Faz 30 anos e uma parte da militância do meu campo político – com origens no MDB que se opunha à ditadura militar – iniciava pressão sobre os deputados federais e senadores que faziam a Constituição Brasileira vigente. Rebusquei na história uma explicação para as capas de revistas de circulação nacional, artigos e editoriais de fundo, nos jornais, blogs e redes sociais em geral, dos últimos tempos.
Continuando esse mergulho, o dilema não estava restrito ao Congresso Nacional e os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, mas à influência sobre os parlamentares, do governo José Sarney (PMDB), que na época passou a impor uma plataforma avessa aos ideais progressistas defendidos ao longo de 20 anos, desde 1964.
Sarney que se tornou presidente pelo acaso da morte de Tancredo Neves, optara por ser o último presidente da Velha República, ao invés do primeiro da Nova, como mostram registros na história do Brasil. Esse comportamento desagradava muito na transição da ditadura para a democracia.
E vale lembrar que essa situação não se comparava a uma dicotomia esquerda-direita, oposição-situação. Com um governo reformista em andamento e sem cumprir um projeto de Salvação Nacional que preconizava a maioria dos manifestos da época, o governo queria prorrogar a sua própria permanência, sem o respaldo do voto popular, causando nuances políticas que combinam com os tempos atuais.
O governo Michel Temer (PMDB) está no centro da causa que nos devolve à velha trincheira em busca de mudanças. Esse é o terceiro governo de transição dos últimos 32 anos, e os dilemas com o posicionamento político não se renovam, são reeditados e invariavelmente questionados. Itamar Franco, também do PMDB, foi o segundo, e nesses três houve a mesma divisão, entre dar tempo de escolher através do voto popular, um projeto para chamar de seu e a responsabilidade com os rumos do país, sofrido com o desgoverno e a ilegitimidade, que os antecede na história em 1984, 1992 e 2016.
São inegáveis os avanços registrados em todos eles. Também são perceptíveis a influência e a capacidade dos quadros administrativos tucanos na gestão de crises, formulação programática e gestão. Dessa forma, para o bem do país e o mal do sistema político brasileiro, se verificou a cumplicidade do PSDB, com Itamar e Temer (na época de Sarney eram ainda egressos do MDB e líderes programáticos no PMDB), para que se concretizasse marcas desses governos.
A responsabilidade com o país não é o único pretexto para o PSDB governar em governos que não são seus. Eis um partido de quadros e mais capazes. As reações a essa atuação estratégica e pragmática, mais parecem um ranço de udenismo totalmente extemporâneo.
Então, outra vez o partido é cobrado da mudança de papel, passando de coadjuvante a protagonista da história, com projeto próprio e um presidente capaz, como foi Fernando Henrique Cardoso, nos seus oito anos. O certo mesmo é que em 2018, o PSDB terá candidato próprio para a presidência da República, como teve em todas as disputas eleitorais a partir de 1989.
Então, as crises afloradas em todas as mídias, guardadas as proporções, para mim refletem um déjà vu.
Excelente artigo e constatação Raul. É a reprise do que já vimos. Resta sabermos como mudar a parte final do filme.
Ótima reflexão.
Só que nós temos que ser respeitados, vc é o exemplo de PSDB; eu sou perseguido porque não sou muleque capacho
Caro Raul,parabéns pelo artigo.Na minha opinião,o partido precisa dar uma guinada as origens.Saiu do PMDB do bipartidarismo,para ser mais flexível,mente aberta,socialismo moderno e progressista! Né,simples assim,saudações socialistas!
Texto muito oportuno e esclarecedor, informações que de tempos em tempos precisam ser lembradas.
Vale a reflexão de ambos os lados…
É exatamente esse déjà vu q me preocupa!!
Abração!
Pára Raul, como não tem crise? Explica esta magica.
Mensalão mineiro .trensalão . . lava jato . briga Aécio e tarso caraca quem sera enganado nesta historia . o santo.
Lógico vc é um cara que admiro .e sempre foi coerente .tb a muitos anos desde a fundação do psdb . mas infelizmente com esta do Aécio e o que ele com o senador tarso .acabou de vez . mas vc como sempre brilhante nos seus textos . forte abraço
Boa análise. Sob o prisma da história, é coerente.
Raul, vejo o partido tendo uma participação diferente no governo Temer,do que no governo Itamar.O PSDB com Fernando Henrique foi brilhante na elaboração do Plano Real.Aagora se vê a luta por espaço político e os tristes episódios protagonizados por Aécio Neves. Que o PSDB de 1994 seja inspirador para o PSDB atual.O país sairá ganhando com certeza .
Análise crítica, séria e lúcida Raul.
Parabéns