Continua acesa a polêmica sobre a fala do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na semana passada durante o Congresso do PSDB, ocasião em que defendeu mais uma vez a necessidade dos governos priorizarem a Educação com propostas e ações concretas. O interessante dessa história é que gramáticos, colunistas e comentaristas de toda mídia mandam ver opiniões para tentar desqualificar FHC por uma chance de erro na fórmula do português, ao invés de contestá-lo quando disse que os brasileiros são "liderados por gente que despreza a educação".
O Brasil precisa mesmo de brasileiros melhor e mais bem educados. Valem as duas aplicações para mim. Não importa a construção da frase por Fernando Henrique, mas vale o seu recado sobre um dos legados mais positivos do seu período de governo, a partir da matrícula de 97% das crianças de 7 a 14 anos de idade nas escolas brasileiras e da criação de condições para dar um salto de qualidade no ensino, com a criação do Fundef, dos Parâmetros Curriculares, da TV Escola, da atualização e avaliação do livro didático, descentralização da merenda etc.
A experiência mostra que não pode haver mais descontinuidade nos projetos educacionais bem sucedidos. Há uma dívida enorme pela ignorância e falta de educação para gerações de crianças, jovens e adultos. Nos países que optaram pelo desenvolvimento, é possível identificar que ele seguem critérios em oposição ao simples ufanar pela condição limitada do próprio conhecimento que só a educação pode proporcionar.
Pensar e agir sem foco na educação serve para aumentar o fosso entre o presente e o futuro. Despreparados, como hoje, e se vangloriando do apoio popular e eleitoral para se bastar, não haverá Brasil se aproximando dos outros países por meio da convergência de renda per capita, de avanços tecnológicos ou do fim das desigualdades sociais. É fundamental perseguir o objetivo de mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento, educação e qualificação da força de trabalho.
Para bom entendedor, FHC buscou no seu alerta interno ao tucanos mandar um recado para a sociedade e sacudir os governos. Na sua visão crítica, a sociedade não pode receber passivamente mensagens subliminares de satisfação com o pouco estudo, que se superam com popularidade, votos, projetos de poder.
Com todo o respeito aos gramáticos, acho que os rumos da polêmica sobre a melhor fórmula do português seriam mais bem aproveitados se a discussão fosse para garantir educação de qualidade para todos. Sem educação e ensino melhor, não há a menor chance de um pitaco na gramática, justamente porque não sensibilizará alguém melhor capacitado ou mais capaz para essa polêmica, que só reforça a tese da elitização de um setor vital para o futuro do Brasil.
Será que a empáfia e a arrogância do nosso líder maior, que é o FHC, não o deixam nem admitir quando erra na própria língua? Errou, sim! E o pior foi não querer admitir. E a regra é simples:sempre que usado antes de particípio passado é “mais bem”(ex: ele é o mais bem preparado, essa comida é a mais bem feita, etc)e “melhor”, usado em comparações com outros substantivos,adjetivos e mesmo com verbos, mas não no particípio(ex:este vinho é melhor do que aquele, ela é melhor do que o irmão, é melhor estudar, senão não aprende, etc.).
A meu ver o pior de toda essa polêmica é o fato de FHC não admitir o erro gramatical. Gosto dele, mas sua empáfia e arrogância são nítidas aqui. Pena!
Companheiro Raul,
“queremos brasileiros melhor educados, e não brasileiros liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria”.
Realmente quem poderia imaginar que a assertiva do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no Congresso do PSDB iria gerar tanta polêmica.
Na Língua portuguesa quando temos o comparativo de superioridade (advérbio) e o particípio (tempo verbal) como ocorre no caso acima, a nossa rica Língua Portuguesa, admite as duas construções formais. Cabe apenas destacar que a preferência da maioria seria o uso de “mais bem” ao invés de “melhor”; entretanto a construção utilizada não está errada.
O engraçado disto tudo não está na celeuma criada sobre a expressão, mas na divulgação e na importância dada à utilização da expressão, quando na verdade deveria se ter consciência na analise do discurso (conteúdo).
A educação no nosso país piora a cada ano, nossos alunos nada aprendem. Particularmente conheço adolescentes que irão ingressar no atual 2º grau e não sabem tabuada, não sabem multiplicação!
