A chamada filantropia empresarial substitui a posição de maximização dos lucros dos acionistas por uma postura de envolvimento na solução de questões sociais, culturais e desportivas da sociedade. No Brasil, a responsabilidade social já é uma prática corrente das grandes corporações empresariais públicas e privadas. Hoje, no entanto, é possível observar experiências internacionais que difundem a ideia de que agir em benefício da sociedade é importante para o capitalismo moderno, mas principalmente para a democracia, independentemente dos estímulos criados pelos governos.
Em Santos, para agilizar ações de conservação e manutenção do Teatro Coliseu, o prefeito Paulo Alexandre Barbosa se empenhou na busca de apoio das empresas que prestam serviços e empreendem nas áreas públicas e privadas. A articulação foi pautada no modelo de Responsabilidade Cultural, no qual o desenvolvimento de atividades econômicas está atrelado ao fortalecimento dos vínculos desses empreendedores com a cidade que os acolhe.
Quando assumimos a gestão da Secretaria Municipal de Cultura, recebemos a missão de produzir um profundo levantamento do estado dos equipamentos do setor. E o Teatro Coliseu, pela sua natureza, valor cultural e grande frequência de público nos seus espetáculos, inspirou uma maior atenção. Por ser uma construção histórica, o prédio exige cuidados especiais e permanentes.
Coube à Secretaria de Infraestrutura e Edificações elaborar um laudo de vistoria técnica do Coliseu, com acompanhamento do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas. O documento registrou as manifestações patológicas aparentes do imóvel, relacionadas a problemas de manutenção em vários itens físicos. A partir desse diagnóstico, priorizamos reformas e restaurações para a sua recuperação e devolução ao uso integral e seguro de atividades em benefício da comunidade local.
Foi muito difícil interditar, preventivamente, o Coliseu, porque se trata de uma atração ímpar aos eventos da cidade e da Baixada Santista. Em funcionamento há seis anos, após um longo processo de reformas, que impediu a sua utilização durante 10 anos, o teatro é um símbolo da cultura caiçara. Uma solução abreviada, dependente de verbas extra-orçamentárias municipais e do rito licitatório público da Lei Federal 8666, demandaria no mínimo 12 meses, com previsão otimista da sua reabertura no 2.º semestre de 2014.
A chance de uma nova e longa privação do acesso às atividades artísticas e culturais nesse teatro levou o prefeito a efetivar parcerias com duas empresas privadas. A iniciativa gerou investimento de R$ 2 milhões no Coliseu, sem qualquer ônus para os cofres da Prefeitura de Santos.
As intervenções devem estar concluídas em abril de 2014, de acordo com o cronograma fixado. Na fiscalização semanal dos trabalhos, o sucesso da ação é perceptível e crescente. Podemos afirmar que essa parceria é inovadora na relação entre o poder público e a iniciativa privada em ações de cidadania, no qual cada parte cumpre o seu papel social.
A classe empresarial tem hoje novos atributos de cidadania, fundamentados em direitos específicos e obrigações correspondentes. Como todo bom cidadão, o empreendedor deve se interessar por problemas comunitários e efetivamente contribuir para as suas soluções. É esse o novo papel que a sociedade espera dos seus gestores.