Termino 2008 ainda mais crente na Democracia, como o melhor regime de governo. No Brasil a sua conquista custou o empenho de muitos e uma luta em perspectiva que não tem fim. Por isso me associo às idéias daqueles que apostam na exibição do último capítulo da Guerra Fria em Cuba, com a expectativa de diálogo com o novo presidente americano Barack Obama, o grito virtual de liberdade por Yoani Sanchez (foto) no seu blog Generacion Y ( http://www.desdecuba.com/generaciony/ – e, traduzido para o português: http://desdecuba.com/generaciony_pt/ ) e o anúncio por Raúl Castro em defesa de mais trabalho e menos subsídios, para equilibrar a restrita balança comercial do país e suportar as turbulências financeiras internacionais. A conquista da democracia em Cuba terá repercussão positiva em todo o Mundo.
O afastamento de Fidel Castro contribuiu para emergir o discurso novo de seu irmão Raúl, sobre a necessidade de "agir com realismo e ajustar os sonhos às reais possibilidades". Apesar das limitações financeiras do povo cubano, Raúl vem implementando gestos que sinalizam um processo de abertura democrática, desde a liberação das vendas de computadores e celulares aos cubanos e a permissão para que eles comprem em lojas antes exclusivas a turistas estrangeiros. Alega, porém, que os problemas econômicos adiariam algumas mudanças, incluindo a reforma administrativa, mas já propôs o fim do subsídio, que não deixa de ser um choque para um povo bem educado, saudável e pobre.
Yoani Sanchez comentou a decisão do fim do subsídio no seu blog, argumentando que as medidas anunciadas por Raúl seriam consequentes com a eliminação do paternalismo, mas que começassem "abaixando a carga que significa a manutenção desta obesa infraestrutura estatal que alimentamos com nosso bolsos. Um trabalhador que produz aço, níquel, rum, tabaco ou está empregado num bar de hotel, recebe uma minúscula porção da venda de sua produção ou do custo real dos seus serviços. O resto vai diretamente subsidiar um Estado insaciável."
Estamos prestes em testemunhar a organização popular através de mecanismos virtuais. Esse depoimento é global e não saiu das teclas de um dissidente em Miami ou em qualquer outra parte do mundo. Realmente a internet funciona como um espaço livre, que permite a qualquer pessoa manifestar suas idéias, ainda que exista muita censura invisível e sofisticada para impedir que seja o instrumento mais democrático, transparente, educativo. Com a internet ressurgem as idéias de democracia direta e semi-direta (Martin Hagen, 1996) e se recolocam questões sobre o desgaste, as possibilidades e os limites da democracia, seja do ponto de vista teórico ou prático.
Na rede mundial de computadores, os indivíduos podem extrapolar suas fronteiras nacionais, criar multiplas identidades, se escondendo em nicknames e webmails que protejam seu anonimato. Não é o caso de Yoani. Mulher corajosa, que reconhece os perigos e não se limita nos seus posts, ciente que a navegação na rede é cada vez mais observada pelos provedores de acesso, informação, pelos portais horizontais e verticais, pelas empresas de marketing e por agências estatais interessadas em controlar os cidadãos.
A esperança de diálogo diplomático – político e comercial – Barack Obama mostrou ao Mundo, na sua campanha eleitoral, o que é possível fazer com a internet. Esse fato, aliás, despertou em mim a idéia de escrever um livro sobre o "Militante Virtual", que identifica e relaciona os caminhos utilizados pelos políticos atuais através da rede de computadores. Acho revolucionário que a internet também favorece a chance histórica de remover a última parte da Guerra Fria. A remoção do embargo americano à Ilha funcionará como dois terços do caminho para esse intento. Em Cuba, as conexões à internet ainda são restritas, e todos sabemos que a revolução não acontecerá de dentro para fora, a não ser que ela fosse capaz de mobilizar um grandioso movimento popular. Nem por um sonho da direita e dos asilados em outros países isso seria provável.
