Blog do Raul

Prévias

Política não é um jogo

A alternativa a Lula e Bolsonaro.

Sou militante dos princípios e ideais do PSDB, partido que ajudei a fundar em 1988, ao lado de figuras importantes do cenário político nacional. De pronto, faço questão de lembrar, antes que pedras sejam arremessadas em minha direção, que o PSDB não mudou seus ideais, o manifesto e o programa escritos na origem.

Dessa pilha de legendas (33 legalizadas no Tribunal Superior Eleitoral, desde dezembro de 2019), o PSDB figura entre os incomuns, porque mantémdiferenças ideológicas claras, abrigando ideias sociais democráticas, socialistas democráticas, democratas cristãs e liberais progressistas. Esse arco fez com que políticos de outras legendas, representadas na Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988), as abandonassem e se juntassem na formação do PSDB.

Trinta anos depois, o Brasil fez uma opção eleitoral (2018), votando e elegendo alguém que expunha como valor a negação da política e dos partidos. Convenceu que significava a nova política, por ser diferente e desdenhar o papel institucional partidário, porque já esteve em muitos, e se tornaram bode expiatório da má conduta de alguns dos seus filiados. Não segui essa tendência, pois acredito na história e numa plataforma programática para o país.Também não sou um arrependido e nem me sinto desobrigado de fazer alguma coisa para mudar esse estado de coisas.

O PSDB mantém e segue à risca o que preconizou nas suas raízes. Pelo histórico de cada um de nós, algumas estratégias nos puseram ao lado de partidos e figuras exponenciais do campo progressista; nos colaram neles e nelas, nos momentos em que não polarizamos localmente. Essas opções não se balizaram no clientelismo convencional, conforme os costumes políticos brasileiros.

Tenho lido considerações de baixo nível sobre companheiros do PSDB que estão decidindo mudar de legenda para seus projetos políticos, pouco claros hoje em dia. Mas a maioria do PSDB permanece no mesmo lugar, revigorando os ideais e requalificando nomes de protagonistas para as disputas eleitorais. Em síntese, a fila interna de nomes andou, graças à democracia interna, que ampliou a decisão das escolhas com prévias e rejuvenesceu lideranças a nos conduzir para novos desafios.

Não fulanizo e nem polemizo, dentro ou aqui fora, porque creio na tarefa de trazer a maior parte dos que ficaram para a tese da política, como ela é e irá favorecer a descoberta de caminhos que tirem o país desse atoleiro social e econômico, além dedesgovernos. Posso dizer que identificamos quem vai nos liderar nesse processo, novos nomes e capacidades reservadas ao debate próximo futuro.

De toda forma, embora estejamos fadados à condenação prévia pela existência da polarização política que domina o sentimento nacional, como se isso fosse obra das disputas recentes na história, entre PSDB e PT, acho que o fator positivo desse entendimento em perspectiva pode desaguar num caráter educativo.

um papel histórico a cumprir nas próximas eleições gerais de 2022. Diante dessas duas caras – Lula e Bolsonaro – não é possível perder de vista que caberá ao PSDB furar o bloqueio do cenário posto. E se prestarmos a atenção no tabuleiro, para os que gostam de comparar o momento político a um jogo, faltam casas e peças para movimentar com sabedoria e bom senso. Sem isso, o entendimento da democracia na sua plenitude, será desvalorizado, como não bastassem as condições desiguais dos que se propõem fazer algo pela mudança de verdade, não só de narrativas.

A ideia é instigar a pensar na conjuntura por inteiro,o que pode parecer uma utopia. A educação política no Brasil é entendida à base da troca de migalhas e favores clientelistas pelo voto, sem sonho ou esperança. Não desejo Lula e nem Bolsonaro na presidência do nosso país. O melhor para a nossa história republicana está por vir. Não basta provocar com um “quem viver, verá”. Fará bem a todos, participar para mudar!

Artigo publicado no jornal “A Tribuna” de Santos, em 27 de dezembro de 2021.

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Porque voto em João Doria

SP priorizou a vacina.

As opções políticas de cada um podem ser expressadas livremente nas redes sociais graças à internet e aos pressupostos da Democracia. Então é importante lembrar as características da democracia moderna, que significa a garantia da liberdade individual, a liberdade de opinião e expressão, a liberdade de eleger seus representantes e a igualdade de condições, direitos políticos e oportunidades favoráveis entre as pessoas.

