Blog do Raul

Boatos

Fatos e fakes

Dilema presente, dependendo da ação política.

 

 

 

 

 

 


Boatos nunca me fizeram a cabeça. Desde cedo exerci a curiosidade de tentar saber a verdade. Muitos de nós devem ter acreditado um dia nas histórias da cegonha trazendo bebês, do papai Noel e do homem do saco. Eram fakes news que “educavam” sem ter argumentos ou conhecimento dos fatos em si. Pesquisas revelam que a sociedade brasileira é a que mais acredita em notícias falsas, ao mesmo tempo em que o Brasil é o país que mais se preocupa com o que é falso e verdadeiro circulando na internet.

Pego como referência um estudo do Instituto Ipsos, realizado em 2018, intitulado “Fake news, filter bubbles, post-truth and trust” (“Notícias falsas, bolhas de filtro, pós-verdade e confiança”) onde 62% dos entrevistados no Brasil admitiram ter acreditado em notícias falsas até descobrirem que não eram verdade. A média mundial chega a 48%.

Esses números são grandiosos e explicam inclusive o porquê o Brasil é citado em séries e filmes mais recentes, quando se reflete sobre a divisão de opiniões e os conflitos que elas vem gerando em núcleos familiares e grupos de amigos. Acho perigoso o descontrole tradicional feito antes pelos líderes comunitários, sindicais, religiosos, parlamentares e partidos, cujas lideranças são postas em descrédito e dúvida, justamente por causa dos boatos, principalmente notícias falsas, fake news.

Espero que o momento do COVID-19, que nos exila em casa, sirva para reduzir o analfabetismo político, social e de valores. Quem puder fazer cabeças com a verdade e a esperança, semeie. Não gostaria de continuar nesse novo normal, patinando numa espécie de desinteligência, no dia seguinte da liberação geral dessa pandemia.

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A globalização dos boatos

Quem disse a você é uma fonte confiável?

Hoje em dia todo mundo sabe o significado de fake news, assim como desde a antiguidade os nossos antepassados testemunharam que verdade e mentira se misturavam nos mais diversos contextos da vida em sociedade. Esses fatos e versões, reais ou inventados, influenciam a nossa percepção e opinião, aguçando mentores e interesses a lançarem mão desses recursos no jogo baixo e covarde.

Vê-se que essa questão, nos meios de comunicação cada vez mais acessíveis, é imperativa em todos os níveis. Outro dia li uma associação do consumo dos boatos aos menos educados ou formados. Ora, o pecado a meu ver vincula-se à falta de uma orientação e consciência da sociedade sobre a origem das versões, que superam os fatos ou se criam sustentadas no nada apenas para alcançar algum tipo de vantagem.

O mundo é competitivo e quem tem uma formação melhor pode mais. Entendo que se as condições fossem igualitárias e menos sujeitas às espertezas, certamente haveria mais justiça e respeito entre os desiguais. O historiador francês Paul Marie Veyne registrou no seu ensaio “Os Gregos acreditavam em Seus Mitos?”, que “os homens não encontram a verdade, a constroem, como constroem sua história”.

Motivos não faltam para a criação de notícias falsas e espalhar e reforçar boatos, com o interesse de atrair a atenção das pessoas. Com a internet, além de ampliar o número de acessos aos sites, são reforçadas as estratégias de se estabelecer um pensamento coletivo, desconstruindo personalidades, reputações, para o prejuízo da integridade de pessoas comuns, celebridades, políticos, marcas e empresas.

Nesse contexto, urge orientar a partir dos anos iniciais das crianças nas escolas, além de evitarem doces e presentes de estranhos e interagir com tarados e pessoas anormais em rede, que a educação valorize a conectividade com redes confiáveis. Os grandes portais de imprensa, editoras e dirigentes da Educação deveriam criar um selo de qualidade para quem trabalha com a verdade.

Assim vamos contribuir para tornar as próximas gerações menos superficiais e mais preparadas para os desafios do futuro, em sintonia com a realidade, sem mais depressão, complexo de inferioridade, bullying etc.

Acho apropriada, nesse momento de buscas e descobertas, a célebre frase de Abraham Lincoln, de que “você pode enganar algumas pessoas todo o tempo. Você pode também enganar todas as pessoas algum tempo. Mas você não pode enganar todas as pessoas todo o tempo”. Que se valorize o papel do jornalista, dos escritores e, fundamentalmente, dos professores, para diminuir a influência dos boatos na formação de uma sociedade intelectualmente sã.

Portais de notícias no mundo criaram setores para checagem de informações e no Brasil existem agências chamadas fact-checking, para notícias suspeitas. Respondo aos amigos de Facebook, Twitter e WhatsApp, que o ideal é duvidar sempre e saber em outros meios. Eis um processo educativo que, na medida em que cada cidadão fizer a sua parte, compartilhando apenas aquilo que tem certeza de que é verdade, as fake news estarão fadadas ao ostracismo, como o recurso da mentira e da corrupção dos valores humanos essenciais.

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