Hoje é o Dia do Professor. Sempre aproveito esta ocasião para ligar para colegas e amigos professores, contando sobre o meu orgulho de vê-los nessa vida dedicada às futuras gerações. São palavras escolhidas especialmente para tocá-los com o meu reconhecimento. Mas hoje mudei a rotina dos últimos anos: acabo de chegar da Unip/Santos, onde fiz uma palestra para estudantes de pedagogia e de letras, muitos dos quais professores se especializando, outros tantos com o sonho, a vocação, a única oportunidade de emprego. O tema da minha palestra? Uma viagem pelo Brasil sem educação!
O convite partiu da professora Florcema Bacellar, para que eu inaugurasse a Semana Acadêmica da sua universidade. Reví análises comparativas da educação nos últimos anos – opiniões e números de Paulo Renato Souza (ex-ministro do governo FHC), Barjas Negri (um dos pais do Fundef – o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e Valorização do Magistério), Eunice Durhan (antropóloga e formuladora de políticas educacionais) e Maria Helena Guimarães Castro (socióloga, secretária de educação do governo Serra e uma das maiores especialistas em avaliação educacional). Os dados estavam frescos na minha memória para desnudar os por quês de ainda coexistirem "escolas públicas boas e escolas públicas ruíns".
Explicitei a "revolução silenciosa" na Educação, como fazia questão de prestar contas o presidente Fernando Henrique. Externei os lances principais do primeiro desafio vencido pelo seu governo: o de colocar quase toda criança na escola (em novembro de 2002 somavam 97%), com o Fundef, os parâmetros curriculares nacionais, a TV Escola, a avaliação do livro didático, as bibliotecas das escolas e do professor, a Bolsa Escola Federal.
Também não omiti sobre o hiato de quatro anos do governo Lula, que somente agora mexe as primeiras peças em busca de tentar superar o segundo desafio: a melhoria da qualidade da educação brasileira. Como revelou o ministro Fernando Haddad, nas páginas amarelas de Veja, no último final de semana, "o Brasil precisa de mais pragmatismo e menos ideologia para melhorar o ensino". Antes tarde do quê nunca, mas fica claro que é injustificável o atraso do seu governo nessa empreitada tão óbvia e em condições tão favoráveis.
Então, o quê dizer mais aos estudantes de pedagogia e letras ? Revelar a expectativa da sociedade que quer escolas públicas boas em todos os níveis. Alertar para a importância do caminho escolhido, principalmente porque o Brasil precisa de professores preparados e formados em licenciaturas, para dar aulas e burilar as pedras brutas de todas as origens.
Renata Cafardo, em matéria publicada hoje no jornal O Estado de São Paulo, denuncia que "mais de 70% dos formados em Licenciatura no País não trabalham como professores nas escolas brasileiras" e cita estudo inédito divulgado pelo Conselho Nacional de Educação, mostrando a preocupação dos seus membros com um possível "apagão" de professores, "já que o País teria um déficit de 246 mil profissionais".
Se falta quem queira ser professor, e não faltam motivos para essa reação diante de anos de descaso, como o Brasil terá Educação ?
Raul, e como que os professores de São Paulo ganham bem menos que os do Acre…?!?
Raul,na sua análise comparativa faltou numeros e opinião de Gabriel Chalita.
Desculpe a piada de mal gosto não resisti.Como professor não deveria brincar com coisa séria,mas o Chalita secretario da Educação é dose!Desculpe.
Gostaria que enviasse com antecedencia quando o Senhor Raul fizer PALESTRAS NA REGIÃO BAIXADA, nos comunicasse
com ANTECEDENCIA;ou via E-MAIL OU TELEFONE (13) 9757.1222 E OU 3296.5102.
Raul, será que O nosso Governador Serra e a nossa ALESP, não podem planejar e criar uma espécie de “Lei Roaunet” de incentivo salarial? A situação salarial é grave, o desprestígio da categoria é evidente na realidade social.
Afinal, os agentes politico-culturais das verdades da nossa Cidadania (com base e praxis científicas)são eles.
Algo pode ser feito tanto a nível Estadual em descontos no ICMS, ou em outros tributos (desconheço-os) que são da responsabilidade estadual bem como, e/ou na Prefeitura (aliada) nos descontos de IPTUS, ou ISS, sei lá, talvez,
fossem fatores determinantes para a mais valia na Educação
Um abração.
Ivan alvim
Raul, acredito que realmente a escola é direito de todas as crianças, mas entendo que questões sociais não resolvidas pelos governos FHC e Lula acabaram por despejar na rede pública de ensino um cem números de crianças que não têm nenhum tipo de conscientização da importância do estudo.
O que os governantes fazem, na verdade, é deixar para os professores a árdua tarefa de suprir as carências dos educandos em todos os sentidos, que as tornam refratárias ao aprendizado escolar. O quadro então que parece não ser observado pelas autoridades é o de professores pessimamente remunerados, sem recursos pedagógicos, sem respaldo das famílias dos estudantes e da legislação, que até são vítimas de hostilidades, agressões verbais ou mesmo físicas durante as aulas. Esses professores acabam por ser responsabilizados pelo descalabro reinante na maior parte das escolas públicas do país.
É com os professores, portanto, que a problemática da educação deve ser discutida caso haja realmente por parte do poder público vontade para resolvê-la.