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Não fiz arminhas com os dedos

Bolsonaro ensina criança.

Outro dia postei uma reflexão em meus perfis pessoais na internet, com uma provocação às prioridades do governo Jair Bolsonaro sobre a liberação dos recursos do orçamento federal. Não me contive, por exemplo, com R$ 700 milhões para o ministério da Saúde, apesar de toda a necessidade que o setor tem, e R$ 1,65 bilhão para a Defesa manter os seus quarteis. Como é comum atualmente, recebi manifestações de apoio, contras e de estranheza com a minha postura, tipo “o seu partido (o PSDB) defendeu esse resultado”, agora “faz arminha e chora”.

Entendo que o povo brasileiro está dividido sobre o projeto de país em curso. A intolerância grassa em família e na sociedade, com agressividade e radicalismo. Não vejo uma pessoa que não esteja armada interiormente – no sentido da atitude – e a disparar diante da menor contestação. Há ódio nisso, como bem descreveu o jornalista e escritor Ricardo Viveiros, em artigo publicado no jornal “Folha de São Paulo”, no último domingo (22 de setembro).

O seu diagnóstico relembra que “as pessoas, desde a campanha eleitoral de 2018, em segundos vão da ofensa pessoal à agressão, sem limite de bom senso. Do nada, por nada, para nada. Simples descontrole e violência”, acentuando. Esse cenário está levando muitos a cometer arbitrariedades e injustiças, sem fundamentação e sem observar o contraditório tão valorizado na democracia.

Nem é preciso dizer que esse clima torna insustentável a convivência humana no país, gerando atritos, em casa, nas ruas e em praticamente todos os ambientes; inimizades, divisões nos lares, famílias, escolas, trabalho, religiões sobressaem, sem importar com as consequências futuras em suas relações. Imagina como se sentem aqueles que sempre tiveram um lado na história e que praticavam a civilidade, que é o conjunto de formalidades, de palavras e atos que os cidadãos adotam entre si para demonstrar mútuo respeito e consideração; boas maneiras, cortesia, polidez.

Onde falhamos? É possível definir um culpado, fulanizar responsabilidades com divergência de pensamentos, quando parece que não existe uma ideia em movimento? Será que Viveiros está totalmente certo quando localiza nas eleições de 2018 o início dessa cultura?

Em 2010 experimentamos desse veneno, quando o uso das redes sociais engajou um número maior de pessoas no debate político e eleitoral. Quem esqueceu os discursos de Lula apresentando a sua candidata Dilma Rousseff e patrocinando o confronto dos nós e eles?

O pior é que o mundo enfrenta uma epidemia de fakes news, a destruir verdades, reputações e a cultura da paz universal. Chegamos à 3.ª Grande Guerra Mundial, entremeada da “Quarta Revolução Industrial”, que, abraçada às novas tecnologias transformam a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Especialistas, como Klaus Schwab, autor do livro com o título citado entre aspas, consideram que “em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes”.

Portanto, não fiz arminhas com os dedos antes, durante ou depois da eleição de Bolsonaro, e espero que o país desembarque a bom termo dessa violência, dando chance à tolerância de Mário Covas ao pregar que “mais vale um não explicado, do que um sim que não pode ser cumprido”.

 

(*) Raul Christiano é jornalista, escritor e professor universitário. E-mail: [email protected]

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Estado de Alerta na Educação

Educação é uma necessidade fundamental

Se colocarmos a questão do desprezo de alguns governos pela Educação no Brasil, a resposta mais provável de todas as fontes encorpará a ideia de que governantes preferem um país de ignorantes e potencialmente manipuláveis, à uma Nação educada. Ora, se nesse momento de expectativa baixa sobre a economia, de população endividada e triste, muitos jovens e trabalhadores com algum tipo de formação educacional enfrentam dificuldades, já imaginaram sem educação?

Quando fiz parte da equipe do ministro Paulo Renato Souza (da Educação nos 8 anos do governo Fernando Henrique Cardoso) participei e testemunhei avanços importantes na organização e execução de políticas que tinham tudo para reverter o quadro de atraso educacional no Brasil. Cheguei a imaginar que os governos petistas que o sucederam, por conta dos discursos favoráveis à causa, dariam sequência com louvor, mas optaram pelo congelamento de muitos programas e ações que só serviram para retardar mais o objetivo que deveria ser a prioridade um.

Lula desdenhou em diversas oportunidades a importância dos diplomas além da sua certificação como Torneiro Mecânico pelo Senai e deixou escapar a chance histórica de usar a sua popularidade nacional, valorizando a matrícula e a escolarização da primeira infância à universidade e pós-doutorados etc. Com isso, nunca antes da história deste país assistimos a evasão escolar crescer tanto e em todos os níveis.

