Fui conferir o alerta do leitor Betão, que postou um comentário na matéria sobre o "Porto de Peruíbe", no início da tarde de hoje, a respeito da decisão do Banco Central de manter a taxa de juros nos atuais 11,25%. Para o meu "espanto" também, nenhum político da situação ou da oposição prestaram atenção nisso, acho que estão mais preocupados em inocentar os seus pares, tirar casquinhas da CPMF e da nova licença-gestante, sem falar das teses filosóficas sobre a fidelidade partidária. Curioso, ainda, é o presidente Lula, que, numa longa entrevista domingo passado na Folha de São Paulo, disse que não era hora de interromper o processo de queda dos juros. O "desrespeito" do Banco Central prejudica a economia do país.
Realmente estamos vivendo num país sem agenda política, econômica e social. Se houver vozes contrárias a essa afirmativa, resta-me argumentar contra a mais tênue possibilidade de existir a tal agenda, porque não há coordenação das ações; sem contar discursos e práticas caminhando cada um por si. Esse cenário de desgoverno desequilibra, mas não justifica a omissão dos protestantes de plantão. Alguém precisa estar mais conectado com a realidade, porque isso aqui não é uma segunda vida. Estamos todos na mesma dimensão.
A decisão unânime do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), de manter a taxa Selic (juros) em 11,25% ao ano pelas próximas seis semanas, afeta a nossa economia. E esse freio não era usado há dois anos. O argumento do BC foi na direção que tinham medo de gerar a inflação dos preços dos alimentos e demais produtos para o consumidor. A lógica econômica indica o contrário.
É bonito cobrar uma política de novos e maiores investimentos no país. Mas a taxa Selic é quem regula o custo do acesso ao dinheiro. Do jeito que está há uma inibição natural em investir, para gerar mais produção e consumo. Dinheiro caro, quando é captado pelo empresariado brasileiro no mercado financeiro, é repassado em doses maiores para o consumidor, deflagrando um ciclo que leva mesmo à estagnação.
Betão fica sem razão quando escreve que houve consenso na conivência com essa atitude do BC. Ele tem razão quando reflete sobre quem cala consente. Mas não foi o caso da Fiesp (Federação das Indústrias no Estado de São Paulo), da CNI (Confederação Nacional da Indústria), da Federação do Comércio de São Paulo e do Rio, de alguns banqueiros privados, da Força Sindical e do vice-Presidente da República, José de Alencar.
Paulo Skaf (Fiesp) disse: "Mais uma vez nos decepcionamos com a falta de entendimento da realidade demonstrada pelo Copom. Isso custa caro ao setor produtivo e à sociedade brasileira".
Armando Monteiro (CNI) disse: "A decisão é frustrante e danosa à indústria. O aumento da inflação dos últimos meses ocorreu por pressões pontuais e não de forma disseminada, sem ameaçar, portanto, o cumprimento da meta de inflação, de 4,5% ao ano".
Abram Szajman (Fecomércio) disse: "O Brasil precisa de investimentos para crescer e eles não virão enquanto a taxa de juros não convergir para um patamar civilizado, de um dígito".
Paulinho Pereira da Silva (Força Sindical) disse: "Mantendo os juros básicos num patamar proibitivo, o governo sinaliza com um cenário impróprio para o setor produtivo, gerador de novos postos de trabalho".
José Alencar (vice-presidente da República) disse: "É preciso acelerar a queda dos juros no país. Quando nós chegamos, a taxa era de 25%. Hoje, é de 11,25%. Porém pode cair mais, porque do ponto de vista real está muito acima da média do mundo, dos 40 países que têm banco central e que usam a taxa básica como instrumento de política monetária".
Partidos e líderes políticos no Congresso Nacional: até a postagem desta opinião, nada disseram!
Raul
Continuamos a assitir “O silêncio dos inocentes”, e a ouvir o slogan “Falar é prata, o silêncio…vale ouro”, logo…*a ironia continua a ser o último refúgio da nossa inteligência*…e a pública consciência,deixa pra lá,rsss
Um abraço e ao Betão que está ligado nessa realidade dos juros obscuros, camuflados da sociedade de Esppetáculo, nas fórmulas I, no Futebol, Carnaval etc…e tal…Eita Brasil! Acordar é preciso.
Ivan Alvim
…Taxa de juros alta só interessa para quem vive de especulação, quem nada produz e só quer ganhar dinheiro no mercado financeiro. Infelizmente é prática comum há anos, não só no governo Lula. Mas o sr. Lula resolveu manter as taxas altas, algo que ele tanto criticou, com razão, no governo FHC. Enquanto ela continua alta, ninguém quer investir em fábricas, geração de empregos, que com certeza, seria bom para todos, já que pessoas empregadas ganham e podem comprar. Na realidade só interessa aos banqueiros e investidores internacionais que ganham muito especulando aqui. É pena ninguém falar nada. Quem cala consente, já dizia o ditado. Mas quem se importa com desempregados? Com indústria estagnada???? Os anos passam e tudo segue na mesma. Faço minhas as palavras do Ivan daí de cima: Acorda Brasil!
Gostei do “ninguêm protesta”. Seu ex-presidente de partido Azeredo, vc viu o que aconteceu com a denúncia contra ele sobre o embrião do mensalão? NINGUÉM PROTESTA?