Vejamos o resultado preliminar divulgado nesta semana pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), por meio do Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA. O Brasil ficou à frente apenas de Colômbia, Tunísia, Azerbaijão, Qatar e Quirguistão.
Ora, temos um presidente da república ignorante (no sentido encontrado no dicionário Aurélio da Língua Portuguesa), que não sabe construir uma frase no plural, que possui uma política assistencialista e que engana literalmente a maioria da população brasileira, ignorante, que não possuem condições sequer de abstrair suas próprias conclusões.
Sabe Raul, vejo isto com grande pesar. No entanto, que esta seja uma BANDEIRA para o PSDB colocar como basilar nas prioridades de governo.
ERNESTO DONIZETE DA SILVA
…Na minha opinião FFHH foi infeliz em seu comentário. Para variar, levou p/ o lado político-eleitoreiro, algo que não acrescenta nada ao debate sério sobre a educação no Brasil. Ele foi feliz pois cursou a USP na época que não havia vestibular, justamente ele que pôde estudar em boas escolas privadas, já que vem de família abastada, pois seu pai inclusive foi general. O ensino fundamental é de competência dos municípios e tb. dos estados, estes devem aprimorar a qualidade da educação. É fundamental que num futuro próximo todos venham a ter bom ensino em todos os níveis, incluindo técnico e universitário. A hora não é de politicagem, seja de tucanos, petistas ou afins. O Brasil tem pressa! Abs.
Caro Raul
FHC está certo, falou o que precisava ser dito, tudo o mais é baboseira. O recado foi entendido, não adianta tergiversar, procurar pelo em ovo.Também não gosto de ser governado por ignorantes.
Abraço
Rafael Valdivia
…PS: o que tem de gente cheio de diplomas mas atitudes de ignóbeis! Vide inúmeros atos prejudiciais que vários ex-governantes fizeram ao País, ao povo brasileiro. E sempre usando seus vastos conhecimentos colhidos em bancos universitários. Repito: chega de politicagem tucana, petista, afins. O Brasil tem pressa! Abs.
Sem dúvida, as duas formas são corretas. Mas o mais importante é que Fernando Henrique Cardoso foi um presidente do qual tínhamos orgulho. E que até hoje não escorrega contra a educação, tão importante para qualquer país que queira chegar no primeiro mundo – pela porta da frente!
Falando em FHC, na quinta-feira, dia 6, ele vai ser sabatinado no teatro da Folha de São Paulo, no Shopping Páteo Higienópolis, as 15 horas.
Nesse tempo todo do governo lulopetista,essa foi a melhor polêmica.Deu chance a pessoas que admiram o brilhante português do Luis Inácio,desfilarem seu conhecimento sobre a língua pátria com quem tem conhecimento.Uma discussão acadêmica,como deve ser.É com FHC dá para ter essa discussão…já com o presidente.
As mídias da Indústria Cultural capitalista é de uma tal competência ao “procurar agulhas nos palheiros” pra mais uma vez camuflar os fatos que realmente, “importam” e/ou “exportam” para seus patrõe e associados fianceiros. mediante métodos e meios de massificar mensagens, triste e ditatorial papel delas (existem exceções) desqualificadoras da nossa Cultura nacional, erudita e/ou popular de uma riqueza imensa.
Abraços
Ivan Alvim
Gostei da bronca, Raul. Por ter sentado na cadeira presidencial por oito anos, o nosso catedrático FHC tem o direito/dever de criticar a atual gestão e sua pífia política educacional. Essa coisa de polemizar por conta de interpretações linguísticas, sintáticas e ortográficas é de jornalista que não tem o que fazer. O que, infelizmente, tem de monte por aí. O que a imprensa precisa fazer é continuar a reverberar o grito de socorro que a sociedade há tempos vem soltando. Um país que demonstra cada vez mais seus potenciais (energia, capacidade agrícola, força de trabalho), não pode continuar do jeito que está. A desigualdade social é assustadora. Professores ganhando mal, escolas devastadas por falta de verba, falta de incentivo as crianças. Aonde vamos parar? O governo Lula investe nos programas assistencialistas, mas onde está a contrapartida? Ela é cobrada dos pais? As crianças estão indo as escolas? Olha, sou meio cético quando penso se tudo isso vai mudar. Mas não completamente. Ainda acredito num fio de esperança para os brasileiros da nova geração.
