Registro com tristeza a morte de Lamir Vaz de Lima, camarada de ideais para transformar a sociedade e o mundo, e companheiro de lutas pela democracia, desde a juventude. Foram muitas as histórias que compartilhamos juntos, mas sobram acontecimentos que vinculam a sua figura às mudanças de posturas políticas e sociais na Baixada Santista, na sua passagem por Santa Catarina e mais recentemente na Capital paulista. Nos últimos 25 anos militamos em trincheiras diferentes e Lamir preservou nesse longo período o jeito exemplar de fazer política com elegância, sempre compreendendo e respeitando as nossas diferenças. Como não poderia deixar de ser, na hora de uma perda de vida tão importante, o inevitável reencontro de amigos e companheiros serviu para reforçar velhos princípios e convergir no mesmo sentimento de saudade.
A história é injusta com os idealistas e militantes autênticos. Por isso acho que não podemos medir esforços para cumprir a tarefa de manter viva e propagar lembranças dignas, como a de Lamir, para estimular sentimentos mais aguerridos na juventude atual. Faz 40 anos que a minha geração está diretamente envolvida com o anseio de mudanças. Não somos seres conformados com esse modelo político em evidência, corroído de mazelas, que nos seduzem para o desânimo. Lamir, articulador, provocador contumaz, jamais baixou a guarda.
Nossa luta não terminou. Há muito a fazer. Não importa a trincheira escolhida, desde que progressista e faça o país manter o olhar para o futuro. Só é lamentável, que os próximos capítulos serão escritos sem Lamir, que nos deixou precocemente, aos 56 anos de idade. Numa rápida viagem pela sua biografia, sabemos que deixou um filho, único como ele próprio, depois de fundar e dirigir a juventude do MDB nos anos 70, militar entre os camaradas do clandestino PCB, participar de todos os movimentos políticos pela democracia – diretas já para presidente, Constituinte livre e soberana, anistia ampla, geral e irrestrita, autonomia política para Santos e Cubatão.
Lamir conciliou essas bandeiras e cumplicidades na fundação do PMDB, na direção regional do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, no movimento pelos direitos humanos, na filiação ao PT, participando dos governos de Santos com Telma de Souza e David Capistrano; na prefeitura de Santos liderou e foi escolhido interventor de Telma no Grupo Viação, que operava o transporte coletivo na cidade e em toda Baixada Santista.
Depois foi cuidar da sua própria saúde em Santa Catarina, mas não hesitou saber dos movimentos estaduais do Partido dos Trabalhadores, atuando como secretário de organização partidária, além de ser um dos idealizadores da Rede 13, que ao lado de outras 100 organizações não governamentais catarinenses ajudou a formar o Fórum Parlamentar Permanente do Fome Zero. Lamir abusou da energia e do seu coração, retornando a Santos onde passou a compartilhar a militância na sua terra de nascimento e os movimentos políticos e culturais da Capital.
Recordo do nosso último encontro, no aeroporto de Brasília. Aguardávamos um vôo para São Paulo e ele informava que mantivera reunião com o então ministro José Dirceu. Durante a nossa conversa falamos também de uma caravana cultural com o pianista Artur Moreira Lima, que ele estava promovendo, e nos aproximamos do deputado federal Alberto Goldman, para relembrar das trincheiras comuns até meados dos anos 80. Envolvidos nas histórias, perdemos o avião – nós três, praticamente na porta do finger, ignorando a chamada nos alto-falantes da empresa de aviação.
Depois desse fato, meus contatos com o Lamir aconteceram apenas pelas redes sociais – orkut – na Internet. Resumíamos os nossos scraps aos cumprimentos pelos aniversários – ele comemorava dia 6 de março – sem uma linha de política. Preferimos, conscientemente, preservar nossa amizade antiga, do que enveredar por debates que resultariam em divergências.
Nos últimos tempos, Lamir assessorava o deputado estadual petista Vicente Cândido. E hoje, o nosso triste adeus !
Lamentamos também a perda de um militante autêntico, especialmente quando presenciamos uma geração se formar sem conteúdo político necessário as mudanças de que tanto necessitamos como povo…
Pouco a pouco, nossa geração, vai indo para o andar de cima, e cá em baixo, ninquem se prepara para ocupar os lugares vagos!
