Está decidido: os senadores tucanos repetirão os votos contrários dos deputados federais do partido, em relação à PEC do governo Lula, que quer prorrogar a CPMF até 2011. O gesto do PSDB, de dar ouvidos aos mensageiros do governo, para tentar mudanças, inclusive resgatando o objetivo original do imposto do cheque, de financiar a Saúde, causou o descontentamento de simpatizantes do partido e de cidadãos cansados de tanta espoliação. A CPMF nasceu no governo FHC, numa época de crise fiscal. Se realmente for rejeitada, a Reforma Tributária terá finalmente a sua vez.
O governo federal em nenhum momento hesitou em reservar recursos para garantir o superávit primário, e voluntariamente deixou de investir nas suas obrigações essenciais – educação, saúde, saneamento, habitação, infra-estrutura. Os ventos favoráveis da economia mundial foram desdenhados pelo lulo-petismo, que não tinha outra visão senão a de ficar alimentando o assistencialismo, com as políticas compensatórias do PT e dos seus aliados. Aliás, políticas eleitoreiras, porque não emancipam os cidadãos dependentes das bolsas isso e aquilo, mas servem para alimentar o sonho da re-reeleição presidencial.
Leio sempre as seções de cartas dos jornais e revistas, e os leitores davam o seu veredito: chega de impostos, chega de CPMF. Ou então: que o PSDB não deveria estar conivente com o governo na aprovação de um imposto cuja arrecadação chega bem parcial ao seu verdadeiro objetivo.
Relembro a declaração da cientista social Lourdes Sola, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, sobre as diferenças entre a comunicação do PSDB e do PT: o PSDB tem vergonha de propagandear os seus feitos e um medo danado de ser confundido com um partido de direita. O PT, que é especialista em se apropriar dos feitos dos outros, espertamente, cobra do PSDB coerência e o compromisso com a governabilidade.
É muito difícil conciliar política e escrúpulos. Talvez por isso o PSDB mostre, algumas vezes, tanta condescendência com o PT e o governo Lula. O povo brasileiro é mais importante que tudo. Quem me conhece sabe que este não é um mero exercício de retórica. Também não configura num gesto do tipo "para não dizer que não falei de novo" contrariamente a CPMF. Registro, conscientemente, que a recíproca não será verdadeira.
Valeu muito a decisão política da Comissão Executiva Estadual do PSDB-SP, de revelar à direção nacional do partido, que esperava dos senadores, a mesma postura dos seus deputados federais.
Raul.
A Comissão Estadual do PSDB decidiu com os deputados federais, acertadamente, tomara que os senadores sigam.
Quem viver verá…
Um abraço e meu bom dia, pra você.
Ivan Alvim
Caro Raul:
Chega de CPMF, é verdade!!!
É imposto demais, para tão pouco retorno de benefícios.
Os senadores e deputados do PSDB estão corretíssimos nesse ponto.
É arriscado palpitar em ninho alheio, mas …
Alguém governa o Brasil com um corte de 40 bi no orçamento? FHC usou a CPMF na Saúde? O certo é deixar a CPMF e lutar pela reforma fiscal. Imagine tirar 27,5% do salário. Quem chia com 0,38 da CPMF tem filho em escola particular, tem recibo de médico, de dentista… tem todo o dinheiro de volta na restituição do IR. Os 300 picaretas, como um dia falou o ex-sindicalista, devem lutar contra estas barbaridades A CPMF incomoda pouca gente!!!
PS: eu não compraria um carro usado do Senador Artur Virgílio
Com todo respeito ao plínio, que eu não conheço, acho q falou bobagem.
Não é porque FHC usou, que lula vai usar. Não é pq Lula não estudou que eu não vou estudar.
