Blog do Raul

Redes Sociais

Bom senso nessa hora

É tempo de refletir.

2024 será um ano de grandes desafios na vida social e seu meio ambiente, com intempéries, guerras e o que nos consome e exige cotidianamente, mirando a política como a panaceia para a solução da maioria dos problemas. Sendo esse o caminho natural, aqui no Brasil, é sempre válido reafirmar o poder do voto popular na sua democracia representativa.

Cansei de esmurrar pontas de faca nessa vida e tenho lido muitas reflexões, nos últimos tempos, baseadas na transferência da responsabilidade para os que estão no poder, eleitos ou delegados, generalizando críticas aos seus comportamentos e atividades, como se não houvesse uma corresponsabilidade nossa com eles. E não ousaria culpar a sociedade pelos resultados percebidos, naquilo que depende da política.

Vivemos tempos diferentes e a experiência vai moldando o nosso relógio e a temperatura frente os acontecimentos gerais. Entendo o quanto é fácil hoje em dia fazer os enfrentamentos políticos pelas redes sociais. Elas criaram coragem em muita gente que se acovardou em oportunidades decisivas antes, mas também não ousarei no papel de juiz por duas razões óbvias: a primeira, porque não sou juiz; a segunda, porque respeito as opiniões de todos, independente da minha visão do mundo e das suas coisas.

Dia desses, com tempo para interagir em grupos de interesses comuns no WhatsApp, percebi que sem ter a intenção de polemizar, acabei cometendo uma polêmica, sobre o retrato da sociedade atual como o resultado da vontade manifestada por ela mesma nos seus canais de influência e decisão. Relembrei que não concordava com aquela frase atribuída ao Rei Pelé, de que “brasileiro não sabe votar”.

Na época, fins de 1977, o então “Jornal do Brasil” do Rio de Janeiro cunhou essa frase numa manchete, mas em nenhum momento a inseriu no contexto da matéria. O jornal “O Estado de São Paulo”, por exemplo, interpretou no mesmo dia que Pelé, sempre ausente do debate político em todos os momentos de sua carreira, dissera que “o povo precisa saber mais para pedir mais”, e que “se o povo procurar aprender um pouquinho mais, nós poderemos ir muito longe”.

Ora, o que isso tem a ver com a interpretação do momento atual? Tudo e mais com o bom senso para não precipitar em conclusões desesperançadas. Primeiro também porque caberá à sociedade pensar mais antes de verbalizar os seus pensamentos, embora todos estejamos livres para pensar e opinar a respeito do que nos cerca. O debate é saudável e é compreensível que as opiniões divergentes sejam respeitadas para se chegar a um ponto comum.

A intransigência funciona como combustível para os conflitos que estamos assistindo em diversas partes do mundo, e há que considerar o comportamento de ceder e desarmar espíritos, corações e mentes. Só assim vamos praticar a harmonia dos sonhos de um novo tempo que desejamos tanto, quando nos abraçamos em reverência, na travessia do passado para o futuro no presente. Chega de intolerância e radicalismos, porque todos dependemos uns dos outros para alcançar a paz e a justiça social tão clamada nos discursos. Isso é uma das muitas ideias da cidadania e do respeito pela natureza humana.

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Nem tudo é lixo nas campanhas eleitorais

Democracia por suas mãos.

Desde o ano passado as eleições gerais de 2022, marcadas para o dia 2 de outubro, estão no radar dos políticos, partidos, governos e dos simplesmente candidatos de primeira viagem. O Congresso Nacional aprovou e o presidente Jair Bolsonaro ensaiou um veto, mas assinou de acordo com a previsão de R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral. E ainda há a chance de crescer mais R$ 800 milhões, atingindo a marca de R$ 5,7 bilhões, como nunca na história.

Antes as campanhas podiam receber doações de dinheiros das empresas brasileiras, mas havia alguns senões. Uma boa parte da sociedade, interessada no funcionamento dessas campanhas, atribuía que os eleitos priorizavam os compromissos com as empresas que os patrocinavam, ao invés do interesse público em primeiro lugar. Mas havia também a prática de partidos e candidatos que tocavam a sua contabilidade com um caixa 2, usando uma boa parte dos recursos financeiros em proveito próprio.

Dessa situação simples e objetiva, nasceu a defesa do fim das doações privadas e do uso de dinheiro público para pagar os santinhos, programas de rádio, TV e internet, cabos eleitorais etc., porque assim a política teria eleitos com os olhos voltados somente para as causas públicas. Houve uma expectativa que não se concretizou até agora: com dinheiro público e a fiscalização das prestações de contas pelo Tribunal Superior Eleitoral, as campanhas milionárias deixariam de existir e a renovação de candidatos oxigenaria a política de uma forma geral.