Nossos respeitos a Família!
por favor, alguém pode me informar o que aconteceu com o Lamir?
Eu já estava estranhando a sua ausência ..e hj ao acordar eu me deparo com esta notícia. Preciso saber …
Eles não passarão. A afirmação histórica dos conviventes de Lamir e da esquerda solidária já não repetem a assertiva com o mesmo impulso, abalados pela constância dos desaparecimentos inevitáveis,sim, mas que abalam um tão reduzido contingente solidário e pretensamente construtor de uma sociedde mais justa com que sonhamos. Só a renovação e a reprodução ideológica e firme pode substituir tais perdas, para então dizer que ELES NÃO PASSARÃO!
acordo com isto, irreparavel, alem de homem politizado, amava a cultura e as artes, era delicioso debater com ele assuntos da area, amigo, inquieto sempre, lutava, amava, militava, abraçava e festejava conosco vitorias, conquistas, ou repudiava e gritava,repudiava com garra e fé manipulações, tergiversações e mentiras.
abraços sempre lamir no éter nos encontraremos todos
Raul,nos dias de hoje onde o descredito com a politica contamina grande setores da classe media e onde muitos militantes de nossa geração mergulham no ressentimento achando por ter lutado contra a ditadura os tornam automaticamente merecedores de cargos ou outra mercê governamental, Lamir despontava com seu otimismo e a felicidade de “fazer” Política.
Lamir teve destacada atuação nas lutas pela democracia em Santos e na reorganização do PCB mas o que o mais caracterizava era o otimismo e a alegria de atuar politicamente.
Saudades.
Grande Figura, o Lamir. Apesar de não ter tanto tempo de estrada, conheci-o no Governo David Capistrano, o qual cobri como repórter. Lembro-me de um papo que tivemos em 1996, durante uma entrevista com o também saudoso maestro Hans Joachim Koeureutter – o Lamir atuou como ator numa ópera dirigida pelo grande regente, a Ópera Café. Anos depois, nos trombamos (em 2004), eu ainda como repórter, num ato de campanha da Telma de Souza. Era uma figura. Soube da morte do Lamir pelo blog, uma vez que estou em Sampa. Abraços
belíssimo, raul, belíssimo!
tb possuí algumas divergências com Lamir – com quem tive a honra de trabalhar há anos e muito recentemente -, mas vc resumiu exatamente a que nos devemos ater.
belíssimo, repito.
receba meu beijo saudoso.
SAÚDE & PAZ!
EM TEMPO: ONTEM, embora pelo triste motivo, foi bom rever muitos camaradas, companheiras e companheiros no velório do Lamir, na Benê.
Caramba, nos deixou Lamir, o pragmático como eu o chamava. Lembro-me de momentos juntos nos quais a sua palavra tranquila, ponderada e inteligente acabava prevelecendo sobre os arroubos maoistas de alguns de nós.
Campanha do Lara para prefeito, Gil, Raul Christiano, Marilia, Julio Penin e era a palavra dele que impunha ordem pelas justas ponderações de cunho profundamente social.
Quando assumi o Sindicato dos Engenheiros estava ele comigo, ajudando-me no estabelecimento de uma linha programática que contemplasse as posições de organização social do nosso clandestino partido e de organização da sociedade.
Lamir, continue a sua luta na eternidade.
Agora com certeza está com todos camaradas que já se foram, organizando as forças progressistas celestiais.
E como disse o Paulo Matos, Lamir pode ter certeza que as correntes conservadoras “NO PASARAM”.
Como disse o Anacoluto acima “pouco a pouco nossa geração vai p/ o andar de cima e ninguém se prepara para ocupar o lugar”. O mesmo está ocorrendo com os partidos políticos, a geração envelhece e não há preocupação em preparar os quadros para dar sequência ideológica e consequente do modo de governar, de fazer política etc… Mas, hoje é dia de sentimento de perda, perda de nosso camarada que conheci nos anos 70 ainda no MDB mas que não via há muito tempo. Lamir, que nossos companheiros que já foram o recebam com a devida galhardia de quem sempre foi consequente com seus ideais.