Toda a caadeia tributária, e não só a CPMF, incomoda todo mundo. Qualquer compra que se faça está embutido os 0,38 da tal contribuição. TODA. Se vc emprestar 100 reais para sua filha e ela devolver com um depósito na sua conta, você já não recebe mais os 100. fácil assim, simples assim.
a questão já nem é mais se foi ou não usada para a saúde. a questão é que a carga tributária chega a 40% do PIB e nada é feito. não temos um serviço, nenhum!, que corresponda a essa carga tributária.
não existe saúde, não existe educação, não existe infra estrutura.
e os cardeais do PSDB, ainda vão negociar com governo, fazendo de bobos os deputados que já votaram contra, a militância do partido e os eleitores, que votaram para que eles sejam oposição e não para ficar negociando com o governo.
tbm, com um presidente de partido que já falou que vota no ciro gomes…
não dá para esperar mais nada além disso…
PS: raul, atente para oresultado da pesquisa do seu blog.
até o momento, 28 votaram em “Nós, o povo”; 7 nos democratas e só 4 no PSDB.
Estamos ou não divorciados da classe média e do povo?!?
Faço coro com o sr. Plínio Melo: A CPMF incomoda bem menos do que a carga tributária alta, que foi mantida no governo FFHH e continua no governo Lula. Por que será que o Adib Jatene deixou a saúde na época, será que o dinheiro era usado na saúde??? Ah, onde foi parar o dinheiro arrecadado com o bota-fora das estatais privatizadas? ( esqueci, elas foram financiadas pelo BNDES a perder de vista, além de vendidas bem abaixo do valor real…). É bom lembrar que o governo tucano junto com o atual têm muito explicação a dar para o povo brasileiro. E sinceramente, duvido que se fossem os tucanos no poder a CPMF seria extinta. Agora é fácil pregar o fim dela, já que o PSDB é oposição, não acham??? É necessário reforma tributária urgente mas não usando a desculpa que também é necessário tirar direitos dos trabalhadores via CLT. Chega do trabalhador pagar a conta. Tá na hora de banqueiros, empresários, latifundiários participarem também do sacrificio pátrio, chega de explorar o povo, o trabalhador ( só lembrando que os banqueiros tiveram muito lucro no governo tucano e continuam tendo no atual…).É isso! Abs.
PS: há muito, sr. Mauro, o PSDB deixou de lado o povo, a classe média, o trabalhador…
Sr Mauro,
discordar é completamente diferente de falar bobagem. Discordar é ter opinião diferente. E eu continuo com opinião diferente da sua.
Porém, me permito, mesmo sem conhecê-lo, dizer que o senhor falou bobagem. O Sr diz que…”a militância do partido e os eleitores, que votaram para que eles sejam oposição e não para ficar negociando com o governo”.
Acredito que todo mundo vota para seus candidatos serem governo! Ninguém vota pra perder eleição e ser oposição.
A não ser pessoas idealistas, que não é seu caso que confunde oposição com “guerra”. Sr. Mauro, oposição conversa, sim, com governo e procura o melhor para os cidadãos de seu país.
Plinio, eu também não compraria um carro seu. Voce é um petista enrustido que está dando pitacos sem conteúdo. V. quer dizer que quem está preocupado com a cpmf é a classe média. É verdade, essa classe média que no governo lula tem seus salários achatados, perda de poder aquisitivo e de geração de empregos. Teu presidente é o maior neo liberal de todos os tempos. Fez aliança com o setor financeiro, com as multis, com o alto empresariado e com as migalhas do bolsa familia p/ a miserabilidade. Acabou c/ a c. média. Me explique qual país desenvolvido tem uma c.média fraca como a nossa.E peça para o Lula explicar porque pagou a dívida com o FMI quando o dólar estava a 3,20. Se pagasse agora com o dólar a 1,75 a economia seria excelente, não acha? A propósito, quem vai pagar ao povo brasileiro os bilhões de dólares de prejuizo?
Parabens Raul pelo seu blog. Esta até provocando discussão entre seus leitores. Pena que aparece alguns radicais que distorcem a intenção do esclarecimento do seu texto.
Amigos, a CPMF vai passar, pelos votos que o PSDB vai dar a favor. Aguardem.