Agora, diante de dados do IBGE, relativos a 2016, de que mais de 1,8 milhão de meninos e meninas de 5 a 17 anos trabalham no Brasil, contrariando a Constituição Brasileira, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e o Estatuto da Criança e do Adolescente, que proíbem o trabalho para menores de 16 anos, salvo na condição de Aprendiz, a partir de 14 anos, o presidente Jair Bolsonaro defende o trabalho infantil, mas diz que não pretende apresentar nenhum projeto para descriminalizá-lo. E justificou sua posição de maneira simplista de querer “que as crianças sejam educadas para desenvolver a cultura do trabalho”, trabalhando desde muito mais cedo.

Essa postura, que se complementa com o desgoverno observado no MEC desde o dia 1.º de janeiro de 2019, cortando o repasse de recursos para a Educação Básica e esvaziando programas essenciais, novamente contribui para aumentar a evasão escolar e, como o trabalho infantil é ilegal, promove uma distorção para o futuro sem formação, desqualificação e salários menores.

Chegou a hora de unir mais ainda as entidades que congregam as comunidades escolares – APMs (Associações de Pais e Mestres), UNE (União Nacional dos Estudantes), UEEs (União Estadual dos Estudantes) e UBES e UPES (União de Estudantes Secundaristas) e os responsáveis e dirigentes educacionais – Undimes (União dos Dirigentes Municipais de Educação) e Consed (Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação) para estancar logo esse estado de coisas.

O desempenho sofrível dos estudantes brasileiros nos últimos anos, confirmado nas avaliações institucionais no Brasil (SAEB, Prova Brasil, Saresp, ENEM, ENADE, ANA etc) e no Exterior (PISA, por exemplo), não é Fake News, muito menos a notícia estampada no portal do jornal “Folha de São Paulo”, nesta segunda-feira (15):

Conforme o jornal, a educação em tempo integral, creches, alfabetização e ensino técnico são atingidas pelos cortes de verbas do governo federal para alunos das redes e escolas estaduais e municipais. Essa informação é verdadeira e foi obtida pela “Folha” –, por meio da Lei de Acesso à Informação e do Siop (Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento do Governo). Os números são grandiosos, uma vez que o orçamento do Ministério da Educação para este ano é de R$ 122,9 bilhões, sendo que o governo não está conseguindo manter em dia as políticas educacionais – descontinuando ou fragilizando muitos programas bem-sucedidos – conseguiu executar até agora 28% (estamos no sétimo mês de 2019) e os cortes somam R$ 5,7 bilhões contingenciados.

Quantas vezes precisamos dizer ainda que uma nova geração de brasileiros está em risco?

 

(*) Raul Christiano é professor universitário, escritor, poeta e jornalista. E-mail: [email protected]

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Mulher combina com Poesia

Cartaz do espetáculo Mulheres Poetas – outono de 2019.

Não é preciso ser poeta neste mundo para tentar conquistar o coração de uma mulher com palavras. Quando buscamos no Google a combinação de seduzir uma mulher pela poesia achamos as melhores receitas. Mas é bom que se diga que vale também o inverso e digo com o testemunho de quem foi tocado assistindo ao espetáculo cênico de poemas e prosas “Mulheres Poetas – Raízes Portuguesas”, protagonizado pela poeta e atriz Orleyd Faya.

Foi nesse outono, em Santos, no palco do teatro do Centro Português – Teatro Armênio Mendes, restaurado na parte histórica da cidade, que a multivoz e a expressão corporal de Orleyd refizeram o “Périplo Africano” – das grandes viagens marítimas, em que Portugal foi o primeiro país europeu a se aventurar – no navio da poesia.

Nesse “Périplo”, que alcança as Índias fundeando o Brasil e contornando a África, os poemas ditos por Orleyd emocionam do começo ao fim. Os textos foram pinçados no universo da produção feminina na literatura, com a influência portuguesa na escrita de mulheres poetas de Portugal e de suas ex-colônias, enfatizando os contextos histórico, político, social e cultural dos diversos países de língua portuguesa.

Diferente de um sarau poético onde são compartilhadas as participações de poetas e suas próprias vozes, “Mulheres Poetas” é muito mais do que um sarau, jogral ou monólogo, recursos comuns na teatralização da poesia. O espetáculo nos seduz embalado pelo repertório de instrumentos e sons variados pelo ator e músico Wagner Bastos justaposto nessa realização da Teatraria e direção geral de Tanah Correa – ator, produtor e principalmente diretor de inúmeras peças, filmes e novelas.