Fica a lembrança, ainda nestas reflexões, de que as pessoas físicas continuam podendo doar para as campanhas, desde que observem os limites dos seus ganhos durante o ano anterior às eleições, porque a Receita Federal está atenta e todos os nossos dados estão cruzados por ela. E há ainda a possibilidade de as contas de campanha contabilizarem doações dos próprios candidatos, nesse caso sem um limite pré-estabelecido.

Perceba que há ainda uma situação de desigualdade no ar. Explico: os partidos são obrigados a reservar 30% do seu fundo eleitoral para as candidaturas de mulheres, que não recebem repasses com o mesmo valor. O prestígio político das candidatas, somado ao interesse de alguns candidatos majoritários (a presidente, governador ou senador) ou candidatos proporcionais (a deputado estadual ou federal), norteiam esses investimentos eleitorais. Enquanto os homens-candidatos, ocupantes de mandatos, levam vantagem sobre os marinheiros de primeira viagem ou daqueles que já tentaram vitória e ficaram na suplência, mesmo colaborando, imensamente às vezes, na soma de votos para as legendas partidárias.

Para resumir a história, ainda não houve no Brasil uma reforma política de verdade, abrangente, para democratizar a democracia existente no país, com uma renovação de pessoas e até de modos de fazer política. Parecerá contraditório dizer que em 2018 houve um passo importante, se observarmos a quantidade de caras novas que governos, Congresso Nacional e assembleias legislativas estaduais e distrital trouxeram.

A resposta está no guarda-chuvas de uma “nova política”, sustentada no discurso da negação dos que vinham se elegendo e se reelegendo até então, e do uso das redes sociais na internet, que serviram para dar maior evidência também nas eleições aos influenciadores digitais, que tem opinião formada para tudo e que raramente se aprofundam em alguma coisa. Resta buscar e ver a atuação da maioria desses nos seus mandatos, para então avaliar se repetiria neles os seus votos, que muitos ainda não entenderam, votos que valem mudanças.

Ora, se essas mudanças não acontecem ou não aconteceram como esperado, 2022 está completando o seu segundo mês e nele reside a chance de escolher melhor, não aquele que parece mais ativo nas redes e lhe promete mudar o mundo, mas a pessoa-candidata que realmente tem um pensamento mais claro e objetivo do que pode fazer por todos que representar. Não cabe negar o direito de votar porque se frustrou com os resultados dos seus escolhidos, vale sim melhorar a sua consciência e os seus sentidos.

Não parece, mas as campanhas eleitorais deste ano já estão nas redes sociais e em todas as mídias de comunicação. Não é possível mais encontrar nas ruas a publicidade eleitoral, que na festa da democracia (as eleições) enfeitava e nos despertava para o clima da mudança, para a hora do voto. A reação aos descaminhos da política no Brasil mudou o olhar dos eleitores até para esses enfeites: tudo é lixo, barulho, ladroagem.

É prudente conversar mais e a respeito, começando em casa, estendendo para as raras oportunidades de lazer em grupo, nas suas redes sociais e nos contatos com amigos mais próximos, inclusive no ambiente de trabalho. Não pense pronto, como se os resultados futuros já estivessem definidos. Só lhe peço que fique atento, antes de se precipitar e chamar toda política de lixo, pois quem ama esse comportamento são justamente os maus políticos. Essa reação afasta as boas pessoas e diminui as chances de eleição de quem pode orgulhar você mais cedo do que você pensa.

Generalizar faz mal.

Artigo publicado no site do “Jornal da Orla” de Santos, espaço de colunistas, Um Olhar Sobre o Mundo, em 19 de fevereiro de 2022.

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Quem não vê o BBB?

Pela audiência o BBB é a maior atração da TV

Fui buscar justificativas científicas sobre o sucesso de público do reality show BBB – Big Brother Brasil, que chega à sua 22.ª edição pela TV Globo. Encontrei o que esperava: o povo ama programas dessa natureza porque lhe passa uma sensação de prazer e saciação da curiosidade.

Em resumo, dar uma passada básica pela sala de TV e assistir ou ouvir esse programa, assanha um certo “voyeurismo”. Não o transtorno propriamente dito, cuja tendência é observar, às escondidas, cenas íntimas ou eróticas levadas a efeito por outras pessoas com o fim de obter prazer sexual. Somos chegados a assuntar a vida dos outros, ouvir conversas além das paredes. Quem não age minimamente assim, que atire a primeira pedra.

Ora, em edições anteriores à que está em curso atualmente, houve um caráter educativo por conta desse extrato social de brasileiros, atuantes como se estivessem numa cabine para uma pesquisa qualitativa de opinião. O debate sobre comportamento humano e costumes da sociedade atual é travado em mosaico, de modo que é possível a identidade e as comparações dos centrados no programa e os confinados na casa cênica.

No ano passado, especialmente, quando a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) entrava no seu segundo ano e as ações restritivas para a movimentação das pessoas fora de casa estavam bem mais fortes, a audiência explodiu na estreia: cerca de 43 milhões de brasileiros estiveram ligados na emissora.

