Todo mundo se recordará do título "Brasil, um país do futuro", escrito pelo romancista austríaco Stefan Zweig, e publicado pela primeira vez em 1941, que revelava a visão de um estrangeiro que escolheu o nosso país para viver os últimos momentos de sua vida. De tão simples e expressivo, apesar de poucos conhecedores do seu conteúdo, o mergulho histórico do escritor, recheado de impressões geográficas e comportamentais, reforçam a nossa convicção em reeditar sem medo os títulos do tipo "o futuro chegou", ou "o futuro é hoje". Apropriado, a meu ver, para comparar as estratégias e ferramentas utilizadas na corrida eleitoral dos Estados Unidos, para dizer que não estamos longe dessa perspectiva, mas que o Brasil pode se antecipar também ao futuro no quesito comunicação global entre os seus cidadãos.
O território brasileiro, que provocou tanto deslumbramento em Zweig, em contradição com as suas experiências pessoais de sofrimento na segunda Grande Guerra Mundial, concentra hoje quase 40 milhões de eleitores internautas, além de transformar o Brasil no recordista mundial em tempo médio de conexão. A cada segundo cresce a participação de usuários na criação de blogs, em comunidades de relacionamentos, em pesquisas online, correspondência virtual etc., além de mais de 120 milhões de celulares ativos providos pelo menos de recursos de SMS/torpedos.
A difusão global da corrida eleitoral americana se dá com o uso da internet, que não é nenhuma novidade. Há uma nação em rede, atravessando continentes. Os americanos sempre foram eficientes na comunicação global e, com o uso da internet, a propagação das idéias dos principais candidatos democratas e republicanos ganha força e amplifica o seu efeito de mobilização, muito diferente do modelo brasileiro.
Aqui, as cúpulas partidárias definem o escolhido sem a participação dos filiados aos partidos, sendo que a maior parte das vezes prevalece projetos pessoais. Quando se discutem propostas para a Reforma Política, ao invés de reduzirem as distâncias entre eleitores e potenciais eleitos, com o voto distrital, por exemplo, estudam o aperfeiçoamento dos mecanismos de controle das listas de candidaturas pelas direções partidárias. Se não há meios mais interessados na mobilização da militância, acho que somente isso pode justificar o uso tímido do computador nas campanhas, embora em 2006 tenha se verificado um grande salto, diante das regras mais rigorosas com a publicidade das candidaturas.
No quesito participação, sem dúvida, os EUA ainda dão lições ao Brasil. A escolha dos seus candidatos, como se acompanha agora com os seus principais nomes – Barack Obama, Hillary Clinton e John McCain – é mais democrática, dura meses e mobiliza legiões de filiados. Nem é preciso dizer que envolvem recursos financeiros, logo nas pré-campanhas, bem superiores às totalizações contabilizadas pelos partidos brasileiros. Estima-se que Obama e Hillary já arrecadaram cerca de US$ 100 milhões cada um para enfrentar as primárias. No Brasil, é possível que uma candidatura a presidente da República vá custar, em 2010, US$ 50 milhões, e, neste ano, para prefeito, dependendo do tamanho do município, em torno de US$ 2 milhões (exemplificando Santos).
Então, se os EUA experimentam o futuro sempre à frente do resto do Mundo, por que não refletir sobre o Brasil, país que todos, a exemplo das idéias de Zweig (que optou por morrer antes), anseiam viver no futuro? Podemos atuar de forma planejada diante da realidade dos cidadãos: cada vez mais, a maior parte do dia conectada, assistindo a vídeos como os do Youtube, interagindo nas redes Orkut, Messenger, Second Life e Skype, lendo mais blogs e sites de notícias que jornais e revistas de papel.
E VIVA o futuro, viva eu, viva tudo, viva o Chico Barrigudo!
Acordei esta manhã de domingo, chateado e mau humorado, mas depois de ler que somos (eu já sabia) o pais do futuro…linda matéria limpa,clara direta, sem rodeios.