“Mulheres Poetas” decora o palco com “linhas de união de um conjunto de países, em diversos continentes, diferentes e ao mesmo tempo marcados por uma mesma cultura pátria, e colônias, que apesar de todas as diferenças culturais, sociais e geográficas encontram na língua um eixo comum que evidencia e conta sua história: lutas e conquistas de povos distintos, desnudados na sensibilidade feminina, nas vozes de meninas, irmãs, mães, esposas, amantes, senhoras e escravas”.

São 17 poetas de 11 países – Brasil – Laura Moreira, Adélia Prado, Cora Coralina, Hilda Hilst, Dora Ferreira da Silva, Patrícia Galvão (Pagu), Olga Benário; Portugal – Florbela Espanca; Angola – Alda Lara; São Tomé e Príncipe – Conceição Lima; Moçambique – Noémia de Souza; Cabo Verde – Yolanda Marazzo; Nova Guiné – Filomena  Embaló; Guiné Bissau – Odete Semedo; Gôa/Índia – Vimala Devi; Macau/China – Si Luosha e Timor Leste – Filomena Reis.

Mulheres diferentes na geografia, tempo-espaço, e que através da poesia revelam tanto em comum, escritas na língua portuguesa, sua relação com Portugal. Nesse espetáculo perceberemos mulheres que desde o século XV e, ainda hoje, lutam para ter sua voz na sociedade, no mundo da literatura, espaço sempre tão masculino. Mulheres que pariram, embalaram, alimentaram, amaram e que foram propriedade destes homens portugueses e de seus colonizados.

Recomendo “Mulheres Poetas – Raízes Portuguesas”, um revival à poesia falada e às viagens que a literatura nos aproximam: “O mundo? O que é o mundo, ó meu Amor? O jardim dos meus versos todo em flor… a seara dos teus beijos, pão bendito… Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços… São os teus braços dentro dos meus braços, Via Láctea fechando o Infinito” (Florbela Espanca).

 

(*) Raul Christiano é professor universitário, poeta, escritor e jornalista. E-mail: [email protected]

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A globalização dos boatos

Quem disse a você é uma fonte confiável?

Hoje em dia todo mundo sabe o significado de fake news, assim como desde a antiguidade os nossos antepassados testemunharam que verdade e mentira se misturavam nos mais diversos contextos da vida em sociedade. Esses fatos e versões, reais ou inventados, influenciam a nossa percepção e opinião, aguçando mentores e interesses a lançarem mão desses recursos no jogo baixo e covarde.

Vê-se que essa questão, nos meios de comunicação cada vez mais acessíveis, é imperativa em todos os níveis. Outro dia li uma associação do consumo dos boatos aos menos educados ou formados. Ora, o pecado a meu ver vincula-se à falta de uma orientação e consciência da sociedade sobre a origem das versões, que superam os fatos ou se criam sustentadas no nada apenas para alcançar algum tipo de vantagem.

O mundo é competitivo e quem tem uma formação melhor pode mais. Entendo que se as condições fossem igualitárias e menos sujeitas às espertezas, certamente haveria mais justiça e respeito entre os desiguais. O historiador francês Paul Marie Veyne registrou no seu ensaio “Os Gregos acreditavam em Seus Mitos?”, que “os homens não encontram a verdade, a constroem, como constroem sua história”.

Motivos não faltam para a criação de notícias falsas e espalhar e reforçar boatos, com o interesse de atrair a atenção das pessoas. Com a internet, além de ampliar o número de acessos aos sites, são reforçadas as estratégias de se estabelecer um pensamento coletivo, desconstruindo personalidades, reputações, para o prejuízo da integridade de pessoas comuns, celebridades, políticos, marcas e empresas.

Nesse contexto, urge orientar a partir dos anos iniciais das crianças nas escolas, além de evitarem doces e presentes de estranhos e interagir com tarados e pessoas anormais em rede, que a educação valorize a conectividade com redes confiáveis. Os grandes portais de imprensa, editoras e dirigentes da Educação deveriam criar um selo de qualidade para quem trabalha com a verdade.

Assim vamos contribuir para tornar as próximas gerações menos superficiais e mais preparadas para os desafios do futuro, em sintonia com a realidade, sem mais depressão, complexo de inferioridade, bullying etc.

Acho apropriada, nesse momento de buscas e descobertas, a célebre frase de Abraham Lincoln, de que “você pode enganar algumas pessoas todo o tempo. Você pode também enganar todas as pessoas algum tempo. Mas você não pode enganar todas as pessoas todo o tempo”. Que se valorize o papel do jornalista, dos escritores e, fundamentalmente, dos professores, para diminuir a influência dos boatos na formação de uma sociedade intelectualmente sã.