Os efeitos disso, neste ano, para as contas da emissora e nos trends da rede mundial de internet são possantes. Em termos financeiros, por exemplo, a previsão de faturamento do reality gira em torno de R$ 690 milhões, um recorde de receitas.

Na internet, em especial nas redes sociais, Twitter e Facebook, o BBB 22 lidera na maior parte do tempo, entre os assuntos mais buscados e referenciados. Isso mostra o fenômeno que, conforme o Ibope, recente, para ilustrar esse olhar sobre o assunto, entre a segunda e a terceira semana de exibição, o BBB 22 ganhou 1 milhão de telespectadores na TV, atingindo a marca de 79 milhões de pessoas ligadas no canal.

Afora os dados da audiência, que repetem edições de Big Brothers em vários países, com a mesma receita de acesso às câmeras na vida das duas dezenas de participantes, em média, pessoas normais mescladas de artistas e célebres, durante 3 meses, 24 horas por dia, sem interrupções, podemos até dizer que é uma atividade sócio-cultural, reprodução do nosso cotidiano.

Os palavrões são fluentes, sem se importar muito com o discernimento da assistência. Faz parte, hoje virou normal um palavrão entre os adjetivos. Há reações resistentes ao programa por causa disso, quando não pelo preconceito à diversidade. A moda ditada é dos patrocinadores, que igualam todos em banhos de loja, gerando uma aparência globalizante. Não sobressaem a condição social e a econômica dos confinados.

Mas o politicamente correto censura as derrapadas, filtrando a consequência do lado de fora da casa, como aconteceu sobre a forma do cabelo black power do professor João Luiz, no BBB 21, que quase enterrou a carreira do cantor sertanejo Rodolffo. A comunicação age em nossos sentidos, sem perceber o quanto somos manipulados.

Essa vitrine exibe as fraquezas humanas. Hoje se percebe um esforço para uma presença de cena planejada, parecendo um roteiro combinado. Sabe-se que desse reality, uma parcela ganha a condição de celebridades, com ou sem contratos de atuação na própria TV Globo. Se houver talento e comprometimento, essa oportunidade turbina carreiras de influenciadores digitais, na propaganda, moda e, raramente, na política. Aliás, para essa perspectiva, assistindo ao programa no todo ou em partes, nos últimos anos, não há um pio.

Enfim, os exemplos de remanescentes das 21 edições do BBB, mais do que os R$ 1,5 milhão do prêmio ao vencedor final, estão por aí, participando desse novo normal como todos nós. Não acredito na fala daqueles que dizem que não assistem ao Big Brother. Afinal, quem no mundo atual gosta de ficar sem assunto, especialmente do momento, quando os acontecimentos confinados estão reverberando do nosso lado, falando sobre nós mesmos, da nossa realidade, no alcance do tamanho dos nossos espaços?

Artigo publicado no site do “Jornal da Orla” de Santos, espaço de colunistas, Um Olhar Sobre o Mundo, em 11 de fevereiro de 2022.

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Eu, manipulado!?

O esboço da reação lembra Davi versus Golias.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No último fim de semana, assisti ao filme-documentário “Dilema das redes”, na plataforma Netflix, que denuncia o mau uso de nossos dados pessoais pelo Google, Facebook, Twitter, Instagram e várias outras mais. Há depoimentos de designers, engenheiros de software e programadores do Vale do Silício, que ajudaram a construir esse sistema que hoje nos controla. São os chamados algoritmos em ação, interferindo em eleições, movimentos sociais, economia, se aproveitando de nós, pessoas tratadas como máquinas de compras e comportamento.

Não há inocentes nessa área, mas com certeza muitos telespectadores vão achar que, fazer parte de uma rede social e marcar de acordo com aquelas condições de contrato de acesso que consentimos sem ler, é como pactuar com o Diabo. No mesmo espaço em que compartilhamos fotos de nossos netos felizes, a composição de um prato de comida, há uma inteligência programada para mexer com os seus instintos.

Parecemos ingênuos, porque no fundo temos preguiça diante do ritmo que as novas tecnologias nos proporcionam, a pretexto de facilitar as nossas vidas. Movimentos, mundo afora, sempre denunciaram esses perigos para a privacidade dos cidadãos. Carole Cadwalladr, redatora do periódico inglês ‘The Observer’, relata no “Privacidade hackeada”, que também assisti na sequência do “Dilema das redes”, a existência de uma “força tenebrosa que nos conecta globalmente, e flui pelas plataformas tecnológicas”. O acesso à transparência, no caso dos filmes sobre o mesmo tema, serve apenas aos poderosos.

Uso as redes sociais não porque são modinha global. Tenho amigos que ainda não possuem um aparelho de telefone celular ou ignoram as redes sociais porque alegam que não precisam delas nas suas atividades, inclusive profissionais. Mas aí há um dilema: uma parte significativa desses meus amigos são da área das comunicações, consumistas da imprensa tradicional – papel, rádio, TV e portais correlatos, e hoje é praticamente impossível atuar nela sem o uso mínimo das ferramentas digitais e redes virtuais.

