9 de Julho: todos desfrutam, poucos sabem por quê !

Heroísmo, coisa fora de moda?

Hoje é feriado em todo o Estado de São Paulo, em homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932. Muitos se lembram do assunto, por causa do dia de descanso, mas poucos sabem da importância desse acontecimento na história do Brasil. A explicação desse fato funciona como mais um torpedo contra o modelo educacional brasileiro, que enfatiza menos as efemérides com heróis locais e regionais, e passa a ser responsável pelo sepultamento de glórias das quais as últimas gerações poderiam se espelhar para mudar situações políticas, econômicas e sociais no presente e no futuro. Respeitar a história real é essencial na formação das nossas crianças e cidadãos, que tendem a se lembrar mais de ídolos na música, telenovelas, futebol e até dos personagens nefastos do parlamento, de governos corruptos e do crime organizado.

Há uma inversão de valores, que precisa ser combatida. Vivemos um processo cultural de memória fugaz, que não valoriza movimentos autênticos nos livros de história e nos programas curriculares das escolas. Um povo sem referenciais históricos é um povo que não vai demonstrar o seu amor à Pátria, lutar por ela quando for preciso, a exemplo do povo paulista que participou do movimento constitucionalista de 1932, em defesa das liberdades democráticas e de uma constituição para o país, durante uma fase provisória e impositiva do governo Getúlio Vargas.

As forças militares e da sociedade paulistas foram derrotadas no campo de batalha, pelos exércitos federais. Desse levante histórico e bem posicionado para o Brasil, este Nove de Julho relembra a importância dos heróis paulistas, em especial os jovens que enunciaram o reconhecimento do movimento MMDC (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo) que lutaram e morreram pelas causas reconhecidas por Getúlio dois anos depois, garantindo liberdade, voto secreto, voto feminino, eleição livre, independência dos três Poderes, retorno da Federação, Constituição, sinônimos de um regime democrático e de respeito à pluralidade de idéias e ações conseqüentes.

A seção Tendências e Debates da Folha, em sua edição de hoje, estampa um artigo profundo do governador José Serra, que constanta a relevância menor e o esquecimento dessa passagem, resumida a atos desprovidos de sentido, quando na sua infância e adolescência eram muito presentes. Os assinantes da Folha e do UOL podem acessá-lo: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0907200808.htm. Acho importante também, para reavivar esse momento histórico, a iniciativa do sociólogo Roberto Gonçalves, que pelo terceiro ano consecutivo promoveu a Caminhada 9 de Julho, que cruza o Estado de São Paulo, sendo recebida e saudada pela população, que a bem da verdade também sabe pouco do porquê, mas que deixa a impressão de que nem tudo está perdido.

Não somos mais um país jovem e ignorante, feito apenas de imigrantes e desbravadores. Somos uma Nação com 140 milhões de brasileiros que precisam cultuar a sua história para a manutenção da sua identidade e tudo mais que pode vir na sua esteira.

Devemos, acima de tudo, reverência (consciente) aos nossos heróis de fato, senão teremos eternizado apenas mais um conveniente e prazeroso feriado no meio da semana.   

9 de Julho: todos desfrutam, poucos sabem por quê ! Read More »