Portais de notícias no mundo criaram setores para checagem de informações e no Brasil existem agências chamadas fact-checking, para notícias suspeitas. Respondo aos amigos de Facebook, Twitter e WhatsApp, que o ideal é duvidar sempre e saber em outros meios. Eis um processo educativo que, na medida em que cada cidadão fizer a sua parte, compartilhando apenas aquilo que tem certeza de que é verdade, as fake news estarão fadadas ao ostracismo, como o recurso da mentira e da corrupção dos valores humanos essenciais.

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Uma Rosa com Amor

Há rosas azuis no jardim da Democracia.

Aprendi com a escola e as orientações de meus mentores políticos, que na vida política, ou você tem vocação para servir o público, ou é melhor não tentar. Sem essa vocação, corre-se o risco de usar a política como escada para conseguir vantagens pessoais. Isso acontece em grande medida – e é o que causa o repúdio tão grande do povo aos políticos. Fernando Henrique Cardoso sempre acentuou essas afirmações, e as incluiu em seu livro “Cartas a um jovem político: para construir um país melhor”. E acho que hoje é um momento muito propício para refletir sobre a reafirmação de nossas convicções, que se construíram teórica e praticamente com a militância por ideais desde os tempos em que atuávamos no movimento estudantil secundarista.

Em diversos momentos da história do Brasil, dada a coincidência de bandeiras como a democratização, a normalidade institucional e a redução das desigualdades sociais, nos mobilizamos em busca do bem comum. Nessas ocasiões estivemos em agrupamentos comuns ou firmamos alianças políticas para fortalecer vozes com um número representativo e maior, e alcançar os alvos, no caso os centros decisórios, que em nosso país estão representados pelos poderes Legislativo e Executivo. O Judiciário era buscado quando esgotadas as chances de conquistas pela unidade da sociedade.

Meus parceiros mais acessíveis combinavam socialistas democráticos, social-democratas, liberais progressistas e democratas cristãos. O radicalismo permeava as ideias e objetivos a serem alcançados para o bem geral, havendo uma concentração de ações no convencimento da sociedade para que ela pudesse se sensibilizar e utilizar os canais democráticos de participação e representação políticas. A dicotomia esquerda versus direita sempre existiu e juntava militantes de um lado, não proprietários, do outro, elites influentes. O senso de justiça da maioria do povo sempre prevaleceu, entre os que se atribuíam a missão de obter o avanço das classes que viviam de seu próprio trabalho. A direita era composta de velhas facções das elites dominantes, com uma visão mais conservadora da sociedade e da ação política.

Nesse cenário construi minha história, reafirmando em muitas oportunidades que me mantive do mesmo lado, desde 1976, quando comecei a minha militância política e partidária. Contudo, faço questão de frisar que o meu alinhamento nunca foi incondicional com todas as forças políticas que se articulavam no mesmo arco de alianças. Acontece que dado o foco da nossa atuação, este lado era batizado de esquerda e mais tarde o meu campo se enquadrou como de centro-esquerda. Politicamente é assim que me apresento e localizo, embora haja hoje em dia um pensamento radical da existência apenas de dois polos, esquerda ou direita. Antes da queda do Muro de Berlim, em 1989, o patrulhamento ideológico determinava lados, principalmente no Brasil em que havia gente contra a democracia.

O patrulhamento ideológico e partidário existente nos dois campos, ao longo da história, hoje está muito presente e visível nas redes sociais. Estas permitiram a participação livre e irrestrita das pessoas, independentemente das suas convicções ou visões formadas a respeito das coisas à sua volta ou no próprio mundo. Os envolvimentos de figuras políticas do PT e de partidos mais aliados em circunstâncias eleitorais desde 2003, com o espetáculo da corrupção desenfreada – Mensalão e Lava Jato, para citar as principais denúncias, serviu de base para definir os lados na conjuntura atual. A população de eleitores negou confiança e voto naqueles que tinham algum tipo de ligação com essas denúncias e operações da Justiça e Polícia Federal, mesmo que pessoalmente limpas de qualquer participação.

Por isso, quando se pretende promover uma reavaliação dessa condição militante e se ligar mais com a maioria da sociedade, que desidratou os partidos políticos como o meu, PSDB, é necessário desarmar espíritos. Continuo caminhando e cantando, mas acho muito oportuno o poema-canção “Metamorfose Ambulante”, de Raul Seixas, em especial quando acentua que “É chato chegar a um objetivo num instante / Eu quero viver nessa metamorfose ambulante / Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo / […]”

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Sobrevivi

Desenho expectativas positivas

Felizmente 2018 chega ao fim. Posso afirmar categoricamente que dele nenhum rebotalho guardei para ter lembranças boas. Resisti bastante em escrever estas linhas, porque conheço bem a imaginação dos que me leem e podem interpretar com preocupação um estado de espírito que jamais expus. De pronto repilo que esteja deprimido nessas horas finais, porque estou reacionário e a esperança sobre 2019 já inunda meu coração, minha mente e alma, com um feixe de planos que desejo realizar nele.

