No alto dos seus 77,7% de popularidade, o presidente Lula reza (ou ora, para os evangélicos) contra a chegada dos efeitos da crise americana ao Brasil. Ele também não está só no momento de falar com Deus, nesse quesito estamos todos juntos. Mas Lula não tem perdido a oportunidade dos palanques municipais para reforçar a sua antítese, tranqüilizando os seus ouvintes com a informação de que o Brasil têm reservas em caixa de US$ 200 bilhões e que a responsabilidade por resolver a crise econômica mundial é exclusivamente dos EUA.
Hum… Para quem dava de ombros nos primeiros sintomas, entre o final de 2007 e o começo deste ano, agora o comportamento de Lula revela o que sempre foi percebido no Mundo. A vida inteira se soube que qualquer movimento instável na economia americana repercute nos mercados internacionais. O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, questionado na ocasião se dormia em paz com essas ameaças, dizia que a turbulência não tirava o seu sono, embora dormisse com "um olho aberto e outro fechado". Nos seus arroubos, Lula não escondia que fechava os olhos para essa situação de "porca que entortou o rabo".
Lula criticou ontem o plano de US$ 700 bilhões do governo americano para ajudar as instituições financeiras. Mudou de posição outra vez, pois recordo que o mesmo Lula, combatente crítico do Proer – Programa de Estímulo à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional criado no governo FHC, chegou a sugerir a George Bush que adotasse esse procedimento para proteger os correntistas americanos: "O Brasil tem know-how para salvar bancos. Tem o Proer. Se eles americanos precisarem podemos mandar tecnologia."
Com o Proer para o saneamento dos bancos privados e o Proes para os bancos públicos estaduais, a sociedade e a economia brasileiras perderam menos com as intervenções do que ao deixar ocorrer uma sequência de falências desorganizadas, abalando todo o sistema financeiro e comendo poupanças, investimentos e fundos de pensões. Lá, os americanos sempre foram incentivados ao consumismo com as hipotecas a perder de vista; por aqui, o governo Lula, paternalista e sem gerar renda, tem facilitado o acesso aos bens de consumo, com crédito fácil e endividamento popular, que nem imagino onde isso vai parar.
Ferreira Gullar escreveu hoje na "Folha de São Paulo", que "nunca os pobres se sentiram tão protegidos e nunca os banqueiros lucraram tanto no Brasil", para explicar o alto índice de popularidade do presidente Lula. Dentre os fatores e causas disso, as antíteses lulopetistas: "… a estabilidade econômica de que o país goza hoje e de que não gozaria se as teses de Lula, contra o Plano Real, tivessem prevalecido…", a radicalização na política de juros altos e a fusão dos programas sociais de amparo às camadas desfavorecidas da sociedade, antes aplicados em Campinas e Brasília, depois adotados por Fernando Henrique em âmbito nacional e que Lula manteve, ampliou e mudou o nome para Bolsa Família.
O historiador Luiz Felipe de Alencastro, catedrático da Universidade de Paris-Sorbonne, em entrevista ao "O Estado de São Paulo", deste domingo, também comenta a popularidade de Lula e deixa uma interrogação à nossa sorte econômica com os reflexos da crise americana: "Se a crise afetar duramente a economia real, a popularidade de Lula pode desabar. Mas vale lembrar que os efeitos desse caos atual podem ser retardados: a crise de 29 nos EUA veio bater à porta da Europa em 1934 e 1935".
Acho melhor deixar o Lula popular !
Raul, amigão! Eu fico preocupado, o liberalismo é uma filosofia política que prima pela autonomia moral e econômica da sociedade civil. Será que a sociedade tem que ser observada para não criar coisas, como a “subprime”(papel podre)(estelionato grã-fino)?
Quanta irresponsabilidade!
Eu lembro do tom de deboche, que foi uma das marcas do Luis Inácio contra Serra e Alckmin, para denegrir a imagem de Fernando Henrique na sua brilhante atuação para resolver a crise de energia elétrica.
O presidente FHC teve a humildade de orientar a população para que não se agravasse a crise, assim, com a colaboração de todos, o problema se resolveu sem maiores consequências.
O que assistimos agora?
Um festival de fanfarronice e arrogância que, sem sombra de dúvida, vai se encaminhar para um desastre.
Eu conheço dezenas de pessoas que vivem nas cotas e nas periferias que estão atoladas até o pescoço com dividas astronômicas. E o pior que acham a coisa mais natural do mundo viver com o nome sujo, recebendo uma notificação atrás da outra, e nem por isso param de consumir, de torrar dinheiro com futilidades, estimuladas pelo discurso redentor do seu grande líder.
E, pior ainda, onde vai explodir essa bomba?
No colo dos coitadinhos endividados?
Talvez, mas vai sobrar muito estilhaço na pele dos cidadãos conscientes e equilibrados, que se comovem com a falta de noção desses iludidos e acabam comprometendo sua renda para socorrê-los.
Grande Dorô! Temos que ficar de olho aberto com o Lula que incentiva o consumo! E com quem mesmo nos Estados Unidos?
Um abraço aos nossos queridos irmãos portugueses!!!
“Mais uma vez a social-democracia cumpre o seu papel histórico, de reduto «salvador» do sistema capitalista. Um duplo papel, por um lado, de aliado de classe direto e executor da ofensiva imperialista em curso, por outro, abrindo alas de contenção, para que as convulsões sociais crescentes não se traduzam no reforço ou surgimento de sujeitos revolucionários que pugnem pela necessária superação do sistema e ruptura com o modo de produção capitalista.”
http://www.cecac.org.br/MATERIAS/ilusaoreformista_pedrocarvalho.htm
…Caro Raul,
Essa mais nova crise do capitalismo que explode no seu mais árduo defensor, os Eua, demonstra claramente que é um sistema político ruim, que mantém a desigualdade em patamares absuros e ainda por cima, cheio de oscilações que ocorrem periodicamente. Aconteceu em 1929, aconteceu na década de 70 com a desculpa do aumento promovido pela OPEP do petróleo, aconteceu várias vezes na década de 80, 90 e também agora neste início de Século 21….Isto só prova que é um sistema frágil que a qualquer momento pode jogar os países em profunda recessão e os pobres na mais terrível miséria.
Os vários filósofos, economistas e geopolíticos vêm criticando ao longo dos séculos este sistema cheio de falhas, onde geralmente a ganância de poucos, levam à miséria muitos. Por isso pessoas com Ferreira Gullar sempre foram críticos do capitalismo, sendo muitas vezes presos por criticá-lo. Penso que não importa se o Sr. Lula procura tirar dividendos desta crise, todos os presidentes fazem isso. O importante para mim é que o capitalismo prova a todo o momento ser muito falho e inseguro para a grande maioria das pessoas. Urge criar uma alternativa antes que seja tarde, muito tarde…Abs.