Blog do Raul

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O Brasil para os jovens

Jovens x geração “nem-nem”, fora do mercado de trabalho e das escolas e faculdades. Ilustração: CIEE

 

 

 

 

 

 

Qual vai ser a resposta do Brasil à sua juventude? É o que esperam 45% dos brasileiros, integrantes da faixa adulta, entre 20 e 59 anos de idade, de uma população de 211,7 milhões de pessoas, estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com base em levantamento feito até o último dia 1.º de julho.

A incerteza econômica provocada pela quarentena do novo coronavírus acrescenta outros elementos a essa análise: o índice de desemprego no país cresce, hoje representa 14,3% – com mais de 13,7 milhões de pessoas desocupadas –, sendo que 29,7% são jovens, de 18 a 24 anos; e 265 mil estudantes de faculdades particulares abandonaram os cursos ou trancaram as suas matrículas, nos meses de abril e maio deste ano.

O cenário deve ser considerado em todos os níveis governamentais, uma vez que essa falta de perspectiva da nossa juventude para o futuro é um tiro mortal na retomada da produtividade do nosso país. Com os números oficiais do IBGE temos a dimensão do problema, que se agrava diante da massa juvenil sem qualificação necessária para o acesso ao primeiro empregou ou a reinserção no mercado de trabalho.

Não é um conforto para o Brasil, a comparação com os Estados Unidos e a Europa, utilizada por especialistas em análise do mercado de trabalho em tempos dessa pandemia. O fenômeno é mundial, quando se observa o impacto das crises na juventude, e caberá à governança estatal o desenho e execução urgentes de políticas públicas com vistas à uma distribuição de renda compensatória e de estímulo à formação técnica e profissional que atendam aos investimentos com propósito.

A evasão das faculdades particulares não é um bom sinal sobre os propósitos atuais da juventude brasileira, que sempre buscou nesse tipo de matrícula e formação um plus na escolha de seus currículos para as oportunidades de emprego e renda no país. A queda das receitas pessoais e familiares, com o desemprego e a diminuição drástica das atividades econômicas, em princípio tem sido a maior razão para excluir as mensalidades escolares dos orçamentos.

Inclui-se nessa realidade o número de transferências de alunos de escolas particulares paulistas para a rede estadual de ensino, entre janeiro e agosto deste ano, atingindo a marca de 12 mil matrículas. Então, o momento exige uma reação, para não perder todos os esforços que já foram mobilizados nos últimos anos, para a universalização das matrículas das crianças no ensino fundamental, a redução do déficit de vagas no ensino infantil, a reforma do ensino médio, a expansão do ensino profissional para o emprego, o Fundeb, a BNCC, o financiamento do ensino superior com o FIES e o Prouni etc.

Acredito que o Ministério da Educação tenha esse quadro disponível e sei que o Conselho Nacional de Educação está empenhado na aprovação de diretrizes para o novo normal, que prevê o funcionamento das atividades gerais do ensino, presencial, remoto, híbrido, investimentos, que compatibilizem com os protocolos estabelecidos no combate ao Covid19.

Também o Ministério da Economia precisa ter a sua ação sobre a redução dos custos com contratações para o primeiro emprego, porque hoje esses custos não apresentam diferença entre os que estão no começo do trabalho e os trabalhadores com experiência e qualificação.

Enfim, estas reflexões, que poderiam ser centrais nos debates das eleições municipais de 2020, não compuseram a maioria das agendas e programas dos candidatos a prefeitos e a vereadores. Mas são um bom início de conversa, entre governos e parlamentos – nos três níveis – e o setor privado, que pode ampliar a produção, pagando menos por isso, mas empregando mais hoje e no futuro que tem chegado rápido demais para todos nós.

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Atributos de Serra dão vitória a Serra!

José Serra é mais capaz.
Quando li os resultados do Datafolha, sobre o peso dos atributos de cada candidato na disputa do 2.º turno eleitoral para a Prefeitura de São Paulo, inclusive a conclusão do instituto de pesquisas de que a imagem de Fernando Haddad (PT) é vista como mais positiva de que a do José Serra (PSDB), encontro uma resposta óbvia: o trabalho de marketing funcionou mais para o candidato do PT.
Ora, toda campanha eleitoral hoje em dia precisa ter estratégias definidas a partir de pesquisas qualitativas e quantitativas. Campanhas dissociadas da ciência estão mais fadadas ao insucesso. Portanto, ao observar os números do Datafolha, atributos que sempre destacaram o José Serra dos demais candidatos, em todas as eleições que ele foi cogitado a participar ou participou, foram aparentemente abandonados para amplificar o foco na turma partidária de Haddad (condenada pelo STF com seis anos de atraso) e na desconstrução de suas habilidades formatadas pelo mais puro marketing.
Crianças e adolescentes conhecem as dificuldades de Fernando Haddad na gestão do Ministério da Educação, porque foram atingidos frontalmente pela estagnação das medidas para a melhoria da qualidade do ensino em nosso país, bem como pela incompetência na realização do importantíssimo ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio. Os prejuízos para essa geração estão sendo sentidos, mas acobertados pela massificação da publicidade oficial do governo federal, que apresenta uma realidade educacional retirada dos contos da carochinha.
Recentemente fui interrompido, quando comparava feitos dos governos FHC e Lula no setor da Educação, com números de escolas técnicas e universidades criadas durante a gestão de Fernando Haddad, argumentando que as escolas estavam criadas por Paulo Renato Souza (ministro de FHC) no segmento de parcerias comunitárias e que as universidades públicas foram criadas sem um plano de estruturação e manutenção.
Os meus interlocutores petistas são incansáveis em martelar mentiras até que elas se tornem verdades parciais. Não me esqueço de estudo e pesquisa realizados pela cientista social Lourdes Sola, em que Lula aparece como o criador do Plano Real e da estabilização da moeda brasileira, quando na verdade ele e o seu partido votaram contra todas as medidas para encerrar a inflação, criar o Fundef – Fundo de Desenvolvimento da Educação e Valorização do Magistério e a Lei de Responsabilidade Fiscal, dentre outras iniciativas que hoje se apropriam e se comportam como se fossem pais.
Não me esqueci do Prouni, um programa importantíssimo de compra de vagas nas faculdades privadas para os estudantes pobres. Imagino se FHC e Paulo Renato tomassem essa iniciativa. Seriam alcunhados de privatistas do ensino superior e por aí afora. Essa discussão sobre atributos ou da desconstrução de virtudes geradas pelo citado puro marketing pode virar uma tese, mas tenho uma eleição a mirar e a pensar nos próximos passos para justificar a minha crença na virada e na vitória do José Serra.
Tomando como base as questões estimuladas e únicas na pesquisa sobre atributos pelo Datafolha, minhas notas ao Serra não seriam inferiores a 7, nos quesitos mais moderno e inovador, mais defenderá os pobres, mais preparado para cuidar da área da Educação, mais preparado para cuidar da área de transporte, mais preparado para cuidar do trânsito, mais preparado para ser prefeito de modo geral, mais inteligente, mais realizador, menos indeciso.
Hoje à noite teremos debate definitivo para reafirmar princípios, experiências e valores, no começo da madrugada, com transmissão pela Rede Globo. É o momento de resgatar aquilo que foi um grande cochilo na campanha do PSDB em 2012. Ainda há tempo para virar e vencer esse jogo!