Tive a oportunidade de comentar logo em janeiro passado que a minha travessia de 2017 não havia sido das melhores, justamente porque brindava real e feliz, mas não conseguia àquela altura imaginar o que estava por vir. Tive muitas decepções em 2017. Sou um ser dominado pelo altruísmo e frustrei expectativas com pessoas que colaborei tanto para formar e estruturar para que tivessem voos e caminhos autônomos.

Relembro que é do conhecimento geral a minha condição de um ser idealista na política e no convívio com os partidos que as regras estabeleceram suas existências. Certa vez um amigo mais experiente me sacudia contra essa visão romântica da política, me alertando que deveria ser mais profissional do que militante nessas horas, porque as mudanças sujeitavam-se a acordos que nem sempre preservam as boas práticas.

Ora, vejam a coleção de desapontamentos com figuras que sempre segui e defendi, pelo menos nos últimos 35 anos. O mar de lama veio como um tsunami sobre as instituições partidárias, inclusive a minha, o PSDB, e instantaneamente perdi o meu discurso ético e moral, diante do nivelamento normal da condição anormal de uma república de malfeitos. Pelos meus antecedentes, não adotei bandidos de estimação entre os companheiros de minha turma.

Não tinha planos para 2018, mas tinha a compreensão da necessidade de liquidar esse cenário e ajudar a reconstruir uma sociedade com princípios e ideais. Pelo histórico em validação, não aceitava e não aceitei outra alternativa que pudesse representar essas mudanças de cenário que não fossem nós conosco, optando pelo voo mais cego de toda a minha vida tão planejada antes.

Pressenti as derrotas eleitorais, mas não contava que estava perdendo parte de mim mesmo quando descobrimos uma doença feroz na minha própria família, ferindo de morte a minha companheira desde o século passado. Se 2017 havia sido o ano da decepção, 2018 foi o da dizimação. Incrédulo, tentei uma candidatura pessoal para fazer parte por dentro do processo político, já que fracassei com as minhas crenças na medicina e na superação dos cânceres corriqueiros na vida de familiares de todos os sobrenomes e nacionalidades.

A tragédia foi anunciada por um anjo torto na virada de 2017 e achei que o meu otimismo sempre agiria como um antídoto. 2018 foi implacável contra o meu otimismo, a minha vida pessoal e em relação às melhores partes do que ajudei a construir na política. Quero deixar claro que a derrota da minha candidatura a deputado estadual nas eleições deste ano não me abalou um milímetro. Mas as caminhadas para a derrocada do PSDB e de Geraldo Alckmin agiram em mim como um tipo desconhecido de câncer, que não hesitarei alcançar a cura e a ressurreição.

Portanto, não me venham falar em adversidades. 2019 é uma grande promessa de vida nova, em todos os sentidos. Como dizia Mário Covas, a vida o ensinou que diante da adversidade, só há três atitudes possíveis: enfrentar, combater e vencer. Aviso aos navegantes que teclo o último período deste texto reagindo fortemente. Sou um sobrevivente e me orgulho de nunca perder a esperança.

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Dinheiro é tudo na eleição?

Quem paga a conta das campanhas eleitorais? (Foto: web)

A política não descansou na folia de Carnaval. O protesto com ou sem humor, foi às ruas nos enredos e fantasias de escolas de samba, bandas e blocos, ausente temporariamente das redes sociais. E a falta de assunto transformou o diletantismo em matérias estratégicas do cenário eleitoral de 2018.

Mantive o hábito de ler três jornais diários, além dos sites de notícias. Evito o “clipping” dos amigos nas redes sociais, cético demais e precavido com o compartilhamento das “fake news”. Adotei o pensamento de José Serra, que dia desses relatou que “se alguém disser que está compreendendo alguma coisa, é porque está inteiramente por fora”, quanto às eleições deste ano.

Indo direto ao assunto, pinço sobre o financiamento das campanhas eleitorais diante do artigo 29 da Resolução 23.553 do TSE, que estabelece aos candidatos a deputado federal o autofinanciamento em até R$ 2,5 milhões, e aos estaduais a R$ 1 milhão. Quem pode mais terá mais chances de se eleger deputado. Para o Senado, Governadores e Presidência da República, candidaturas majoritárias, estão reservadas a maior parte dos R$ 1,716 bilhão, de recursos públicos do Fundo Eleitoral.

