Blog do Raul

Educação

Quer salvar o seu país?

Política fora das nuvens. Foto: Jornal da Orla.

Primeiro precisamos parar de ver as coisas como se houvesse uma dicotomia na disputa eleitoral de 2022. Não há apenas dois candidatos, um da direita e outro da esquerda. O Brasil que já teve 20 candidatos, quando reconquistou o direito de votar para presidente da República, em 1989, agora conta com diversos nomes e propostas e histórias para suceder o atual ocupante do Palácio do Planalto.

Quando escrevia este artigo, o prazo para a realização das convenções partidárias para a aprovação das candidaturas às eleições de 2 de outubro de 2022 estava terminando. Todas as pesquisas, desde o início do ano passado, revelam uma polarização entre Bolsonaro (PL) e Lula (PT), porque o país já se acostumou com esse tipo de pressão. Só que não, na medida em que os partidos, federações e coligações definiram os seus nomes para a disputa eleitoral do cargo maior, fica claro que é possível escolher o que achamos melhor para o futuro do Brasil.

Conforme os números projetados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira está em torno de 215 milhões de pessoas. De acordo com o último relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), medindo o estado de insegurança alimentar no Mundo, o Brasil tem pelo menos 61 milhões de pessoas com insegurança alimentar, grave ou moderada. O levantamento considera o período entre 2019 e 2021.

E tem mais números preocupantes, mais importantes do que ficar discutindo a polarização política: 33,1 milhões de pessoas passam fome (insegurança alimentar grave) no Brasil, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), a partir de dados coletados em cerca de 13 mil domicílios, de novembro de 2021 a abril deste ano.

O número de desempregados chega a 10,6 milhões de pessoas e o número de jovens até 29 anos, que nem estuda nem trabalha, até o segundo trimestre de 2021, ostentava 12,3 milhões de brasileiros. Em tese, todo esse fracasso recai sobre os governos federal, estaduais e municipais, para deixar bem claro que é uma questão de Estado, e todas as ações devem mobilizar a cooperação entre todos os entes da federação.

Não se trata fazer um mix sobre as estatísticas negativas, mas o momento eleitoral é a ocasião ideal de serem consideradas, avançando para solucionar os problemas, ao invés de ficar remoendo intolerâncias advindas das radicalizações e intolerâncias. Pense que o Brasil tem perdido investimentos nessas áreas, que podem ser por conta da ineficiência dos atuais governantes.

O debate sobre questões concretas, envolvendo inflação, carestia das cestas de alimentos, gás de cozinha, compensações financeiras em forma de bolsas sociais, retomada do desenvolvimento, educação, saúde, deve ser posto na agenda de todos, mas, salvo algumas “sabatinas” em entrevistas às emissoras de rádio, TV e plataformas de internet, está evidente que não haverá um olho no olho das candidaturas postas. Porque, de pronto, seria o melhor para a cidadania brasileira enxergar com transparência a forma com que pretendem atuar para minimizar essas agruras, generalizadas hoje para praticamente todas as classes sociais, e, principalmente, para os mais pobres.

Publicado na Plataforma do “Jornal da Orla”, em 04/08/2022.

Quer salvar o seu país? Read More »

O troço da foto … é pra votar quando?

Envolver o jovem no debate (foto: Jornal da Orla)

O título deste artigo faz parte do diálogo entre o filho adolescente (16 anos de idade) de um amigo meu, em cuja casa predominam os assuntos políticos nas conversas familiares. Ele é um dos novos 2.042.817 eleitores (sim, mais de 2 milhões), na faixa entre 16 e 18 anos, que dia 2 de outubro podem votar para presidente da República, governadores, senadores, deputados federais, deputados estaduais ou distritais.

Essa desconexão mostra o grau de consciência, entendimento e envolvimento deles com a importância de votar. Isso acontece num momento em que a sociedade avalia mal e demoniza a grande maioria dos representantes do povo em cargos políticos de governança ou do parlamento, que ajudou a eleger em 2018 e 2020, por exemplo. E, se tomarmos essa temperatura dos novos alistamentos eleitorais, comparando com os esforços do TSE – Tribunal Superior Eleitoral em 2018, numericamente tivemos um aumento de 47,2% na faixa etária em análise, mas qual a qualificação desses para o dever cívico?

O TSE focaliza os seus esforços na realização das chamadas Semanas do Jovem Eleitor, desde 2015, para aumentar cada vez mais o “número de brasileiras e brasileiros que contribuem para a escolha dos representantes políticos do país”. Todos testemunhamos as campanhas nos canais de comunicação, inclusive na tentativa de interagir diretamente com os jovens, com influenciadores digitais, times de futebol, shows artísticos, astros como Anitta, Pabllo Vittar, Leonardo DiCaprio etc., para convencê-los a baixar e acessar o aplicativo da justiça eleitoral e se tornarem cidadãos mais completos. Mas, como fica o debate sobre o que deve importar na hora da escolha?

