Blog do Raul

Copa 2014

Rio roeu o prédio e o rei está nú ?

"Simples operários" garimpam escombros
Todas as mídias estampam cenas de homens saqueando os escombros dos prédios que desabaram no Rio de Janeiro. Pouco antes, a preocupação das agências de viagens estava circunscrita à competência da engenharia nacional, em relação às obras dos estádios em construção para a Copa do Mundo de 2014 e também para os Jogos Olímpicos de 2016.

Nada a ver esse acidente atual com o futuro da infraestrutura nacional. Aliás, nem vejo os conselhos profissionais de engenheiros e arquitetos, exigindo mais respeito com eles. E os setores responsáveis estão se posicionando com culpa, porque não respondem também com uma postura mais firme em relação à segurança das nossas opções e resultados técnicos. O Brasil precisa logo dizer que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra…

Vou me ater ao “garimpo” informal e desorientado sobre a responsabilidade da guarda de lembranças e valores mimetizados com corpos. Os números do IBGE e as pesquisas do IPEA revelam um país em pleno resgate da sua dívida social, mas essas cenas reproduzem miséria de caráter e de responsabilidade do Estado.

Aonde vamos parar, se o rei não responde a esse Brasil corrupto em muitas faces?

Essas cenas simbolizam a luta pela sobrevivência ou apenas o retrato de um país acostumado em não ter limites mínimos de dignidade? Chega de jeitinho brasileiro e de interpretar os acontecimentos como coisas naturais do nosso país.

Levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima? Vista-se, Brasil, de mais dignidade e de respeito!

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Rocinha desprivatizada !

Estado resgata Rocinha

O Rio de Janeiro continua o seu projeto de UPP – Unidade de Polícia Pacificadora, com a secretaria estadual de Segurança Pública, e agora retoma para o Estado a Favela da Rocinha, para construir um ambiente de paz para os moradores locais. Esse resgate de área dominada por traficantes e milicianos (ex-policiais e paramilitares) funciona para garantir a entrada de serviços públicos essenciais como luz, água, limpeza pública e obras de saneamento básico, mas, a exemplo de reocupações anteriores, os moradores da Rocinha comemoram o feito, mas desacreditam nas respostas imediatas dos poderes públicos.

Toda mídia divulgou de maneira espetacular a vitória do Estado contra o Paraestado do crime organizado. A presença constante da polícia, a partir da ação da UPP, busca trazer ganhos além da área de segurança pública e, apesar das primeiras reações de descrédito, a intenção é justamente para ampliar a confiança do cidadão e das empresas que trabalham e investem no Rio de Janeiro, com vistas aos grandes eventos globais no Brasil – a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016.

O governador Sérgio Cabral está feliz da vida com o sucesso de mais essa operação de reestatização da comunidade. Os desafios agora são grandes para atender com importantes obras de infraestrutura e de melhorias nas condições sociais da população e na segurança dos moradores e turistas potenciais. Mas a sociedade brasileira espera respostas mais contundentes, não só no Rio de Janeiro como em diversos outros lugares do país, que enfrentam os mesmos problemas.

A reestatização da Rocinha vem predominando no noticiário e isso ajuda no sucesso do modelo de UPP’s, que envolve efetivo de policiais mais experientes, o auxílio do BOPE – Batalhão de Operações Policiais Especiais do Rio e até das Forças Armadas, em alguns casos. Mais uma página da história de insegurança da comunidade é virada, mas como lidar com a desconfiança em um país que tão próximo de grandiosos eventos ainda apresenta resultados tão negativos em questões básicas e fundamentais para os cidadãos?

Lí no jornal “Folha de São Paulo” sobre os moradores, que desacreditam do papel que o Estado e com o pronto atendimento das suas instituições legais. No mesmo jornal, a cientista social Silvia Ramos perguntou em artigo: __ Será que o Rio vai aprender a integrar sua favela à cidade?

