Blog do Raul

Greve contra a Educação !

Essa greve promovida pela Apeoesp – sindicato dos professores do Estado de São Paulo é política e, segundo a sua presidente Maria Izabel Azevedo Noronha, ela é política mas “não é partidária”. De bate-pronto é possível observar o contrário, quando a própria dirigente e os líderes sindicais de várias categorias ligados ao PT, reverberam que os atos públicos na Praça da República, na Avenida Paulista e no portão de entrada do Palácio dos Bandeirantes servem para tentar “quebrar a espinha dorsal desse partido (PSDB) e desse governador (José Serra)”. Fora esse mantra radical, que recheia os discursos nos caminhões de som e nas faixas e cartazes que decoram esse movimento de natureza partidária, 9,9 pessoas em cada 10 consultadas ignoram as suas propostas para os educadores e para a Educação.

A Secretaria de Estado da Educação, dirigida pelo ex-ministro Paulo Renato Souza, vem conduzindo um processo de mudanças estruturais na carreira do magistério, fomentando cursos de especialização para professores, diretores e supervisores de ensino, e definindo procedimentos novos aprovados pela sociedade, com foco na valorização docente pelo mérito dos seus conhecimentos, atividades e práticas, para melhorias substanciais nos seus salários e carreira. Esses temas foram apresentados, debatidos e votados na Assembléia Legislativa pelos deputados estaduais, oportunidade em que todos os profissionais da Educação puderam propor o aperfeiçoamento das propostas governamentais.

Mas este é um ano de eleições e o Estado de São Paulo conta com um candidato competitivo (José Serra) para enfrentar e desconstruir as grandes falhas de gestão que desvalorizam o modo de governar o Brasil pelo PT. E isso serve de estímulo para a Apeoesp chamar os professores para suas lutas históricas, só que embaladas em atitudes de confronto, como foram à época do governo Franco Montoro (com a derrubada da cerca do Palácio dos Bandeirantes, em 1983) e de Mário Covas (com a bravata de José Dirceu incitando o PT a atacar o PSDB e o então governador, que foi atingido por petistas com um naco de pau e pedras, em 2001).

Tenho recebido manifestações de professores criticando a falta de diálogo do governo estadual e justificando muitas das cenas vistas em todas as mídias. Professores que historicamente revelaram as suas diferenças com a radicalização da Apeoesp, da CUT e do PT, que gostariam de estabelecer um canal que realmente mobilize tanto as categorias da Educação como as autoridades em todos os níveis para vencer o desafio pela melhoria da qualidade do ensino no Estado e no país. O esticamento da corda evita a construção de qualquer entendimento e daí, pela partidarização do movimento, a queima de livros ou apostilas em praça pública, e a violência contra militantes e políciais durante os últimos atos da Apeoesp, sem dúvida aumenta o fosso entre a realidade e a razão.

Políticos oportunistas estão se aproveitando da situação. Eles praticamente conseguem abafar que a Secretaria de Estado da Educação fez várias rodadas de reuniões com todas as entidades do magistério e foram atendidas reivindicações como a incorporação da Gratificação por Atividade do Magistério (cujo parcelamento foi uma proposta dos próprios sindicalistas), a consideração do tempo de serviço com peso de 20% na Prova dos Temporários e a maior amplitude salarial da carreira docente, entre outras. Prevalece uma clara divisão da sociedade na interpretação do movimento, que não sensibiliza para o fator principal, a melhoria da qualidade da educação.

Todo mundo sabe que os professores brasileiros ainda ganham muito mal e que enfrentam muitas dificuldades para cumprir o seu papel. E que desde a criação do Fundef – Fundo de Desenvolvimento da Educação e Valorização do Magistério (durante o governo Fernando Henrique Cardoso), agora Fundeb, muitos avanços foram possíveis, ainda dentro de um patamar de investimentos de mais ou menos 4,2% do PIB em Educação. Em países do primeiro mundo esse mesmo índice é que mantém a qualidade do ensino, mas no Brasil há a necessidade de um salto para os previstos 7% do PIB, conforme o Plano Nacional de Educação, de modo a acontecer uma verdadeira e necessária arrancada.

