresponda mais ao futuro, diante das perspectivas que estão se abrindo no campo econômico e que poderia levar o seu povo à emancipação social, como menor grau de dependência do Estado, me preocupam. Justamente porque o Estado precisa ser melhor acionado para gerar mais empregos, renda familiar e oportunidades da vida, com educação e saúde de melhor qualidade.

Além de tudo isso é preciso limpar a área da corrupçào, das mazelas administrativas e, sem hipocrisia, pautar o debate da competência e de maior seriedade e honestidade no trato da coisa pública. O social-eleitoral perde força, quando os programas passam a ser avaliados e mostram resultados emancipatórios. Para esse debate comparativo o PT está despreparado.

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O destino de Serra e Aécio !

O anúncio da desistência da pré-candidatura a Presidência da República, pelo governador Aécio Neves (PSDB-MG), não precipita nada na estratégia do partido em relação à definição do seu nome para 2010. Neste domingo o Instituto Datafolha revelou novos números de pesquisa realizada após o programa de televisão do PT, que "atormentou" até alguns tucanos pela eficiência da comunicação dos lulopetistas, mas reforçou a liderança do nome do governador José Serra, com 37% (14% na frente de Dilma Rousseff). Esse resultado pareceu óbvio para todos, porém o destino de Aécio no processo eleitoral do ano que vem está gerando todo tipo de comentário, principalmente de quem torce pela divisão do PSDB e por uma suposta oposição de Minas Gerais a uma candidatura tucana que não seja de lá.

Já escrevi que entendo as razões do governador José Serra em não colocar o bloco na rua antes do tempo. No comando de São Paulo ele considera que há ainda muitas urgências administrativas que ele deseja consolidar como titular do cargo de governador. Acompanho a sua desenvoltura como testemunha das ações de governo, tanto como membro da sua equipe, quanto como dirigente do partido na comissão executiva estadual, atualmente empenhado na identificação e formação de chapas de candidatos a deputados estaduais e federais em todo Estado.

Por outro lado, essa "indefinição" do PSDB perturba mais os seus adversários que o próprio partido, porque o seu arco de alianças partidárias para 2010 está definido com muita antecedência e não é motivo de dúvida para quem analisa o cenário político nacional. Com o PSDB seguirão DEM, PPS e boa parcela do PMDB, apesar da influência exercida pelo presidente Lula em seus quadros mais autênticos (sic) José Sarney, Renan Calheiros, Romero Jucá etc.

Como fundador e militante do PSDB lamento que as instâncias de participação de todos os seus filiados no processo decisório ainda são limitadas. Nunca alimentei qualquer expectativa de que a escolha do presidenciável tucano para as próximas eleições acontecesse por meio de prévias ou primárias internas ou ampliadas. Luto por isso internamente, mas ainda há um longo caminho até obter esse amadurecimento e a consolidação da democracia interna, que conseguimos incluir no primeiro esboço dos seus estatutos e ainda não aconteceu. Mesmo assim, o PSDB nasceu como um partido de quadros e para as disputas de cargos majoritários sempre observou o entendimento entre os seus líderes maiores, como Franco Montoro, Fernando Henrique, Mário Covas, José Richa, Pimenta da Veiga, Tasso Jereissatti, José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin.

O candidato da vez é José Serra e não tenho dúvidas de que ele anunciará a sua disposição antes da Convenção Nacional no mês de junho. As pesquisas reconhecem essa condição e o governador Aécio Neves apenas convergiu, com o seu anúncio de servir ao seu Estado e ao país transferindo a sua chama política para outra direção. Ele tem o tempo que quiser para decidir, sem a aflição que acomete a imprensa e o lulopetismo, sobre as definições do PSDB.

Também não será a militância tucana que irá decidir o futuro de Aécio, bem como o seu próximo desafio partidário. Acho que há urgências maiores que o anúncio de Serra e de Aécio para 2010, como por exemplo a possível candidatura de Tasso ao governo do Ceará, Firmino Filho no Piauí, Álvaro Dias ou Beto Richa no Paraná, Luiz Paulo Velloso Lucas no Espírito Santos, Yeda Crusius no Rio Grande do Sul. Esses palanques são fundamentais para a campanha do PSDB no ano que vem, justamente porque servirão para ascender novas lideranças tucanas para o futuro próximo.