Escolhas do que pode ser melhor para o Brasil são sempre deixadas para os próprios políticos. Porque a sociedade deixa pra lá os temas aflitivos, principalmente para essa camada juvenil que não vem sendo preparada para uma educação conectada com a realidade, formação para o trabalho, primeiro emprego, organização comunitária, lazer, entretenimento, segurança, cidadania plena. Pois a maioria desses políticos se elege e pensa mais nas próximas eleições do que nas próximas gerações.

O primeiro passo foi atender à convocação do TSE. Agora, quem vai promover o debate sobre o que lhe despertará o interesse por todo esse processo? As convenções partidárias vão oficializar as escolhas dos seus candidatos a partir de 20 de julho. Pela questão levantada pelo filho do meu amigo se percebe que apesar dos assuntos políticos dominarem em sua casa, não está nem um pouco interessado.

Em sua memória sobrou que os pais praticamente o obrigaram a se alistar como eleitor, fazendo selfies segurando documentos de identidade, preenchendo cadastros etc., mas ainda não possui noção do poder que conquistou, incorporando à sua pessoinha física, estudantil, não emancipada, a figura de Cidadão Brasileiro, mesmo que o voto ainda não seja obrigatório para ele.

Sublinho que esse fato foi registrado em um território composto de pessoas conscientes, participativas e com posição política clara em relação ao todo. Vale perguntar sobre a reação das outras 2.042.816 garotas e garotos, de lares esclarecidos e posicionados ou nem uma coisa e nem outra?

Recentemente dei um pitaco no post de outro amigo, especialista em marketing eleitoral, emocionado ao ver seu filho mais velho tirar o título de eleitor. Falei da minha preocupação com os novos eleitores, para distinguir o joio do trigo. Como pai zeloso, esse amigo afirmou esperar “que essa nova geração ajude o Brasil a ser mais tolerante e generoso”, e que “é preciso ter esperança”. Ora, sou todo esperança, mas cético com o tempo exíguo para mesclar os novos, com as nossas experiências vividas e as projeções que talvez guardem para si mesmos. Coisa de velho?

O troço da foto … é pra votar quando? Read More »

Ano novo começou antes da Quarta de Cinzas

Olhares vem desde ontem.

Nunca antes na história vivemos uma época assim. Seria comum postar feliz ano novo nas redes sociais, ou centrar as rodas de conversas, porque no Brasil o ano sempre foi dado como iniciado na Quarta-feira de Cinzas! Agora é diferente, simplesmente porque não houve Carnaval como antes.

Nem passamos os dois primeiros meses do ano escolhendo as fantasias e os nossos destinos para poder rasgá-las na folia. Tempos mudados, com rima e tudo, de pandemia. Então me estranho nessa condição de ter recomeçado as minhas atividades de trabalho, longe de repetir aquele rito que sempre fez parte da nossa história.

Certa vez um professor da faculdade de jornalismo ensinou evitar títulos ou inícios de textos com nãos, nuncas, nens. E com ele aprendi que devia escrever uma redação, crônica, artigo científico ou trabalho escolar com um começo cativante, para funcionar como um convite para ser lido até o final. Hoje fiz uma salada mista, porque não tenho uma boa história de Carnaval para lhes contar, pois não houve desfile de blocos nas ruas, trios elétricos baianos, marchinhas nos salões dos clubes, campeonatos de escolas de samba.

Também não vou ficar resmungando aqui da pandemia da Covid-19, que ainda mantém protocolos de segurança sanitária que são para o nosso próprio bem. Nem falar de políticos que quando abrem as suas bocas ou agem nas suas esferas, é melhor cancelar de vez.

Simplesmente porque o ano novo começou no dia certo em 2022: 1.º de janeiro e será inesquecível. Escolhi viajar para um lugar tranquilo, Brotas, no Interior do Estado de São Paulo e não foi para ficar contemplando a natureza num refúgio ou retiro espiritual. Vacinado e cumprindo à risca as distâncias regulamentares, pude assistir de perto algumas cantorias de marchinhas antigas, inclusive com letras adaptadas para os dias atuais e pensar como está passando rápido esse novo ano.

Essa sensação toma conta por causa da quantidade de coisas que já aconteceram e pela instabilidade do mundo com essa máquina de guerra da Rússia. A emergência climática que estamos vivendo, com eventos extremos cada vez mais extremos, sem um movimento urgente dos governos de plantão de antecipação de socorro aos desastres naturais em áreas urbanas. E o ataque contra o povo ucraniano sem perspectivas ainda de um cessar fogo, apesar de toda a mobilização das atenções pelas pessoas que temem pela integridade da própria Terra.

Como é possível minimizar esses acontecimentos, marcados por um tsunami de sangue e mortes, que não vimos antes na história nessa época do ano, salvo raras exceções? Esse Carnaval aconteceu na época certa do calendário, mas o que mudou mesmo foi a nossa forma de nos importar com tudo.

