Blog do Raul

Reforma tributária x luta política

Ao largo das negociações entre governo e base aliada e oposição, alguns setores da opinião nacional manifestavam-se sobre os prós e contras da prorrogação do imposto do cheque (CPMF), equidistantes do centro decisório, mas cada qual com uma visão amadurecida do Brasil real e do futuro. Não vale apenas dizer que o nosso país vive um momento único de prosperidade e responsabilidade social e econômica, porque ainda há muitas mazelas a influir negativamente na nossa enorme dívida social.

Quando as discussões tomavam a direção do resgate do objetivo original da CPMF, criada para acudir financeiramente o setor de saúde, mas que acabou se tornando a grande abastecedora dos principais programas sociais, em especial a previdência e as políticas compensatórias (bolsas isso e aquilo), houve um momento em que o governo quase sucumbiu à sensatez: cogitaram a destinação de 100% dos R$ 40 bilhões anuais para a sua verdadeira dona, a saúde.

Acredito que muitas lições foram extraídas desse processo. E a própria derrota do governo pelo Senado foi um sinal de alerta para a governabilidade, com um sinal claro de que sem entendimento é muito difícil o país caminhar certo. No passado recente, antes de Lula vencer por duas vezes as eleições presidenciais, o PT era frontalmente contra qualquer iniciativa conciliatória, porque tinha que perseguir o seu projeto político próprio. Valeu, assim, o dane-se o país; que seja o quanto pior melhor.

Ouço e leio muitas opiniões nos últimos dias, inclusive de economistas centrados no progressismo e adversários da CPMF no passado recente, que o resultado da votação pelos senadores e as reflexões e sorrisos do pós-votação, representam uma "farsa oposicionista"; outros se dizem enlutados pela grande perda e a jornalista Eliane Cantanhêde, da Folha, comenta o quê intitulou de "o dia em que o PSDB foi PT". Não creio nas comparações, porém acho que nunca antes no governo Lula a oposição foi tão marcante na sua ação.

O aspecto positivo que deve ser considerado é o do retorno da Reforma Tributária ao centro dos debates no Congresso Nacional. E com o dinheiro da CPMF guardado, de novo, na carteira do povo. Quem sabe estejamos no momento ideal para distinguir bem propostas, governos e partidos diante da adversidade de executar programas, conciliando a redução do déficit público e o fim dos desperdícios, com a efetiva prática da justiça fiscal e tributária, para reduzir as desigualdades sociais e emancipar, definitivamente, o povo brasileiro!?

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1 comentário em “Reforma tributária x luta política”

  1. …Caro Raul,

    Oposições sempre fazem ruídos, pois faz parte do dicionário de qualquer partido querer mostrar uma diferença que na prática não existe, pois todos são muito parecidos. Lembro-me bem de uma entrevista do Ciro Gomes no “Opinião” da tevê Record, quando ele dizia, com muita sensatez, que PSDB e PT são muitos parecidos e que inclusive são aliados em vários estados da Federação, só fazendo questão de brigar aqui em São Paulo. E isso é verdade. A CPMF prejudicava muito mais quem tem contas volumosas em vários bancos, e pobre quando muito tem conta em um banco só e pouco a movimenta. Que a reforma tributária é necessária, não se discute, mas é fundamental usar bem o dinheiro arrecadado dos impostos, algo que nenhum partido fez por aqui. E também parar de por a culpa dos burados financeiros das empresas no trabalhador, tirando seus direitos sagrados que estão na CLT, algo que os tucanos muito se empenharam com as tais flexibilizações das leis trabalhistas, cooperativas, etc. Lembro também que FFHH pregava a livre negociação entre patrões e empregados, como se fosse possível o pescoço negociar com a corda, como bem dizia na época o jornalista Carlos Chagas. PT e PDSB são bem parecidos na hora de defender banqueiros e grandes empresários, sendo que o PT pelo menos disfarça um pouco ( algo que não serve de consolo…). Agora, se a CPMF incomodava tanto assim por que FFHH não acabou com o imposto no apagar das luzes dos seus tão requeridos oito anos de poder??? Abs.

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