O Dia é do Professor, está no calendário, todo mundo os reverencia hoje, mas amanhã ele volta fora da pauta. Essa realidade não podia ser a da Educação em nosso país, com inúmeros desafios, projetos desenhados e parcialmente implantados, porque os governos simplesmente bugam e descontinuam políticas para o setor, num círculo vicioso. O retrato é o puro contrassenso, se compararmos com os exemplos de países que se consolidaram como nações desenvolvidas, priorizando a Educação desde a primeira infância.
A pandemia do novo coronavírus (Covid19), antecipou a chegada do futuro e as projeções educacionais, especialmente aquelas que se baseavam na inovação tecnológica e se tornaram presentes. Numa conversa com as educadoras e gestoras educacionais Sueli Elias e Maísa Costa, enquanto começava a reunir dados para este artigo, houve a lembrança de que há seis anos a escola privada vinha experimentando transformações no uso de novas tecnologias no trabalho do professor e no aprendizado dos estudantes, e que nessa cronologia, a partir de março, dois anos se precipitaram.
Nessas considerações, foram unânimes ao afirmar que emergiram de modo instantâneo, no ensino privado e público, as preocupações com o estado emocional das famílias, dos professores e dos estudantes. Crescem os casos de depressão, isolamento. A saúde mental passou a ser uma questão muito séria nessa crise.
Mas, para ambas, o mundo escolar ajuda muito a superar essa fase. As escolas devem oferecer de modo suplementar, toda a assistência possível para resgatar a tranquilidade, oferecer apoio. Os componentes curriculares podem ser mais facilmente recuperados, mas a saúde mental provoca medo. Essa é a avaliação sobre a percepção de que os estudantes precisam estar nas escolas. Maísa conta que adotou a saudação “bom dia estudantes”, antes do início das suas aulas, para transmitir o seu desejo de acolhimento geral.
Pode ser relativo esse novo normal ou as afirmações de que nossas vidas não serão como antes, para justificar impedimentos ou melhoria de nossas aptidões, desenvolturas. Acho interessante refletir sobre o papel do Professor, dos educadores e dos gestores, principalmente da coisa pública, para com o calendário escolar e frequência à nova escola pós-pandemia. Porém, os cuidados devem ser preciosos com a saúde da comunidade-escola, que vem preocupando e forçando a insegurança e resistência dos professores ao retorno, ora pelas comorbidades hospedadas entre os seus ou pela disciplina em relação ao contágio comunitário e familiar, a partir de estudantes – crianças e adolescentes – assintomáticos, em sua maioria, que podem carregar o vírus por semanas.
Nesta semana realizou-se o Seminário Internacional de Educação Básica Híbrida, por meio do canal Youtube da recém criada Associação Nacional de Educação Básica Híbrida – ANEBHI, em que foram apresentados diagnósticos e soluções para os parâmetros de formação de professores, que não contemplaram ainda uma pedagogia digital. As perspectivas para as próximas avaliações institucionais da Educação no Brasil, uma vez que atualmente ela exige a presença dos alunos, para controlar as suas performances etc., também foram analisadas, além de se considerar plataformas e caminhos em busca de alavancar a tecnologia para ajudar o ser humano.
É evidente que o aprendizado híbrido – que combina o online com o off-line, ou seja: os alunos sozinhos pela internet, ou interagindo de forma pessoal, com os seus professores e amigos presencialmente – não é o ideal para todos. Será preciso definir as formas de garantir a superação do estado socioemocional e cognitivo de estudantes, muitas vezes fisicamente em salas, mas mentalmente longe delas.
Esses os desafios presentes, porque o futuro chegou muito rápido para todos. E é necessário reconhecer o desempenho dos professores, que apesar de improvisado foi sério e consequente, muito bem colocado pela professora Maria Inês Fini, presidente da ANEBHI, na abertura do evento: “O professor teve que se reinventar, mudando as suas práticas tradicionais, de uma sexta para segunda-feira, transformando-se em atores de vídeo, youtubers, carregados de coragem e ousadia, para melhorar a interação humana e assim trazer os alunos para o ambiente escolar virtual”.
Salman Khan, engenheiro e matemático americano, criador da Khan Academy, que difunde vídeo aulas no YouTube e libera o acesso para qualquer pessoa interessada, também participou do Seminário da ANEBHI e deixou entre os seus conceitos, sobre os cenários educacionais do momento, uma opinião muito apropriada para este 15 de outubro de 2020: “Se tivesse de escolher entre uma tecnologia incrível e um professor incrível, escolheria um professor incrível”.
O novo normal nas escolas fortalece o uso das novas tecnologias, que já assustaram muitos educadores. Relembro quando as salas receberam aparelhos de TV para funcionar como suporte às aulas e foram recebidas com restrições pelos professores. O Estado Brasileiro precisa cumprir o seu papel para se evitar a exclusão da e na Educação, começando pela universalização das redes para conexão com a internet, saneamento básico, rede elétrica… preservação do Fundeb, com os seus recursos e metas.
Muito bom! Maravilhoso! Abordou sobre o descaso pelo professor, mencionou meu bom dia estudantes, que acolhe todos… sobre o ensino híbrido presente nos documentos oficiais (que merece muita atenção para não se tornar ensino de fazeção de tarefas) e principalmente a formação do professor que se reinventou da noite pro dia!
Parabéns, excelente texto !!! 4 !!! 5 !!!