Aprendi com a vida que amadurecer é um processo experimentado diante de situações que exigem o crescimento pessoal, para controlar melhor nossas emoções, entender limitações próprias e tomar decisões com mais segurança. Por isso considero que esses dois meses findados de 2022 serviram bastante para nos fortalecer e poder decidir melhor os novos caminhos que já realçam no horizonte dos próximos 10 meses.

Não acho inteligente, por exemplo, o Brasil mostrar a sua insignificância política, econômica e cultural, porque, como diz assertivamente o jornalista e escritor Mário Sabino, “não somos insignificantes, nos fazemos insignificantes”. Certa vez, o também escritor Stefan Zweig, que escolheu viver em nosso país, fugindo das atrocidades do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial na Europa, em 1940, escreveu o livro cujo título marcou e ainda marca discursos ao longo da nossa história: “Brasil, um país do futuro”.

Já estamos no início do terceiro mês de 2022 e apesar do crescimento de 4,6% do PIB em 2021, o Brasil caiu do 12.º para o 13.º lugar no ranking das maiores economias do mundo, de acordo com levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating. Portanto esse ranking possibilita uma comparação do PIB dos países em valores correntes, em dólares, mostrando que fomos ultrapassados no ano passado pela Austrália, assim como em 2020, Canadá, Coreia e Rússia, tiraram o nosso país da lista das 10 maiores economias do mundo.

Retomando a linha do raciocínio com foco na mudança, uso uma frase que passou a circular nas redes sociais em 2020, após um estudo da Organização Mundial da Saúde – OMS ganhar manchetes apontando “o brasileiro como o povo mais otimista do mundo. E de tanto pensar no futuro, esquece de agir no presente”. Em 2017, a mesma OMS revelara que o Brasil também era considerado o campeão mundial de transtornos ansiosos, revelando que ninguém teme o futuro mais do que nós.

Ora, quase 19 milhões de brasileiros tinham a qualidade de vida comprometida, antes do coronavírus, que desencadeou transtornos mentais e piorou a situação de quem já sofria com eles. Então, o Ministério da Saúde conduziu pesquisa para avaliar a nossa situação mental, com a participação de mais de 17 mil pessoas em todo o Brasil. O resultado ficou mais alarmante: 86,5% dos entrevistados estavam enquadrados em algum tipo de ansiedade patológica.

Como você, leitor, chegou até aqui, deixo uma questão para refletir e comentar aqui na coluna: Pelo fato de o Brasil ser considerado por uma boa parte da sua gente ufanista ou não, o país do futuro, será eternamente padrão esperar que o melhor esteja somente no futuro?

Artigo publicado no site do “Jornal da Orla” de Santos, espaço de colunistas, Um Olhar Sobre o Mundo, em 04 de março de 2022.

Ano novo começou antes da Quarta de Cinzas Read More »

Nem tudo é lixo nas campanhas eleitorais

Democracia por suas mãos.

Desde o ano passado as eleições gerais de 2022, marcadas para o dia 2 de outubro, estão no radar dos políticos, partidos, governos e dos simplesmente candidatos de primeira viagem. O Congresso Nacional aprovou e o presidente Jair Bolsonaro ensaiou um veto, mas assinou de acordo com a previsão de R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral. E ainda há a chance de crescer mais R$ 800 milhões, atingindo a marca de R$ 5,7 bilhões, como nunca na história.

Antes as campanhas podiam receber doações de dinheiros das empresas brasileiras, mas havia alguns senões. Uma boa parte da sociedade, interessada no funcionamento dessas campanhas, atribuía que os eleitos priorizavam os compromissos com as empresas que os patrocinavam, ao invés do interesse público em primeiro lugar. Mas havia também a prática de partidos e candidatos que tocavam a sua contabilidade com um caixa 2, usando uma boa parte dos recursos financeiros em proveito próprio.

Dessa situação simples e objetiva, nasceu a defesa do fim das doações privadas e do uso de dinheiro público para pagar os santinhos, programas de rádio, TV e internet, cabos eleitorais etc., porque assim a política teria eleitos com os olhos voltados somente para as causas públicas. Houve uma expectativa que não se concretizou até agora: com dinheiro público e a fiscalização das prestações de contas pelo Tribunal Superior Eleitoral, as campanhas milionárias deixariam de existir e a renovação de candidatos oxigenaria a política de uma forma geral.

Fica a lembrança, ainda nestas reflexões, de que as pessoas físicas continuam podendo doar para as campanhas, desde que observem os limites dos seus ganhos durante o ano anterior às eleições, porque a Receita Federal está atenta e todos os nossos dados estão cruzados por ela. E há ainda a possibilidade de as contas de campanha contabilizarem doações dos próprios candidatos, nesse caso sem um limite pré-estabelecido.

Perceba que há ainda uma situação de desigualdade no ar. Explico: os partidos são obrigados a reservar 30% do seu fundo eleitoral para as candidaturas de mulheres, que não recebem repasses com o mesmo valor. O prestígio político das candidatas, somado ao interesse de alguns candidatos majoritários (a presidente, governador ou senador) ou candidatos proporcionais (a deputado estadual ou federal), norteiam esses investimentos eleitorais. Enquanto os homens-candidatos, ocupantes de mandatos, levam vantagem sobre os marinheiros de primeira viagem ou daqueles que já tentaram vitória e ficaram na suplência, mesmo colaborando, imensamente às vezes, na soma de votos para as legendas partidárias.

