Estava no trânsito de São Paulo, rádio ligado, olho no movimento, quando me despertei para o noticiário além dos cartões corporativos de Brasília e ouvi a voz do maior tenista brasileiro de todos os tempos, Gustavo Kuerten (Guga), emocionado, sincero, reverenciando os torcedores no Brasil Open, na Costa do Sauípe: "Se durante todos esses anos eu ganhei, conquistei títulos, foi por causa de vocês. Se eu continuei lutando esses anos foi por causa da força da torcida e eu só tenho que agradecer. Não é que eu não queira jogar mais, peço desculpas, é que não consigo mais".
Emocionei-me com as suas palavras e com essa "despedida" tão prematura, porque torcendo à distância, juro que rezei muito pela sua recuperação. Tenho, em família, uma situação curiosamente comum com o virginiano Guga. Ele faz aniversário no dia 10 de setembro, assim como eu e o meu filho caçula, Bernardo, que é tenista e já não esconde a saudade de Guga nas quadras, conquistas e nos exemplos. Também na minha casa há a maior fã de todos os seus fãs. Ou melhor: Telminha, minha mulher, só perde para a mãe de Guga, presença invejada por todos pelo privilégio de acompanhar mundo afora os momentos da sua vida de sucesso intenso!
Recordo-me da torcida em família, inclusive dos tempos em que éramos obrigados a trocar a noite pelo dia, nas suas disputas madrugada adentro. A sua conduta íntegra durante toda a carreira e o nosso orgulho pela emoção e vibração que transpirava a cada conquista, na construção do seu merecido sucesso e na condição de número 1 do tênis mundial, radicalizaram favoravelmente as nossas expectativas como um bom exemplo a ser seguido.
Enfim, ouvi e li Guga, mas tenho muita dificuldade de crer que não estou sonhando. Precisamos educar e transformar essa lógica de que os maus exemplos devam superar os bons. A vida não pode continuar assim mesmo. Então, Guga, ouso dizer que você é um exemplo para sempre! Você é um orgulho para todos nós, hoje e sempre!
Companheiro Raul, realmente o seu texto retrata um momento muito triste para o esporte brasileiro. No entanto, a profundidade de sua prosa é muito maior. Nesta constatamos a carência quase total de bons exemplos no nosso cenário social, principalmente para as tenras gerações.
Ponto crucial, pois os “bons exemplos”, praticamente desapareceram – ou melhor – com a exceção do mundo esportivo, não se dá destaque aos vários anônimos que apesar de todas as adversidades continuam a pertencer (como você diz) ao time do “BEM”!
Faltam líderes, faltam pessoas com formação ética e moral. O que temos, infelizmente, como exemplo massificado na mídia são os escândalos, a roubalheira, as falcatruas, os colarinhos brancos, os traficantes e a escória sendo propalada como senso comum.
Há situação um dia mudará, mas por enquanto, a melhor comparação que faço a realidade brasileira é a da LANTERNA DE DIÓGENES que (conta-se) era visto andando ruas com uma lanterna acesa, em plena luz do dia, procurando por um homem HONESTO!!!
Assim Guga, a sua limitação orgânica fala mais alto e você já fez o que tinha de fazer pelo esporte e pelo país. Gostaria no entanto que sua frase fosse adaptada para: “Não é que eu não queira jogar mais (o jogo político) , peço desculpas, é que não consigo mais” (pois resolvi ser honesto)!!!.
Ernesto Donizete da Silva
PSDB/SANTOS
Desculpem o descuido ortográfico.
Leia-se no texto acima: “A situação um dia mudará(…)”
Caro Raul
Não poderia deixar de escrever alguma coisa nesta ocasião. Guga é mais um desses heróis que nos deixam órfãos.
Longa vida a Guga!
Raul, meu filho Victor Hugo por incrível coincidência tb faz aniversário em 10/09. Eu tb me emocionei com a fraze ( é que não consigo mais ). Esse garoto é um exemplo de atleta e homem. Que bom seria p/ o país se pelo menos 1/100% dos jogadores de futebol fossem com ele.
Amigo querido,
vc sabe que estou fora do Brasil e nada li ou ouvi sobre essa manifestaçao do Guga. Fiquei emocionada com as suas palavras, que nos lembram da integridade e da coragem desse menino, e reforça nossa responsabilidade com os meninos que nasceram de nós, como o seu Bernardo, ainda tao pequeno. Encontrei aqui um filho já nem tao menino, praticando os valores que aprendeu em casa. Trabalha duro, agora sob um frio impiedoso, saindo muito cedo, voltando muito tarde, mas corajoso ao enfrentar tantos desafios. E é isso o que deixamos para os que nos sucedem: exemplo de trabalho, de vencer obstáculos, e de nao perder nunca a capacidade de sonhar. E teremos cumprido nosso propósito como pais e como cidadaos. E desculpe a falta de acentos… nao os acho nesse micro desconhecido…
Caro Raul,
Vida de Atleta de alto rendimento não é fácil. Lembro do OScar do basquete dizendo que no final da carreira ele ‘ficava o tempo todo deitado e só levantava para jogar.
