Blog do Raul

Baixada mal educada !?

Para a surpresa geral e muitos narizes torcidos, o resultado de estudo da Fundação Getúlio Vargas, publicado com exclusividade neste domingo, pelo jornal O Estado de São Paulo, é um soco no meio do estômago da Baixada Santista. Ele revela que a região é a menos eficiente na aplicação dos recursos em educação (15.º lugar entre 15 regiões do Estado), com um desperdício de 32,6% dos investimentos. Amarga também o último lugar no Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, que avalia a qualidade das escolas públicas brasileiras, medindo o desempenho dos estudantes das redes públicas de 4.ª e 8.ª séries em português e matemática, bem como o índice de aprovação.

Nesse diagnóstico, a Baixada Santista expõe uma situação delicada, com problemas enfrentados devido à falta de professores e à alta repetência. Esses resultados não representam a opinião unânime de especialistas em avaliação educacional, que contestam o fato de deixar a impressão de que existe apenas um modelo para o ensino eficiente, apesar do mérito de inovar com a análise da gestão dos gastos. Foram avaliadas 404 cidades paulistas, por oito professores da FGV, do Centro de Estudos de Política e Economia do Setor Público. Busque a matéria "Litoral é menos eficiente nos gastos", no www.estadao.com.br .

Esses números desmontam os argumentos que a educação no Brasil só será melhorada quando houver uma injeção de recursos mais significativa. A Constituição Brasileira obriga os Estados e os Municípios a reservar e investir, no mínimo, 25% de seus orçamentos para a Educação. Além disso há uma luta permanente pela elevação dos atuais 4% do PIB nacional, mas os últimos resultados indicam o contrário: falta melhorar a gestão dos recursos, construindo mais escolas, qualificando professores e diretores, reforçando aulas.

Ao invés de chocar os dirigentes e as classes políticas locais, o momento eleitoral deveria responder com o compromisso dos atuais candidatos a prefeitos e a vereadores da região, e de outras regiões com desempenho fraco, de apoiar e de buscar a melhoria no desempenho futuro, com os Planos Municipais de Educação. O discurso do presidente Lula e do seu ministro Fernando Haddad reforçam a intenção do destino dos royalties do petróleo, guardado sob as camadas do pré-sal, para a educação.

Tudo muito fácil, sem que a "galinha botasse o ovo", pelo menos. A receita, conforme a FGV, está no esforço concentrado pela melhoria da qualidade do ensino, com o uso mais eficiente dos recursos que já estão disponíveis para o setor.

Compartilhe

15 comentários em “Baixada mal educada !?”

  1. Julio Penin

    Oi Raul,
    Que surpresa. O nosso bairrismo algumas vezes faz com que deixemos de ver a realidade. Só existe uma maneira de resolver essa situação que é o envolvimento de toda comunidade focando a solução desse problema. Não acredito em forças mágicas, mas sim na convocação das forças vivas e pensantes capitaneadas pelo poder público. É nessas horas que se separa os laboriosos do bem comum, dos falastrões. Mãos a obra.

  2. Orlando Moreno

    Isso é um fato que tenho presenciado todos os dias. No projeto Teatro a Bordo tenho realizado apresentações teatrais em praça pública por quase todos os bairros de Santos e em um dos espetáculos quando faço algumas perguntas para a platéia, a maioria de crianças com uniformes escolares, perguntas simples como por exemplo; Quem assinou a lei áurea? Ou o marechal Deodoro proclamou a re…?
    Aparecem respostas das mais inusitadas ou o pior o silêncio predomina por completo. Outro dia uma menina de 10 anos lá da Zona Noroeste, me saiu com a resposta de que o tal Deodoro proclamou a “re…putação” Imaginem o Deodoro proclamando a reputação.
    O que é grave é que em outras cidades isso não tem acontecido, perguntas desse gênero são respondidas em uníssono sem pausa, mostrando o quanto é fraco o ensino por aqui, apesar da energia e criatividade dos alunos ser a mesma, própria da criança nessa idade.
    Como o amigo Raul bem disse considero fundamental cada vez mais aliar o esforço em melhorar a qualidade de ensino uma prioridade, mas não é só isso, acho fundamental cada vez mais aliar a arte, o auxílio do teatro educativo de boa qualidade contribuindo também para essa luta. Certa vez em Florianópolis uma professora de escola pública disse que para ela conseguir o mesmo resultado com as crianças que aquela apresentação teatral de uma hora tinha conseguido, ela precisaria de no mínimo um ano de sala de aula.
    E isso é um fato .Parabéns pelo assunto Raul …como sempre muito pertinente e antenado com os reais problemas desse país.
    Um abração

