Jogos não tão virtuais

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Entende-se por virtual o que não existe como realidade, mas sim como potencia ou faculdade. Também pode-se afirmar que o virtual é algo inexistente que provoca um efeito, que de tão próximo da verdade, sua existência acaba sendo considerada. Exemplos disso estão escancarados no cotidiano e em especial na comunicação contemporânea por conta dos usos desbragados das redes sociais. E é nesse território, que muita gente acha livre, que o virtual se confunde com a realidade, em especial para os desavisados.
Nesse contexto crescem nos últimos dias as consequências do Desafio Baleia Azul, principalmente entre crianças, adolescentes e jovens. Especialistas pontuaram que “não se pode dar tanta importância para um jogo, mas é hora de falar sobre o assunto”. As ocorrências que derivaram do exterior para o Brasil, foram graças à comunidade global, como preconizou o dito popular sobre um tal de “mundo velho, sem porteiras”.
As primeiras reações da sociedade que tem escrito coisas sem pensar nas redes, motivada pela leitura apressada e sem refletir, indicam uma transferência instantânea das responsabilidades ao sistema educacional brasileiro. Mas é prudente em demasia que se pensem e ajam de forma compartilhada com foco no papel da família, de modo basal e preventivo.
O Governo do Estado de São Paulo já reforçou em boletim extraordinário da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica, que deve servir de orientação geral para ações organizadas e gerais, sobre “o compromisso da escola e dos educadores com a diminuição da vulnerabilidade de crianças e adolescentes em situações que possam vir a comprometer a integridade física, psíquica e emocional dos estudantes”.
Há o consenso propagado pela Organização Pan-Americana da Saúde, de que “a adolescência é um período da vida marcado por mudanças, incertezas e experimentações. Uma fase rica em sonhos e aprendizados, mas também carregada de riscos e armadilhas”. Quanto mais amadurecemos parece que nos tornamos menos corajosos e destemidos. Quem consegue dormir enquanto os filhos não estão ainda em casa? Quase todos nós, porque sobra-nos as sensações de medo e insegurança pelo conhecimento das ameaças externas.
Mas a um passo da sala ou do quarto rondam perigos reais, que entraram na sua porta sem tranca. E é nesse sentido que, educadores e corresponsáveis pela geração que ainda depende da educação básica, deve reforçar as ações pedagógicas de conscientização quanto ao uso seguro da internet e temas relacionados à melhoria da convivência no ambiente escolar e na comunidade do entorno real, como o bullying, a pedofilia, a intolerância de toda ordem etc., acolhendo e conversando sempre.
O assunto Desafio Baleia Azul ocupa as mídias e ainda há uma parte de pessoas e instituições que optou por não tratar do jogo ou do tema com os filhos ou alunos, para evitar que eles se inspirem nos relatos. Buscar meios de falar dele, sem medidas extremas como a desconexão virtual e sem parecer uma nova lição de moral ou revelação dos medos que os mais maduros têm do desconhecido, deveria pautar ações de reaproximação pessoal, diálogo, diminuindo o isolamento social reinante.
Que estas reflexões nos estimulem a tratar desses jogos virtuais e de suas implicâncias na sociedade, com inteligência e respeito. Por trás da “brincadeira”, certamente estão hackers, perturbados mentais, que cultuam o mórbido e o macabro. À nossa frente, por exemplo, está uma sofrida mãe de São Carlos, minha conhecida dentre tantas mundo afora, atingida pela torpe experiência a que seu menino se permitiu.

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