Isso aqui tá ficando muito bom.Embora a discussão saia de foco em uma ou outra opinião,acho que esse espaço está ficando vigoroso.Agora sobre o assunto CPMF,não dá para ficar defendendo imposto(ainda mais um que seria provisório)A verdade é que esse governo gasta mal,cria situações paternalistas,que aumenta em muito as despesas de um Estado esbanjador.No mundo todo se discute a diminuição da carga tributária,aqui na República Lulopetista,se faz diferente.É muita incompetência
Fausto,
a tucanagem tá nervosa? Calma: 2010 tá longe ainda. Baixa a bola e lembra do Jânio limpando a cadeira da prefeitura com álcool?
Não sou petista, não. E se tem uma coisa que não sou é enrustido… falo o que penso.
Critico o governo do Príncipe FHC ( o único exilado político com visto de turista) porque deu de presente a Vale do Rio Doce e tantas outras empresas. Isso não significa que sou petista.
Lembra do mendonção dizendo que “não tenho culpa se meus filhos são inteligentes…” ao justificar os milhões ganhos da noite para o dia na privatização das TELES.
Moço, o PSDB conseguiu ressuscitar a ARENA ao colocar Lembo e Kassab no comando de SP.
Voltemos a CPMF: A CPMF identificaria os milhões movimentados na época das privatizações. Por isso os magnatas querem acabar com ela.
PS: Não esqueça que quem inventou o Valerioduto foi o PSDB, em Minas.
Fausto,
Você pediu para o Lula explicar porque pagou a dívida com o FMI quando o dólar estava a 3,20. Se pagasse agora com o dólar a 1,75 a economia seria excelente!
Pergunte ao Príncipe FHC porquê ele não pagou a dívida na época daquela cotação cretina e mentirosa da época da reeleição?
A economia seria excelente, não?!
Plinio,vc que me parece muito bem informado,poderia me responder,pq tanto empenho pra CPMF,e nada para criar o Imposta sobre as grandes fortunas.
raul.
chega de mentira! chega de exploração do povo brasileiro!
é tanta taxa, que penso ser melhor morar na porta do banco prá ver a quantas anda tanto imposto e tributos.
qdo vc menos espera, tá devendo pq a cpmf caiu na conta, o iof e outros efes da vida.
vivas ao psdb!
o pt, saudações!!!!! que vergonha! cuspindo no prato que comeu!
diz não diz, agora é o gás a bola da vez.’não compre carro a gás! não presta’
faça-me o favor!
espero que não cobrem imposto do ar.
Mesquita,
Não sou bem informado, apenas palpito. As grandes fortunas financiam campanhas…Portanto, nenhum candidato profissional vai meter a mão nesta cumbuca.
Moro em Peruíbe, uma cidade pequena, sem grandes pretensões, mas mesmo assim, o último candidato (eleito) a prefeito declarou 4 milhões de gastos na campanha.
Acho que é hora da gente para com esta besteira de PT, PSDB. PTB… XPTO e tomar as rédeas do país. De que jeito? Não sei. Aceito opiniões.
…Interessante esta lembrança do Imposto sobre as grandes fortunas. Lembro-me bem que qdo. era senador, o Príncipe FFHH, deu uma longa entrevista para um grande jornal de São Paulo dizendo que tinha um projeto assim. Depois, qdo. presidente, só lembrou de privatizar as estatais a preço de banana, chamar aposentado de vagabundo ( só lembrando que FFHH aposentou-se da USP com 37 anos…), declarar, ” esqueçam o que escrevi”, lutar p/ passar seu projeto pessoal de reeleição, etc. Mas também o sr. Lula disse, ” nunca fui de esquerda”, entre outras bobagens. Parece que o poder causa alguma mudança de personalidade nas pessoas. Algo p/ ser investigado com carinho pelos estudiosos da mente humana. É isso! Abs. PS: o general comandante do Exército disse que as forças armadas não estão aparelhadas p/ defender o País. E é verdade! Pq. será que os presidentes civis resolveram sucatear tb. as forças armadas? Será que esqueceram que o Brasil tem dimensões continentais, logo precisa de uma força de defesa bem equipada?
