Acredito que muitos não leram a notícia de que o Porto de Santos, o maior da América Latina, perderá movimentação de grãos produzidos pelo Norte do país, porque grandes investimentos públicos e privados nos portos de Santarém e Belém (PA) e Itaqui (MA) podem contribuir para isso nas safras de milho e soja de 2012 e 2013, principalmente. Daí por diante não significa que Santos perderá a sua importância estratégica para a economia nacional. Outros produtos de exportação, por essa via, vão exigir investimentos significativos em modernização nas suas operações, em lugar da espetacularização permanente do atual governo federal lulodilmapetista.
Toda perda é lamentada, mas qual a justificativa de um País com as dimensões continentais do Brasil, para viver esse atraso econômico com os custos na competitividade do mercado do agronegócio? A resposta está na ponta da língua: falta de planejamento para desafogar as demandas e incapacidade de cumprir o que embalou publicitariamente com a marca de um Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, muito aquém das anunciadas execuções de obras de infraestrutura.
São Paulo perderá em parte com a redução dessas movimentações portuárias em Santos, de um tipo de comoditie que serve para exigir a contínua manutenção das estradas que cortam o Estado, mas é óbvio que o Brasil poderia ter acelerado essa alternativa de investir no Norte, quando a região se tornou uma zona produtora e deparou com a ausência de infraestrutura de transporte. O quê acontece com países “distraídos” com os movimentos econômicos? Desenvolvimento desigual, desperdício e fracasso.O desenvolvimento tupiniquim vive à base do improviso. E de pensar que a abertura dos Portos às Nações Amigas foi assinada pelo então príncipe regente dom João VI em 1808, representando o primeiro passo do Brasil rumo à globalização. Não radicalizarei a ponto de dizer que desde então pouco se fez, mas posso afirmar que o momento econômico seria melhor capitalizado se os investimentos acontecessem no ritmo da evolução do nosso país.
Lendo a matéria, deste domingo (16) no jornal “Folha de São Paulo”, com o título “Saída pelo Norte vira nova opção ao porto de Santos”, é impossível não reconhecer o atraso da visão nacional para a solução dos problemas e alternativas econômicas. Recentemente, o ex-governador José Serra escreveu que, “no que diz respeito aos interesses do país, o problema principal é a incapacidade do governo federal de fazer as coisas direito e com rapidez em qualquer modelo”. No ritmo atual é possível que os portos do Norte não estejam devidamente preparados para as safras cotejadas.
A falta de infraestrutura é a responsável pelo custo de transporte do Brasil entre a lavoura e o porto, considerado um dos mais altos do mundo, sem falar na ineficiência. Com essa nova direção de projetos do chamado “arco Norte”, que prevêem a criação de corredores de exportação, construção e ampliação de terminais portuários, os custos logísticos do pais logo se aproximarão dos seus dois principais concorrentes, Argentina e EUA, em relação ao mercado europeu.
Concluo, convicto de que o Brasil precisa ter um governo que pense e execute políticas de crescimento econômico que beneficiem o país por inteiro, com maior pressa e precisão.
No caso do Porto de Santos é preciso haver uma sinergia maior entre o Governo Federal e o Governo Estadual, em especial na melhoria dos acessos ao Porto de Santos e a sua ligação com a Capital do Estado, onde é incompreensivel termos apenas a Via Anchieta, com suas sinuosas e arriscadas curvas, apresentam um grande risco aos que usam esta via, além disso a chegada ao Porto de Santos é caótica, com trevos mal planejados e vias que necessitam ser duplicadas urgentemente. Também é preciso maior incentivo ao modal hidroviario afim se reduzir o custo com a logística de transportes destas commodities.
O Brasil precisa de um Governo. Simples assim.