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Saúde precisa mais do que Médicos!

Termômetro das ruas pede mais Saúde
Termômetro das ruas pede mais Saúde
O Brasil é um país que paga salários razoáveis aos seus médicos – em média R$ 8.966,07 àqueles que possuem mestrado e doutorado, e R$ 6.705,82 com graduação e alguma especialização, de acordo com o CPS – Centro de Políticas Sociais da FGV – Fundação Getúlio Vargas. Contudo esse não é o ponto principal das discussões iniciadas nos últimos tempos, com a reclamação das ruas sobre a precariedade dos serviços de saúde pública e da falta de assistência médica em muitas regiões do país. Em alguns estados brasileiros, para cumprir uma jornada de 40 horas semanais, um médico chega a receber mais de R$ 10 mil por mês.
O programa ‘Mais Médicos’, anunciado pelo governo da presidente Dilma Rousseff nesta semana, quer ampliar a oferta de atenção básica à população, com atendimentos de urgência, emergência e consultas de clínica médica. Essa medida é muito bem-vinda para suprir as deficiências do sistema público de saúde, mas de antemão enfrenta dificuldades na sua implementação por causa da indisponibilidade de médicos brasileiros em atender às demandas interiorizadas Brasil afora.
Não faltam médicos em nosso país, atualmente são graduados cerca de 18 mil novos médicos, que resistem à interiorização dadas as condições de trabalho inadequadas. O ex-ministro da Saúde, Adib Jatene, compartilha dessa análise, sustentando que é fundamental melhorar o modelo de gestão dos recursos do setor. E o governo federal atual não consegue resolver esse quesito, sonegando a aplicação dos recursos previstos no Orçamento da União, que prevê R$ 94 bilhões em 2013, que atenderiam hospitais, salários e medicamentos, plena e principalmente. Em média histórica, nos últimos anos, cerca de 15% orçamentários deixam de ser executados.
Em todas as mídias, a importação de médicos estrangeiros e os mais dois anos de permanência nas escolas de medicina brasileiras, para os atuais estudantes, sobressaem em relação à uma discussão mais profunda sobre as medidas de gestão que deveriam ser urgentes, sem mais improvisação quando é preciso governar. Essa polêmica favorece ao governo federal, porque continua tratando questões cruciais do país com medidas laterais.
Ninguém é contra a oferta de mais médicos para a população, independentemente do questionamento sobre a origem dessa mão de obra. Está bastante claro que o ministério da Saúde não tem uma solução para essa providência sem o recurso da importação de profissionais. Contudo, a marca demagógica do governo fica mais evidente quando se decide obrigar que os estudantes estendam a sua permanência nas faculdades, por dois anos, e que, nesse novo período, involuntariamente sejam obrigados a prestar serviços no SUS – Sistema Único de Saúde, antes de obterem o registro definitivo dos CRM – Conselhos Regionais de Medicina.
Ora, para quem toma essa informação como uma resolução urgente do governo, acaba surpreendido quando cai a ficha e descobre que essa regra defendida pelo ministro da Educação, Aluizio Mercadante, só vale para quem começar a estudar em 2015, com efeito prático a partir de 2021. Quando é que será pautada a urgência de fato na Saúde?
O Brasil é um país de características continentais, desintegrado governamentalmente e por isso composto de desigualdades históricas. Estou convencido de que o povo brasileiro assiste à desenvoltura da política de marketing do atual governo, em detrimento ao caráter emancipatório produzido apenas por políticas públicas bem fundadas, conservadas e bem mantidas. Já pensei que o problema da Saúde era da necessidade de mais dinheiro, porque suas atividades são bastante caras aqui e em todo o mundo. Nada disso. O país teria condições de fazer um pacto com a sua sociedade, se efetivamente tivesse um caminho para as soluções devidas.

Ilustração: Site da Revista Exame.

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Mais saúde, Brasil !

Doença de Lula põe saúde na pauta.

O mundo foi surpreendido com a notícia do câncer de laringe no ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Como era de se esperar, a reação do povo brasileiro, solidário por natureza, foi de comoção e torcida pela melhora na saúde de Lula. Por outro lado, os meios de comunicação e as mídias sociais passaram a explorar o assunto com o fato de o ex-presidente ser atendido no melhor hospital particular do país, o Sírio Libanês, em São Paulo, e não nos hospitais públicos, que ele havia dito que estavam perto da perfeição quando estava na direção do país.

Longe de fazer coro com as opiniões mais exaltadas, de ironia crítica de uma legião de pessoas indignadas com a qualidade atual da saúde pública no Brasil, o momento é mesmo oportuno para se discutir ações concretas para a melhoria do sistema financiado com recursos do SUS – Sistema Único de Saúde. Lula incentivou Barack Obama a implantar um SUS nos Estados Unidos, para a saúde custar mais barato e universalizar a sua qualidade e atendimento, durante o 9º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em Olinda, no ano de 2006, mas cortou orçamento do mesmo entre 2003 e 2009, subtraindo-lhes R$ 17,6 bilhões.

Também nesta semana, a ONU – Organização das Nações Unidas divulgou os resultados do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano para 2011, apontando a perda de velocidade na melhoria das condições de vida do povo brasileiro. Dentre os quesitos avaliados, apesar dos pesares, saúde e renda estão acima da média global, mas a Educação aparece como o mais vergonhoso, porque o número médio de anos de estudo do brasileiro aparece estacionado em 7,2 anos, menos que o período de ensino fundamental completo.

Conforme os cálculos das Nações Unidas, nesse ritmo, o Brasil precisará de 31 anos para alcançar as condições educacionais de países onde se estudam em média 12,6 anos. Diante disso, é possível afirmar sem exagero que a atual geração está com o seu futuro comprometido para o pior, porque amargará o atraso em relação às novas perspectivas de desenvolvimento econômico e social do país, sem condições de receber a qualificação necessária para os melhores empregos e oportunidades de trabalho e renda.

Só que, na saúde, o retrato brasileiro nada influi para melhorar os índices mundiais do país. Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, tendo como base a qualidade da saúde pública oferecida aos seus cidadãos, o Brasil foi classificado em 125º no ranking mundial entre 191 países. Nessa lista, o país perde para a Bósnia e Líbano, se igualando ao Egito; refletindo e comprovando as suas péssimas condições pelas filas dos ambulatórios e hospitais públicos nas quais se acotovelam os que precisam de cuidados médicos.

O ex-secretário de Estado e ex-ministro da Saúde, Adib Jatene, tem afirmado que o “problema da saúde no país não é a ausência de recursos de alta tecnologia ou profissionais competentes, porque isso nós temos. O nosso desafio é oferecer o acesso à saúde principalmente às populações de baixa renda.

O Brasil precisa ter estratégias de médio e longo prazo dos seus governos para resolver essas marcas negativas, que não são meramente estatísticas, mas que revelam a desatenção com todo o seu povo. Não há justificativa para os governos descontinuarem políticas públicas bem sucedidas, em Educação e Saúde, por exemplo, tendo em vista que o maior prejudicado – o povo pobre – não terá outra opção na vida sua e dos seus familiares, além das bolsas de míseros reais para enfrentar desafios que exigem muito mais de cada um.

Esse país desigual é que precisa de um jeito de governar mais responsável, sem ôba, ôbas. A melhor sorte do ex-presidente Lula, nesse momento em que a sua condição de saúde exige cuidados maiores, não é a mesma para o resto do país, que ele infelizmente não conseguiu consertar, além do discurso. O Brasil quer mais que tudo isso!

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