Essa posição me parece absolutamente demagogica. Já estive no PSDB (desde sua formação, qdo. era conhecido como MUP – Movimento de Unidade Progressista)e também passei pelo PT, no entanto cheguei a conclusão que existem pessoas confiáveis em todos os Partidos, assim como existem os calhordas. Também é verdade que sou contrario a CPMF. Porém a atual posição do PSDB me parece demagógica a partir do momento que a CPMF já existia antes do (des)governo LULA; este apenas permaneceu “mamando” como o governo FHC já havia feito. Por que o PSDB não apoiou a idéia da extinção da CPMF, durante o governo de FHC? Por que quando houve a proposta de extinção da CPMF, durante o governo FHC, o PSDB não foi favorável, ao contrário, foram os primeiros que se posicionaram que se a CPMF não fosse porrogado a saúde entraria em colapso (?)…
Eu não entendo esse tipo de fazer politica. O que defendo quando sou governo, ataco quando estou na oposição. Absurdo
Recebi do Senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), o seguinte extrato do seu discurso no Senado, sobre a posição dos senadores tucanos em relação a CPMF, proferido no dia 6 de novembro de 2007:
“Sr. Presidente, faço um rápido histórico das tratativas que hoje encerramos a respeito da CPMF.
O PSDB, primeiro, disse que não é de nossa índole não negociar, e negociamos. Fomos, com muita humildade, três vezes ao Ministério da Fazenda, sob críticas. A coisa que eu mais aprecio, o que mais me fascina é a liberdade de imprensa, mas causou-me estranheza o fato de um jornal determinado, ou alguns jornais, em editoriais, cobrarem que nós fizéssemos o que estávamos fazendo, a negociação, e nas páginas internas nos criticarem porque estávamos negociando. Eu dizia: “Não. Vale a pena, não me importo com criticas”. Eu lutei muito para que raiasse o sol da liberdade neste País e, portanto, ser criticado é bom, isso só toma conta de nossas atuações, só nos faz tornar mais vigorosa a crença na democracia.
Valeu a pena negociar, Sr. Presidente, não me arrependo em nenhum minuto disso.
Nós propusemos mais recursos para a saúde, e o Governo, atendendo muito menos aos Senadores do PSDB e muito mais à Frente Parlamentar da Saúde, propôs, em uma tentativa meio medíocre, meio canhestra, tentando vincular à aprovação da CPMF – isso não poderíamos aceitar, nada que se parecesse com chantagem -, mais quatro bilhões em 2008, mais cinco, mais seis, ultimando neste Governo presumivelmente. Em 2011, pulava para nove, com vinculação ao piso. Achei pouco responsável isso, e minha Bancada achou isso pouco responsável também.
Ainda hoje, negociando com o Ministro Mantega, dissemos: “Vamos fazer seis, seis, seis e seis, porque as pessoas que estão morrendo por falta de atendimento médico-hospitalar não vão esperar 2009, quando haverá mais dinheiro, para morrer. Elas morrerão agora, neste momento, neste minuto”.
Nós propusemos o enquadramento da União nos rigores da Lei de Responsabilidade Fiscal, e isso o Governo aceitou. O Relator é o Líder do Governo, Senador Romero Jucá, e, com muito pouco ajuste, essa é uma matéria que, com ou sem acerto, teria mesmo de ser votada, porque é boa para a própria credibilidade do Brasil no exterior.
Propusemos um redutor nos gastos públicos equivalente a 0,2% do Produto Interno Bruto brasileiro – pode parecer pouca economia no curto prazo, mas, no médio e no longo prazos, não é. Isso, em lei, impediria a gastança desenfreada que o Governo vem fazendo. O terceiro ponto foi esse.
Propusemos desonerações outras de impostos, não chegando ainda na CPMF, e o Governo nos respondeu com insuficiências. Em outras palavras, o Governo não meteu a mão no bolso do Governo, ele prefere continuar metendo a mão no bolso do contribuinte.
Fez mais um certo manejo de fluxo de caixa do que propriamente renunciar a recursos que deveriam sair do seu caixa para serem injetados na economia sob a forma de desonerações de tributos num País que tem uma carga tributária altíssima, insustentável ao longo do tempo.