O TSE garantiu ainda que candidatos ao Planalto podem gastar até R$ 70 milhões de recursos próprios, e quem concorre para governador, dependendo do Estado, pode usar até R$ 21 milhões dos “próprios bolsos”. Um contrassenso diante da sociedade cobrando “vida modesta” dos seus representantes, indignada contra o pagamento de salários e benesses dos cargos – moradia funcional, alimentação, assessorias etc., e foro privilegiado.

Vejo dificuldades na renovação política. Ouço e leio falas de rompimento, negação da classe política vigente. Mas como mudar? Separando o joio do trigo, pesquisando a biografia dos candidatos, não reelegendo. Voto facultativo, reafirmação da lei do “ficha limpa” (?).

O barateamento das campanhas mira as redes sociais, e estima-se, pelo número crescente de perfis e impulsão de postagens, hoje, que será quase impossível achar outros temas nas timelines, senão a enxurrada de santinhos digitais.

O sistema político e eleitoral brasileiro continua sendo um dos grandes problemas de nossa democracia.

O voto distrital, que diminuiria a necessidade de um candidato a deputado visitar os 645 municípios do Estado de São Paulo, ficou para 2020. Com as campanhas durando 45 dias, em tese, teria de percorrer cerca de 14 cidades por dia, incluindo sábados, domingos e feriados, impossível, encarecendo as campanhas, a multiplicar custos em carro, combustível, assessores, eventos, impressos etc. Como e quem banca isso?

Até 2014 eram as empresas, que doavam aos partidos ou diretamente aos candidatos. Opção enterrada pelos desvios do “mensalão” e “Lava Jato”, com a revelação da origem pública dos recursos,via superfaturamento de obras, faturamento de serviços não realizados, “Caixa 2”, faz de conta.

A esperança dos candidatos volta-se para o Fundo Eleitoral, cuja divisão proporcional será escassa. Fora isso, o mencionado autofinanciamento e doações de pessoas físicas, no limite de 10% das receitas pessoais declaradas no Imposto de Renda no ano anterior ao pleito.

As renovações podem se restringir a esses novos elementos da política. Pelas projeções atuais, as chances privilegiam os mais ricos, os interesses individuais, corporativos e religiosos. Os parlamentares em exercício podem ter porções melhores do Fundo, se compararmos aos marinheiros de primeira viagem ou aos despossuídos de esquemas eleitorais.

Perguntar não ofende: __ Quem pode nos representar?

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PSDB em definição para 2018 …

Ilustração de tucano voando, da web (Toucan Flying)

Para responder às constantes perguntas que me fazem dentro e fora do PSDB, sobre os caminhos do partido em 2018, tomo como base para escrever estas reflexões, três questionamentos trazidos nesta semana pelo repórter Rafael Motta, do jornal “A Tribuna de Santos”: “em entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à rádio Jovem Pan, ele considera que “seria boa para o Brasil” uma eventual candidatura de Luciano Huck à Presidência e que, em seu ponto de vista, a tendência é que João Dória Júnior concorra ao Governo Estadual. Enquanto Coordenador Regional do partido na região da Baixada Santista, o que pensa das duas hipóteses (Huck e Doria)?”

Como coordenador regional do PSDB busco interpretar as percepções dos companheiros tucanos da região, que vislumbram Geraldo Alckmin presidente da República. E como partido democrático, o PSDB anunciou nesta quarta-feira (7/2), as regras de uma prévia para a escolha do candidato, entre Alckmin e o prefeito de Manaus e ex-senador Arthur Virgilio Neto. Esse evento partidário, histórico, pretende levar às urnas no próximo dia 11 de março, os 1.504.318 (1,5 milhão) de filiados em todo o país, de acordo com a listagem do Tribunal Superior Eleitoral – TSE, em outubro de 2017.

Continuando, Luciano Huck não está filiado ao PSDB. O presidente Fernando Henrique defende e fala bem sobre a oxigenação da política e a renovação de ideias. Mas o PSDB dispõe de quadros políticos experientes, com uma folha de resultados a submeter aos eleitores brasileiros, com a maioria de bons exemplos para o país. São Paulo espelha essa afirmação com o controle rigoroso das contas públicas e realizações como Poupatempo, Bom Prato, estradas, escolas técnicas, hospitais, segurança pública, saneamento básico etc.

O Brasil é sério demais para ficar mercê de outsiders. Numa situação de crise, essas alternativas surgem facilmente no raciocínio de quem está bombardeado de questionamentos do tipo para onde vamos. Me incluo entre os questionados constantemente, dado o meu histórico de militância política e como um dos fundadores do PSDB.

João Dória teve experiência em gestão pública antes, nos governos de Mário Covas (prefeitura de São Paulo) e José Sarney (governo federal). Sabe lidar com a comunicação de massa e acionar os influenciadores da opinião empresarial e do terceiro setor. Huck é só um ídolo na TV. Não vejo diferença entre ele, Silvio Santos, Datena, Ratinho ou Faustão.