Se você tiver um mínimo discernimento e refletir sobre o que busca efetivamente nas redes sociais, para o seu uso pessoal e nas atividades laborais, de trabalho, o filme “Dilema das redes” vai ajudar a se localizar no contexto. Alerto que, em termos de conhecer os níveis de manipulação a que as pessoas em rede se sujeitam, assistindo a esse filme, você pode até resolver diminuir o seu tempo de conectividade diária.

Carole provoca os que chama de “deuses do Vale do Silício” – Mark Zuckerberg e Sheryl Sandberg (Facebook), Larry Page e Sergey Brin (Google) e Jack Dorsey (Twitter) – com uma bateria de perguntas, a partir da constatação: “Porque se propuseram a conectar as pessoas e estão se recusando a reconhecer que essa mesma tecnologia está agora nos afastando. E o que não parecem entender é que isso é maior do que qualquer um de nós. E não é que isso é maior do que vocês e é maior do que qualquer um de nós. E não é sobre direita ou esquerda, ficar ou largar, ou Trump ou não. É sobre se é realmente possível termos novamente eleições livres e justas”. E dispara: “É isso o que querem? É assim que querem ser lembrados na história? Como servos do autoritarismo? E a minha pergunta para todos os outros, é isso que queremos? Ficarmos sentados brincando em nossos telefones até a treva chegar?”, sentenciou e redatora do “The Observer”.

Não deixem de ver o filme “Dilemas da rede”, complementando como eu, com “Privacidade Hackeada”, também na Netflix, que detalha em parte o que a empresa de dados Cambridge Analytica fez para interferir na campanha eleitoral de 2016, nos EUA, quando Donald Trump se elegeu. Inclua no seu cardápio, “Rede do ódio”, que singulariza a manipulação através de um jovem familiarizado com as fake news e a destruição de reputações. Não se iguala ao dois que destaco neste post, mas que poderia tornar uma trilogia do momento, para se assistir e tirar cada um as suas próprias conclusões. Certamente o tema não se esgotará nessas três versões.

Mas, por falar em conteúdos tenebrosos, manipuláveis, não será surpresa se o raciocínio teórico conspiratório começar a achar que a testagem positiva de Donald Trump e a sua esposa para o Covid19, for comparada à facada em Jair Bolsonaro na campanha presidencial de 2018 no Brasil. Enfim, recomendo que assistam aos filmes e depois pensem melhor antes de sair curtindo e distribuindo likes em fake news ou anúncios nas redes que você participa “inocentemente”. Cuidado, contudo, porque alguém está de olho em você. Na sua imagem, comportamentos, mobilidades. No que pensa. Na maioria das vezes querendo que você passe a querer consumir…

 

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Não fiz arminhas com os dedos

Bolsonaro ensina criança.

Outro dia postei uma reflexão em meus perfis pessoais na internet, com uma provocação às prioridades do governo Jair Bolsonaro sobre a liberação dos recursos do orçamento federal. Não me contive, por exemplo, com R$ 700 milhões para o ministério da Saúde, apesar de toda a necessidade que o setor tem, e R$ 1,65 bilhão para a Defesa manter os seus quarteis. Como é comum atualmente, recebi manifestações de apoio, contras e de estranheza com a minha postura, tipo “o seu partido (o PSDB) defendeu esse resultado”, agora “faz arminha e chora”.

Entendo que o povo brasileiro está dividido sobre o projeto de país em curso. A intolerância grassa em família e na sociedade, com agressividade e radicalismo. Não vejo uma pessoa que não esteja armada interiormente – no sentido da atitude – e a disparar diante da menor contestação. Há ódio nisso, como bem descreveu o jornalista e escritor Ricardo Viveiros, em artigo publicado no jornal “Folha de São Paulo”, no último domingo (22 de setembro).

O seu diagnóstico relembra que “as pessoas, desde a campanha eleitoral de 2018, em segundos vão da ofensa pessoal à agressão, sem limite de bom senso. Do nada, por nada, para nada. Simples descontrole e violência”, acentuando. Esse cenário está levando muitos a cometer arbitrariedades e injustiças, sem fundamentação e sem observar o contraditório tão valorizado na democracia.

Nem é preciso dizer que esse clima torna insustentável a convivência humana no país, gerando atritos, em casa, nas ruas e em praticamente todos os ambientes; inimizades, divisões nos lares, famílias, escolas, trabalho, religiões sobressaem, sem importar com as consequências futuras em suas relações. Imagina como se sentem aqueles que sempre tiveram um lado na história e que praticavam a civilidade, que é o conjunto de formalidades, de palavras e atos que os cidadãos adotam entre si para demonstrar mútuo respeito e consideração; boas maneiras, cortesia, polidez.

