O PSDB perdeu um jovem fundador e militante: Biléo Soares ou, para muito poucos, Gilberto Celestino Brásio. Tive a alegria de conhecê-lo quando fui apresentado ao grupo de Campinas, cujas maiores expressões políticas do partido estavam representadas pelos saudosos José Roberto Magalhães Teixeira, o “Grama”, e Paulo Renato Costa Souza. Biléo, como eu, era um soldado, um militante dedicado e passional com as causas da inventada social-democracia brasileira, desde a fundação do PSDB em 1988.
52 anos de idade representa a metade da expectativa de vida do homem, como faz questão de explicar sempre, teoricamente, o governador Geraldo Alckmin, citando Platão, para quem o ensino devia durar 50 anos e somente depois de ter passado por todas as provas estaria pronto para servir à sociedade. Biléo desde a juventude misturou a busca do conhecimento com a repartição das suas ideias com figuras exponenciais da política na região de Campinas, São Paulo e o Brasil.
Formado em Direito, dessa condição extraiu o senso de justiça que o acompanhou a vida inteira. Biléo era uma pessoa doce no trato com os seus comuns, mas não conseguia controlar o vulcão guardado em seu peito quando a vitamina de uma causa exigia o posicionamento firme do militante indignado. Alguém que sabia ouvir e era bastante ouvido pelas suas experiências e convivência histórica com as atividades partidárias e a necessidade de manter as ideias sempre rejuvenescidas.
Lutou contra diferentes tipos de câncer nos últimos seis anos, mas ainda assim participou ativamente dos trabalhos na Câmara Municipal de Campinas, onde cumpria o seu segundo mandato como vereador (elegeu-se a primeira vez em 1992, cumprindo os seus compromissos até 1996; e a segunda, em 2008, até o dia da sua morte, em 6 de dezembro de 2011), que resultaram na cassação do prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT) e na instauração de uma comissão processante que também pode cassar Demétrio Vilagra (PT), o sucessor na Prefeitura.
Quando soube da sua partida, por uma mensagem SMS do PSDB de São Paulo, tive a mesma reação da época em que assessorava o ministro Paulo Renato (Educação), em Brasília, no ano de 1996 e fui um dos primeiros a saber da morte do prefeito Magalhães Teixeira. Um choque semelhante, mesmo sabendo dos antecedentes de doença grave de ambos.
Não esperava que Biléo fosse vencido. Na verdade torcia para que ele saísse vitorioso também no enfrentamento dos males contra a sua saúde. Mas enxergo um privilégio dele nesse embarque precoce. Biléo foi reencontrar seus velhos amigos e companheiros – Grama, Franco Montoro, Mário Covas e Paulo Renato. Não tenho dúvida que, de onde estiver, com os exemplos que nos deixou, àqueles que mantém vivo o velho espírito militante dos tempos em que buscávamos, com muito ímpeto, a volta da democracia no Brasil, sorrirá o companheiro Biléo Soares, como no início e sempre…
Fica em paz, Companheiro!