O Brasil precisa de um gestor público, austero. E Geraldo Alckmin, sabidamente com uma vida modesta, tem esse figurino, a meu ver.

Dória pode ser nosso candidato à governador, após as prévias no Estado, com Floriano Pesaro, Luiz Felipe D’Avila, Alberto Mourão e José Anibal, por enquanto cogitados. No dia 19 de fevereiro o diretório estadual se reunirá para decidir sobre as regras em todos os seus municípios, e a minha sugestão é no sentido de que as prévias estaduais coincidam com a nacional, para um grande e unificado evento do PSDB no país.

Com essas explicações, restava ainda a Rafael Motta uma dúvida: “você concorda com a hipótese (ou a aceitaria) de que o governador apoie Márcio França para a sucessão? Ou é categórico em dizer que não pode haver outra saída que não o lançamento de um nome do PSDB para concorrer ao Governo do Estado?”

Na minha opinião, o PSDB deve ter um nome próprio para disputar o governo do Estado. O Marcio França tem todo o direito de se candidatar, mas para o PSDB ajudaria mais articulando os apoios de Pernambuco, Paraiba e Espírito Santo, por exemplo, em torno da candidatura de Geraldo Alckmin para a Presidência da República. Marcio é um exímio articulador, poderia ser ministro chefe da casa civil de Alckmin.

Enfim, não são definições do PSDB, como o título pode intuir, mas uma reflexão da conjuntura atual. Como dizia o governador mineiro Magalhães Pinto, “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já muda”.

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Iguais perante as leis

Ideia do privilégio, na cabeça do brasileiro, está associada à impunidade. Foto: Reprodução da Internet

Os passos dados até agora pelo Congresso Nacional, para o fim do foro privilegiado em casos de crimes comuns e corrupção, não me surpreendem. Apesar de não ser comum vê-los votando contra si mesmos, não nos alegremos ainda. Tenham em mente que um dia poderíamos ter uma reforma política e eleitoral, por exemplo, se fosse normal essa postura.

No momento atual, os privilégios da classe política federal estão em questão, apesar de que em parte sejam prerrogativas da função, onde cargos e atividades demandam garantias de quem os ocupa, atuando com respeito à Constituição e com tranquilidade. O próprio STF cogita manter o foro se o crime for cometido no exercício do mandato ou relacionado aos cargos ocupados.

Acho oportuno recordar a tramitação da PEC, de autoria do então deputado federal Paulo Renato (PSDB-SP), falecido em 2011, que em 2007 propunha a criação do Tribunal Superior da Probidade Administrativa. Faz dez anos. Fui informado nesta semana, pelo líder do PSDB, deputado Ricardo Trípoli, que ela está pronta para ser pautada e votada pela Câmara.

Conforme a proposta, o Tribunal terá a atribuição de julgar as ações penais de crimes contra a administração pública e ações penais de improbidade administrativa, com altas autoridades públicas, e que hoje superlotam os tribunais superiores, sem decisão.

Paulo Renato quis atacar o ponto central do problema da corrupção, a impunidade. Ele já dizia que a corrupção não diminuirá enquanto não houver o indiciamento dos réus, o devido processo legal, com julgamento e punições.

Essa sequência de eventos republicanos e democráticos não ocorre hoje na maioria dos casos. Quando acontece, os processos são tão longos que os seus efeitos pedagógicos se perdem no tempo. Por isso, na cabeça do brasileiro, a ideia do privilégio vem forte, dada a tradição de impunidade.

Concretamente, a Operação Lava Jato se tornou uma referência de mudança, porque pressiona as instâncias superiores do Poder Judiciário (STF, STJ). Daí a atenção para o comportamento atual, que pode aparentar uma autofagia do Congresso Nacional, revendo o foro privilegiado.

Mas quem pressiona não é a sociedade, apesar de se manifestar descrente da classe política, nas recentes pesquisas de opinião. A pressão acontece pela contagem regressiva de 2018, ano de eleições para deputados e senadores.

Mesmo assim, acho que vale a pena aplaudir esse esforço de sintonia com as aspirações da sociedade. Embora isso não os redima dos envolvimentos com as denúncias sobre mensalões, petrolões, JBS etc., além das inconfessáveis contas de financiamento das suas campanhas passadas.

