27 anos de idade hoje em dia significa mais de 1/3 da nossa expectativa de vida. Dói testemunhar perdas prematuras como a da morte da cantora Amy Whinehouse. Surpreenderia se Amy conseguisse viver muito mais com os seus usos e costumes, mas ninguém torcia pela sua vida breve. Não foi o melhor exemplo para os nossos filhos, tal qual ídolos nossos que tiveram o mesmo destino e também se foram aos 27 anos, como Janis Joplin, Kurt Cobain, Jim Morrison e Jimi Hendrix. Compreendo a realidade. Incluo-me entre aqueles que não optaram pelo uso das drogas, atento às informações e percepção do meu meio ambiente. Por isso acho que faz todo sentido FHC despertar o Brasil e o mundo para a organização e tratamento desse destino. Vida breve não faz sentido!
As primeiras informações sobre a morte de Amy Winehouse pareciam boatos. Quando se fala que a fonte é um jornal inglês, com os escândalos das escutas nos últimos tempos, a dúvida precipita. Mas não demorou muito para que todas as mídias confirmassem e explodissem a notícia. Tão jovem para ir embora, caminhando e cantando aos tropeços ao encontro dos anjos no céu.
Tenho um filho dessa geração. Vai completar 28 anos na semana que vem. E já definiu o seu caminho, sabe para onde vai e como deve sobreviver nessa passagem encarnada, criativa e produtiva. Amy soou nos meus ouvidos como um encanto, logo na primeira vez que a ouvi cantar. Não consegui associar aquela voz com a figura psicodélica que personificava. Parecia (e)terna.
De que valerá agora saber sobre a sua natureza de ave errante, seus laços frouxos com o cotidiano, se durante todo o tempo da sua expressão instantânea, foi impossível esconder a preocupação com os nossos jovens e adolescentes baladeiros? Droga e bebida tão cedo, com a exibição desumana de Amy nos palcos, serviram de alguma coisa para mudar os comportamentos dos que estão próximos de nós?
O debate posto por FHC sobre a descriminalização das drogas não poderia ficar para depois. Danem-se aqueles que não têm filhos sujeitos ao uso e à dependência do que faz mal à saúde. Quero futuro com o barulho das vozes dos meus filhos, como música e as melhores perspectivas…
Também tenho filhos com 27 anos e, como todos e apesar de esperarmos esse resultado, ficamos chocados. Penso que a morte de Amy tem muito a ver com a falta de perspectivas da juventude e sua imbricação com a tecnologia, o excesso de informação vaporosa e sem foco, e também a globalização. Independente das drogas, somos vítimas desse sistema perverso, que nos rouba os jovens da ideologia para alça-los aos milhões nos picadeiros da música sertaneja, do axé, do funk etc… Mas, isto é tema para outros escritos seus amigo Raul.