Agora, se você quer saber mesmo a minha opinião sobre a melhor chapa para liderar a aliança PSDB, DEM, PPS e boa parte do PMDB, não hesito dizer que ficarei muito feliz em votar José Serra Presidente, Aécio Neves Vice-Presidente, que representam de fato a unidade pelo Brasil!

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A construção de Serra

Não estou satisfeito com o comportamento do PSDB em relação às eleições para a presidência da República em 2010, mesmo com a vantagem do nome do governador José Serra em todas as pesquisas eleitorais que se tem notícia hoje. Está cada vez mais claro para mim, praticamente desde a sua fundação, que a unidade partidária do PSDB despreza seu arco ideológico – social democrata, socialista democrático, democrata cristão e liberal progressista – e o seu próprio programa, para evidenciar projetos de pessoas e disputas regionais. No caso da disputa do ano que vem ví esse filme antes, em 2006, quando Geraldo Alckmin se apresentou como pré-candidato a Presidente e uniu burocraticamente o PSDB em torno do seu nome. Qual palanque regional os estrategistas tucanos pensam formar agora, se há apenas dois partidos – DEM e PPS – integrados a um presidenciável do PSDB?

Isso não é um jogo de cena para manter o PSDB em evidência como muitos estão imaginando. Mas revela que o PSDB tem dificuldade de superar algumas doenças infantis porque não manteve em dia a sua caderneta de vacinas. As ambições pessoais superam quase sempre a busca de identidade programática e a definição estruturada de uma política de alianças nacionais. E o PSDB falha porque acaba aceitando e interagindo com as regras do jogo. Não se mostra diferente, apesar de ter entre os seus quadros os melhores nomes quando se pensa mais seriamente no futuro do Brasil.

Quando nasceu com personalidade forte, vitaminado por expressões políticas nacionais como Franco Montoro, Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, José Richa, Pimenta da Veiga e José Serra, sinalizava como um partido de quadros prontos para realizar um projeto  de salvação nacional. E naquela altura ainda havia uma casta política ideológica que remetia o PSDB às bandeiras históricas do MDB autêntico como Cristina Tavares, Domingos Leonelli, Newton Friedrich e João Gilberto, apenas para citar alguns parlamentares que pensavam mais na ideologia e menos em partidos para projetos eleitorais.

José Serra é o nome mais lembrado pelo povo brasileiro, principalmente nos Estados do Sul e do Sudeste, e em pé de igualdade no Nordeste, onde uma pesquisa interna no Piauí, por exemplo, indica a vantagem da candidata do PT de um mísero ponto de vantagem, que analisando sob o prisma da margem de erro também pode estar em desvantagem. Portanto, acho indiscutível pensar outra alternativa além de Serra, a não ser que o PSDB queira viver outra experiência arriscada de perder.

Se os palanques regionais estão prontos com DEM e PPS, logo de saída, porque tentar imaginar que o PMDB, que vai deixar a sua decisão para os 15 minutos finais do segundo tempo da prorrogação, ou quem sabe para as disputas por penaltis? Não acredito que os dirigentes nacionais do PSDB fiquem motivados com as declarações de Ciro Gomes, de que ele abriria mão da sua candidatura para Aécio Neves em favor do país. Ora, Ciro sustenta ou não com o seu PSB o projeto do PT no Brasil?

A indefinição de Serra perturba somente as ambições pessoais do PSDB e o projeto de Lula continuar na presidência da República. Se as eleições presidenciais fossem hoje, Serra seria o próximo Presidente. Essa ficha precisa cair no PSDB e esperar a convenção de junho de 2010, se for o caso. É inusitado ouvir líderes tucanos e democratas pressionando uma definição agora.