Raul, Raul, como somos ingratos ,militantes ,mas ingratos, FHC foi ao nosso congresso ,pena não ter ido eu, e como nos diz: ” ocasião em que defendeu mais uma vez a necessidade dos governos priorizarem a Educação com propostas e ações concretas.”. Somos liderados mesmo ,concordo; nada foi apresentado ou ao menos relatado que não o passado, fora nossos governistas , que são pessoas eleitas mesmo que na oposição, nem sequer temos menção aos partidaristas ,comissionados, acessores ,militantes… , nada que nos conduza a uma luz no fim do tunel( claro que da nova rodovia(imigrantes)).Precisamos mesmo de melhoreS e mais bem educados cidadãos. Eu por exemplo ,não tive a oportunidade de matricula em uma das creches Municipais Cubatenses , teria aprendido muito com minhas amigas (hoje) pagens. Ao menos não passaria fome destas relativa(s) a multi-mistura ,enfim resumo EM PEQUENA PARTE , sobre um tema infinito ,enquanto ficarmos preso a uma grade(ensino, casa abrigo, cadeia) arcaica podemos esperar de tudo ,mas tudo mesmo, afinal(2X) ,pintar um muro e trocar uma lâmpada já estamos apto, só nos falta desvirtualizar ações e desenvolvermos programas eficientes,sejem contínuos ou não.LU JPSDB-CUBATÃO.
Nesse discurso do FHC em Brasília na Convenção do PSDB, foi dito uma coisa que as pessoas não prestaram a atenção e a mídia ficou no “rame rame” da política e não falou. O Fernando HC disse com todas as letras que o Brasil precisa não simplesmente de uma mudança, precisa de uma REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO. Ninguém fala nisso… Revolução na educação não é só essas coisas que estão fazendo: não basta colocar computador nas escolas se a cultura desse povo brasileiro é a da esperteza, não basta as bibliotecas se não há estímulo à leitura, aliás o computador só vai servir se o povo gostar de ler, caso contrário, tem-se a melhor tecnologia para ser usada da pior maneira possível. Agora vamos discutir o que significa fazer uma REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO E COMO FAZE-LA.
Chega de inhém-inhém……a partir de agora precisamos de medidas de qualidade……
Caro Raul
Concordo com suas idéias e objetivo (concordamos na importância da educação para o desenvolvimento), mas acredito sua análise é unilateral e limitada. Você cita os avanços na educação básica iniciados pela administração anterior, mas ignora diversos fatos que depreciam a mesma gestão, como o congelamento dos salários e a não contratação de novos professores ou construção de novas salas de aula pelos oito anos do governo FHC. E não comenta os investimentos em educação do governo atual, que não são desprezíveis, exceto, ao que parece, pelo fato de terem sido empreendidos por um operário “que despreza a educação”.
A propósito, não sei como classificar o desdém do ex-presidente pelas regras gramaticais da língua portuguesa, senão como “desprezo” pelas mesmas. Ao ser perguntado por repórter da Folha sobre o erro gramatical que intitula seu texto (em si, mínimo, concordo), ele concluiu sua resposta perguntando: “O que me obriga?”
Nada, suponho, as regras só valem para os operários “semi-analfabetos”. Assim como só valem os mínimos (mas válidos, concordo) investimentos em educação que ele, o intelectual, com a participação do senhor, Raul, fez.
E há que se fazer uma distinção entre educação e instrução. Tenho certeza que o senhor mesmo conhece colegas de alto nível de instrução mas de educação rudimentar. E deveremos então equacionar também a variável competência para tentarmos compreender, afinal, por que o governo do “semi-analfabeto” é tão superior ao anterior. Sejamos francos, atribuir o sucesso a sorte é um tanto ultrapassado…
Enfim pergunto, como defender a idéia de que precisamos de brasileiros mais bem instruídos no governo, se o nosso ex-presidente PhD foi tamanho desastre*?
*Opinião popular, não sei se lhe vale.
Prezado Raul,
Na segunda frase do segundo parágrafo você escreve “VALE as duas aplicações”.
Não seria “VALEM as duas”, meu caro?