Chegamos, então, Ã tão decantada CPMF. Nós cobrávamos a redução progressiva da alíquota, e hoje mencionamos isso de novo. O Governo se fixou na proposta que, no começo – vamos ser honestos -, até foi vista com bons olhos por nós, a proposta de desonerar, aumentando a faixa de isenção das pessoas físicas brasileiras.
Isso não resolvia a questão – hoje eu vejo -, porque não mexe com o processo produtivo, ou seja, continua a CPMF onerando o processo produtivo brasileiro nas empresas. Todo mundo paga CPMF, até quem não tem cheque, como talvez seja o caso de um motoboy: tudo o que ele consome tem CPMF no meio, inclusive a moto que ele dirige tem CPMF no meio. As pessoas pagam CPMF e outros impostos direta ou indiretamente. Este é um país onde as pessoas são tributadas de maneira muito cruel.
Depois, nós vimos que o Governo estava desonerando essa coisa do Imposto de Renda muito em cima dos Governadores, e o PSDB tem Governadores que dirigem 51% do Produto Interno Bruto brasileiro. Ou seja, fazendo uma suposta bondade no Imposto de Renda, estava diminuindo a participação dos Governadores e dos Prefeitos no Fundo de Participação dos Estados e Municípios.
O Sr. Mão Santa (PMDB – PI) – Imposto de Renda e IPI.
O SR. ARTHUR VIRGÃLIO (PSDB -AM) – Perfeitamente. Agradeço o auxílio do Senador Mão Santa.
E havia outro item. Nós dizíamos: “Muito bem. Não abrimos mão de uma reforma tributária verdadeira”. Colocamos, no início da negociação, que, como exigência, aceitaríamos a prorrogação da CPMF por um ano apenas, para que, nesse ano, o Governo se visse obrigado a aprovar uma reforma tributária de verdade. O Governo diz, e até compreendo as razões do Governo, que não tem tempo até o final do ano. Compreendo isso, mas nos coloca na obrigação de confiarmos nele, Governo; ou seja, temos que confiar que o Governo, com os bolsos cheios do dinheiro da CPMF, prorrogada por três anos, vai fazer uma reforma tributária. Eu teria que ter uma credulidade – e o meu Partido também – maior do que a da velhinha de Taubaté para acreditar que isso possa ser algo tão verdadeiro. O Governo não soube nos dar os mecanismos de cumprimento dessa sua palavra empenhada.
E ainda houve algo, Sr. Presidente, que causou um profundo mal-estar na nossa Bancada, a Bancada que tem a honra de ter em V. Exª um de seus membros mais ilustres, corretos e combativos: a tal discussão sobre o terceiro mandato.
Hoje, eu vi o Presidente do PT, Deputado Ricardo Berzoini, ser muito incisivo, dizendo que estava na hora de colocar um ponto final nisso. Mas eu esperava algo incisivo assim do próprio Presidente Lula. Isso não pode prosseguir. O Presidente Lula diz que é inoportuno, que não é hora, que não é bom, que isso só serve à oposição, mas ele não fala como falaria Ulysses Guimarães. Ele não tem falado como o líder civilista que eu queria ver nele, dizendo algo bem simples, duas frases: “Dia 31 de dezembro, à meia-noite de 2010, é meu último momento na Presidência da República. No dia 1º de janeiro, passo a faixa para o Presidente eleito no meu lugar, pertença a que partido pertencer, em nome da democracia brasileira”. Não ouvi nada incisivo como isso.
Ainda ouvi uma história que dizem que ele não disse, dizem que ele disse, enfim, mas está nos jornais, de que teria feito uma comparação entre Margareth Thatcher e Helmut Kohl, que teriam tido sucessivos governos e ninguém teria reclamado desses governos sucessivos; e que Chávez quer um pouco mais de governo e aqui estaríamos reclamando. Não sei se ele se traiu, se foi um ato falho ou simpatia por Chávez, sei lá, mas o fato é que ele confundiu presidencialismo com parlamentarismo.