  3. André Caetano

    Embora esse tipo de divulgação cause um certo desconforto as vésperas de eleições municipais, seria importante os dados de cada município fossem colocados à disposição do eleitorado da Baixada Santista. Muitas vezes seja questionável o montante de verbas públicas à disposição dos orçamentos de educação em cada cidade brasileira, é preciso ter uma visão mais concreta a respeito de seu desperdício. Nem tudo que se planeja consegue, na prática, chegar até a sala de aula. Então, o processo ensino-aprendizagem (que deveria ser priorizado numa perspectiva de educação com qualidade) fica em segundo plano, a despeito da burocracia.

  4. José Guido Fré

    Raul,
    Não sou educador e não tenho veleidades a sê-lo. No entanto, o que me leva a comentar esta postagem é o fato de, para mim, não haver qualquer surpresa sobre a qualidade do ensino, espelhada na falta de conhecimento dos alunos.
    Melhor explicando: quando fui alfabetizado por minha mãe, aprendi que “b + a = ba”. E, no Grupo Escolar “visconde de São Leopoldo”, aprendi a seqüência na Cartilha Sodré. Havia caderno de caligrafia, havia cópia, havia leitura, havia canto orfeônico, os cadernos de aritmética tinham folhas quadriculadas e, sobretudo, havia disciplina.
    Quando meus filhos foram para a escola perguntei à minha mulher, professora da rede estadual, se tais metidos ainda existiam. Para minha surpresa, fui informado de que fora criado um novo sistema de ensino, baseado numa coisa chamada Construtivismo, que vem a ser o seguinte: não importa o quê ou de que forma a criança fale ou escreva. O que deve prevalecer é a intenção da comunicação. Se não me falha a memórias esse tal método é de uma pedagoga chamada Emília Ferreiro, elevada aos píncaros da glória por afirmar que a criança deve aprender com o que estiver ao seu alcance, ou o que for relativo ao seu ambiente.
    Sob este prisma, meu caro Raul, ao invés de “ca + sa = casa” , o aluno vai aprender a escrever palavras como “mano”, “magrela”, “sinistro”, “maneiro”, entre outras pérolas. E, quando for prestar o exame para algum cargo na Petrobrás, vai afirmar que “o petróleo apareceu há muitos séculos, numa época em que os peixes se afogavam dentro d’água”.
    Forte abraço
    Guido.

  5. RAIMUNDO ROSA , BRASIL .

    E realmente isso não e bom , eu sempre falo se o setor publico não dar o exemplo imagina o setor privado isso e em todas as areas .

  6. Elaine Silva - Administradora

    Raul,

    Faz tempo que o ensino é péssimo. Fiz magistério 18 anos atrás e, tinha colegas de classe que mal sabiam separar sílabas. Hoje, muitos professores continuam sem saber direito o que têm a fazer. Com isso, as crianças são ensinadas de forma insatisfatória e, chegam ao nível médio com várias dificuldades de aprendizado, de compreensão de textos, enfim, sem a mínima condição. Mas, parece-me que o assunto é novidade! Precisa-se de uma pesquisa para apontar tal deficiência! Lamentável.