Caro Raul,
É sempre triste saber que um companheiro partiu. Embora todos, cada um do seu jeito, acreditem em outra vida ( sim, tem uns que não acreditam, devemos respeitar sempre…), fica a saudade, a ausência física, a companhia. Acredito que tenhamos muita coisa há fazer neste plano físico, por isso a partida de alguém querido nos deixa muito triste. Principalmente quando é um militante que se mantém firme em seus propósitos.
A sua colocação, Raul, só nos traz a certeza de como é bom manter contato, tomar um café vez por outra, conversar, ainda que rapidamente. Depois, só fica a lembrança e a sensação que poderíamos aproveitar mais da presença do amigo, do ente querido, ter aprendido mais com ele.
Que o Lamir esteja bem lá no Mundo Espiritual. Ele deixou a sua marca boa, é o que mais importa. Abs., David
A morte é o acontecimento mais absurdo da vida. Seu mistério nos ronda, permanentemente, revelando seu lado egoísta, de nos furtar da convivência de quem amamos, admiramos ou queremos bem. A partida sempre será triste, chorosa, incompreensível. As marcas que ficam – gestos de generosidade, solidariedade comprometida com a luta, os sonhos cultivados e que não se esvaíram – infelizmente, também com o tempo, se apagam. O sentimento de impotência, diante da violência que a separação nos impele, é implacável, destruidor, arrasador. Nos faz crer que tudo, absolutamente tudo é efêmero, ao nos depararmos com a crueldade que a morte implicitamente vela. Mas, aqui e acolá, vamos driblando e resistindo a esse lado obscuro da vida…
Valeu Lamir, meu velho comunista que tombou antes do tempo. Valeu pela coragem, pela juventude, pelas idéias e ideais que abraçou e pelas causas que intrepidamente defendeu. Seu exemplo é inspirador. Enquanto não nos reencontrarmos, eu, Betão, Raul, Gil, Guilherme, Zanetta, Edu, Cecílio, Celinha, Renata, Campanela, e tantos companheiros de antigas trincheiras de lutas, continuamos, cada qual segundo suas convicções e motivações, a conspirar a favor do mundo novo que um dia há de surgir.
Edmur
P.S.: transmita um caloroso abraço ao David.
Já faz tempo que me afastei de tudo! Não tenho mais paciência para inócuas discussões ideológicas, especialmente quando se vê que não há muitas diferenças na postura e na prática de condução da coisa pública. Não tenho mais paciência para ouvir promessas infindáveis e nunca cumpridas. O tempo urge célere contra cada um de nós. Mas a verdade é que existem pessoas, que mesmo partindo, continuam presentes. Lamir é um desses caras. Sem dúvidas Lamir estará presente cada vez que ouvirmos falar de um político íntegro, honesto e coerente. Com toda certeza estará presente quando ouvirmos falar de “conspiração” em favor de mundo melhor; um mundo onde não haja discriminação racial, étnica ou social. Um mundo onde tivermos a liberdade de ser o que realmente somos e não o que os outros querem que sejamos. Nossos caminhos se afastaram, mas o carinho permaneceu. Até um dia Lamir!
Elegante mesmo é a lembrança do seu contemporâneo.
Bela a sua mensagem. Tenho certeza que ele está ouvindo em algum lugar…
Tomei conhecimento da missa de sétimo dia de Lamir Vaz de Lima. Fiquei surpreso (estava de férias e não sabia da sua morte) e bastante triste. No ano passado perdemos Rubens Lara e agora o Lamir. Como jornalista, profissão que exerço desde os anos 70, tive o prazer de conviver com ambos durante os mais de 20 anos que acompanhei as atividades políticas em Santos. Lamir nunca teve medo de encarar a ditadura militar, num período em que Santos não tinha autonomia. Lembro do seu arrojo e dedicação quando do surgimento do MDB Jovem. Ele batalhou muito para tornar realidade a ala da juventude dentro do partido. Uma perda realmente lamentável.
RAUL CHRISTIANO
FIQUEI TRISTE COM O FALECIMENTO DO LAMIR VAZ DE LIMA , VINDO – ME NA MENTE AS LEMBRANÇAS DA CONVIVENCIA COM ESTA PESSOA , QUE SEM DÚVIDA , JÁ COMEÇA A FAZER PARTE INTEGRANTE DA LUTA POLÃTICA DE SANTOS . VALEU LAMIR !!!