Mudou,como num passe de mágica o meu humor,(graças a sua materia).
Tks Dr. assinado eu Marco Vinicius Ferreira
Investigador de Polícia amigo do Chico Barrigudo
Raul, isso só deixou mais claro que sempre tentamos imitar os americanos, o duro é admitir.
Eles possuem o futuro porque o passado não foi esquecido no presente.
Nós brasileiros ,continuamos achando que de fato o Brasil é o País do futuro, pois vivemos do presente, esquecendo completamente do nosso passado. E tem mais ,não adianta tentar copia-los porque o resultado será extremamente ridículo, + ou – uns 1000 Ã 0001.
Raul,
Concordo plenamente com a necessidade da realização (obrigatória) de prévias para a escolha dos candidatos e POR TODOS OS PARTIDOS.
Só temo, nessa coisa de comparação com os EUA, que nossos amigos de Brasília queiram também acabar com o voto direto para Presidente e Governadores. Creio que as prévias obrigatórias mais o voto direto, já seriam de grande ajuda para fortalecer os partidos.
Amigo Raul
Como você sabe, estava este cara desanimado com a política em todas esferas (a salvo exceções)estava escrevendo o “Brasil País sem futuro” e pra confrontar comprei o livro que o Alberto Dines reditou em 2006, resultado rss
desisti. Esse escritor Stefan Zweig é muito bom pra brasileiros também.
Eu me basearia em trabalho do Sérgio Buarque de Holanda que disse que o problema endêmico do patrício é a falta da auto estima.
Mas, depois de ler vi outros ângulos e esse seu artigo é…dos idealistas realistas.
Parabéns
Ivan Alvim
Excelente post Raul. Acho que é por ai. Trazer idéias, sugestão para melhorar nossa política. Este tem que ser a atitude dos líderes do PSDB. Devemos ser estadistas e não cair na vala comum de outros partidos que só buscam criticar e não contribuir para nosso país como o PT fez durante todo o tempo que foi oposição e com certeza voltará com toda esta força em 2010 quando sair do poder. Então o PSDB precisa estar preparado e se fortalecer crescendo e sendo líderes, nãoi críticos! Parabéns Raul.
abs
Fernandes
Recorde-se que em 2002, Lula foi escolhido em meio a uma previa interna do partido. em que venceu Eduardo Suplicy por 85 a 15%. Já em 2006, o PSDB, ou melhor a CUPULA (FHC)da Social Democracia Brasileira escolheu seu candidato Alckimin, sem o menor relevancia dos filiados ao partido, isso sim que é um partido que dá show de democracia (ironizando), afinal alckimin foi resultado dos líderes e caciques e não da opinião da maioria psdbista. e todos sempre demonizam o PT. Basta ver que horrivel ou nao, a escolha até do presidente do partido *berzoini* foi transparente e aberta.
Tem gente que só ve falha nos outros e esquece-se das proprias
Olá Raul!
Raul, o Diego, aí de cima, só esqueceu de falar que o Lula da Silva só aceitaria ser candidato se fosse o único do partido. Portanto, o Suplicy já estava escanteado, cristianizado, já haviam passado a rasteira nele há muito tempo. Um boi de piranha.
Mas, Raul, isso é coisa do PT eles que se entendam. O que me preocupa, de novo, é essa tua comparação com as eleições dos U.S.A sem levar em conta que só depois de 200(duzentos)anos de história dos E.U.A houve uma mudança de um senador dos Republicanos para os Democratas ou vice-versa. Não interessa, a ordem dos fatores não altera o produto. Basta ver o que está acontecendo em Minas. O Governador está quase mudando de partido visando 2.010. É mole ou quer mais.
Raul, você sabe do apreço que tenho por ti, a ponto de te recomendar mais atenção aos comentários.
Um abração Tucano!!!
BRITO.