Parece brincadeira do noticiário, o episódio da prisão do banqueiro Daniel Dantas, que teve um de seus assessores pegos numa armadilha de um delegado federal tentando suborná-lo para evitar que o caso fosse adiante, porque lá em cima tudo seria mais fácil, leve e solto. A decisão do Supremo Tribunal Federal, por meio do seu presidente o ministro Gilmar Mendes, de soltar o dono do Banco Opportunity, foi desautorizada pelo juiz Fausto De Sanctis, da 6.ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Acredito que os próximos capítulos dessa história servirão para desmoralizar e desqualificar ainda mais o estado de bagunça e insegurança jurídicas em nosso país cheio de leis, para quem mesmo ?
Costuma-se dizer no Interior de São Paulo, para identificar um sujeito poderoso, que ele é o único capaz de "mandar prender e sôrtár". Isso mexe com o ego das pessoas, porque elevam a sua importância, mas nada tem a ver com a lei e com as tramóias que esse caso da Operação Satiagraha (Caminho da Verdade ou Apego à Verdade, em sânscrito) nos apresentaram nas últimas 72 horas. Será que vai prevalecer a sabedoria popular, do gênero que "em casa onde falta o pão, todos gritam e nenhum tem razão" ? Presumo que não e acho que está mais do que na hora de chamar logo o "companheiro" Lula para botar ordem na casa.
As críticas abertas em juridiquês, entre o Supremo e pelo menos 130 juízes federais, sobre a interpretação das leis e o Estado de Direito, mesclando com acusações sobre escutas telefônicas e monitoramento do mesmo poder pela Polícia Federal, com certeza fazem com que os presos e soltos da Operação Satiagraha respirem aliviados. O povo já não consegue mais entender as motivações das prisões e as razões dos privilégios estampados como fatores de proteção a interesses excusos. Juro que desconhecia o foro privilegiado para banqueiros, apenas para oferecer mais um mau exemplo desse processo.
A foto na primeira página de hoje do jornal O Estado de São Paulo (edição das 20h50), exibindo o ministro da Justiça, Tarso Genro, ao lado do diretor da PF, com semblantes de "oh, meu Deus", durante a formatura de novos agentes e peritos criminais da PF, negando a motivação política na prisão de Dantas, atesta a dificuldade de manter credibilidade diante de acusações sérias que pesam contra ele – evasão de divisas, corrupção ativa, uso indevido de informação privilegiada, gestão fraudulenta, formação de quadrilha, empréstimos vedados, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e operação de instituição financeira sem autorização -, por causa da forma espetacular com que se desfecham as investigações.
Dinheiro público foi remetido ilegalmente em porções bilionárias para fora do Brasil, por isso mesmo parece crescer o estado de horror por parte de todos quantos fizeram negócios com o Opportunity. A ação mais recente, de parceria com Daniel Dantas, foi ilegalmente autorizada pelo Governo Lula, na venda da BrT (Brasil Telecom) para a Oi (antiga Telemar), e é relembrada por Clóvis Rossi na sua coluna da Folha, com o título de "Espetáculo sem pedagogia".
No Brasil, a cada novo escândalo, fica evidente que o próprio noticiário ensina as piores práticas de conduzir a coisa pública. O lado positivo é que a sociedade é informada e julgará a seu modo. A jornalista Andréa Michael, da Folha, antecipou em abril que essas investigações estavam em curso; as repercussões foram abafadas, mas o delegado Protógenes Queiroz quer punir essa profissional pelo seu "furo".
Você, leitor deste blog, mandaria prender de novo ? No momento em que você lê este texto, as evidências dos crimes anunciados tendem a desaparecer …
Caro Raul,
Charles De Gaulle deveria ser considerado um semi-deus?
Talvez na época da sua visita ao Brasil, em que disse que:_ “ESTE NÃO ERA UM PAÃS SERIO”, sim!
Hoje, os semi-deuses, são todos esses, que vemos fazer e acontecer e nada os impedem! Nem a própria justiça!
Acredito que o trabalho da Polícia Federal é digno de admiração pela população. Eu só queria ver o semblantes do delegados e dos agentes, que trabalharam 4 anos em uma investigação, dar em nada com esses habeas-corpus de solturas. Deve ser uma frustação na alma. Como eu me frusto a cada uma delas acontecida.
Mas, não percamos as esperanças. Um dia isso tudo muda. Pelos menos, já estão dando nomes aos “bois”(os bois que me desculpem por rotulá-los tão mal)!
Abraços
Essas mega-prisões são “conversa prá BROI dormir”.
Eu não entendo de leis, mas eu creio que as brechas aproveitadas pelos advogados dos atuais “perseguidos”, provavelmente devido a falhas no inquérito, devem ser as mesmas utilizadas pelos advogados dos mensaleiros, aloprados, sonegadores que confessaram a prática de “caixa dois” em suas campanhas, chefe de quadrilha, invasor do sigilo bancário do caseiro Francenildo, pagadores de campanha no exterior, entre outros criminosos “INESQUECÃVEIS”.
Deve ser por isso que tais “elementos” ainda não foram algemados e presos.
Comenta-se sobre a incompetência do trabalho policial, apesar de que o comando da Polícia Federal não coordenara a Operação, mas eu tenho minhas dúvidas se tais falhas não tenham sido propositais, para abrir espaço as “negociações” e para colocar a opinião pública contra o judiciário.
Desculpe-me por não ser “politicamente correta”, nem me preocupar com o caráter sociológico da questão, mas essa lenga-lenga só serve para aliviar a culpa de quem prejudica a sociedade (rico ou pobre) e estimula o mau-exemplo, facilmente assimilado pelos que carecem de orientação ou caráter.
Além disso, há uma série de irregularidades nessa operação, que se estendeu a uma jornalista e um dentista da família de Daniel Dantas, que tiveram suas residências invadidas e vasculhadas.
A polícia do pré$idente está inspirada pela tropa de elite e canta esse hit:
“Pega um, pega geral, também vai pegar você”.
Raul, voce só pode estar brincando quando disse em alguém chamar o Lula, para colocar ordem nessa bagunça.
Pois o mesmo vai usar da mesma retórica: Não sei de nada! Não vi nada!
Agora falando sério, para quem servem as leis, ora amigo Raul, voce pergunta como se não soubesse a resposta, a qual esta na bôca de todos, que estão fora da esfera do poder político desse País. Rico por natureza, e lesado por meia dúzias de nefástos.
Abraço! Velho.
Olá Raul, como vai?
Sei que o assunto é outro, mas dependendo do ponto de vista eles podem ter algum nexo: O que você achou da coligação PSDB – “PP” para as eleições proporcionais em Santos?
Motivo de orgulho pra vocês?
Um abraço,
Antonio
Caro Raul
E depois vêm com a história de mudar o código penal… Pra quê?