Qual o tamanho do número de vereadores?
Franco Montoro não se cansava de dizer que o “povo não mora no Estado ou na União, mas no Município”, célula dos acontecimentos que dizem respeito ao cotidiano das pessoas e da prática da cidadania. Uma Câmara de Vereadores bem representativa da comunidade significa uma conexão direta com a preparação de cidadãos, de modo que estejam mais prontos para entender e interagir com as demais esferas institucionais.
Acontece que hoje em dia essa questão enfrenta uma resistência maior, inclusive sobre a sua própria razão de ser, em função da corrupção e a farra desbragada com o dinheiro público. A corrupção é uma chaga nacional e vem sendo rechaçada com todas as letras e adjetivos conhecidos. Nesse caso específico, o pior, para os políticos locais, é que a corrupção é associada imediatamente à classe política, recaindo num primeiro plano ao político mais próximo, no caso o vereador.
Está certo que muitas Câmaras são manipuladas pelos prefeitos ou até por partidos que dominam a cena política nas cidades. A desinteligência impera, porque não respondendo às expectativas da população, não faltam palavras de ordem contra a existência do parlamento ou de repulsa quando se emanam palavras sobre a valorização da sua importância. O momento político inclui atualmente o debate sobre a autorização do aumento do número de cadeiras para vereadores, de acordo com a legislação e os números assegurados pelo censo nacional da população. Não haverá mais polêmica se as atuais composições permanecerem inalteradas, mas o grande problema está no custo público da manutenção dessas estruturas legislativas.
Em alguns municípios, quando houve uma orientação para a redução do número de vereadores, os orçamentos se mantiveram e os recursos foram distribuídos entre os que sobraram para cumprir esse papel. Agora, quando se fala no aumento de cadeiras e a sociedade repudia, ninguém justifica que o orçamento precisa ser redistribuído para um número maior sem alteração nos percentuais constitucionais e/ou das leis orgânicas municipais.
Entendo que essa representação é importante e educativa para a cidadania. Acho injusto repudiar apenas para punir uma classe em desgraça, diante da impunidade contra os desmandos e a corrupção. Mas quando é que verdadeiramente teremos uma agenda de urgência cumprida e todo político honrando o seu papel? A instituição do voto distrital, por exemplo, pode oferecer uma contribuição ao eleitor, na medida em que escolherá os conhecidos, comprometidos, cientes das demandas visíveis e/ou sentidas pela sociedade. Haverá uma participação dos eleitores nas escolhas e nos mandados dos eleitos.
Sou favorável à democracia com transparência e a participação da sociedade. Os vereadores precisam cumprir o papel de articulação e mobilização dos cidadãos para entender e valer a sua importância e consideração. Portanto, não é uma questão menor discutir o tamanho das Câmaras de Vereadores. Menor é rejeitar essa discussão e aceitar que o Poder Legislativo, na essência da democracia a voz do povo, se resuma à submissão dos outros dois poderes – Executivo e Judiciário – sem voz e sem eficácia.
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