Onde falhamos? É possível definir um culpado, fulanizar responsabilidades com divergência de pensamentos, quando parece que não existe uma ideia em movimento? Será que Viveiros está totalmente certo quando localiza nas eleições de 2018 o início dessa cultura?

Em 2010 experimentamos desse veneno, quando o uso das redes sociais engajou um número maior de pessoas no debate político e eleitoral. Quem esqueceu os discursos de Lula apresentando a sua candidata Dilma Rousseff e patrocinando o confronto dos nós e eles?

O pior é que o mundo enfrenta uma epidemia de fakes news, a destruir verdades, reputações e a cultura da paz universal. Chegamos à 3.ª Grande Guerra Mundial, entremeada da “Quarta Revolução Industrial”, que, abraçada às novas tecnologias transformam a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Especialistas, como Klaus Schwab, autor do livro com o título citado entre aspas, consideram que “em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes”.

Portanto, não fiz arminhas com os dedos antes, durante ou depois da eleição de Bolsonaro, e espero que o país desembarque a bom termo dessa violência, dando chance à tolerância de Mário Covas ao pregar que “mais vale um não explicado, do que um sim que não pode ser cumprido”.

 

(*) Raul Christiano é jornalista, escritor e professor universitário. E-mail: [email protected]

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A globalização dos boatos

Quem disse a você é uma fonte confiável?

Hoje em dia todo mundo sabe o significado de fake news, assim como desde a antiguidade os nossos antepassados testemunharam que verdade e mentira se misturavam nos mais diversos contextos da vida em sociedade. Esses fatos e versões, reais ou inventados, influenciam a nossa percepção e opinião, aguçando mentores e interesses a lançarem mão desses recursos no jogo baixo e covarde.

Vê-se que essa questão, nos meios de comunicação cada vez mais acessíveis, é imperativa em todos os níveis. Outro dia li uma associação do consumo dos boatos aos menos educados ou formados. Ora, o pecado a meu ver vincula-se à falta de uma orientação e consciência da sociedade sobre a origem das versões, que superam os fatos ou se criam sustentadas no nada apenas para alcançar algum tipo de vantagem.

O mundo é competitivo e quem tem uma formação melhor pode mais. Entendo que se as condições fossem igualitárias e menos sujeitas às espertezas, certamente haveria mais justiça e respeito entre os desiguais. O historiador francês Paul Marie Veyne registrou no seu ensaio “Os Gregos acreditavam em Seus Mitos?”, que “os homens não encontram a verdade, a constroem, como constroem sua história”.

Motivos não faltam para a criação de notícias falsas e espalhar e reforçar boatos, com o interesse de atrair a atenção das pessoas. Com a internet, além de ampliar o número de acessos aos sites, são reforçadas as estratégias de se estabelecer um pensamento coletivo, desconstruindo personalidades, reputações, para o prejuízo da integridade de pessoas comuns, celebridades, políticos, marcas e empresas.

Nesse contexto, urge orientar a partir dos anos iniciais das crianças nas escolas, além de evitarem doces e presentes de estranhos e interagir com tarados e pessoas anormais em rede, que a educação valorize a conectividade com redes confiáveis. Os grandes portais de imprensa, editoras e dirigentes da Educação deveriam criar um selo de qualidade para quem trabalha com a verdade.

Assim vamos contribuir para tornar as próximas gerações menos superficiais e mais preparadas para os desafios do futuro, em sintonia com a realidade, sem mais depressão, complexo de inferioridade, bullying etc.

Acho apropriada, nesse momento de buscas e descobertas, a célebre frase de Abraham Lincoln, de que “você pode enganar algumas pessoas todo o tempo. Você pode também enganar todas as pessoas algum tempo. Mas você não pode enganar todas as pessoas todo o tempo”. Que se valorize o papel do jornalista, dos escritores e, fundamentalmente, dos professores, para diminuir a influência dos boatos na formação de uma sociedade intelectualmente sã.

Portais de notícias no mundo criaram setores para checagem de informações e no Brasil existem agências chamadas fact-checking, para notícias suspeitas. Respondo aos amigos de Facebook, Twitter e WhatsApp, que o ideal é duvidar sempre e saber em outros meios. Eis um processo educativo que, na medida em que cada cidadão fizer a sua parte, compartilhando apenas aquilo que tem certeza de que é verdade, as fake news estarão fadadas ao ostracismo, como o recurso da mentira e da corrupção dos valores humanos essenciais.

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Nada é pra já

Na contramão da pressa…

Tomo emprestado a primeira estrofe do poema “Mudar”, de Clarice Lispector, que expressa: “Mude, mas comece devagar,/ porque a direção é mais importante/ que a velocidade […]”, pra tentar justificar decisões tomadas àqueles que nunca pararam um minuto para tentar saber o que tentávamos para o bem comum. Compartilho essa reflexão que parece boba, quando identifico parte das pessoas do meu convívio, ou não, manejando verdades de maneira apressada, rasa e crua.