A revelação do meu voto, como fundador e militante histórico do PSDB, na candidatura do governador de São Paulo, João Doria, na disputa de prévias internas do partido para a escolha do nome que disputará a presidência da República em 2022, está causando reações desproporcionais. Curioso é que, majoritariamente, essas reações partem de pessoas que não compõem esse processo, mas que se aproveitam para evidenciar suas críticas ao nome de Doria por conta de interesses próprios ou de grupos sociais, trabalhistas ou políticos onde estariam inseridos.

Para responder ao debate, que a essa altura eleva o número de acessos ao meu perfil pessoal no Facebook, em tom crítico e também de revelações de decepções com o meu comportamento político, tento tratar o tema com a velha civilidade que sempre norteou a minha vida, em todas as suas faces.

De pronto, vou ignorar os adversários políticos externos do PSDB ao João Doria e ao próprio partido. Porque essa comparação sobre o melhor nome para comandar o Brasil a partir de janeiro de 2023 vamos fazer e debater democraticamente na campanha eleitoral de 2022. Assim, os simpatizantes do atual presidente da República terão os seus comentários preservados, mas sem importância, como se não estivessem publicados.

Antes de mais nada é necessário esclarecer que as prévias do PSDB para a escolha entre os três nomes inscritos – João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio Neto – vão acontecer no dia 21 de novembro e apenas participam e votam os seus filiados, dirigentes, vereadores, prefeitos, deputados e senadores, de todo o país. Esta não é a primeira vez que o partido se utiliza desse instrumento para a escolha dos seus candidatos e reafirmo que já escolhi e anunciei o meu voto e apoio ao João Doria.

O João Doria é uma figura bastante conhecida e sempre foi bem aclamada, em todas as atividades públicas que exerceu, na comunicação, com programa de entrevistas sempre de alto nível; nos empreendimentos empresariais em São Paulo e fora do Estado; na vitória histórica para a Prefeitura de São Paulo, tendo Bruno Covas como vice-prefeito, em 2016; na convocação do PSDB para disputar o governo do Estado em 2018, porque o partido sempre teve candidatos próprios nas eleições para governador e presidente da República.

Acho necessário, nesse debate, considerarmos a situação do Estado de São Paulo hoje, que é bem diferente de outros Estados e do Governo Federal, trazendo de forma transparente as ações governamentais que são concretas e em nenhum momento deu ênfase ao populismo, que satisfaz alguns do povo de imediato, mas retarda o que é estruturante e proporciona maior segurança para a maioria do povo paulista.

João Doria dispõe de um rol de feitos, além da reconhecida obstinação pela vacinação em massa contra a Covid-19, que o colocam numa agenda de exemplos que o país precisa para enfrentar novamente questões que já estiveram melhor resolvidas, como a estabilização da economia, a execução contínua de uma rede de proteção social com base na Educação e na Cultura, a geração de empregos e renda.

Vamos tratar dos temas que desgostaram individualmente ou categorias de trabalhadores ou aposentados no Estado? Vamos esclarecer a posição de São Paulo em relação aos privilégios de muitos ainda no Estado e no país? João Doria no Governo paulista teve duas alternativas, frente à Lei de Responsabilidade Fiscal e a situação geral do Brasil: fazer ou fazer.

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Futuro para o brasil

Democracia interna mobiliza militância tucana.
Democracia interna mobiliza militância tucana.

Leio que algumas lideranças regionais do PSDB estão preocupadas com os seus próprios palanques. Isso estimula especulações políticas sobre adesões aos discursos extremistas, inclusive, do bolsonarismo direitoso ao esquerdismo lulopetista. O tabuleiro da disputa de 2022 ainda está sendo composto.

É óbvio que os defensores de uma terceira via, especialmente no cenário nacional, estejam no modo pause, esperando a definição do nome tucano à presidência da República. Como diz o presidente Fernando Henrique Cardoso, o discurso conciliatório do candidato do PSDB nessa estratégia é fundamental para agregar apoios fora do partido, dimensionando palanques competitivos nos Estados.