A mobilização nacional para ações pela melhoria da qualidade da Educação está longe de acontecer, justamente porque as políticas públicas para o setor são sempre descontinuadas e quando há um passo nesse sentido, logo surgem manifestações políticas reacionárias, como essa na Capital do Estado. A educação e os educadores servem de pano de fundo para o PT, sempre às vésperas de eleições ou de decisões fundamentais para a sociedade.

A quem interessa uma massa emburrecida e pobre, além de governos e governantes que desprezam a Educação como passaporte para a cidadania e o desenvolvimento ? Um povo melhor educado emancipa e não depende das esmolas de um Estado paternalista, porque pródigo na demagogia.

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14 comentários em “Greve contra a Educação !”

  1. Deve ser fácil para uma pessoa que mamou na Sabesp, afundou a área de comunicação da empresa, depois virou acessor da Sabesp em brasília, para fazer oque?
    Goataria de vê-lo vivendo com o salario de funcionário público.
    O PSDB acabou com os serviços públicos do estado, e agora dizem que a greve é política?
    O mais incrível é a capacidade que vocês tem de mentir, e acreditam tanto nessas mentiras, que acabam convencendo a população de que vocês estão certos.
    Polícia Civil, Educação, Saude, Prodesp, Sabesp, Metrô, será que todos esses também fazem greve política??

  2. Prezado Eduadro,
    Acho que você errou de blog. Esta parte de seu texto é dirigido aos amigos do lulopetismo meu amigo que mentiram tanto que conseguiram se sair bem de todas as maracutaias que fizeram e de todos os grandes roubos ao povo Brasileiro.
    Mamar na Sabesp é piada… Mamar no Brasil sim é o que seus amigos do PT fazem e muito bem ha 8 anos..
    veja o texto que vc escreveu O mais incrível é a capacidade que vocês tem de mentir, e acreditam tanto nessas mentiras, que acabam convencendo a população de que vocês estão certos. risos..muitos risos pois isto se refere ao PT e nao ao Raul…

  3. Raul,

    Veja como a educação faz falta.
    Esse cidadão que se intitula Eduardo, não deve ser esse o nome verdadeiro, fala esse monte de bobagem e escreve “acessor”. Como se vê ele fugiu da escola.
    Diz que vc foi “acessor” em “Brasilia”, sem saber que a Sabesp é uma empresa de São Paulo e portanto, até onde sei vc trabalha em São Paulo.
    Seria melhor ele se qualificar um pouco mais antes de escrever bobagem

  4. Se o nome do comentarista é mesmo “Eduardo” eu não sei, mas a grafia de “acessor” revela o DNA petista. Pelo talento, deve ser “acessor” do Blog da Wanda / Estela / Vilma…

  5. Muito boas falas Raul!

    Eu creio que as desacreditadas greves são frutos sazonais que somente amadurecem em anos eleitorais! O fato de que são um direito do trabalhador não significa que sejam moralmente aceitáveis. Aliás, não é moralmente aceitável que um trabalhador atire pedras em outro trabalhador.

    Foi lastimável ver cenas de supostos professores apedrejando policiais a sombra das indefectíveis bandeiras vermelhas que sempre indicam a presença de uma massa de manobra inculta, violenta e mercenária, a serviço de uns poucos “PTriotas” ávidos por um lugar na festa dos corruptos, antes que a opinião pública acorde e acabe com a farra.

  6. Porque essa greve nesse momento? Vejo isso como tática eleitoral de má fé, onde os professores estão sendo usados. Sou professor da Rede Estadual de Ensino de São Paulo, mas não caio nessa, pois acredito em mudanças de outra forma e não abandonar meus alunos em sala de aula e ter atitudes de revoltados sem foco.
    Assino em baixo no que diz o Raul, pois acredito em sua integridade moral, sem contar que ele é um verdadeiro educador e acredito em seu desejo de mudanças.