Para resumir a história, ainda não houve no Brasil uma reforma política de verdade, abrangente, para democratizar a democracia existente no país, com uma renovação de pessoas e até de modos de fazer política. Parecerá contraditório dizer que em 2018 houve um passo importante, se observarmos a quantidade de caras novas que governos, Congresso Nacional e assembleias legislativas estaduais e distrital trouxeram.

A resposta está no guarda-chuvas de uma “nova política”, sustentada no discurso da negação dos que vinham se elegendo e se reelegendo até então, e do uso das redes sociais na internet, que serviram para dar maior evidência também nas eleições aos influenciadores digitais, que tem opinião formada para tudo e que raramente se aprofundam em alguma coisa. Resta buscar e ver a atuação da maioria desses nos seus mandatos, para então avaliar se repetiria neles os seus votos, que muitos ainda não entenderam, votos que valem mudanças.

Ora, se essas mudanças não acontecem ou não aconteceram como esperado, 2022 está completando o seu segundo mês e nele reside a chance de escolher melhor, não aquele que parece mais ativo nas redes e lhe promete mudar o mundo, mas a pessoa-candidata que realmente tem um pensamento mais claro e objetivo do que pode fazer por todos que representar. Não cabe negar o direito de votar porque se frustrou com os resultados dos seus escolhidos, vale sim melhorar a sua consciência e os seus sentidos.

Não parece, mas as campanhas eleitorais deste ano já estão nas redes sociais e em todas as mídias de comunicação. Não é possível mais encontrar nas ruas a publicidade eleitoral, que na festa da democracia (as eleições) enfeitava e nos despertava para o clima da mudança, para a hora do voto. A reação aos descaminhos da política no Brasil mudou o olhar dos eleitores até para esses enfeites: tudo é lixo, barulho, ladroagem.

É prudente conversar mais e a respeito, começando em casa, estendendo para as raras oportunidades de lazer em grupo, nas suas redes sociais e nos contatos com amigos mais próximos, inclusive no ambiente de trabalho. Não pense pronto, como se os resultados futuros já estivessem definidos. Só lhe peço que fique atento, antes de se precipitar e chamar toda política de lixo, pois quem ama esse comportamento são justamente os maus políticos. Essa reação afasta as boas pessoas e diminui as chances de eleição de quem pode orgulhar você mais cedo do que você pensa.

Generalizar faz mal.

Artigo publicado no site do “Jornal da Orla” de Santos, espaço de colunistas, Um Olhar Sobre o Mundo, em 19 de fevereiro de 2022.

Nem tudo é lixo nas campanhas eleitorais Read More »

Quem não vê o BBB?

Pela audiência o BBB é a maior atração da TV

Fui buscar justificativas científicas sobre o sucesso de público do reality show BBB – Big Brother Brasil, que chega à sua 22.ª edição pela TV Globo. Encontrei o que esperava: o povo ama programas dessa natureza porque lhe passa uma sensação de prazer e saciação da curiosidade.

Em resumo, dar uma passada básica pela sala de TV e assistir ou ouvir esse programa, assanha um certo “voyeurismo”. Não o transtorno propriamente dito, cuja tendência é observar, às escondidas, cenas íntimas ou eróticas levadas a efeito por outras pessoas com o fim de obter prazer sexual. Somos chegados a assuntar a vida dos outros, ouvir conversas além das paredes. Quem não age minimamente assim, que atire a primeira pedra.

Ora, em edições anteriores à que está em curso atualmente, houve um caráter educativo por conta desse extrato social de brasileiros, atuantes como se estivessem numa cabine para uma pesquisa qualitativa de opinião. O debate sobre comportamento humano e costumes da sociedade atual é travado em mosaico, de modo que é possível a identidade e as comparações dos centrados no programa e os confinados na casa cênica.

No ano passado, especialmente, quando a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) entrava no seu segundo ano e as ações restritivas para a movimentação das pessoas fora de casa estavam bem mais fortes, a audiência explodiu na estreia: cerca de 43 milhões de brasileiros estiveram ligados na emissora.

Os efeitos disso, neste ano, para as contas da emissora e nos trends da rede mundial de internet são possantes. Em termos financeiros, por exemplo, a previsão de faturamento do reality gira em torno de R$ 690 milhões, um recorde de receitas.

Na internet, em especial nas redes sociais, Twitter e Facebook, o BBB 22 lidera na maior parte do tempo, entre os assuntos mais buscados e referenciados. Isso mostra o fenômeno que, conforme o Ibope, recente, para ilustrar esse olhar sobre o assunto, entre a segunda e a terceira semana de exibição, o BBB 22 ganhou 1 milhão de telespectadores na TV, atingindo a marca de 79 milhões de pessoas ligadas no canal.