No parlamentarismo, é possível ter 1.555 governos se for essa a vontade do eleitorado, pois é um sistema de governo completamente diferente deste. No presidencialismo, quem tem tantos mandatos assim vira rei, vira monarca e não queremos estabelecer monarquias absolutistas aqui no Brasil, nós que nos insurgimos contra monarquias absolutistas em qualquer lugar da América Latina, a começar por essa que se implanta na Venezuela do Sr. Chávez. Então, não houve isso, mas se criou um certo mal-estar. Uma coisa não tem nada a ver com a outra? Pode não ter, mas criou um certo mal-estar.
Reunimos a nossa Bancada hoje depois de o Presidente Tasso Jereissati ter tido o bom sendo de suspender a reunião da Executiva, até para os Senadores se acertarem e acertarem as suas posições. Reunimos a Bancada no nosso almoço semanal e, num debate muito franco, onde todo mundo falou, terminamos consensualizando, sem vencedores e sem vencidos, que devíamos nos retirar dessa negociação e anunciar o voto do PSDB contrário à aprovação do imposto do cheque, da CPMF.
Estavam presentes o Vice-Líder da Minoria, representando o Líder da Minoria, Deputado Zenaldo Coutinho; estava lá o Vice-Líder, Paulo Abi-Ackel, que, inclusive, junto conosco, comunicou a decisão da Bancada ao Governador Aécio Neves; e estava conosco o Líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Deputado Antonio Carlos Pannunzio, que, representando a opinião dos seus liderados, dizia a nós outros que o caminho correto era não aprovarmos o imposto do cheque. Tudo isso pesou. Comunicamos, em seguida, ao Governador José Serra, assim como já foi comunicado ao Governador Cássio Cunha Lima. E estamos comunicando a praticamente todos os nossos Governadores – acho que já comunicamos a todos, tenho a impressão – a decisão que a Bancada tomou.
Levamos em conta os interesses dos Governadores? Levamos. Tanto que refugamos a proposta que tirava dinheiro deles. O Governo propôs alguma coisa dentro do que os Governadores gostariam de ver realizado? Não. Não propôs nada, nada que significasse efetivo descarte de recurso federal na direção de Estados e Municípios. Nada.
O Governo, por outro lado, desonerou ou se propôs a reduzir a carga tributária de maneira sensível como cobrávamos e exigíamos? Não, não fez. O Governo atendeu a pedidos nossos, como, por exemplo, aquele de suspender aquela tal contratação de 60 mil pessoas no ano eleitoral, no ano que vem, em 2008, isso depois daquela frase infeliz do Presidente Lula, quando diz que choque de gestão é nomear servidores públicos? Choque de gestão é produtividade; choque de gestão é competitividade; choque de gestão é investimento em capital intelectual; choque de gestão é investimento em laboratório de ciência e tecnologia; choque de gestão é ajuste fiscal pelo lado do corte de gastos. Isso é choque de gestão.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nossa decisão foi tomada. E mais, na minha fala – V. Exª se recorda disto -, Senador Edison Lobão, coloquei que amanhã o Presidente Lula poderia desencadear uma campanha dizendo “eles foram responsáveis por isso, por aquilo e por aquilo outro”, e perguntei se os companheiros estariam dispostos a enfrentar tal coisa. Todos os companheiros disseram que estavam dispostos a enfrentar isso.
Agimos de acordo com o que era a consciência da Bancada. Mas vou dizer uma opinião muito pessoal minha: se o Governo é perdulário, tem 37 Ministérios, quer contratar 60 mil pessoas no ano que vem, não pára de gastar em tolices, em futilidades, não há dinheiro que chegue, e o Governo é mesmo dependente de impostos e mais impostos. Mas, se o Governo se adequasse a um rigoroso corte de gastos públicos, refizesse o espectro dos seus Ministérios e, aí sim, desse um choque de gestão neste País, vou vaticinar, Senador Alvaro Dias, que, sem a CPMF, o Presidente Lula poderia governar o País muito melhor. E mais, Senador Mão Santa, Senador Edison Lobão, poderia fazer o Brasil crescer a taxas de crescimento positivo superiores à quelas previstas pelos órgãos que calculam o crescimento econômico brasileiro. Não tenho dúvida alguma. Afinal de contas, dizia ainda há pouco o Senador Tasso Jereissati, e com ele me ponho de acordo: o Governo desonera uma economia do tamanho da do Brasil em R$40 bilhões. Este Governo, longe de entrar em depressão, pode entrar em euforia, porque vai passar, inclusive, um clima psicológico muito bom para empresários e para investidores.