Serve para qualquer cenário da vida cotidiana ou na internet. Do que acontece em casa, nos relacionamentos familiares, amizades, amores e amantes, no trabalho, na conjuntura política, nos olhares para o futuro. Vale o ditado de que a pressa é inimiga da perfeição, sem perder de vista o hino de Cazuza, à urgência de viver, a enaltecer que “o tempo não para!”

Busquei várias interpretações intelectuais, poéticas e de autoajuda, extraídas das melhores frases sobre pressa, a começar por Confúcio – “Coisa feita com pressa é coisa mal feita.”; passando por Oscar Wilde – “Não quero adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.”; e, fechando com Silvio de Abreu – “Não tenha medo, cautela, sim. Não tenha pressa, tenha tenacidade. Não tenha prepotência, mas consciência do seu valor. O que me deixa indignado é a impunidade, falta de caráter, manipulação da opinião pública, injustiça, puxa-saquismo, nepotismo, miséria, ignorância, estupidez, mentira.”

Ora, não pense que, ao se chamar atenção para a cautela na interpretação dos fatos correntes, embute-se um cale-se ou um apelo à tolerância. Há um prazo de validade dos fatos para que se tornem notícias. E é preciso dizer também que cautela não é censura, mas o mínimo de respeito que devemos ter com as pessoas à nossa volta ou em rede de domínio público.

Minhas leituras nos tempos recentes pautam os sentimentos de personalidades, perturbadas pela intolerância social e os seus abismos. É muita informação para digerir e pouca capacidade – educacional, talvez – de se interpretar e se sentir partícipe, respondendo ao que não lhe diz respeito ou ofenda suas crenças.

Por falar em crenças, já parou pra pensa-las e organiza-las, com seus valores, ideologias, militância em rede?

No passado recente, quem pensava e influía nos rumos da formação da sociedade vivia num invólucro. Gente que foi machucada pelo autoritarismo e falta de democracia no Brasil e por aí afora. Era praticamente impossível avançar e beber desse conhecimento, além dos artigos e livros que produziam. Os espaços de interatividade eram escassos, mas nunca foram infalíveis. Os dispostos em aprofundar mais sempre existiram, mas o exercício do contraditório carecia de preparo e conteúdos com fundamentos.

Hoje, não! A contemporaneidade valorizou o politicamente correto, como cultura globalizada e por vezes chata, “sofisticando” (#sqn) a visão geral das coisas. E não demos conta que é possível ler o cotidiano como Raul Seixas, que preferia ser “metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, para dizer o oposto do que disse antes.

Amós Oz escreveu em 2004, que “a síndrome de nossa época é a luta universal entre fanáticos e o resto de nós. O crescimento do fanatismo pode ter relação com o fato de que, quanto mais complexas as questões se tornam, mais as pessoas anseiam por respostas simples. O fanatismo acredita que, se alguma coisa for ruim, ela deve ser extinta, às vezes junto com seus vizinhos”.

Portanto, se conseguiu ler este texto até o fim, complete as reticências, sem pressa, porque quem responde com pressa, como registra um provérbio árabe, raramente acerta …

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Jogos não tão virtuais

SP inicia campanha entre professores
Entende-se por virtual o que não existe como realidade, mas sim como potencia ou faculdade. Também pode-se afirmar que o virtual é algo inexistente que provoca um efeito, que de tão próximo da verdade, sua existência acaba sendo considerada. Exemplos disso estão escancarados no cotidiano e em especial na comunicação contemporânea por conta dos usos desbragados das redes sociais. E é nesse território, que muita gente acha livre, que o virtual se confunde com a realidade, em especial para os desavisados.
Nesse contexto crescem nos últimos dias as consequências do Desafio Baleia Azul, principalmente entre crianças, adolescentes e jovens. Especialistas pontuaram que “não se pode dar tanta importância para um jogo, mas é hora de falar sobre o assunto”. As ocorrências que derivaram do exterior para o Brasil, foram graças à comunidade global, como preconizou o dito popular sobre um tal de “mundo velho, sem porteiras”.
As primeiras reações da sociedade que tem escrito coisas sem pensar nas redes, motivada pela leitura apressada e sem refletir, indicam uma transferência instantânea das responsabilidades ao sistema educacional brasileiro. Mas é prudente em demasia que se pensem e ajam de forma compartilhada com foco no papel da família, de modo basal e preventivo.
O Governo do Estado de São Paulo já reforçou em boletim extraordinário da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica, que deve servir de orientação geral para ações organizadas e gerais, sobre “o compromisso da escola e dos educadores com a diminuição da vulnerabilidade de crianças e adolescentes em situações que possam vir a comprometer a integridade física, psíquica e emocional dos estudantes”.
Há o consenso propagado pela Organização Pan-Americana da Saúde, de que “a adolescência é um período da vida marcado por mudanças, incertezas e experimentações. Uma fase rica em sonhos e aprendizados, mas também carregada de riscos e armadilhas”. Quanto mais amadurecemos parece que nos tornamos menos corajosos e destemidos. Quem consegue dormir enquanto os filhos não estão ainda em casa? Quase todos nós, porque sobra-nos as sensações de medo e insegurança pelo conhecimento das ameaças externas.
Mas a um passo da sala ou do quarto rondam perigos reais, que entraram na sua porta sem tranca. E é nesse sentido que, educadores e corresponsáveis pela geração que ainda depende da educação básica, deve reforçar as ações pedagógicas de conscientização quanto ao uso seguro da internet e temas relacionados à melhoria da convivência no ambiente escolar e na comunidade do entorno real, como o bullying, a pedofilia, a intolerância de toda ordem etc., acolhendo e conversando sempre.
O assunto Desafio Baleia Azul ocupa as mídias e ainda há uma parte de pessoas e instituições que optou por não tratar do jogo ou do tema com os filhos ou alunos, para evitar que eles se inspirem nos relatos. Buscar meios de falar dele, sem medidas extremas como a desconexão virtual e sem parecer uma nova lição de moral ou revelação dos medos que os mais maduros têm do desconhecido, deveria pautar ações de reaproximação pessoal, diálogo, diminuindo o isolamento social reinante.
Que estas reflexões nos estimulem a tratar desses jogos virtuais e de suas implicâncias na sociedade, com inteligência e respeito. Por trás da “brincadeira”, certamente estão hackers, perturbados mentais, que cultuam o mórbido e o macabro. À nossa frente, por exemplo, está uma sofrida mãe de São Carlos, minha conhecida dentre tantas mundo afora, atingida pela torpe experiência a que seu menino se permitiu.