  7. CATARINA FURTADO

    O município de Santos teve em 2005 o seu IDEB em 4,2 e em 2007 5,0, realmente ainda nossos alunos estão em desvantagem quando pensamos sobre o seu futuro pessoal e profissional. Mas os problemas da educação são muitos, não apenas a metodologia aplicada ou as horas em que o aluno permanece na escola. Em 2007 o IPAHT fez uma pequisa com os professores da região, a maioria expôs gostar de seu trabalho. Porém este é um trabalho que necessita de atualização e pesquisa constante, visto que não aprendemos todos da mesma forma, mas como esperar que nossos educadores pesquisem se estes normalmente trabalham em no mínimo em duas escolas com uma jornada de dez horas diárias em sala de aula…
    A formação inicial do educador também é um grande problema, pois para educar é preciso despir-se dos preconceitos e ter uma visão de mundo muito abrangente e isto não se conquista na faculdade, este é um exercício diário e de diferentes leituras.
    Ter um educador comprometido é fácil basta dizer que sua profissão é um sacerdócio, mas ter um profissional capaz exige do poder público investimentos e principalmente mudanças na forma de tratar o educador e a educação.
    Todos já descobriram que o espaço escola e o tema educação rende votos, por isso mesmo buscam diminuir o “poder” dos diretores de escola – professores especialistas, transformando esta etapa da profissão em cargo político e eleitoreiro, como o projeto da Senadora Ideli Salvatti PLS 344-2007, no qual ela propõe que os diretores sejam escolhidos por eleições.
    A educação pública vai mal, mas pode piorar.

  8. Kátia Figueira

    Meu amigo Raul,

    Infelizmente a realidade é essa.Não adianta ficarmos procurando o real motivo, se a educação ainda é tratada com descaso e desrespeito. Pra começar deveria sim haver uma mudança no ensino dos educadores.Quando se fala em professor me vem a lembrança de minha querida professora de Literatura Antonieta, que me dizia que só escreve bem quem lê diariamente.Mas como cobrar dos alunos se os professores não gostam de ler, ou não tem tempo para lerem.Concordo com o amigo José Guido, assim como concordo com amiga Catarina.É preciso investir no professorado e mudar a política de ensino,buscando parcerias entre professores,pais,comunidade até chegar em nossos alunos.
    É preciso transformar a escola num espaço de interesse do aluno.Eu tenho dois filhos, e uma fez a prova do ENEM, e confesso que só lamentei o ensino que ela está tendo.Se uma atitude séria não for tomada,teremos muitas Rakelis andando por aí,matando a gramática.

  9. Toninho Oliveira

    Raul, apenas para confirmar o que voce afirma: O IPRS 2007 – que é o Indice de Responsabilidade Social, publicado pela Fundação SEADE/Assembleia de São Paulo, com base na metodologia do IDH, coloca os sete Municipios na seguinte situação, quando vemos o “ranking” do Indicador de Educação: Santos é o 12º, Mongaguá – 443º,Peruibe – 530º, Praia Grande – 544 º, Cubatão – 591º, Bertioga – 600º e Guarujá – 633º. entre os 645 Municipios do Estado. Detalhe: Dos sete Municipios temos 5 entre os mais ricos do Estado, segundo o IPRS.
    Realmente, é muto oportuna a reflexão sobre a aplicação desses recursos.

  10. Rafael Valdivia

    Caro Raul
    Educar-se para quê ? Qual o retorno social? Quem está interessado ?
    Estas são as questõs que se colocam as nossa crianças e jovens.
    Creio que nossa resposta não está adequada. O resultado é fraglante.Continue sua luta !
    Abraço

    Rafael Valdivia

  11. Claudio Alves de Amorim

    RANKING DA EFICIENCIA

    ColocaçãoRegião

    1ºBarretos
    2ºCentral de São Paulo
    2ºAraçatuba
    4ºSão José do Rio Preto
    5ºPresidente Prudente
    6ºRegistro
    7ºSorocaba
    8ºMarília
    9ºCampinas
    10ºBauru
    11ºGrande São Paulo
    12ºRibeirão Preto
    13ºSão José dos Campos
    14ºFranca
    15ºBaixada Santista

    Fonte: Fundação Getúlio Vargas

  12. Santos, 02 de Setembro de 2008.

    Exmo. Sr.
    José Serra.
    Governador do Estado de São Paulo.

    Prioridade Educação.

    Participamos da Audiência Pública para discussão da proposta orçamentária do Estado de são Paulo, realizada pela Secretaria Estadual de Economia e Planejamento, no dia 02 de Setembro de 2008 as 09:00 horas, rua XV de Novembro, nº 137, no auditório da Associação Comercial de Santos.

