Costuma-se dizer que o ano novo começa depois do Carnaval. Relendo os jornais dos últimos dias, o primeiro acontecimento mais importante de 2008, a meu ver, é a remessa de um novo projeto de reforma tributária para o Congresso Nacional. Não temos a noção do seu conteúdo, mas os comentários dão conta que funcionará como um "Cavalo de Tróia", embutindo um imposto para cobrir a falta da CPMF. Em seguida, virão os limites para saques com cartões corporativos pela equipe do governo Lula, a nova operação contra o desmatamento da Amazônia, a medida provisória da TV Pública, a revisão das indicações do PMDB para o setor elétrico, as definições políticas para as eleições municipais e o próprio campeonato paulista (como vão mal os nossos times, diga-se de passagem).
Nessa mistura de agenda institucional, política e social, o Brasil verá o emprego da energia do governo para tentar aprovar o orçamento da União e ainda um pacote de impostos, necessitando cooptar mais parlamentares para a sua base e não ter surpresas como na votação da CPMF.
Logo, até quando seremos obrigados a achar natural o uso político de emendas orçamentárias, a descontinuidade de políticas públicas essenciais para a consolidação da cidadania, a falta de planejamento para a execução dos contratos e das obras de infra-estrutura do PAC, a desmoralização do Congresso Nacional, enfim?
O interessante nessa tradição é que o Brasil parece adorar o adiamento das coisas mais sérias, porque assim ele oferece uma chance de escolha da melhor fantasia para o resto do ano. Todo ano há um mea culpa por conta dos entraves burocráticos para justificar ações atrasadas no cumprimento de metas governamentais, por exemplo. Convivo com agentes públicos que já perderam a capacidade de se decepcionarem com a ineficiência administrativa. Chegam a aplaudir algumas falas superficiais de que os governos servem apenas para atrapalhar.
Há que ter governo e coragem de mudar as coisas. Por isso vejo com bons olhos a remessa do novo projeto de reforma tributária, acreditando na mesma compreensão dos setores produtivos, que clamam pela redução da atual carga tributária. É sabido que se o governo fizer o quê deve na área fiscal, será possível conter o aumento dos impostos e em seguida reduzí-los. O setor produtivo conhece o seu papel e o governo poderá se concentrar nas suas políticas públicas. Mas isso tem preço, ainda que sem prazo para entrega, apenas como uma reflexão para o Carnaval.
O resto não é perfumaria, compõe pauta!
Caríssimo Raul,
Você já viu em nossa história, recente ou não, os impostos baixarem?
Você acredita que com esta arrecadação que bate recorde atrás de recorde, que faz com que o Governo Federal possa estourar suas contas e ainda conseguir ser superavitário, alguém vai querer mudar este círculo “corruptozo”?
Vamos ter fé!
Amigo Raul,
Realmente a situação do nosso País somente é discutida após o carnaval, o qual podemos dizer de passagem: perdeu todo o seu significado cultural, histórico e religioso para literalmente virar uma grande balbúrdia.
As suas colocações são pertinentes e esperançosas, mas o vasto material divulgado pela imprensa e por organismos internacionais demonstram o contrário, por exemplo:
O relatório “World Economic Forum”, referente a 2006 e 2007, aponta o Brasil em último lugar no que se refere à carga tributária e, penúltimo, em relação à regulamentação governamental. Ou seja, a carga tributária do Brasil é a MAIOR DO MUNDO e não existe a contrapartida nos serviços públicos – como todos já são sabedores!
A questão ambientalista que envolve a Amazônia no quadro do aquecimento global já repercute no resto do mundo, dando conta de que o Governo Brasileiro não conseguirá preservá-la.
O uso dos cartões corporativos, (já tema do seu blog), foi teoricamente regulamentado, mas como constatamos os absurdos com o dinheiro público continuará – e a cara de pau de alguns políticos também: uns compraram até tapioca, outros como a ministra Matilde (atualmente de férias) continua a gastar por conta – DINHEIRO PÚBLICO.
Assim, Raul, não há interesse real dos governantes em mudar nada. Algumas alteração são feitas apenas quando a imprensa investigativa denuncia, caso contrário a MAMATA permanece no “status quo”. O que vale para muitos deles é o dinheiro no bolso, obviamente o dinheiro do povo!
ORDEM E PROGRESSO. ORDEM na hierarquia, quanto maior o cargo maior as vantagens ilícitas e PROGRESSO no patrimônio particular apenas. Este é o Brasil.
Ernesto Donizete da Silva
PSDB/SANTOS
Caro Raul,
Gostei muito do seu último artigo publicado no jornal “A Tribuna” de Santos; e também gosto muito de acompanhar o seu blog. Saiba que admiro muito você, a sua postura como homem público – um verdadeiro Republicano, como nos tempos do grande Prudente de Moraes – e as suas idéias. Parabéns e sucesso.
Um forte abraço,
Sidney Vida
Raul, nosso partido só funciona depois do carnaval por que não o governo, algo de “novo”?, sobre a reforma eleitoral(…) nem fazemos a lição de casa o que dirá a Nação?. Sem querer fugir ao tema de novo vemos o velho, no demais só mesmo a falta de estrutura bipartite na partite legis em especifico. LU-CU