Afora os dados da audiência, que repetem edições de Big Brothers em vários países, com a mesma receita de acesso às câmeras na vida das duas dezenas de participantes, em média, pessoas normais mescladas de artistas e célebres, durante 3 meses, 24 horas por dia, sem interrupções, podemos até dizer que é uma atividade sócio-cultural, reprodução do nosso cotidiano.

Os palavrões são fluentes, sem se importar muito com o discernimento da assistência. Faz parte, hoje virou normal um palavrão entre os adjetivos. Há reações resistentes ao programa por causa disso, quando não pelo preconceito à diversidade. A moda ditada é dos patrocinadores, que igualam todos em banhos de loja, gerando uma aparência globalizante. Não sobressaem a condição social e a econômica dos confinados.

Mas o politicamente correto censura as derrapadas, filtrando a consequência do lado de fora da casa, como aconteceu sobre a forma do cabelo black power do professor João Luiz, no BBB 21, que quase enterrou a carreira do cantor sertanejo Rodolffo. A comunicação age em nossos sentidos, sem perceber o quanto somos manipulados.

Essa vitrine exibe as fraquezas humanas. Hoje se percebe um esforço para uma presença de cena planejada, parecendo um roteiro combinado. Sabe-se que desse reality, uma parcela ganha a condição de celebridades, com ou sem contratos de atuação na própria TV Globo. Se houver talento e comprometimento, essa oportunidade turbina carreiras de influenciadores digitais, na propaganda, moda e, raramente, na política. Aliás, para essa perspectiva, assistindo ao programa no todo ou em partes, nos últimos anos, não há um pio.

Enfim, os exemplos de remanescentes das 21 edições do BBB, mais do que os R$ 1,5 milhão do prêmio ao vencedor final, estão por aí, participando desse novo normal como todos nós. Não acredito na fala daqueles que dizem que não assistem ao Big Brother. Afinal, quem no mundo atual gosta de ficar sem assunto, especialmente do momento, quando os acontecimentos confinados estão reverberando do nosso lado, falando sobre nós mesmos, da nossa realidade, no alcance do tamanho dos nossos espaços?

Artigo publicado no site do “Jornal da Orla” de Santos, espaço de colunistas, Um Olhar Sobre o Mundo, em 11 de fevereiro de 2022.

Quem não vê o BBB? Read More »

Com Educação não se brinca

Na pandemia, patente que Educação é em sala de aula

Os estudantes brasileiros, principalmente do ensino fundamental, estão vivendo uma experiência desigual na história, por causa da pandemia da Covid-19. O Brasil foi o país que mais tempo ficou sem aulas presenciais no ensinos infantil e fundamental, com base em estudos feitos pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entidade que reúne 35 países membros, com as economias mais avançadas do mundo, que se dedicam a promover o desenvolvimento econômico e o bem-estar social.

Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em outubro de 2021, mostra que os impactos no desenvolvimento e bem-estar das crianças na pré-escola, por exemplo, registraram perdas equivalentes a quatro meses nos filhos de famílias com maior poder econômico, enquanto os mais pobres chegaram a seis meses. Nesse trabalho foram comparadas as rotinas das crianças em 2019 e em 2020.

Ainda não há dados oficiais sobre as consequências do fechamento prolongado das escolas ou da percepção do ensino remoto, mas conforme os estudos – como os da Fundação Getúlio Vargas para a Fundação Lemann – que vem sendo divulgados nos meios de comunicação com credibilidade, o desafio nacional ficou ainda maior: enquanto no mundo a média do atraso na educação é estimada de três a nove meses, no Brasil pode ser de até 4 anos.

Em nosso país, historicamente desigual, constatação que para muitos é apenas um discurso político, esse cenário de desigualdade se tornou ainda mais grave com a pandemia. Nas pesquisas realizadas, por exemplo, indicam que 11,2% dos estudantes que diziam estar frequentando a escola em 2020 não haviam recebido nenhuma atividade escolar e não estavam em férias.

Assim, os dados comprovam que o mesmo perfil de estudantes que já sofriam com a cultura do fracasso escolar não conseguiu se manter aprendendo com as escolas fechadas, reforçando a necessidade desse enfrentamento por parte dos responsáveis pela Educação. Com a volta às aulas presenciais, seguindo os protocolos de segurança, como máscaras, uso de álcool e a necessidade da apresentação do comprovante da vacinação contra a Covid-19, é impossível desconsiderar o espírito de recomeço, inclusive com a mesma realidade vivida antes da interrupção das aulas.

Para pensar e empreender nessa reação, por um plano de recuperação do aprendizado, é preciso ter em mente alguns fatores que fizeram avançar o financiamento da Educação pública, desde a obrigação dos governos (municipais, estaduais e federal) investirem 25% dos seus orçamentos em Educação (Constituição de 1988) e a criação do FUNDEF (agora FUNDEB) em 1997.