Não faltam ações isoladas no Rio e em outros municípios do país para atender a essa integração, além de resolver as suas necessidades sociais, principalmente com emprego e geração de renda, e na reassunção do papel de Estado apropriado nos últimos 30 anos pelo tráfico. Como atender a uma comunidade que até agora era “privilegiada” com a quitação dos seus aluguéis e a compensação de renda com os filhos adolescentes, que recebiam em média pró-labores de R$ 2 mil/mês? Bastarão as bolsas federais mínimas para essas famílias?

A desprivatização da Rocinha impõe decisões e melhorias com políticas públicas específicas para a Educação, Saúde, moradia e geração de renda. E essa tarefa, de caráter sustentável, permanente, não caberá somente ao governo do Estado do Rio, mas também a Prefeitura e ao Governo Federal. Do contrário, o retrocesso é iminente.

Ilustração: foto de Cleber Júnior (Agência O Globo).

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“Fico” do Príncipe Neymar.

Neymar é um astro do Século 21

Outro dia escrevi no Facebook sobre a minha felicidade em ter testemunhado, no futebol, em Santos, das arquibancadas do estádio na Vila Belmiro, as jogadas maravilhosas de Pelé, Ademir da Guia, Dudu, Ronaldo Fenômeno, Robinho e, ultimamente, Neymar. Em minha opinião, esses são os melhores jogadores de futebol do mundo, mas Neymar vem impressionando, como nunca!

O seu futebol é alegre e contagia a formação de novos torcedores para o Santos Futebol Clube e para o esporte que sempre foi a maior paixão nacional. Eu mesmo nasci torcendo pelo Palmeiras, motivado pelo meu saudoso pai, e hoje não tenho constrangimento de revelar a minha opção como Palmeirense-Santista. Creio que essa é uma tendência de todos quantos admiram a melhor prática do futebol, além da Seleção Brasileira na Copa do Mundo.

No caso do Neymar, a satisfação é dupla, na medida em que ele está nas duas principais frentes do esporte: no Santos e na Seleção, com um voto ainda mais a seu favor, quando decidiu permanecer no país até a Copa do Mundo em 2014.

A diretoria atual do clube, presidida pelo Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, figura como avalista dessa decisão acertada para os próximos dois anos. Neymar não pertence ao Brasil, mas ao futebol do Mundo, e longe de entrar no mérito dos custos dessa opção para o clube, é inegável que o Santos ganhará bastante com a sua permanência talentosa e física no seu time principal.

Vale muito a pena observar também a forma com que o Rei Pelé se manifesta sobre Neymar. Rei diz que não existe nenhum jogador brasileiro no patamar do atacante santista e afirma que votaria nele para melhor do mundo. Opiniões referendadas, do ponto de vista do marketing esportivo, por José Carlos Brunoro, para quem Neymar é um fenômeno “um pouco diferente, em função das redes sociais. Virou global sem ter de ir para a Europa. Seus gols e dribles rodam o mundo pelo Youtube”.

Assim são os novos ídolos, muitos deles produzidos como uma marca e às vezes com existência efêmera. A diferença entre o Neymar e os outros ídolos nessa condição, é que a sua carreira é pautada pelo planejamento estratégico, afinado com os novos tempos em rede, mas Neymar alia à nova marca que nos proporciona na história do futebol brasileiro, a habilidade de um craque do século 21. Paulo Wolff comenta que o sucesso publicitário de Neymar é ampliado pela escassez de ídolos esportivos no Brasil, que preencham os requisitos necessários para ter a imagem explorada: “Os números que rodeiam o garoto eram impensáveis tempos atrás. Deste jeito, o céu é o limite”.

Enfim, para não dizer que não falei de futebol neste espaço de ideias políticas, econômicas e sociais, escrever sobre Neymar é valorizar este espaço para o comportamento humano, de uma alegria que não pertence apenas aos torcedores santistas, apesar de o “fico” de Neymar se sustentar no que ele próprio chamou de “escolhas que se fazem na vida”.

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