Aécio, por sua vez, pode e deve dizer que é pré-candidato ao Senado por Minas Gerais. Consolidar a sua liderança no Estado, inclusive incensando o nome de seu vice Antônio Anastasia para sucedê-lo. Se lá na frente houver uma mudança de plano e Aécio for pressionado para disputar a vice-presidência da República de José Serra ou a própria presidência no lugar do paulista, a teoria das filas sempre lembrada por Fernando Henrique será observada sem prejuízo de um projeto maior do seu partido.

Ah, mas daí tem a questão de São Paulo, se o José Serra não for o candidato a Presidente pode ser candidato à reeleição… Óbvio e lógico! Por isso é fundamental saber de antemão qual é o foco principal do PSDB para o País. Se a presidência da República é a sua prioridade e o nome mais bem posicionado é o de Serra, não há razão para aliviar o PT dessa derrota. Deixa o Serra governar São Paulo enquanto não precisa se desincompatibilizar, porque assim ele continua se destacando para o Brasil.

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… e foi-se Chalita !

Faz dois meses e o vereador de São Paulo, Gabriel Chalita, foi lançado candidato ao Senado num encontro com alguns tucanos da Baixada Santista em Santos. Com todo o respeito que ele sempre mereceu, esse acontecimento não repercutiu no PSDB porque foi um ato isolado e de motivação aparentemente pessoal. Com o desfecho da novela "Chalita" e o seu destino assemelhado à infidelidade e à traição, estou ainda mais convicto que, ao contrário das suas pregações filosóficas e literárias, ele jamais demonstrou qualquer afeto ao PSDB, excetuando os seus laços com a família de Geraldo Alckmin e a recém-revelada paixão pelos exemplos democráticos de Franco Montoro e Mário Covas.

O professor que recitava poemas e cantava melodias de auto-ajuda com os professores em todo o Estado de São Paulo passou a construir e a executar, desde o seu "lançamento em Santos", uma estratégia de negação das oportunidades confiadas por Geraldo Alckmin, durante quase cinco anos ininterruptos nas secretarias da Juventude e da Educação. Pior que isso: ao se dizer frustrado em não poder realizar o seu "sonho de educador" nos governos do PSDB, deseja passar ao largo de uma gestão educacional marcada por muitas dúvidas administrativas – ainda sem os devidos esclarecimentos.

De uns tempos para cá, o projeto político pessoal de Chalita virou um prato cheio para colunistas sociais e de política, nos jornais, revistas e portais na internet. Todos destacaram os seus flertes com outras legendas partidárias, deixando a impressão de que era apenas mais um político seguindo a temporada de troca de partido, comum no mês de setembro, em ano que antecede as eleições.

"Vítima" do PSDB que não lhe dera a oportunidade de "sonhar com uma ação política que privilegie o ser humano", o intelectual bem educado demonstrava a sua consistência ideológica e ética ao trocar José Serra por Dilma Rousseff ou Ciro Gomes, Geraldo Alckmin por Kleber Bambam ou Rita Cadilac, sem contar o grau de seus compromissos com o manifesto e o programa do PSDB.

Para muitos, essa movimentação parecia uma estratégia arquitetada apenas para chamar a atenção do partido para os projetos comuns de suas alas. Mas, sem argumentos que pudessem convencer a estrutura do PSDB em todo o Estado e impaciente com o debate interno, Gabriel Chalita não mediu e não escondeu seus vôos e articulações com os principais opositores do PSDB no cenário nacional.

Numa manhã de domingo, no Twitter, testemunhei Chalita interagindo com militantes virtuais do PSDB, conhecendo melhor as suas impressões do processo de saída anunciada. Achava, até aquele momento, que tais articulações externas se resumiam às notas na imprensa e que ele não moveria peças no xadrez partidário sem o consentimento de Alckmin. Ledo engano!

Alertei Gabriel Chalita para que ele procurasse a direção do PSDB e manifestasse o seu interesse em se candidatar ao Senado em 2010. Respondeu que do PSDB ele tinha apenas a saudade da democracia de Montoro e Covas, batendo os pés com a justificativa de que a sua candidatura serviria à realização do seus sonhos e num partido mais democrático.

Realmente, Chalita, vá logo e tenha uma boa sorte!

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