Mas o Ministério da Educação – MEC não cumpriu o seu papel nesse período, como coordenador nacional de políticas públicas para o setor, deixando que Estados e Municípios atuassem por conta própria desde a suspensão das aulas presenciais no início da pandemia. Esperava-se do MEC ações mais rápidas e mitigadoras, principalmente em relação aos municípios menores, que dispõem de recursos também muito ínfimos para o atendimento aos seus estudantes.

Sem falar nas questões que ficaram ainda mais evidentes com a experiência do ensino remoto, dada a falta de uma política nacional de conectividade e do veto presidencial ao projeto de lei que previa internet gratuita para os estudantes e professores da rede pública em todo o país, em março de 2021. No mês de junho o veto foi derrubado pelo Congresso Nacional, mas o governo federal tentou suspender os efeitos no Supremo Tribunal Federal – STF, colaborando para o atraso maior do atendimento dessa necessidade para a Educação.

E até o momento o Ministério da Educação não apresentou ações ou políticas públicas para tentar minimizar os impactos da ausência de escola na vida de nossas crianças. Mas, no início da semana, o mesmo ministério não pensou duas vezes em anunciar o reajuste do piso salarial dos professores, passando de R$ 2.886,24 para R$ 3.845,63, como uma medida generosa do governo que não é responsável pelo pagamento desses salários, que cabem mais uma vez aos Estados e Municípios.

Também cabe ao Poder Público garantir que as instalações das escolas estejam em condições de receber os alunos nessa volta às aulas presenciais, sem riscos gerais, como se observam em muitas delas nos últimos tempos: janelas quebradas, ladrilhos e pisos rachados, iluminação e telhados deficientes, vazamentos nos bebedouros, pias e banheiros etc. Contudo, o retrato em muitas dessas unidades é desolador: sem uma política de manutenção e conservação dos prédios e das suas instalações, muitas prefeituras não conseguem agora responder a essas necessidades cruciais.

Há sempre muita controvérsia quando se busca no Brasil as razões e as soluções para reverter o atraso em sua política educacional. Não podemos esquecer que lidamos com vários brasis dentro de um país desigual, cuja dívida social se torna impagável também pela descontinuidade de políticas públicas bem sucedidas. Creio que hoje temos um desafio bem maior, materializado pela paralisia na Educação, que já condenou milhares de crianças, adolescentes e jovens à ignorância: um pacto nacional pela recuperação educacional do Brasil!

Artigo publicado no site do “Jornal da Orla” de Santos, espaço de colunistas, em 04 de fevereiro de 2022.

Com Educação não se brinca Read More »

Política não é um jogo

A alternativa a Lula e Bolsonaro.

Sou militante dos princípios e ideais do PSDB, partido que ajudei a fundar em 1988, ao lado de figuras importantes do cenário político nacional. De pronto, faço questão de lembrar, antes que pedras sejam arremessadas em minha direção, que o PSDB não mudou seus ideais, o manifesto e o programa escritos na origem.

Dessa pilha de legendas (33 legalizadas no Tribunal Superior Eleitoral, desde dezembro de 2019), o PSDB figura entre os incomuns, porque mantémdiferenças ideológicas claras, abrigando ideias sociais democráticas, socialistas democráticas, democratas cristãs e liberais progressistas. Esse arco fez com que políticos de outras legendas, representadas na Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988), as abandonassem e se juntassem na formação do PSDB.

Trinta anos depois, o Brasil fez uma opção eleitoral (2018), votando e elegendo alguém que expunha como valor a negação da política e dos partidos. Convenceu que significava a nova política, por ser diferente e desdenhar o papel institucional partidário, porque já esteve em muitos, e se tornaram bode expiatório da má conduta de alguns dos seus filiados. Não segui essa tendência, pois acredito na história e numa plataforma programática para o país.Também não sou um arrependido e nem me sinto desobrigado de fazer alguma coisa para mudar esse estado de coisas.

O PSDB mantém e segue à risca o que preconizou nas suas raízes. Pelo histórico de cada um de nós, algumas estratégias nos puseram ao lado de partidos e figuras exponenciais do campo progressista; nos colaram neles e nelas, nos momentos em que não polarizamos localmente. Essas opções não se balizaram no clientelismo convencional, conforme os costumes políticos brasileiros.

Tenho lido considerações de baixo nível sobre companheiros do PSDB que estão decidindo mudar de legenda para seus projetos políticos, pouco claros hoje em dia. Mas a maioria do PSDB permanece no mesmo lugar, revigorando os ideais e requalificando nomes de protagonistas para as disputas eleitorais. Em síntese, a fila interna de nomes andou, graças à democracia interna, que ampliou a decisão das escolhas com prévias e rejuvenesceu lideranças a nos conduzir para novos desafios.

Não fulanizo e nem polemizo, dentro ou aqui fora, porque creio na tarefa de trazer a maior parte dos que ficaram para a tese da política, como ela é e irá favorecer a descoberta de caminhos que tirem o país desse atoleiro social e econômico, além dedesgovernos. Posso dizer que identificamos quem vai nos liderar nesse processo, novos nomes e capacidades reservadas ao debate próximo futuro.

