Os exemplos estão escancarados mundo afora, justificando que investir em educação, ciência, tecnologia e inovação deve ser tarefa essencial para garantir um país mais desenvolvido tanto no plano econômico quanto social. No Brasil, 95% das pesquisas são produzidas pelas universidades públicas, mas esse desempenho parece não importar quando saímos da esfera acadêmica e constatamos a realidade do mundo político atual.
Infelizmente não é surpresa ler que devido à falta de verbas, universidades federais como a UFRJ, uma das instituições mais importantes do país, pode fechar prédios e realizar rodízio em suas instalações. E o comprometimento do funcionamento de muitas outras pelo mesmo problema é revelado em praticamente todas as unidades da federação. O corte orçamentário de 2021, comparado a 2020, chegou a 18,2% para custeio, 22,8% nos recursos de capital e 18,3% na assistência estudantil.
Na semana passada, uma notícia importante adveio do leilão da nova geração de internet móvel – 5G – com a movimentação de 47,2 bilhões de reais e o compromisso das empresas em executar entre as contrapartidas de investimentos, a colocação de internet nas escolas públicas de todo o país. Se isso acontecer de fato, haverá um impulso histórico para a diminuição da desigualdade existente no desempenho dos estudantes, que durante a pandemia ficaram ainda mais para trás no aprendizado, dadas as dificuldades com o ensino à distância.
Contudo, é preciso ter em mente que uma parcela importante das escolas públicas brasileiras, que não tem internet, também não possui energia elétrica, água potável, saneamento básico. Esse quadro precisa ser considerado quando se busca responder “o que o Brasil quer ser”. Então, como os governos e legislativos avançarão em macro políticas em busca da qualificação, como fazem os países considerados mais ricos, como EUA e Alemanha, e também nos que vem se desenvolvendo mais rapidamente nos últimos anos como China, Coreia do Sul e Cingapura?
No Brasil parece que não há garantias à educação, ciência e pesquisa, por conta dos bloqueios e cortes orçamentários. Isso explica o motivo de não contar com conglomerados Apple, Google, Tesla, Huawei, Pfizer e Moderna. A negligência nacional é tanta que provoca a “fuga de cérebros” para países que valorizam a educação como valor fundamental e tratam a inovação como mola propulsora do desenvolvimento social, financeiro e econômico.
Olhando para o mundo, o presidente norte-americano Joe Biden tem dito que “Wall Street não construiu os EUA”. Por si só essa afirmativa devia orientar determinados responsáveis por nossa economia, para justificar que determinadas medidas governamentais não agradaram ao mercado. Mercado dos fundos de investimento, Bolsa de Valores, bancos, onde o dinheiro gira, mas se distancia da economia real, movimentada pela produção industrial, de serviços e do comércio.
Essa a insegurança dos industriais no Brasil, que é preciso acabar e que têm que ter garantias que o jogo econômico ao seu redor não mude ao sabor do humor do governante federal de plantão. Só assim, o industrial deixará de ser rentista.
Ao fechar essa trilogia de reflexões, nos inspira a iniciativa de Biden, com o seu plano Build Back Better (“construir de volta e melhor”). Quem sabe, conforme o tamanho do nosso bolso, elas se reproduzam no Brasil, na infraestrutura, com reforço da frente industrial e de energia limpa, para a geração de empregos, auxilio emergencial a famílias de renda média e baixa, como lema para se ter uma economia forte no pós-pandemia.
Artigo publicado na edição de 09 de novembro de 2021, do jornal “A Tribuna de Santos”, na seção Tribuna Livre.
Excelente artigo…
PARABÉNS RAUL PELA ANÁLISE, COM MUITA PROPRIEDADE E SABEDORIA.
Excelente artigo. Recuperar o tempo perdido é a nossa maior urgência. Uma revolução educacional e uma reforma política eficaz, ajudariam muito. O país precisa de pessoas como você. Visão de longo prazo, competência e trajetória na construção da democracia. Valeu!
Infelizmente o rumo já está perdido. Começou em 2018 e, possivelmente, acabará em 22.
Perfeito… Tudo infelizmente passa pelo desinteresse dos nossos governantes e legisladores, que só priorizam suas benesses e em se perpetuar mamando nas tetas da nação.
Raul, no olhar do desenvolvimento do país, penso que seus resumos rápidos foram certeiros. Gostaria de ler uma continuidade com o ângulo mais utópico sobre a nação e o estado.
Excelente artigo.
Tivemos Paulo Renato… hoje o monstro “escala” vélez… weintraub… e agora um tal milton… como está minúscula uma questão tão importante para uma Nação!
Paulo Renato!!! Quando teremos um nome desse calibre novamente a frente da Educação no Governo Federal? Isso faria toda a diferença do mundo!!
É urgente para o Brasil que um projeto sério e responsável de educação seja retomado. Mais da metade do absurdo que estamos assistindo hoje não estaria acontecendo se a população como um todo tivesse acesso de verdade a educação e cultura. Fala-se muito em educação mas pouco se fez de efetivo. Na realidade, nos últimos anos andamos para trás.
Parabéns meu amigo Raul Christiano, excelente artigo.
Parabéns pelo artigo Raul. Infelizmente estamos vivendo tempos de desvalorização da Educação, da Ciência e Tecnologia! A sorte que temos excelentes profissionais e instituições renomadas!