  7. sergio gonçalves

    Raul: prudente e sensato seu comentário. Gostaria de acrescentar uma passagem do Evangelho de LUCAS (3:14), quando ele nos diz: “E contentai-vos com o vosso soldo”.
    Isso não quer dizer acomodação, mas trazendo para os dias de hoje significa que não há recursos públicos suficientes para pagar salários que cada servidor gostaria/acredita ser merecedor. Assim, qual o salário que o professor acha ser merecedor? E o policial militar? E os delegados de polícia? E os pesquisadores? E assim por diante. Todo ano de eleição é a mesma coisa: greves e greves; passeatas e passeatas; bloqueios de trânsito e bloqueios de trânsito (fecharam a av. paulista e provocaram o caos dos veículos). Nem o Governo Lula atendeu aos pedidos de salários dos servidores federais: veja Polícia Federal, Tribunais Federais etc. Todos com certeza irão reclamar de seus salários: estão ruins? que tal enfrentar o mercado de trabalho privado, sem estabilidade, aos movimentos da economia etc e tal. Cada setor tem suas vantagens e desvantagens. Veja-se o caso dos médicos: como a iniciativa privada está remunerando muito bem esses profissionais, eles estão saindo do serviço público e investindo nas ONG, hospitais privados etc. A greve da APEOESP é agora e sempre foi política, porque partidária e política sua direção, como também são as ocupações de terra pelo MST etc e tal.
    Está o serviço público? Venham competir na iniciativa privada! Desculpe EDUARDO, mas “acessor” escreve-se “assessor”, se não estou enganado e sem alteração pelo novo acordo ortográfico. Precisamos de PAZ e BOM SENSO!

  8. Raul, lembro que no final da década de setenta os professores do estado ensaiavam uma greve.
    Neste tempo esse “monstro” chamado APEOESP era uma associação sem expressão como outras da época.
    Os professores sem uma entidade que os representassem, solicitaram ao Rubens Lara, então vice presidente Camara Municipal, o plenário da casa para uma reunião.
    Feito isso nos dirigimos a Camara para a referida reunião, lá encontramos o “Pézinho” como os professores mais velhos se referiam ao Lara todo constrangido, a mesa da Camara tinha negado o pedido dos professores, motivo era um movimento de cunho político.A negativa caiu como uma bomba no meio do grupo, o movimento foi tachado de politico, foi um caos, ficamos parados em frente da escadaria, ninguem queria tomar a frente para dar os encaminhamentos, podia ter agentes do DEOPS para mapear as lideranças.Neste impasse eu que não tinha representatividade nenhuma, era um simples professor aluno, subi na escadaria dei os encaminhamentos encerrando a frustada reunião.
    Pois é! Teria muito para comentar,Mas fica para uma outra portunidade.Abraço

  9. Maisa Costa

    Querido Raul,
    não acredito em greve e muito menos no meu sindicato, porém vale lembrar que estamos sem aumento a bastante tempo ( governo PSDB ), sem contar as condições de trabalho. O que mais me incomada são as energias paradas dentro da escola, como por exemplo: o programa acessa escola, onde os jovens seriam monitores e ganhariam salários, e está tudo parado! Os cadernos dos alunos não tem para todos e sabemos que Monguagá todas as escolas foram municipalizadas, por que não remanejar os cadernos para Praia Grande? Talvez esses tenham sido queimados? Todo transporte de materiais fica a cargo do diretor de escola, contrando transporte com recurso financeiro próprio. Recurso humano e boa vontade nunca foram problema, mas estamos cansados!
    Indenpendente de greve política e pessoas oportunistas, a figura do professor deve ser respeitada, valorizada e ouvida!

  10. O tempo desprendido com tais atos carrobora em que a EDUCAÇÃO , Raul , não se pode desmerecer o fator funcional, cobiçado e que y países procuram.Mas nãopodems esquecer os estagios evolutivos em como e quando alcançar sem que o formato reinvidicação se torne inoquo. Não se pode alugar o governo por se tratar de fundo. Nem muito menos cobrar capacitação em rede escolar diante do recurso disponibilizado no orçamento. Antes de escolher a forma de protestar precisamos de avaliar todas as alternativas, para que assim seja feita a mais eficiente e não precipitemos os atos , afinal a corrente acaba quebrando , e o remedar não se trata saudavelmente,enfim posições aparte , a instituição ensino não pode parar. U