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Qual a urgência na Educação brasileira?

Educação básica é urgente.
A partir de pesquisa realizada pela Diretoria de Acompanhamento e Integração Acadêmica (Daia), da UnB – Universidade de Brasília, constatou-se uma evasão de 34% dos seus alunos entre 2002 e 2006. Nos cursos de ciências sociais e história, esse percentual salta para mais de 60%, enquanto da área de ciências exatas 44% se desligaram no período analisado. Na rede, comentando esses números, o senador Cristovam Buarque, primeiro ministro da Educação do governo Lula, alimentou o debate sobre a necessidade de redefinir o foco governamental sobre a questão educacional. Como na maioria das suas intervenções e interatividade com internautas, o senador defende que o baixo rendimento, apontado como principal motivo da evasão acadêmica, seria revertido com o governo federal priorizando o ensino básico.

Durante o governo FHC, o ministro Paulo Renato Souza (Educação) optou claramente em melhorar as condições da escola fundamental, organizando o sistema de informações educacionais (“refundou” o Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), criando mecanismos de avaliação do aprendizado, institucionalizando novas fontes de financiamento a partir do Fundef – Fundo de Desenvolvimento da Educação e de Valorização do Magistério, universalizando a matrícula de crianças de 7 a 14 anos de idade, avaliando os livros didáticos e elaborando os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais entre outras medidas.

A comunidade das IFES – Instituições Federais do Ensino Superior reagiu à essa orientação e politizou o debate, argumentando que FHC havia abandonado e sucateado as universidades. Em nenhum momento, nessa discussão, houve honestidade por parte dos seus interlocutores, nos partidos de oposição principalmente, em confirmar que o orçamento federal não fora reduzido e que os maiores percentuais sempre foram investidos nas próprias IFES.

Para algumas vozes, que se dizem da esquerda brasileira, o governo Lula foi eleito para “salvar a educação pública”, mas não tem conseguido resolver minimamente a questão do acesso às vagas públicas de ensino superior. Ainda segundo elas, as políticas apresentadas como “democratização do acesso” apenas têm criado uma cortina de fumaça que esconde o real problema da necessidade de abrir mais vagas, criticando que o ‘Novo Enem’, o ‘SISU’, ‘ProUni’ e ‘Fies’ são drenos de dinheiro público que poderia ser usado para aumentar as vagas nas universidades públicas.

Está cada vez mais claro que a questão da Educação no Brasil não se resolve apenas com mais recursos no orçamento do MEC – Ministério da Educação. Nos últimos dez anos, o dinheiro para essa pasta subiu de R$ 19 bilhões para R$ 69 bilhões, mas a qualidade do ensino não acompanhou na mesma proporção, tanto em relação aos números de beneficiados quanto na eficiência da gestão de programas que apresentam falhas contínuas e perdem qualidade.

Conforme diretrizes do Reuni – Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, do MEC, pensando no financiamento como um dos pontos centrais para a mudança profunda da educação e para que a universidade possa seguir seus caminhos de forma autônoma, cogitam aplicar no mínimo 75% do orçamento no ensino superior. Não prevêem de onde virão os recursos para atender a essa perspectiva, muito menos como Estados e Municípios suportarão as demandas do ensino básico sem outras fontes além do suposto fundo social do Pré-Sal, que seria constituído com 50% de dinheiro carimbado para a Educação.

Ora, o debate do financiamento da Educação brasileira em todos os níveis precisa ser priorizado. O senador Cristovam fala em um Ministério da Educação Básica e na federalização do financiamento do ensino básico, apenas para começar a corrigir as distorções do sistema educacional e construir o aprendizado de maneira sólida e com perspectivas melhores. Entre os resultados negativos do ensino superior e a politização das IFES sem caminhos mais concretos, sou defensor intransigente de que a Educação básica seja uma urgência do Brasil.

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