O tema "prévias" está na pauta da imprensa brasileira, porque não há unidade nas posições pré-eleitorais e surge como opção de reafirmação de candidaturas com fichas para atirar nas mesas de negociações. Cenário muito diferente dos Estados Unidos, cujo modelo de eleições primárias em todos os estados para confirmar a preferência dos partidários republicanos e democratas por um pré-candidato à presidência da República é tradicional e tem um caráter democrático evoluído e mobilizador.
No Brasil, as prévias funcionariam hoje para contrapor às decisões das cúpulas partidárias, que na ausência de costume mais aberto de escolha continuam impondo candidaturas, sem informar sobre negociações e interesses políticos locais e regionais. Há em nosso país, vários partidos dentro de uma agremiação só e os seus estatutos prevêem um pouco de democracia representativa, com a definição de instâncias e delegações específicas até chegar às decisões e escolhas nas convenções.
Geralmente os ritos políticos afunilam os colégios eleitorais para a definição das candidaturas, porque a organização partidária, exceto nas principais legendas, ainda é muito artificial, frágeis doutrinária e ideológicamente falando. Mas, como é fácil montar um partido no Brasil, sem cláusula de barreiras que poderia forçar a unicidade de propostas e ações, as eleições contam com a participação de partidos de aluguel, sobrecarregados de dirigentes e sem militância.
Se a idéia de prévias fosse tratada de maneira séria, sem considerar o processo americano evoluído, daríamos um primeiro passo para fortalecer os ideais com o respaldo da participação crescente de filiados, militantes e, mais adiante, da própria sociedade. As prévias, num primeiro momento de travessia para as primárias, dariam maior transparência ao processo de escolha de nossos representantes, aglutinando forças renovadas para as próximas campanhas eleitorais.
Então, um candidato escolhido com esse rito político teria mais força para defender crenças da sociedade e pontos programáticos antenados com a realidade, cabalando novos simpatizantes e filiados. Pena que esse tema retoma a pauta e a própria agenda política nacionais, pela falta de consenso na escolha de nomes que aparecem como favoritos nas pesquisas atuais, para 2008 e 2010.
De bate pronto, acho melhor avalizar, ainda, a democracia representativa, considerando a opinião dos quadros dirigentes, desde que definam logo um arco de alianças que embase um cenário de composições eleitorais para agora e amanhã também. Gostei muito da entrevista do governador Aécio Neves, no jornal O Estado de São Paulo, domingo passado (23), quando enfatizou e estimulou o título da matéria: "O BRASIL PRECISA QUE SE CONVERSE MAIS".
Ao ser questionado sobre as tarefas que está assumindo neste momento difícil da história do PSDB, Aécio deixa uma lição para os afoitos: "Minha tarefa é a construção de pontes. O Brasil precisa que as pessoas conversem mais. O projeto de país (que passa necessariamente pelas reformas previdenciária, tributária e política), só vai acontecer se as pessoas de bem se entenderem. Portanto, que ninguém se espante, porque as conversas que venho tendo com lideranças importantes vão continuar, independentemente da candidatura à Presidência".
As prévias podem ser essenciais para a mobilização dos partidos, mas as intenções que envolvem essa disposição em nossos dias camuflam a divisão, porque os objetivos não estão claros, nem para os caciques, quiçá para a indiarada!
Raul,
Prévias podem ser usadas e seguramente representarão um avanço importante na definição de eventuais candidaturas a cargos majoritários quando houver amadurecimento partidário e regras que permitam a todos participar com igualdade do processo. Enquanto os partidos ,falo isso de maneira geral, forem subalternos aos interesses de grupos ou pessoas tenho sérias duvidas se essas prévias consultarão um universo que expresse a vontade da militância e os reais interesses partidários.
Milton Flávio
Prezado Raul,
“Prévias para ser contra cúpulas ?”
Não. Prévias para valorizar as bases?
Sim.
RAUL, MEU CARO E VELHO AMIGO!
Não sei bem como me sinto ao perceber que tantos nunca entenderam tão pouco da alma humana, a ponto de tentar organizar a sociedade acima dela e tentar impor os valores confabulados em cúpulas, adaptando-as ao universo dos viventes. “É impossível eliminar uma doença sem aniquilar o órgão que a produz”, disse o velho anarquista Edgar Leuenroth, falando do Estado e da organização social “democrática” (ah, como dela sarreou Saramago!). Democracia não o é, diria alguém, pois podemos apenas trocar os nomes e não o sistema. Mas é interessante este exercício inútil de tentar democratizar um jogo de poucos e para poucos, como tentamos na fundação do PT nesse ideal da ampla participação, que afinal com todos os defeitos continua a ser o mais massivo. O resto se decide em mesas de uísque e salgadinhos, você sabe mais do que eu, dos poderosos, dos dirigentes da condição que soubeste alçar. Acho válido você como liderança ascendente e ágil tentar esta “modernização” aos ritos partidários, tarefa impossível pois que o órgão monopolizador está ativado na rota dos interesses egoístas e privados de cada um dos integrantes de todos os partidos e governos. Ou mudamos o homem ou tudo continua como está. Mas tem gente ainda que pensa na mudança revolucionária da sociedade para eliminar problemas gerados secularmente pelos privilégios de classe, ah, estes que nunca terão prévias para decidir!
Quem são as “pessoas de bem”? E quem proclama um vocabulário dúbio que muda conforme a rota desses líderes que surgem e desaparecem sem deixar seu nome na história?Rebelemo-nos pois contra eles e vamos construir a sociedade solidária de que não fazem parte estes atores nem este cenário.
Paulo Matos, off
Amigo Raul
Assinamos embaixo do Paulo Matos que sintetiza
a necessidade da reconstrução axiológica da sociedade em texto enxuto.
Abraços
Ivan Alvim
Arthur virgílio neles…
raul,
paulo matos tá certíssimo.
Alo Raul. Forte abraço. Paulo Matos para senador!
AMIGO RAUL
O MODELO ESTADUNIDENSE ( É O TERMO CORRETO , UTILIZADOS PELOS HISPANICOS , INCLUSIVE PELA CNN EM ESPANHOL ) NÃO É COMPATÃVEL COM A LEGISLAÇÃO ELEITORAL E A REALIDADE BRASILEIRAS , MAS É CERTO QUE DEVERIAMOS TER TAL REGULAMENTAÇÃO , DE FORMA SEMELHANTE OU ANÃLOGA , NOS ESTATUTOS PARTIDÃRIOS , E SEREM CUMPRIDAS .
MANOEL PERES ESTEVES (Cananéia/SP)
Olá Raul!
Eu também li a entrevista`. É melhor tomar cuidado com a ponte!
Tenho a certeza que esta ponte que o Aécio está construindo, em algum momento vai cair. É só esperar para ver.
Um Abraço!
São Paulo;
BRITO.