Só que essa escolha do PSDB, que segue resoluções internas com a democracia interna preconizada nos seus estatutos e discursos da sua militância mais aguerrida, nesse momento conjuntural pode ter alguma influência externa. Sempre defendi candidaturas próprias e o PSDB participou de todas as disputas, desde a retomada de eleições diretas para presidente em 1989.

Não se cogita um partido que já presidiu o Brasil durante dois mandatos e é formado desde a sua fundação por quadros políticos de destaque nacional, abrir mão de encabeçar uma chapa presidencial. Mas a conspiração corre solta nos bastidores e ações, muito além da teorização. Como, por exemplo, sobre deputados tucanos se curvando ao governo Bolsonaro em troca de emendas orçamentárias, tentando influir na escolha do candidato à presidência da República nas prévias tucanas, que acontecem em 21 de novembro.

É evidente que há um objetivo maior em toda essa movimentação pelo país e que não é possível uma agenda sem o Brasil em primeiro lugar. O povo não é mero espectador das definições partidárias, mas hoje figura como vítima de governos que não atenderam e atendem as suas necessidades fundamentais. Então é preciso que os objetivos dos pretendentes sejam mais claros sobre como lidar para superar as dificuldades aparentemente impossíveis de solução, com propostas mais claras.

Me preocupo com os rumos do país em relação ao futuro. Tive a honra de participar do governo do presidente Fernando Henrique, que foi estruturante de fio a pavio, do Plano Real de estabilização da economia às políticas de proteção social e compensatórias de renda. Mas agora, novos desafios são exigidos de nossos potenciais governantes, também por conta do agravamento da crise econômica e social decorrente da pandemia do COVID 19.

O país precisa de um choque de gestão à la Mário Covas e também não é prudente desenhar um plano sem considerar os resultados que São Paulo apresenta hoje, depois de ter sido demonizado por agir de maneira exemplar no controle da infestação do coronavírus, ora com ações restritivas, ora com o aumento da capacidade de atendimento intensivo aos pacientes e na busca de vacinas para todos.

Essas linhas para o debate amplo e com bastante difusão são um ponto de partida. A meu ver elas mobilizam a representação histórica do PSDB, que sempre defendeu uma proposta social democrata progressista para o Brasil.

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Prévias no PSDB ou José Serra, eis a questão …

Dilemão do PSDB.
Um movimento de Gilberto Kassab (PSD) em direção ao lulopetismo foi suficiente para fragilizar o instituto de prévias internas para a escolha de candidatos às eleições majoritárias (prefeitos) pelo PSDB, que é uma aspiração histórica dos seus militantes e filiados. No ano passado, quando as prévias foram aprovadas pelo Diretório Estadual do partido dos tucanos em São Paulo, porque um de seus principais líderes nacionais – José Serra – não aceitava nem discutir a hipótese de se candidatar a prefeito de São Paulo, esse exemplo foi aceito e comemorado a cada evento com a participação dos pré-candidatos inscritos nesse processo pioneiro.

O partido teve uma experiência muito parcial em 1989, quando Mário Covas foi ungido pela maioria das lideranças tucanas como o candidato do PSDB a presidência da República. Mas Covas quis saber o quê pensava a maioria dos filiados em todo o país, num período em que o PSDB ainda cumpria o mínimo necessário na sua organização para ser considerado um partido. Na época votamos plebiscitáriamente sim ou não, valendo a consulta, a sensação de que um novo partido havia surgido no cenário nacional, mais democrático e em sintonia plena com as suas bases.

O PT fazia isso. As suas instâncias de participação nos seduziam, inclusive para usá-las como referências em nossas reuniões nos diretórios municipais e zonais. O PSDB respondia a esse conceito exemplar com a coexistência de dois estatutos – um para cumprir a Lei Orgânica dos Partidos Políticos (dos tempos ditatoriais ainda) e outro para servir de base e de orientação da sua militância com desejo forte de inovação e mudança.

Essa expectativa de renovação ganhou força como nunca antes nos 23 anos de existência do PSDB. Em 1987, no primeiro ano de mandato do governador Orestes Quércia em São Paulo, que correspondia ao terceiro de José Sarney na presidência da República, ambos pelo PMDB, um grupo de parlamentares na Assembléia Nacional Constituinte reagia às imposições do governo, do mesmo modo em que um grupo de parlamentares e dirigentes do partido constituíam em São Paulo uma dissidência ao comando, estilo rolo-compressor de Quércia, do PMDB.

