Blog do Raul

Chegou a vez do Ensino Técnico ?

O noticiário registra que Lula sancionou lei que muda a organização do ensino tecnológico brasileiro. Com isso, haverá um agrupamento das escolas técnicas e agropecuárias e os centros federais de educação tecnológica (Cefet’s) em 38 novos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, além da integração de pelo menos 50% dos alunos do ensino médio com cursos técnicos e profissionalizantes. Uma troca de seis por meia dúzia, a dois anos do fim do atual governo, registrando o aumento do número de vagas federais apenas quando o MEC incorpora escolas de organizações da sociedade civil, retoma parcerias com entidades privadas como FHC e pega carona na organização bem sucedida do Sistema S (SESC, SENAC, SESI, SENAI).

Há uma grande defasagem entre o número de jovens e de adultos especializados no Brasil para ocupar os novos postos de trabalho, abertos com a própria evolução tecnológica e dos modos de produção que já estamos experimentando. Recentemente vimos a preocupação da Petrobrás em contar com mão-de-obra especializada para quando iniciar a exploração do gás e petróleo nas bacias de Santos e do Rio de Janeiro. Por isso não acredito que o cenário irá mudar apenas com a reorganização dos organogramas federais, que servem mesmo para mostrar o cacife de diretores gerais, transformando-os, quem sabe, em "reitores". As corporações devem estar muito felizes com a centralização do comando das unidades escolares.

Lógico que sobrarão educadores e lulopetistas comemorando a reunificação do ensino médio à educação profissional. Tenho vários amigos que se formaram em Cefet’s, na área de exatas, mas optaram por caminhos diferentes no futuro. Como bem escreveu o meu xará Raul David do Valle Júnior, diretor do Proep (Programa de Expansão da Educação Profissional) e secretário de Educação Média e Tecnológica do Ministério daEducação (gestão FHC), "os dirigentes autárquicos preferem que o ensino médio seja compartilhado com a educação profissional, retardando o acesso dos alunos ao mercado de trabalho ou proporcionando, a um alto custo, uma educação rebarbativa a uma elite de alunos que tem as suas miras fixadas no horizonte da universidade". Para comprovar isso, busque informações sobre os desempenhos dos estudantes de escolas técnicas federais em relação às outras escolas públicas.

O Governo anuncia agora que pretende direcionar os cursos superiores para formação de professores de física, química, matemática e biologia. E que a sua nova rede – nova reorganização das escolas – nasce com 168 campi e 215 mil vagas, prevendo chegar a 500 mil estudantes até o dia 31 de dezembro de 2010. Nas suas explicações, argumentam que diferentemente da gestão FHC, que optou por parcerias com entidades privadas para a oferta de ensino técnico, o governo petista promoveu a expansão da sua própria rede. Na verdade o governo incorporou, como já disse antes, escolas criadas por entidades privadas e sinaliza que conta bastante com o Sistema S.

Em São Paulo, as escolas técnicas estaduais – Etecs já atendem mais de 120 mil alunos no Ensino Médio e no Ensino Técnico, para os setores industrial, Agropecuário e de Serviços, em 86 habilitações. São administradas pelo Centro Paula Souza, assim como as Fatecs, Faculdades de Tecnologia, que oferecem cursos superiores de Tecnologia para aproximadamente 28 mil alunos, em 39 cursos.

Ainda em relação às Etecs, o objetivo do governador José Serra é criar condições, até 2010, para atingir 100 mil novas matrículas em 2012. No exame seletivo para o 2.º semestre de 2008, por exemplo, foram oferecidas 33.987 vagas, 5.400 a mais do que foi oferecido no mesmo período de 2007, representando a execução de 34% do Plano de Expansão. A previsão é de 170.000 alunos matriculados até 2012.

Para resumir essa história, em São Paulo, com continuidade das políticas educacionais e a prioridade do governo Serra ao ensino técnico, o horizonte vislumbra mais próspero. Diferente do governo federal que se baseia no Prouni, para dar relevo ao número de alunos incluídos no ensino universitário pago pelo próprio governo, e das movimentações corporativas do novo Instituto Federal, que amplia os poderes dos seus dirigentes. Nenhuma linha da repercussão na imprensa sobre a descontinuidade das políticas educacionais iniciadas no governo FHC, com o ministro Paulo Renato.

Afinal, quando, realmente, o ensino técnico e profissionalizante terá vez no país para atender às novas demandas de emprego e trabalho que começam a nascer ?

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3 comentários em “Chegou a vez do Ensino Técnico ?”