Yoani Sanchez escreve textos sobre o seu cotidiano e protestos contra o regime político cubano. Para que você tenha uma idéia, e pode constatar isso acessando o seu blog, 1.687 comentários haviam sido postados no seu texto sobre o fim dos subsídios, enquanto escrevia este post. Outros textos recebem em média 3, 4, 5 mil comentários. Uma potência, que não é suficiente para mudar um regime de governo, mas que reforça a tese de sonhar a democracia cubana em 2009.
Quem já contribuíu até aqui para garantir regimes democráticos e atuou efetivamente para construir pontes necessárias para a redução das desigualdades sociais e por um mundo mais justo, fraterno, solidário, sabe muito bem do estou escrevendo, digo, teclando !
Hoje, Raul, num vou comentar nada, do artigo. Só entrei, para te desejar Bom Ano Novo, com os teus. Que nosso arquite maior, lhe traga paz…harmonia… saúde… tranquilidade… esperança e fé… dinheiro, meu caro, você arruma!
Que o Arquiteto nos traga um governo justo e que ele nos faça poder contar com você, com estes teus pingos de sabedoria politica, por muitos e muitos anos….
São os meus votos, amigão… e te cuida!!!!
Carlos Alberto Lopes
Amigo Raul.
Concordo com o Carlos Alberto Lopes nos votos justos e perfeitos para saudar as águas dos seus manancias opinativos nesse inestimável Blog, e que o Hawaiano Obama, fruto de suas diversificadas origens ricas em afetividade fraterna da cultura tribal direcione seu poder
de influência libertária à Sociedade global, mediant a cultura da inserção dos povos que por séculos e séculos, décadas e décadas estão
a entregar seu suor, seu sangue e as lágrimas
à energia propulsora de um mundo belicoso e
discriminador, pra privilégios e tiranias em disfarces “democráticos e/ou monárquicos”.
Um abração
Ivan Alvim
Raul, sobre o assunto acima, só nos resta torcer que a Democracia consiga se infiltrar através das trincheiras criadas por Fidel, e chegue até o povo sofrido por esse regime ditador adotado por esse carrasco humano.
Sobre você escrever um Livro, mesmo que virtual, acho a idéa acertada.
Feliz 2009 + uma vez.
ABS.
Viva os 50 anos da Revolução Cubana!!!
A revolução cubana que assassinou no paredão dezenas de milhares de adversários políticos, simplesmente porque tinham ídéias diferentes do tirano Fidel Castro, e que mantém milhares de prisioneiros na prisão pelo mesmo motivo (sem contar os que morreram tentando fugir da ilha-prisão) jamais deveria ser motivo de celebração.
Celebremos a coragem de uma jovem que, sem a necessidade de assassinatos e violência, está revolucionando o mundo inteiro e encorajando seu povo a clamar por liberdade.
Quem recebe salário, vai aonde quer, come o que quer, compra o que quer, escolhe o que ler ou assistir na TV, não deve ter a mínima noção do que a palavra liberdade significa.
Raul: quem sabe agora os países do mundo aprendam a cuidar da saúde de seus povos, a eliminar privilégios e a reduzir os dramas sociais! A abertura de Cuba e de seu exemplo histórico há de ensinar mais do que as agências de propaganda o fizeram, com o exemplo da mudança em todos os índices sociais criando em meio século uma nação e não apenas um país explorado. Todos temos a ganhar com a abertua de Cuba, exportando lições de humanismo e não considerando que liberdade é apenas o direito de comprar e possuir Mc Donalds e Coca-Colas, mas a liberdae de existir, de ter filhos e vida. E não se assustem com as poucas centenas de fuzilados em defesa da vida, pois nossas dimensões continentais ampliariam em muito estes índices para alcançar os mesmos propósitos de redução da mortalidade infantil, de expansão da saúde e da educação, enfim. Ainda acreditamos na humanidade e em sua capacidade de construir uma vida nova e diferente.Os genocídios de milhões promovidos pelas nações que combatem Cuba mostram, com sua clareza, a diferença de seus propósitos. Vão eleger um pró-americano lá e expandir a fome e a miséria que plantaram desde a independência da Ilha Joana, em 1898, da Espanha.É isso o que chamam de “liberdade”. Para nós, é bem outra coisa… Não acreditamos que Barack, alheio ao massacre palestino, nem seu ministro da defesa de Bush vão melhorar.
Paulo Matos