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Mais bullying na internet

Na política crescem 'guerrilhas' para desconstruir reputações
Na política crescem ‘guerrilhas’ para desconstruir reputações
Dois artigos sobre o uso também desvirtuado das redes sociais por uma militância virtual, engajada politicamente, chamaram a atenção nos últimos dias. O senador Aécio Neves (PSDB) e a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), escreveram sobre o mesmo tema, alertando para a atuação de uma “indústria subterrânea voltada a disseminar calúnias e a tentar destruir reputações”.
Ora, faz alguns meses (outubro de 2010) e escrevi também sobre formas de bullying político (cyberbullying), com menção ao comportamento de algumas pessoas que se utilizavam das redes sociais para praticar atos de violência verbais ou físicas, como recursos tentativos de intimidação ou cerceamento do direito de expressão democrático e livre. O tema é sempre recorrente entre os especialistas educacionais, justamente porque muitas novas gerações de estudantes estão sujeitos a esses ataques, que atualmente tem repercussão maior com a internet, por sua liberdade e velocidade um dia inimagináveis.
Mas na política, incapazes ao debate democrático e honesto, cresce uma guerrilha virtual que atua para desqualificar o próprio debate e tentar prevalecer suas ideias e versões dos fatos.
Sou usuário das redes sociais, com assiduidade desde 2004, ao criar a minha primeira conta no Orkut. Desde então, criei um blog e contas no MySpace, Facebook, Linkedin, Youtube, Twitter, Formspring, Instagram, Observador Político, WhatsApp etc. Pessoalmente interajo com amigos, conhecidos e pessoas interessadas em debater publicamente sobre as atividades pessoais, políticas e profissionais que desenvolvo na minha atuação em sociedade.
O Brasil conta atualmente com 94,2 milhões de usuários de internet, incluindo uma população com idade a partir de 2 anos, com acesso em qualquer ambiente (em casa, no trabalho, na escola, em lan houses e em outros locais); destes, 46 milhões são usuários de redes sociais, de acordo com o mais recente levantamento feito pelo Ibope (3.º trimestre de 2012). O Facebook, por exemplo, desde que iniciou as suas operações, conta com a participação de 73 milhões de brasileiros em rede.
Com essa radiografia de uma presença ativa na internet, confesso que concordo plenamente com as opiniões publicadas por Aécio e Marina Silva, de que “no universo das mídias, as virtudes da credibilidade e a opinião informada convivem com os vícios dos preconceitos, mentiras e desinformação”. Quem é mais bem informado e viveu na época da censura e da manipulação da mídia, durante os governos na ditadura militar brasileira, não se enganam com as brigadas digitais organizadas e pagas por empresas, partidos e governos. Minha primeira atitude em relação a esses grupos, fáceis de identificação, justamente pela sua natureza, ora com perfis falsos ou com a divulgação contumaz de sites de notícias comprometidas com uma mesma linha editorial, é com o escalonamento da sua relevância perante os mais variados públicos.
Aécio Neves detalha esses agrupamentos, que na sua visão não dispõem de senso ético e de responsabilidade compartilhada: “um verdadeiro exército especializado em disseminar mentiras e agressões. Fingindo espontaneidade, perfis falsos inundam as áreas de comentários de sites e blogs com palavras-chaves previamente definidas; robôs são usados para induzir pesquisas com o claro objetivo de manipular os sistemas de busca de conteúdo; calúnias são disparadas de forma planejada e replicadas exaustivamente, com a pretensão de parecerem naturais”.
Esses aspectos são técnicos e muitas vezes imperceptíveis aos internautas levados a compartilhá-los pela simpatia de uma manifestação com aparência justa. Não obstante, ainda vemos políticos e militantes virtuais a seu serviço, aumentando a pressão por um controle maior sobre a internet ou com o disfarce da regulação dos meios de comunicação, principalmente os desalinhados com o poder do Estado.
Assino embaixo dos artigos “Mensalet”, de Marina Silva, publicado na edição de 24 de maio de 2013, do jornal ‘Folha de São Paulo’, e “Mensalão da internet”, de Aécio Neves, em 27 de maio de 2013, no mesmo jornal. Copio e compartilho a conclusão de Aécio, quando diz que “liberdade de imprensa, de informação e de opinião são conquistas definitivas da nossa sociedade. Calúnia, injúria e difamação são crimes. E assim devem ser tratados”.