A PEC do fim do foro privilegiado, na prática, acaba com o direito de autoridades, como ministros, deputados e senadores responderem a ações penais em instâncias superiores, mas mantém essa condição aos presidentes da República, da Câmara dos Deputados, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Não será do dia para a noite que a emenda será aprovada, mesmo passando em dois turnos no Senado. A Câmara precisa dar agora, pelo menos, 308 votos dos 513 deputados. E o relatório do deputado Efraim Filho (DEM-PB) enfatiza que “o fim do foro privilegiado não afastará apenas a ideia de blindagem de certas autoridades, especialmente em casos de corrupção, mas resgatará o princípio republicano de que todos são iguais perante a lei”.

De outro lado, a devolução dos processos à primeira instância poderia beneficiar alguns alvos nos Estados, por suposto tipo de influência junto às esferas forenses” perto das suas paróquias eleitorais.

Dos efeitos pedagógicos da improbidade administrativa, na contramão da honestidade e legalidade, desrespeito à ordem jurídica e à função pública, que geram a corrupção administrativa, nasce o “Guia Prático da Probidade Administrativa”, de autoria do santista José Ernesto Furtado de Oliveira, promotor público aposentado do Ministério Público Estadual de São Paulo, que anseia imunizar quem pretende governar ou atuar em governos dentro da lei. Fica a dica.

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Nada é pra já

Na contramão da pressa…

Tomo emprestado a primeira estrofe do poema “Mudar”, de Clarice Lispector, que expressa: “Mude, mas comece devagar,/ porque a direção é mais importante/ que a velocidade […]”, pra tentar justificar decisões tomadas àqueles que nunca pararam um minuto para tentar saber o que tentávamos para o bem comum. Compartilho essa reflexão que parece boba, quando identifico parte das pessoas do meu convívio, ou não, manejando verdades de maneira apressada, rasa e crua.

Serve para qualquer cenário da vida cotidiana ou na internet. Do que acontece em casa, nos relacionamentos familiares, amizades, amores e amantes, no trabalho, na conjuntura política, nos olhares para o futuro. Vale o ditado de que a pressa é inimiga da perfeição, sem perder de vista o hino de Cazuza, à urgência de viver, a enaltecer que “o tempo não para!”

Busquei várias interpretações intelectuais, poéticas e de autoajuda, extraídas das melhores frases sobre pressa, a começar por Confúcio – “Coisa feita com pressa é coisa mal feita.”; passando por Oscar Wilde – “Não quero adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.”; e, fechando com Silvio de Abreu – “Não tenha medo, cautela, sim. Não tenha pressa, tenha tenacidade. Não tenha prepotência, mas consciência do seu valor. O que me deixa indignado é a impunidade, falta de caráter, manipulação da opinião pública, injustiça, puxa-saquismo, nepotismo, miséria, ignorância, estupidez, mentira.”

Ora, não pense que, ao se chamar atenção para a cautela na interpretação dos fatos correntes, embute-se um cale-se ou um apelo à tolerância. Há um prazo de validade dos fatos para que se tornem notícias. E é preciso dizer também que cautela não é censura, mas o mínimo de respeito que devemos ter com as pessoas à nossa volta ou em rede de domínio público.

Minhas leituras nos tempos recentes pautam os sentimentos de personalidades, perturbadas pela intolerância social e os seus abismos. É muita informação para digerir e pouca capacidade – educacional, talvez – de se interpretar e se sentir partícipe, respondendo ao que não lhe diz respeito ou ofenda suas crenças.

Por falar em crenças, já parou pra pensa-las e organiza-las, com seus valores, ideologias, militância em rede?

No passado recente, quem pensava e influía nos rumos da formação da sociedade vivia num invólucro. Gente que foi machucada pelo autoritarismo e falta de democracia no Brasil e por aí afora. Era praticamente impossível avançar e beber desse conhecimento, além dos artigos e livros que produziam. Os espaços de interatividade eram escassos, mas nunca foram infalíveis. Os dispostos em aprofundar mais sempre existiram, mas o exercício do contraditório carecia de preparo e conteúdos com fundamentos.

Hoje, não! A contemporaneidade valorizou o politicamente correto, como cultura globalizada e por vezes chata, “sofisticando” (#sqn) a visão geral das coisas. E não demos conta que é possível ler o cotidiano como Raul Seixas, que preferia ser “metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, para dizer o oposto do que disse antes.

Amós Oz escreveu em 2004, que “a síndrome de nossa época é a luta universal entre fanáticos e o resto de nós. O crescimento do fanatismo pode ter relação com o fato de que, quanto mais complexas as questões se tornam, mais as pessoas anseiam por respostas simples. O fanatismo acredita que, se alguma coisa for ruim, ela deve ser extinta, às vezes junto com seus vizinhos”.

Portanto, se conseguiu ler este texto até o fim, complete as reticências, sem pressa, porque quem responde com pressa, como registra um provérbio árabe, raramente acerta …

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