  11. Vim aqui comentar o post, mas como sempre, li os comentário e PRIMEIRO tenho outra tarefa, que se impôs como mais urgente: ñ posso me omitir, como educadora formada em Letras pela USP, de dizer q fico indignada por encontrar comentários como os de Toninho e Fernando, q buscam desqualificar o discurso alheio em virtude de uma incorreção ortográfica. (!!!!!!!!!!!)Isso é uma atitude extremamente preconceituosa e empobrecedora, pois em vez de confrontar argumentos, buscam desqualificar o autor dos argumentos do modo mais destrutivo e rasteiro. Dizer tbm q está no DNA dos petistas uma propensão a incorreções ortográficas é tbm de uma ignorância extrema e mto preconceito. INGONORÂNCIA EXTREMA pq falar de um DNA petista mal-letrado mostra desconhecimento sobre o fato de q o gde Chico Buarque e o digno e notório professor Antonio Candido apoiaram a candidatura de Lula (e não digo q sejam petistas, pq não sei da atual opinião de ambos diante do governo de Lula, mas sei q historicamente ambos estão ligados de alguma forma ao PT). E a afirmação mostra também PRECONCEITO porque… afinal… qual é o problema do PT para o senhor Fernando: os princípios e parâmetros do partido, ou o fato de ser um partido de origem popular? Creio q nessa afirmação o sr. Fernadno revela sua ojeriza ao “popular”. Devo dizer: sinto muito, então mude de país. Porque sim, nós temos povão, que aliás é maioria. E sim, “o povão”, o senhor e eu VIVEMOS, JUNTOS (queira o senhor ou não), num mesmo país que é mto desigual e que sofre com uma educação pública ainda falha em ensinar o português padrão aos seus alunos. Se o país não está conseguindo garantir o direito mínimo ao cidadão, dando uma educação de real qualidade, certamente ridicularizar o cidadão por não dominar o português padrão não me parece algo inteligente. Vc pode ter um domínio maior do português padrão, sr. Fernando, mas ainda tem mto o q caminhar p/ aprimorar sua leitura de mundo e construir senso crítico.
    Quanto ao post, q era o que eu tinha em mente comentar: escrevo p/ dizer que apesar das recorrentes divergências com o autor, fico muito feliz de ver a responsabilidade com que escreveu sobre a necessidade REAL do aumento de investimento público em educação.
    Em outro post, eu havia ficado indignada com a forma algo marginal demais com que a questão do investimento público em educação foi tratada (vide comentário q fiz sobre o post que afirma q vão mal as metas da educação). Havia ficado preocupada sobre a forma pouco enfática com que o autor havia falado sobre os investimento, e constato feliz q foi dada uma maior atenção ao tema desta vez.
    Ah, e recomendo leitura de uma matéria de especialista que defende aumento de investimento p/ 10% do PIB, para o país dar a referida “arrancada” e então poder diminuir o investimento, fazendo apenas a manutenção do sistema. Vamos ler, pq afinal, não é só o Eduardo que precisa “se qualificar” p/ o debate – essa é uma condição q se coloca a TODOS que querem falar sobre algum assunto: http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/legislacao/entrevista-rubens-barbosa-camargo-especialista-politicas-educacionais-qualidade-educacao-546806.shtml

    Ok, entendi o mecanismo do blog, que pelo menos nos textos que li até hj, mostra sempre o objetivo de comparar partidos e políticos da preferência e do desgosto do sr. Raul e buscar, a partir do tema explorado, reunir argumentos para demonstrar a validade do posicionamento político do autor. É o segundo post q vejo com um arremate q deixa bem clara essa intenção, e fica parecendo mesmo que o tema Educação não está em primeiro plano, mas sim a reafirmação do posicionamento político do autor. Antes achava que era uma forma de diminuir o tema discutido, usando como pano de fundo o assunto p/ criticar o governo e o PT. Agora, entendo que isso seja talvez a maior motivação, a abordagem escolhida para discutir os assuntos, então ok. Discutirei sempre a partir de tal pressuposto, e não contra ele. Se eu quiser ver a educação discutida em profundidade, e em função de si mesma, eu que procure outros blogs, certos? Ainda acho uma pena, mas creio q entendi a razão de ser senão de todos, pelo menos dos escritos q vi até hj neste blog.

  12. Errata, antes que me fuzilem:
    Em INGONORÂNCIA EXTREMA leia-se IGNORÂNCIA EXTREMA (mas ficou bem engraçada a grafia errada justamente na palavra ignorância! rs…)

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