    Exclusão social.

    Milhares de trabalhadores de Santos e Região perderam os empregos com a modernização das empresas onde trabalhavam, ( Porto, Cosipa, Estiva… ) porque o poder publico se omitiu, não os preparando para a mudança.

    As escolas públicas estaduais não se modernizaram e piorou a qualidade de ensino. Dificultando a inclusão dos filhos desses trabalhadores no mercado de trabalho.

    Nos queremos uma escola pública nova, que ofereça: qualificação, ensino de qualidade, oportunidade, igualdade e prepare os alunos para o desenvolvimento.

    Para ter uma escola pública nova é importante a participação de todos os envolvidos com a educação, principalmente os alunos e comunidade, na apresentação e discussão de propostas. O poder público deve permitir e incentivar a participação, priorizando as mudanças.

    Propostas educação.

    Implantar cursos técnicos e profissionalizantes em todas as escolas estaduais.

    Oferecer alternativas para que os alunos descubram suas vocações e desenvolvam seus talentos

    Priorizar a educação, informatizar, ampliar recursos.

    Audiências Públicas visando um projeto novo para a educação. Incentivar a participação dos alunos.

    Escola Estadual Padre Bartolomeu de Gusmão. Bairro do Saboó, Santos.

    Tem 15 computadores, todos quebrados.

    No período da tarde não há aulas.

    Há menos de 12 classes no período da manhã e da noite.

    Ocupa um terreno de 5000 metros quadrados, mas não tem estrutura física que ofereça alternativas aos professores e alunos.

    O dia a dia da escola é tenso e preocupante.

    Solicitamos.

    Cursos técnicos e profissionalizantes.

    Projeto na estrutura física da escola que atenda demandas e amplie oportunidades.

    Profissionais especializados que atenda alunos com dificuldades. Ex. disciplina, relacionamento, aprendizado, saúde e outras

    Ginásio com toda infra-estrutura, que ofereça espaço para atividades culturais, esportivas, sociais, educativas.

    Mais informações: Blog – joaoinocencio.blig.com.Br

  13. Amigo querido, Raul Christiano

    Caramba o mal social, e/ou oficial, em alguns rincões do litoral é um fato estarrece*dor!

    Solidariedade ao Educador e Jornalista digno.

    Abraços fraternos
    Ivan Alvim

  14. Raul,
    Primeiro, vou em defesa da menina (anônima) de dez anos, moradora da Zona Noroeste, que segundo o Sr.Orlando Moreno, a mesma não soube responder a uma resposta simples como ele mencionou.
    Não podemos fazer colocações em forma de discriminação. Esse é um fato!
    Segundo, a avaliação foi para o Estado, e entre as l5 reg iões, a nossa, ficou em último lugar.
    Seria interessante que, os membros da Executiva do PSDB, propuzessem ao Prefeito Papa, já que estamos no governo e continuaremos e agora com o vice, que oferecesse a Secretaria de Educação, não podemos nos esquecer que o PSDB, teve o melhor Ministo da Educação, o atual Deputado Federal Paulo Renato.
    Não vou ficar só na área da Educação, aproveitando a deixa, que tal mais investimento na Saúde pública do nosso município que está muito ruim!
    Abs.

  15. Artur Domingues Pinto Filho

    Caríssimo Raul,

    Com a clara visão desta realidade tão preocupante (reforçada muito bem pelo Toninho Oliveira) fico a pensar como será nosso futuro, nestes municípios tão ricos em recursos materiais, mas com seus recursos humanos (que poderiam se tornar uma riqueza ainda maior no futuro) tão mal desenvolvidos e aproveitados. Chamo à atenção de que a qualidade de vida de uma comunidade está sempre diretamente ligada ao desenvolvimento e à educação de seus integrantes. Temos que agir já para que tenhamos uma infra-estrutura que permita mais eficiência nos serviços de educação e saúde, ou teremos um futuro triste e ainda muito mais violento nestes ricos municípios da baixada, todos muito interligados!

    Abraços.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *