Com quem dividir o ônus do pré-sal ?
A esperança do reforço de caixa dos Municípios e Estados produtores de gás e petróleo descobertos no pré-sal da Bacia de Santos vai ser socializada, se não houver um recuo do Congresso Nacional, que aprovou emenda dos deputados Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e Humberto Souto (PPS-MG) distribuindo recursos para todos. Para São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo essa iniciativa é considerada como um golpe, tendo em vista que desde o anúncio das descobertas pela Petrobrás, as expectativas de desenvolvimento econômico foram turbinadas e se verifica uma grande movimentação dos setores públicos e privados, com ações preventivas para a expansão desenhada.
Na realidade esses recursos estarão disponíveis daqui a cinco anos, pelo menos, quando efetivamente forem apropriados os ganhos originados da sua comercialização nos mercados interno e externo. Mas os maus exemplos de crescimento urbano desordenado e de infra-estrutura deficiente, testemunhados no Litoral carioca – Macaé e Campos – alertaram os municípios da Baixada Santista e do Litoral Norte de São Paulo para a necessidade de se preparar com planejamento e busca de soluções eficientes na maioria das atividades de apoio a esse novo momento.
Os projetos que definirão o novo marco regulatório não mobilizam interesses apenas de Estados produtores e não produtores, como minimizam alguns representantes da base lulopetista, para tentar isentar o governo de um conflito de interesses com governantes aliados – Sérgio Cabral (RJ) e Paulo Hartung (ES). A União carece de uma definição de pontos essenciais e que implicam no regime de partilha e da utilização dos rendimentos do fundo social para políticas públicas nas áreas sociais, ciência e tecnologia, educação, cultura e meio ambiente.
O atual governo federal, responsável pelo envio dos quatro projetos tratando dessas novas regras para a exploração e compensações com o pré-sal – regime de partilha, criação de estatal, fundo social e capítalização da Petrobrás -, inicialmente definiu o regime de urgência para emendas, discussão e aprovação pelos deputados federais e senadores. Acontece que esse processo coincide com o período pré-eleitoral e as motivações políticas estão mais voltadas para as paróquias, sem a menor preocupação com o ônus dessas descobertas para os municípios, regiões e estados produtores.
Por isso a votação e aprovação da emenda de Ibsen Pinheiro contou com a expressiva maioria dos votos na Câmara dos Deputados (a questão ainda será apreciada e votada no Senado) – 369 votos favoráveis, 72 contra e 2 abstenções – põe fim a onda sonhada de prosperidade, preservando a parte da União nos royalties e na chamada participação especial. As perdas são absurdas, levando-se em conta os números calculados e esperados antes dessa decisão parlamentar: os recursos estimados para o Rio de Janeiro caem de R$ 24 bilhões para R$ 680 milhões/ano; enquanto o Piauí, de acordo com a fórmula sem essa emenda, salta de R$ 260 milhões para R$ bilhão/ano.
É certo que a manutenção desse cenário gerara dificuldades alarmantes para os municípios da Baixada e do Litoral paulistas, que se organizavam para a execução de um orçamento futuro mais suculento diante das obras de infra-estrutura e serviços que necessitarão implementar. Nessas regiões, atualmente organizadas e planejadas para o recebimento de equipamentos, unidades de gestão para o gás e petróleo, e população nova, se essa decisão não for revista haverá retrocesso ao invés de desenvolvimento econômico.
O debate está colocado e o primeiro passo é uma consulta a lista de votantes (deputados federais) http://bit.ly/9vMN5e por Estados, para então definir uma estratégia de envolvimento da sociedade, com questionamento sobre a razão do posicionamento, voto e compromisso com o futuro da região. Sou federalista mas acho fundamental que os estados e municípios produtores tenham uma compensação maior que os novos números sugeridos pela emenda Ibsen. No seu formato atual, se eu tivesse direito a voto, daria um sonoro NƒO!
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