Nos dois níveis havia uma familiaridade: o clientelismo e o fisiologismo políticos em lugar de verdadeiros projetos de interesse da maioria da sociedade brasileira. Na Assembléia Constituinte e no PMDB paulista a democracia passava ao lado de fora, sem qualquer possibilidade de participação e de discussão. Em São Paulo, por exemplo, quem não estivesse alinhado com o grupo de Orestes Quércia, dificilmente conseguiria a legenda do PMDB para disputar uma eleição municipal.

A seqüência histórica é do conhecimento de todos. Nasceu o PSDB, das costelas do PMDB, como um partido de quadros representativos da política nacional – Mário Covas, Franco Montoro, José Richa, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Affonso Arinos, Geraldo Alckmin, João Gilberto, Almir Gabriel, Ronaldo Cezar Coelho etc.

Agora, quando parecia dar um passo à frente na sua democracia interna e na travessia para a renovação de quadros, volta à estaca zero? Quando José Serra optou por não disputar as eleições municipais de 2012, mirando mais um projeto nacional para 2014 (a saber com Aécio Neves, Geraldo Alckmin, Marconi Perilo, Beto Richa, Tasso Jereissati etc), o PSDB paulista escolheu o caminho de liberar que a “fila” andasse, renovando expressões partidárias, oxigenando a sua organização inclusive para a perspectiva de prévias nacionais e um dia, quem sabe, promover primárias para a escolha dos seus nomes para as eleições nacionais.

O dilema que se coloca é da ordem de importância do PSDB com a sua relação com o poder e a governança dos seus princípios e propostas. O medo de uma derrota de um nome novo em São Paulo é maior que o exemplo democrático num país que não se importa com os partidos? Os partidos servem apenas para cumprir a lei eleitoral, quando dispuser de nomes para uma disputa de eleições em qualquer nível?

Sei que o maior desejo de um militante político é ter o direito e participar vivamente das decisões nos partidos políticos. A sintonia entre as direções partidárias e os filiados nem sempre é fina, prevalecendo a influência de líderes e parlamentares que argumentam sempre com os seus patrimônios eleitorais – votos, para ser mais explícito. O PSDB está numa encruzilhada: antes queria muito isso e agora pode deixar para depois.

Enfim, o que foi motivo de comemoração e de generosos espaços em todas as mídias, pelo exemplo novo, transformou agora o PSDB na Geny longe do Zeppelin? Do ponto de vista partidário acho tudo isso um retrocesso sem igual. Eleitoralmente, pragmaticamente analisando, a entrada de José Serra nesse novo cenário, que pode parecer o acesso de um descuidado numa loja de cristais, há motivos de sobra, principalmente porque os riscos são menores diante da inovação para um novo estilo de fazer política neste país.

A decisão que se coloca para nós todos é a seguinte: prévias ou Serra? Eis a questão…

Prévias no PSDB ou José Serra, eis a questão … Read More »

Prévias, no partido dos outros ?

Prévias ou primárias são temas recorrentes nos partidos políticos, quando se aproximam as escolhas de candidatos para o Legislativo e Executivo. O poder de decidir é restrito à comissão diretora executiva da máquina partidária, que quase sempre contempla fatores como a força de grupos majoritários, fila de lideranças e desempenho em pesquisas internas ou exposição na mídia. O historiador Marco Antonio Villa publicou artigo sobre o assunto no Caderno Aliás, do jornal “O Estado de São Paulo”, enfatizando uma crença minha também, de que “as prévias podem oxigenar o debate político extrapartidário. Com a cobertura da imprensa e o interesse das lideranças de ganhar espaço, os grandes temas estarão presentes muito antes do início da campanha” (http://bit.ly/pBWbQ0). Ora, apesar de defender como militante a abertura de canais de participação e decisão dos rumos e projetos do PSDB, no meu caso, é evidente, historicamente, confrontar que só não apóia o instituto de prévias partidárias quem já ganhou nas convenções, com a participação de todos os filiados aptos a votar, a direção do processo político e o poder de decisão.

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