De toda forma, embora estejamos fadados à condenação prévia pela existência da polarização política que domina o sentimento nacional, como se isso fosse obra das disputas recentes na história, entre PSDB e PT, acho que o fator positivo desse entendimento em perspectiva pode desaguar num caráter educativo.

um papel histórico a cumprir nas próximas eleições gerais de 2022. Diante dessas duas caras – Lula e Bolsonaro – não é possível perder de vista que caberá ao PSDB furar o bloqueio do cenário posto. E se prestarmos a atenção no tabuleiro, para os que gostam de comparar o momento político a um jogo, faltam casas e peças para movimentar com sabedoria e bom senso. Sem isso, o entendimento da democracia na sua plenitude, será desvalorizado, como não bastassem as condições desiguais dos que se propõem fazer algo pela mudança de verdade, não só de narrativas.

A ideia é instigar a pensar na conjuntura por inteiro,o que pode parecer uma utopia. A educação política no Brasil é entendida à base da troca de migalhas e favores clientelistas pelo voto, sem sonho ou esperança. Não desejo Lula e nem Bolsonaro na presidência do nosso país. O melhor para a nossa história republicana está por vir. Não basta provocar com um “quem viver, verá”. Fará bem a todos, participar para mudar!

Artigo publicado no jornal “A Tribuna” de Santos, em 27 de dezembro de 2021.

Política não é um jogo Read More »

Brasil inova, com ciência e educação

O caminho da estratégia.

Os exemplos estão escancarados mundo afora, justificando que investir em educação, ciência, tecnologia e inovação deve ser tarefa essencial para garantir um país mais desenvolvido tanto no plano econômico quanto social. No Brasil, 95% das pesquisas são produzidas pelas universidades públicas, mas esse desempenho parece não importar quando saímos da esfera acadêmica e constatamos a realidade do mundo político atual.

Infelizmente não é surpresa ler que devido à falta de verbas, universidades federais como a UFRJ, uma das instituições mais importantes do país, pode fechar prédios e realizar rodízio em suas instalações. E o comprometimento do funcionamento de muitas outras pelo mesmo problema é revelado em praticamente todas as unidades da federação. O corte orçamentário de 2021, comparado a 2020, chegou a 18,2% para custeio, 22,8% nos recursos de capital e 18,3% na assistência estudantil.

Na semana passada, uma notícia importante adveio do leilão da nova geração de internet móvel – 5G – com a movimentação de 47,2 bilhões de reais e o compromisso das empresas em executar entre as contrapartidas de investimentos, a colocação de internet nas escolas públicas de todo o país. Se isso acontecer de fato, haverá um impulso histórico para a diminuição da desigualdade existente no desempenho dos estudantes, que durante a pandemia ficaram ainda mais para trás no aprendizado, dadas as dificuldades com o ensino à distância.

Contudo, é preciso ter em mente que uma parcela importante das escolas públicas brasileiras, que não tem internet, também não possui energia elétrica, água potável, saneamento básico. Esse quadro precisa ser considerado quando se busca responder “o que o Brasil quer ser”. Então, como os governos e legislativos avançarão em macro políticas em busca da qualificação, como fazem os países considerados mais ricos, como EUA e Alemanha, e também nos que vem se desenvolvendo mais rapidamente nos últimos anos como China, Coreia do Sul e Cingapura?

No Brasil parece que não há garantias à educação, ciência e pesquisa, por conta dos bloqueios e cortes orçamentários. Isso explica o motivo de não contar com conglomerados Apple, Google, Tesla, Huawei, Pfizer e Moderna. A negligência nacional é tanta que provoca a “fuga de cérebros” para países que valorizam a educação como valor fundamental e tratam a inovação como mola propulsora do desenvolvimento social, financeiro e econômico.

Olhando para o mundo, o presidente norte-americano Joe Biden tem dito que “Wall Street não construiu os EUA”. Por si só essa afirmativa devia orientar determinados responsáveis por nossa economia, para justificar que determinadas medidas governamentais não agradaram ao mercado. Mercado dos fundos de investimento, Bolsa de Valores, bancos, onde o dinheiro gira, mas se distancia da economia real, movimentada pela produção industrial, de serviços e do comércio.

Essa a insegurança dos industriais no Brasil, que é preciso acabar e que têm que ter garantias que o jogo econômico ao seu redor não mude ao sabor do humor do governante federal de plantão. Só assim, o industrial deixará de ser rentista.

Ao fechar essa trilogia de reflexões, nos inspira a iniciativa de Biden, com o seu plano Build Back Better (“construir de volta e melhor”). Quem sabe, conforme o tamanho do nosso bolso, elas se reproduzam no Brasil, na infraestrutura, com reforço da frente industrial e de energia limpa, para a geração de empregos, auxilio emergencial a famílias de renda média e baixa, como lema para se ter uma economia forte no pós-pandemia.

Artigo publicado na edição de 09 de novembro de 2021, do jornal “A Tribuna de Santos”, na seção Tribuna Livre.

