Blog do Raul

Deputado Federal

O troço da foto … é pra votar quando?

Envolver o jovem no debate (foto: Jornal da Orla)

O título deste artigo faz parte do diálogo entre o filho adolescente (16 anos de idade) de um amigo meu, em cuja casa predominam os assuntos políticos nas conversas familiares. Ele é um dos novos 2.042.817 eleitores (sim, mais de 2 milhões), na faixa entre 16 e 18 anos, que dia 2 de outubro podem votar para presidente da República, governadores, senadores, deputados federais, deputados estaduais ou distritais.

Essa desconexão mostra o grau de consciência, entendimento e envolvimento deles com a importância de votar. Isso acontece num momento em que a sociedade avalia mal e demoniza a grande maioria dos representantes do povo em cargos políticos de governança ou do parlamento, que ajudou a eleger em 2018 e 2020, por exemplo. E, se tomarmos essa temperatura dos novos alistamentos eleitorais, comparando com os esforços do TSE – Tribunal Superior Eleitoral em 2018, numericamente tivemos um aumento de 47,2% na faixa etária em análise, mas qual a qualificação desses para o dever cívico?

O TSE focaliza os seus esforços na realização das chamadas Semanas do Jovem Eleitor, desde 2015, para aumentar cada vez mais o “número de brasileiras e brasileiros que contribuem para a escolha dos representantes políticos do país”. Todos testemunhamos as campanhas nos canais de comunicação, inclusive na tentativa de interagir diretamente com os jovens, com influenciadores digitais, times de futebol, shows artísticos, astros como Anitta, Pabllo Vittar, Leonardo DiCaprio etc., para convencê-los a baixar e acessar o aplicativo da justiça eleitoral e se tornarem cidadãos mais completos. Mas, como fica o debate sobre o que deve importar na hora da escolha?

Escolhas do que pode ser melhor para o Brasil são sempre deixadas para os próprios políticos. Porque a sociedade deixa pra lá os temas aflitivos, principalmente para essa camada juvenil que não vem sendo preparada para uma educação conectada com a realidade, formação para o trabalho, primeiro emprego, organização comunitária, lazer, entretenimento, segurança, cidadania plena. Pois a maioria desses políticos se elege e pensa mais nas próximas eleições do que nas próximas gerações.

O primeiro passo foi atender à convocação do TSE. Agora, quem vai promover o debate sobre o que lhe despertará o interesse por todo esse processo? As convenções partidárias vão oficializar as escolhas dos seus candidatos a partir de 20 de julho. Pela questão levantada pelo filho do meu amigo se percebe que apesar dos assuntos políticos dominarem em sua casa, não está nem um pouco interessado.

Em sua memória sobrou que os pais praticamente o obrigaram a se alistar como eleitor, fazendo selfies segurando documentos de identidade, preenchendo cadastros etc., mas ainda não possui noção do poder que conquistou, incorporando à sua pessoinha física, estudantil, não emancipada, a figura de Cidadão Brasileiro, mesmo que o voto ainda não seja obrigatório para ele.

Sublinho que esse fato foi registrado em um território composto de pessoas conscientes, participativas e com posição política clara em relação ao todo. Vale perguntar sobre a reação das outras 2.042.816 garotas e garotos, de lares esclarecidos e posicionados ou nem uma coisa e nem outra?

Recentemente dei um pitaco no post de outro amigo, especialista em marketing eleitoral, emocionado ao ver seu filho mais velho tirar o título de eleitor. Falei da minha preocupação com os novos eleitores, para distinguir o joio do trigo. Como pai zeloso, esse amigo afirmou esperar “que essa nova geração ajude o Brasil a ser mais tolerante e generoso”, e que “é preciso ter esperança”. Ora, sou todo esperança, mas cético com o tempo exíguo para mesclar os novos, com as nossas experiências vividas e as projeções que talvez guardem para si mesmos. Coisa de velho?

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Dinheiro é tudo na eleição?

Quem paga a conta das campanhas eleitorais? (Foto: web)

A política não descansou na folia de Carnaval. O protesto com ou sem humor, foi às ruas nos enredos e fantasias de escolas de samba, bandas e blocos, ausente temporariamente das redes sociais. E a falta de assunto transformou o diletantismo em matérias estratégicas do cenário eleitoral de 2018.

Mantive o hábito de ler três jornais diários, além dos sites de notícias. Evito o “clipping” dos amigos nas redes sociais, cético demais e precavido com o compartilhamento das “fake news”. Adotei o pensamento de José Serra, que dia desses relatou que “se alguém disser que está compreendendo alguma coisa, é porque está inteiramente por fora”, quanto às eleições deste ano.

Indo direto ao assunto, pinço sobre o financiamento das campanhas eleitorais diante do artigo 29 da Resolução 23.553 do TSE, que estabelece aos candidatos a deputado federal o autofinanciamento em até R$ 2,5 milhões, e aos estaduais a R$ 1 milhão. Quem pode mais terá mais chances de se eleger deputado. Para o Senado, Governadores e Presidência da República, candidaturas majoritárias, estão reservadas a maior parte dos R$ 1,716 bilhão, de recursos públicos do Fundo Eleitoral.

O TSE garantiu ainda que candidatos ao Planalto podem gastar até R$ 70 milhões de recursos próprios, e quem concorre para governador, dependendo do Estado, pode usar até R$ 21 milhões dos “próprios bolsos”. Um contrassenso diante da sociedade cobrando “vida modesta” dos seus representantes, indignada contra o pagamento de salários e benesses dos cargos – moradia funcional, alimentação, assessorias etc., e foro privilegiado.

Vejo dificuldades na renovação política. Ouço e leio falas de rompimento, negação da classe política vigente. Mas como mudar? Separando o joio do trigo, pesquisando a biografia dos candidatos, não reelegendo. Voto facultativo, reafirmação da lei do “ficha limpa” (?).

O barateamento das campanhas mira as redes sociais, e estima-se, pelo número crescente de perfis e impulsão de postagens, hoje, que será quase impossível achar outros temas nas timelines, senão a enxurrada de santinhos digitais.

O sistema político e eleitoral brasileiro continua sendo um dos grandes problemas de nossa democracia.

O voto distrital, que diminuiria a necessidade de um candidato a deputado visitar os 645 municípios do Estado de São Paulo, ficou para 2020. Com as campanhas durando 45 dias, em tese, teria de percorrer cerca de 14 cidades por dia, incluindo sábados, domingos e feriados, impossível, encarecendo as campanhas, a multiplicar custos em carro, combustível, assessores, eventos, impressos etc. Como e quem banca isso?

Até 2014 eram as empresas, que doavam aos partidos ou diretamente aos candidatos. Opção enterrada pelos desvios do “mensalão” e “Lava Jato”, com a revelação da origem pública dos recursos,via superfaturamento de obras, faturamento de serviços não realizados, “Caixa 2”, faz de conta.

A esperança dos candidatos volta-se para o Fundo Eleitoral, cuja divisão proporcional será escassa. Fora isso, o mencionado autofinanciamento e doações de pessoas físicas, no limite de 10% das receitas pessoais declaradas no Imposto de Renda no ano anterior ao pleito.

As renovações podem se restringir a esses novos elementos da política. Pelas projeções atuais, as chances privilegiam os mais ricos, os interesses individuais, corporativos e religiosos. Os parlamentares em exercício podem ter porções melhores do Fundo, se compararmos aos marinheiros de primeira viagem ou aos despossuídos de esquemas eleitorais.

Perguntar não ofende: __ Quem pode nos representar?

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