E o Ronaldinho, o fenômeno?!? Acabou de ter outra lesão no joelho…
É, nem sempre querer é poder meu amigo, nem sempre…
Amigo Raul, É sempre muito bom ler as suas matérias, porém, é melhor ainda,saber que você é dos grandes amigos. Consideração, admiração, construídas pelo longo período da nossa convivência nas lutas políticas. Mais do que a grandeza do Guga em assumir publicamente as suas limitações, o quê chamou a minha atenção foi a sua percepção em valorizar a atitude ética do Guga. Vivenciando todo instante, sendo assaltado, violentado, roubado as nossas esperanças sobre os nossos valores Republicanos, corremos o risco de perdermos a capacidade de nos indignar.Da mesma forma que eles perderam a vergonha da cara.Você com toda sua sensibilidade vem nos mostrar que a esperança, que os nossos sonhos continuam vivos, enaltecendo os valores daqueles que ainda tem compromisso com a verdade.Me faz lembrar a coragem do nosso saudoso líder Mário Covas,ao anunciar que estava doente, mostrando a sua fragilidade e acima de tudo a sua condição de ser humano e que ele era IGUAL a todos,apesar de considerá-lo IMPAR.
…É triste ver Guga sair das quadras assim como é triste ver o Brasil de Lula repetir FFHH, agora, com o nome de cartões corporativos e antes, via Proer, BNDES, precatórios, etc., mas com dinheiro do povo escoando para alimentar banqueiros, grandes empresários, latifundiários, amigos da Corte, etc. E privatizações nunca explicadas nem cobradas pela oposição ( o próprio PT, por exemplo…). Triste país onde os governos se sucedem na exploração, gastos ilimitados sem prestação de contas, etc. O PT repete tucanos. ACORDA BRASIL! Abs.
…Caro amigo Raul,
Interessante as observações de FFHH. Gostaria que ele, com sua formação sociólogica ( que seu professor, Florestan Fernandes, bem o formou p/ depois ter estes ensinamentos “esquecidos”, usando uma expressão do mesmo FFHH…), colocasse saúde junto com educação como prioridade, pois o SUS continua sendo uma fantasia, quase uma sátira, do que é saúde. Só para lembrar; pacientes levam, como meu tio, por exemplo, mais de seis meses p/ fazer um exame, isso aqui em Santos, cidade tida como exemplar em várias áreas. Quanto à segurança, o governo tucano foi bem falho, basta recordar o Dia das Mães Sangrento, no apagar das luzes da gestão Alckmin, onde os marginais fecharam o Estado, deixando Claudio Lembro perplexo, sem saber o que fazer. Ah, a roubalheira! Sim, deve-se combatê-la com todo o vigor! O que também não foi feito na gestão FFHH ( Precatórios, Proer, benesses aos amigos da Corte, privatizações financiadas pelo BNDES à perder de vista, etc…). Promessas retornam em todas as eleições, erros do passado passam a ser esquecidos comodamente, o pouco realizado é elevado as alturas, críticas aos governos atuais aumentam quanto mais próximo é o dia das eleições. O PT repete erros dos governos anteriores, talvez por osmose, talvez pela incapacidade de assumir uma postura diferente de outros partidos, talvez também por ter sido mordido pela “mosca azul” do poder. É fundamental, Raul, além de rascunhar o futuro, colocá-lo em prática assim que se chega ao poder. E nisso o PSDB não difere do PMDB, do PT, do antigo, PFL ( atual Democratas), enfim, da maioria dos partidos políticos, que fazem das promessas apenas trampolim para chegar ao poder, esquecidas logo depois, quando interesses pessoais, de grupos amigos, etc., passam a ser mais importante que as necessidades e interesses de todos os brasileiros. É hora de mudar a mentalidade e servir realmente à maioria dos brasileiros, com atenção especial à queles que nada têm. Que os quatros pontos levantados por FFHH não sirvam apenas de estratégia empregada para alcançar o controle do Estado, mas sim, que sejam metas prioritárias de todos os partidos, todas as pessoas. Desculpe, mas os tucanos não realizaram isso nos oito anos de governo federal nem nos 12 de governo estadual. E o PT também não. Assim caminha a Humanidade. Abs.