E, finalmente, acredito que negociação começa com verdades e deve terminar com verdades. Temos dados técnicos muito confiáveis, que projetam uma CPMF não de R$40 bilhões, como o Governo é obrigado a admitir, ele que começou trabalhando com R$36 bilhões, R$37 bilhões, e já admitiu R$40 bilhões. Os dados técnicos de que dispomos projetam uma CPMF de R$41,5 bilhões. Ou seja, o Governo queria desonerar apenas R$2 bilhões no imposto do cheque. Ele calculava com R$40 bilhões, mas, na verdade, ia ter R$41,5 bilhões. Logo, ele queria desonerar apenas R$500 milhões. Ou seja, uma negociação que não teve, no PSDB, a figura do mercador persa, que fica deteriorando o valor do objeto do outro para comprar barato. Respeito todo mundo que trabalha com honestidade, mas tenho antipatia por aquele comprador de carro que vai comprar o seu carro e começa a demoli-lo; o seu carro não presta, mas se você for comprar o carro dele é o Rolls-Royce que transporta a Rainha Elizabeth quando ela vai passear no Hyde Park. Aí é uma coisa complicada. O meu não vale nada; o dele vale muito.
Gosto de uma negociação muito simples, em que se coloque o interesse brasileiro acima de tudo. Não apresentamos uma pauta fisiológica, não pedimos cargos, não pedimos nada para nenhum dos membros da Bancada tucana, não pedimos nada de pessoal; fomos impessoais, negociamos em nome do País. E mais, se o Governo nos atende plenamente no que pedimos, não só teria a CPMF aprovada nesta Casa, como ainda teria a capacidade de fazer a economia crescer muito mais do que ele possa fazer crescer pelo jeito perdulário com que governa a Nação brasileira.
Portanto, é com a consciência muito tranqüila que nos retiramos dessa negociação, muito tranqüila; com a consciência de quem cumpriu o dever. Fomos criticados porque negociávamos. E eu digo, meu Deus, vão me criticar muito mais porque, enquanto eu tiver vida e tiver vida pública, jamais vou me recusar a ouvir e a negociar, ainda que possa não dar em nada. Mas é a índole do democrata que não vai ser superada nunca pelas vozes obscuras do autoritarismo. Nunca!
E, por isso, presto contas à Casa e à Nação, neste início de noite, do esforço que fizemos. Que ninguém acuse o PSDB de ter sido intransigente, que ninguém acuse o PSDB de não ter ouvido, que ninguém acuse o PSDB de não ter proposto, que ninguém acuse o PSDB de não ter sido humilde. Ele se dirigiu, com seus próprios pés, três vezes, para um próprio do Governo Federal para negociar na sala do Ministro Mantega, que, aliás, nos tratou com enorme fidalguia. Não tenho qualquer queixa pessoal de S. Exª, o diálogo se deu sempre em alto nível. Por três vezes, fizemos isso. E teríamos feito por 333 vezes, se fosse necessário, em nome do País.
Quando vimos que o Governo não se abalança a desistir dos tais 60 mil funcionários novos, quando o Governo não se abalança a reduzir a carga tributária para valer, digo: “Não, não temos o que discutir mais aqui”. Temos realmente de agradecer a hospitalidade do Ministro e dizer, com clareza, para a Nação que a posição tomada pelo PSDB foi com base na autonomia da sua Bancada, na legitimidade da decisão que incumbia ser exposta ao coletivo da nossa Bancada por cada um dos seus membros.
Portanto, que fique bem esclarecida a posição e, sobretudo, a intenção com que agiu o nosso Partido.
Era o que eu tinha a dizer.
Muito obrigado, Sr. Presidente.”