MANOEL PERES ESTEVES
O camarada Lamir nos deixou. E desta vez, de forma definitiva. Não está mais entre nós para discutir questões politicas, colocando suas posições de forma tranquila, como era sua caracteristica. Vai fazer falta. Podiamos ter discordâncias em determinados momentos, mas tinhamos um clima de respeito ao ouvir uma pessoa séria, que falava o que pensava e aceitava as ponderações contrárias. Deixou um exemplo de luta, de busca de uma sociedade mais igualitária. Vai fazer falta. A todos que o conheceram e com ele conviveram, deixa a responsabilidade de pensar nas formas de condução da luta por uma sociedade que precisamos.Valeu Lamir
Soube, somente hoje, da morte do nosso amigo e companheiro LAMIR. Recordo, entristecido, das suas lutas em várias trincheiras: no teatro, no sindicato, na faculdade, nos movimentos populares…
Recordando dele, recordo do que Gramsci escreveu nas suas “Teses sobre questões meridionais”, elaboradas em 1926, pouco meses antes de ser preso: “… Que se forme uma tendência à esquerda – no significado moderno da palavra, orientada para o proletariado internacional” (Gramsci, 1978: 158).
Sou testemunha de que LAMIR empenhou-se nesse sentido.
Recadinho para UNE .
Sou universitário, e Jovem como a maioria de vocês integrantes da UNE .
Até ai muito temos em comum, mas nada em comum temos na conotação política e social .
Sempre fui Fã incondicional da UNE, e por muitas vezes a citava como grande exemplo de união e imparcialidade na busca do melhor de seus ideais e dos ideais para o Brasil.
Infelizmente, hoje estamos vendo uma UNE comprometida com o governo Lula , onde o Governo Lula de forma sábia financia( Compra) a UNE para fazer com que esta instituição estudantil não se manifeste contra este governo Corrupto .
Lamentável!!!!
Que hoje estejamos vendo uma instituição que muito nos orgulhou sendo amordaçada por este governo.
Fiquei também muito surpreso por saber que foi fácil e barato imobilizar qualquer movimento da UNE contra o Governo Lula.
Hoje não usamos + a UNE como exemplo algum, porque esta instituição estar falida moralmente e sua voz não tem + força, presença e contundência para falar sobre moralidade na Política nacional.
UNE é hoje uma instituição comprometida e parcial em suas opiniões a favor deste governo corrupto porque suas palavras tem limites e amordaça.
Nós estamos em buscar de uma nova UNE, ou Melhor não terá o nome UNE claro que não porque UNE só existe uma , até porque UNE não é +exemplo de imparcialidade , seriedade e lula pela verdade , teremos uma união de jovens e estudantes que já + irá se comprometer com governo algum ,político algum .
Nossa União fará o que a UNE fazia a 6 anos atrás, aquela UNE era nosso orgulho porque criticava qualquer governo sem medo de ser feliz.
Seremos assim,iremos criticar quando for para criticar, iremos elogiar quando for para elogiar, e iremos para ruas com as caras pintadas quando for para ir as ruas.
Mas tudo será sem compromisso algum com governo nenhum , não seremos vendáveis .
Caros amigos da UNE,tenho que admitir, o Governo Lula foi inteligente porque soube de forma barata AMORDAÇAR vocês com muita facilidade.
Quero ressaltar que não sou partidário a ninguém e muito menos a político algum.
Não como, não bebo, e não durmo as custas de político e muito menos de governo nenhum.
Tenho orgulho de dizer que não devo favores a político, partido e governo nenhum!!!
Minha única obrigação é ser uma cidadão cumpridores de meus deveres com a lei e a sociedade , trabalhar para um país melhor e para o meu e bem estar de minha família.
Este é o meu compromisso e desejar um Brasil +justo para todos .
Cordialmente,
Nikacio lemos
23 anos Universitário
Olá Raul, com atraso no registro, mas o que importa é a lembrança dos bons tempos que você mostrou nestas poucas linhas. As amizades devem ser assim, superiores as linhas políticas e devem ser preservadas.
Pessoas de valor devem sempre fazer parte do nosso meio de amizades e devemos separar sempre que possível as correntes políticas que as vezes influenciam o nosso dia a dia.
Material foi colocado no portal para registro desta lembrança e sentimentos.