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O jeito Obama nas redes sociais

Interatividade conquista mais.
Todo candidato a um cargo político mira nos princípios de marketing que Barack Obama usou em sua campanha presidencial em 2008. Para aprofundar o conhecimento na área, ele busca a assessoria de especialistas, quando não encontra um conhecido seu mais familiarizado com as novas ferramentas de relacionamento público pela Internet.

No Brasil o uso da internet nas campanhas eleitorais vinha sendo limitado por resoluções da Justiça Eleitoral, motivadas pelo desconhecimento da profundidade e do alcance do seu controle e da influência que poderia causar no eleitorado. Analistas de mídia e defensores da liberdade de expressão encontraram nessa ignorância a única explicação para tantas tentativas de limitação do uso.
Desde 2010 o cenário do marco legal é outro, tão livre quanto nos países democráticos em que essa opção é usada e bem sucedida. Mas neste ano, a partir do momento em que a liberdade de expressão pelos meios digitais foi considerada no calendário das eleições municipais, as primeiras manifestações demonstram a falta de estratégia de marketing e criatividade, em busca de votos e da vitória.
Acho importante lembrar que em 2008, Barack Obama era um senador pouco conhecido e de apenas um mandato de Illinois, contra a expressão e a máquina da ex-Primeira Dama dos EUA e senadora Hilary Clinton. A exemplo de muitos candidatos brasileiros, hoje, Obama entendia que usando as mesmas regras de receptividade de Hilary estaria colocado no mesmo campo de batalha, que naquela altura era totalmente favorável a ela.

A desvantagem de Obama também era muito grande no que diz respeito aos fundos financeiros para realizar a sua campanha. Com isso, como ele poderia superar Hilary e os seus e-mails em massa, telemarketing, mala direta e os comerciais de TV e rádio?

Encontrei a resposta por meio de Chris Hughes, cofundador do Facebook e estrategista de internet de Obama, que ao invés de jogar com as regras usuais, na época, o caminho foi identificar formas diferentes de marketing receptivo, por meio da inovação e valorização de conteúdos, formas e canais diferentes de abordagem.

Hughes conta que adotou a estratégia de ajudar os indivíduos a entender os valores de Barack Obama e da sua campanha, tornando mais fácil possível a eles que se engajasse com o trabalho da campanha. Desse modo abriu a maior quantidade de canais diretos de comunicação – usando e-mails, mensagens de texto, redes online – equipando-os com ferramentas para divulgar a mensagem da campanha no blog (my.BarackObama.com) e no Facebook.

A partir daí os americanos puderam conectar-se com Obama através do blog, da página do Facebook (5,8 milhões de contatos), do Twitter (450 mil seguidores), LinkedIn (13 mil membros) e Youtube (21 milhões de visualizações), entre outras redes sociais e websites.

Erich Frenchman, consultor online de John McCain e chefe de estratégia na internet da agência política online Connel Donatelli, destacou a habilidade de Obama em usar o Facebook com eficácia. Citando a criação de funções como o “registro de voto”, Frenchman lembra que essa disposição de Obama ajudou-o a reunir mais de três milhões de seguidores no Facebook contra 610 mil de McCain.
Outro ponto destacado por Frenchman, que funciona como uma dica importante e eficaz para o uso das mídias sociais, diz respeito ao Twitter apenas para conversar com as pessoas. McCain usou-o como “veículo de comunicação direcional”. Para bom entendedor isso quer dizer que ele não estava ouvindo seus eleitores e sim apenas falando “para” eles.

Diante dos desafios para conquistar a vitória nas eleições municipais de 2012, ou em qualquer outra oportunidade para cargos políticos ou de representação classista, comunitária e social, o uso estratégico do marketing de atrair pessoas para o seu campo de ideias e ações é fundamental. Dessa forma, e organizadamente, um candidato pode competir e vencer os seus concorrentes com pouco dinheiro.

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