  1. ANDRÉ CAETANO

    O que se nota é que tentam desarrumar o que os outros (ministro e presidente) deixaram arrumado.
    E o 1º emprego prometido ??? Nada….
    E a nova lei de estágio ?? Só serviu prá desestimular a oferta de vagas…
    Até meia entrada dos estudantes estão conseguindo diminuir…
    Em vez de serem mais criativos ou eficientes, só pensam em modificar o que já estava pronto !!

    Péssimo 2009 prá educação federal !!!!

  2. Raul, não concordo qdo. você escreve que só faltam dois anos para terminar o Governo do Presidente Lula e só por isso, estão se falando em investir mais na criação de cursos e escolas técnicas e profissionalizantes, caro amigo dois anos não são dois dias, portanto acho muito bom que se ampliem e que nossos jovens venham a ter mais oportunidade par se profissionalizarem.
    A população não está preocupada com qual governo fará as melhorias, contanto que as fassam, portanto, eu mesmo assisti o Deputado Paulo Alexandre discursar no encontro do PSDB no início de 2007 no salão de convenções do Parque Balneário Hotel, e na época o mesmo disse que estava procurando terreno para construir uma escola técnica ou até mesmo alguma escola Estadual que comportasse esses cursos, alegando que o Governador José Serra, tinha dado sinal verde, e que o mesmo tentaria se possível instalar o mais breve possível, de preferência na Zona Noroeste, até agora nada aconteceu, e talvéz daqui a dois anos, que também não são dois dias, mas teremos eleições não só para presidente, como também para Senadores e Deputados, o caro deputado acima citado e muitos outros, tragam pra discursão e apreciação o discurso velho de um projeto amarelado que não deixou de ser mais um discurso e vcenha a se mtornar mnais e mais, meramente promessa de campanha em palanques, nas feiras livres e em nossas portas.
    Para o Povo o que importa é quem os executem e não quem promete!
    Caro amigo Raul, estou sendo muito crítico, mas, não consigo aceitar calado o que não concordo.
    Desculpe-me!

  3. Amigo Raul.
    Concordo “ipses littera” com suas ponderações e creio que um dos maiores problemas da Nação é a burocratização institucional de setores da Educação, no leque de ofertas ao jovem, para a inserção no Mercado de Trabalho.
    A “cultura da complicação” campeia no Brasil
    em todos os setores e a simplificação é uma meta inatingível, desde o Império.
    Na Ditadura, o aliás competente, Dr. Hélio Beltrão, comandou uma “lenda” de Ministério, o da Desburocratização, outra fonte de poder
    para se juntar as demais.
    E o Controle do Estado sobre ONGs, em última instância, as tais organizações voltadas para a melhor qualidade de vida e/ou cidadania plena (por princípios) na minha simplificada opinião, deveria ser permanente, por parte do Senado, e não CPIs eventuais.
    Quando da estada do Senador Artur Virgílio em Guarujá, ainda este ano, perguntei ao mesmo, por que a representação do Estado dá cartas brancas e passaportes financeiros sem mais nem menos, as Associações de Interesses, nem
    sempre “legítimos”, que deveriam ter como a obrigação precípua o perfil de inseminadoras
    culturais efetivas à Nação carente de valores
    educacionais práticos e eficientes.
    A resposta que obtive foi a seguinte:
    “-Realmente, poucas ONGS, atuam nas áreas a que se destinam, a maioria está sob suspeita
    e por esse motivo temos uma CPI em andamento”.
    Se o Estado é uma empresa que nos domina desde
    o nascimento até a morte, por que razão solta
    liberais organizações “empresariais” ao Deus dará, da Globalização capitalista, pergunto,
    aqui e agora,as vésperas da posse de uma real educadora, a Maria Antonieta na Prefeitura de Guarujá…*Esse problema da educação a todos os níveis no Brasil, não é a raiz de todas as nossas dificuldades, corrupções e distorções sócio-econômicas?*
    A liberdade e a esperança foi o último livro do Dr. Ulisses, logo após, a promulgação da Constituição Coragem de 1988, que virou uma colcha de retalhos da economia liberal, via emendas (maioria) da ideologia capitalista, centralizadora e autoritária, com agravantes das MPs do imediatismo ditatorial.
    Os privilégios continuam e os direitos à plena
    cidadania, são discursos e prosa liegisladora
    no papel…como o caboclo diz,”aceita tudo”.
    Um abraço e desculpe-me por fugir das suas
    objetivas ponderações sobre os fatos, e me estender a outras considerações paralelas, na questão cultural brasileira…fonte maior dos problemas de todos nós.
    Um abraço, e profícuo 2009, Raul Christiano!
    Ivan Alvim

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