Brasil inova, com ciência e educação Read More »

Brasil que não faz

Chaplin, em “Tempos Modernos”, transformação na indústria.

A China não se tornou a economia mais forte do mundo por acaso. Para atingir a esse patamar, começou a planejar há pelo menos 30 anos. Tomo como base o raciocínio de que os números geralmente são relativos e que a realidade deles pode não apresentar consistências, no entanto é possível afirmar que a China é, simplesmente, uma das maiores forças econômicas do planeta, sem exageros.

Enquanto isso há no Brasil uma certa miopia, quando se mira na China de maneira rasa ou se pretende resumir a visão dessa potência a uma mera confusão sobre conceitos e ações entre direita-esquerda. Os gurus do atual governo do Brasil não são apenas negacionistas, mas uma negação, na compreensão da realidade de um modo geral.

A China produz de tudo para todos os países, enquanto o Brasil ainda não tem noção do que pretender ser. Mas o mundo não está esperando muito daqui, conforme o andar da carruagem. Será que não enxergam os movimentos internacionais e como o país está literalmente jogado na vanguarda do atraso?

Vamos aos dados consistentes do cenário macroeconômico: até 2035, quase metade dos empregos existentes no Japão serão extintos em função das novas tecnologias, indica a consultoria Nomura Research Institute, a maior empresa de pesquisa econômica daquele país. De outro lado, nos Estados Unidos, metade dos atuais empregos estão desaparecendo e sumirão no mapa nos próximos 20 anos. E no Reino Unido, conforme estudo da Universidade de Oxford, 35% dos empregos atuais serão extintos nesse mesmo período.

A pergunta que não cala é sobre a compensação desse desemprego planetário, de quantos empregos novos surgirão dessa transformação que podemos batizar de 5.ª ou 6.ª revoluções industriais? Evidentemente, muitos, mas muito menos dos que serão extintos.

Para entender a essa complexidade, é essencial que os planejadores tenham em mente qual o nível de exigência para a formação educacional desses novos empregos. Ainda que essas projeções estejam restritas à análise em relação às demandas de países altamente desenvolvidos, na contramão do Brasil; atrasado tecnologicamente e mercê de impactos ainda maiores para o mal.

Enfim, às vésperas de um ano de eleição para a presidência da República, o Brasil caminhará inacabado para um novo momento, sem realizar a lição de casa. Pior que isso, evidenciando um comportamento tão errático do governo atual na condução da sua política diplomática, ora em relação às parcerias econômicas, ora em respeito ao consenso global de que somente a vacinação em massa projeta a sobrevivência das pessoas e a volta à normalidade.

A ideia é escrever uma trilogia de artigos, para tentar responder “o que o Brasil quer ser”. No próximo vamos tratar sobre temas que estão sob o guarda-chuvas da sigla ESG, em inglês, para “environmental, social and governance” (ambiental, social e governança, em português), geralmente usada para referir às melhores práticas ambientais, sociais e de governança de um negócio, mas que também pode ser um critério para investimentos.

Artigo publicado na edição de 26 de outubro de 2021, do jornal “A Tribuna de Santos”, na seção Tribuna Livre.

Brasil que não faz Read More »

Fatos e fakes

Dilema presente, dependendo da ação política.

 

 

 

 

 

 


Boatos nunca me fizeram a cabeça. Desde cedo exerci a curiosidade de tentar saber a verdade. Muitos de nós devem ter acreditado um dia nas histórias da cegonha trazendo bebês, do papai Noel e do homem do saco. Eram fakes news que “educavam” sem ter argumentos ou conhecimento dos fatos em si. Pesquisas revelam que a sociedade brasileira é a que mais acredita em notícias falsas, ao mesmo tempo em que o Brasil é o país que mais se preocupa com o que é falso e verdadeiro circulando na internet.

Pego como referência um estudo do Instituto Ipsos, realizado em 2018, intitulado “Fake news, filter bubbles, post-truth and trust” (“Notícias falsas, bolhas de filtro, pós-verdade e confiança”) onde 62% dos entrevistados no Brasil admitiram ter acreditado em notícias falsas até descobrirem que não eram verdade. A média mundial chega a 48%.

Esses números são grandiosos e explicam inclusive o porquê o Brasil é citado em séries e filmes mais recentes, quando se reflete sobre a divisão de opiniões e os conflitos que elas vem gerando em núcleos familiares e grupos de amigos. Acho perigoso o descontrole tradicional feito antes pelos líderes comunitários, sindicais, religiosos, parlamentares e partidos, cujas lideranças são postas em descrédito e dúvida, justamente por causa dos boatos, principalmente notícias falsas, fake news.

Espero que o momento do COVID-19, que nos exila em casa, sirva para reduzir o analfabetismo político, social e de valores. Quem puder fazer cabeças com a verdade e a esperança, semeie. Não gostaria de continuar nesse novo normal, patinando numa espécie de desinteligência, no dia seguinte da liberação geral dessa pandemia.

Fatos e fakes Read More »