No último domingo, 02 de setembro, o jornal "A Tribuna de Santos" publicou matéria assinada pelo jornalista Luigi Di Vaio, retratando o cotidiano da Câmara Municipal de Santos. As sessões são realizadas às segundas e quintas-feiras, e os vereadores foram "flagrados" lendo jornais, rindo e bocejando no plenário. Com certeza a matéria ainda causou alguma surpresa sobre o comportamento do Poder Legislativo e provocou novos questionamentos sobre a validade dessa representação política.
A realidade da Câmara de vereadores santistas não é diferente de outras país afora, quando se resume às sessões legislativas. Muito menos das Assembléias Legislativas e do Congresso Nacional. Os principais problemas da cidade, do Estado e do país resultam em acalorados debates, quase sempre, quando prefeitos, governadores e a presidência da República não encaminham os seus projetos e medidas provisórias. Há uma rotina a cumprir, para justificar a presença e o pagamento dos jetons (valor pago pela presença nas sessões). Fora isso, infelizmente, a presença se justifica literalmente para "cumprir tabela".
Na segunda-feira, 03 de agosto, o mesmo jornal repercurte o tema, e a própria imprensa é criticada por matérias anteriores cobrando produção dos vereadores. Segundo a líder do PT, Cassandra Maroni Nunes, a imprensa "estimula o excesso de futilidades na Câmara, como apresentação de requerimentos pedindo poda de árvore ou um campeonato de empilhar centenas de requerimentos".
Enfim, deve ser cansativo mesmo a leitura obrigatória de requerimentos e de indicações para podas de ávores, retirada de entulhos, votos de congratulações. O interessante é que essa é uma atividade inerente aos vereadores, que devem cumprir à risca o papel de acompanhar e fiscalizar as ações da Prefeitura, bem como as decisões do prefeito. Se a sociedade os escolheu para representá-la é porque está ocupada com múltiplos afazeres, a rotina de lutar pela sobrevivência, principalmente.
Na minha opinião é válida a representação política em todos os níveis, mas é preciso fazê-lo com dignidade, respeito e compromisso com os representados. Não entenda este comentário como a opinião de um conformado com esse estado de coisas, mas a imprensa regional e nacional ainda editarão novas matérias com o mesmo instantâneo de comportamento.
É lamentável o ponto que a política chegou. Não há mais respeito pela vida pública. A banalização da pauta gera estas aberrações. Não há mais objetividade na conduta dos representantes do povo. Eles disputam o púlpito para despejar baboseiras na plenária. Em certos casos nem censuro o desinteresse dos nobres vereadores. A culpa é de quem dirige a casa, que não estabelece uma seriedade construtiva para os trabalhos. E a imprensa faz seu papel. Tem mesmo que mostrar a desfaçatez que permeia a Câmara Municipal. Se fosse vereador, sentiria vergonha de andar na rua. Mas se fosse mesmo vereador, não sairia na foto desta reportagem. Pelo menos não dormindo ou passando os olhos pelos classificados de A Tribuna. Estaria, no mínimo, protestando quanto à falta de objetividade do orador. E tenho dito!
Não é privilégio de Santos, olha só,
Ver. Dormindo no plenário em Pelotas
http://br.youtube.com/watch?v=7DlMkNh3K60
Passou na TV Local de Pelotas
http://br.youtube.com/watch?v=s-dm7R46DfY