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Quem não vê o BBB?

Pela audiência o BBB é a maior atração da TV

Fui buscar justificativas científicas sobre o sucesso de público do reality show BBB – Big Brother Brasil, que chega à sua 22.ª edição pela TV Globo. Encontrei o que esperava: o povo ama programas dessa natureza porque lhe passa uma sensação de prazer e saciação da curiosidade.

Em resumo, dar uma passada básica pela sala de TV e assistir ou ouvir esse programa, assanha um certo “voyeurismo”. Não o transtorno propriamente dito, cuja tendência é observar, às escondidas, cenas íntimas ou eróticas levadas a efeito por outras pessoas com o fim de obter prazer sexual. Somos chegados a assuntar a vida dos outros, ouvir conversas além das paredes. Quem não age minimamente assim, que atire a primeira pedra.

Ora, em edições anteriores à que está em curso atualmente, houve um caráter educativo por conta desse extrato social de brasileiros, atuantes como se estivessem numa cabine para uma pesquisa qualitativa de opinião. O debate sobre comportamento humano e costumes da sociedade atual é travado em mosaico, de modo que é possível a identidade e as comparações dos centrados no programa e os confinados na casa cênica.

No ano passado, especialmente, quando a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) entrava no seu segundo ano e as ações restritivas para a movimentação das pessoas fora de casa estavam bem mais fortes, a audiência explodiu na estreia: cerca de 43 milhões de brasileiros estiveram ligados na emissora.

Os efeitos disso, neste ano, para as contas da emissora e nos trends da rede mundial de internet são possantes. Em termos financeiros, por exemplo, a previsão de faturamento do reality gira em torno de R$ 690 milhões, um recorde de receitas.

Na internet, em especial nas redes sociais, Twitter e Facebook, o BBB 22 lidera na maior parte do tempo, entre os assuntos mais buscados e referenciados. Isso mostra o fenômeno que, conforme o Ibope, recente, para ilustrar esse olhar sobre o assunto, entre a segunda e a terceira semana de exibição, o BBB 22 ganhou 1 milhão de telespectadores na TV, atingindo a marca de 79 milhões de pessoas ligadas no canal.

Afora os dados da audiência, que repetem edições de Big Brothers em vários países, com a mesma receita de acesso às câmeras na vida das duas dezenas de participantes, em média, pessoas normais mescladas de artistas e célebres, durante 3 meses, 24 horas por dia, sem interrupções, podemos até dizer que é uma atividade sócio-cultural, reprodução do nosso cotidiano.

Os palavrões são fluentes, sem se importar muito com o discernimento da assistência. Faz parte, hoje virou normal um palavrão entre os adjetivos. Há reações resistentes ao programa por causa disso, quando não pelo preconceito à diversidade. A moda ditada é dos patrocinadores, que igualam todos em banhos de loja, gerando uma aparência globalizante. Não sobressaem a condição social e a econômica dos confinados.

Mas o politicamente correto censura as derrapadas, filtrando a consequência do lado de fora da casa, como aconteceu sobre a forma do cabelo black power do professor João Luiz, no BBB 21, que quase enterrou a carreira do cantor sertanejo Rodolffo. A comunicação age em nossos sentidos, sem perceber o quanto somos manipulados.

Essa vitrine exibe as fraquezas humanas. Hoje se percebe um esforço para uma presença de cena planejada, parecendo um roteiro combinado. Sabe-se que desse reality, uma parcela ganha a condição de celebridades, com ou sem contratos de atuação na própria TV Globo. Se houver talento e comprometimento, essa oportunidade turbina carreiras de influenciadores digitais, na propaganda, moda e, raramente, na política. Aliás, para essa perspectiva, assistindo ao programa no todo ou em partes, nos últimos anos, não há um pio.

Enfim, os exemplos de remanescentes das 21 edições do BBB, mais do que os R$ 1,5 milhão do prêmio ao vencedor final, estão por aí, participando desse novo normal como todos nós. Não acredito na fala daqueles que dizem que não assistem ao Big Brother. Afinal, quem no mundo atual gosta de ficar sem assunto, especialmente do momento, quando os acontecimentos confinados estão reverberando do nosso lado, falando sobre nós mesmos, da nossa realidade, no alcance do tamanho dos nossos espaços?

Artigo publicado no site do “Jornal da Orla” de Santos, espaço de colunistas, Um Olhar Sobre o Mundo, em 11 de fevereiro de 2022.

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Com Educação não se brinca

Na pandemia, patente que Educação é em sala de aula

Os estudantes brasileiros, principalmente do ensino fundamental, estão vivendo uma experiência desigual na história, por causa da pandemia da Covid-19. O Brasil foi o país que mais tempo ficou sem aulas presenciais no ensinos infantil e fundamental, com base em estudos feitos pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entidade que reúne 35 países membros, com as economias mais avançadas do mundo, que se dedicam a promover o desenvolvimento econômico e o bem-estar social.

Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em outubro de 2021, mostra que os impactos no desenvolvimento e bem-estar das crianças na pré-escola, por exemplo, registraram perdas equivalentes a quatro meses nos filhos de famílias com maior poder econômico, enquanto os mais pobres chegaram a seis meses. Nesse trabalho foram comparadas as rotinas das crianças em 2019 e em 2020.

Ainda não há dados oficiais sobre as consequências do fechamento prolongado das escolas ou da percepção do ensino remoto, mas conforme os estudos – como os da Fundação Getúlio Vargas para a Fundação Lemann – que vem sendo divulgados nos meios de comunicação com credibilidade, o desafio nacional ficou ainda maior: enquanto no mundo a média do atraso na educação é estimada de três a nove meses, no Brasil pode ser de até 4 anos.

Em nosso país, historicamente desigual, constatação que para muitos é apenas um discurso político, esse cenário de desigualdade se tornou ainda mais grave com a pandemia. Nas pesquisas realizadas, por exemplo, indicam que 11,2% dos estudantes que diziam estar frequentando a escola em 2020 não haviam recebido nenhuma atividade escolar e não estavam em férias.

Assim, os dados comprovam que o mesmo perfil de estudantes que já sofriam com a cultura do fracasso escolar não conseguiu se manter aprendendo com as escolas fechadas, reforçando a necessidade desse enfrentamento por parte dos responsáveis pela Educação. Com a volta às aulas presenciais, seguindo os protocolos de segurança, como máscaras, uso de álcool e a necessidade da apresentação do comprovante da vacinação contra a Covid-19, é impossível desconsiderar o espírito de recomeço, inclusive com a mesma realidade vivida antes da interrupção das aulas.

Para pensar e empreender nessa reação, por um plano de recuperação do aprendizado, é preciso ter em mente alguns fatores que fizeram avançar o financiamento da Educação pública, desde a obrigação dos governos (municipais, estaduais e federal) investirem 25% dos seus orçamentos em Educação (Constituição de 1988) e a criação do FUNDEF (agora FUNDEB) em 1997.

Mas o Ministério da Educação – MEC não cumpriu o seu papel nesse período, como coordenador nacional de políticas públicas para o setor, deixando que Estados e Municípios atuassem por conta própria desde a suspensão das aulas presenciais no início da pandemia. Esperava-se do MEC ações mais rápidas e mitigadoras, principalmente em relação aos municípios menores, que dispõem de recursos também muito ínfimos para o atendimento aos seus estudantes.

Sem falar nas questões que ficaram ainda mais evidentes com a experiência do ensino remoto, dada a falta de uma política nacional de conectividade e do veto presidencial ao projeto de lei que previa internet gratuita para os estudantes e professores da rede pública em todo o país, em março de 2021. No mês de junho o veto foi derrubado pelo Congresso Nacional, mas o governo federal tentou suspender os efeitos no Supremo Tribunal Federal – STF, colaborando para o atraso maior do atendimento dessa necessidade para a Educação.

E até o momento o Ministério da Educação não apresentou ações ou políticas públicas para tentar minimizar os impactos da ausência de escola na vida de nossas crianças. Mas, no início da semana, o mesmo ministério não pensou duas vezes em anunciar o reajuste do piso salarial dos professores, passando de R$ 2.886,24 para R$ 3.845,63, como uma medida generosa do governo que não é responsável pelo pagamento desses salários, que cabem mais uma vez aos Estados e Municípios.

Também cabe ao Poder Público garantir que as instalações das escolas estejam em condições de receber os alunos nessa volta às aulas presenciais, sem riscos gerais, como se observam em muitas delas nos últimos tempos: janelas quebradas, ladrilhos e pisos rachados, iluminação e telhados deficientes, vazamentos nos bebedouros, pias e banheiros etc. Contudo, o retrato em muitas dessas unidades é desolador: sem uma política de manutenção e conservação dos prédios e das suas instalações, muitas prefeituras não conseguem agora responder a essas necessidades cruciais.

Há sempre muita controvérsia quando se busca no Brasil as razões e as soluções para reverter o atraso em sua política educacional. Não podemos esquecer que lidamos com vários brasis dentro de um país desigual, cuja dívida social se torna impagável também pela descontinuidade de políticas públicas bem sucedidas. Creio que hoje temos um desafio bem maior, materializado pela paralisia na Educação, que já condenou milhares de crianças, adolescentes e jovens à ignorância: um pacto nacional pela recuperação educacional do Brasil!

Artigo publicado no site do “Jornal da Orla” de Santos, espaço de colunistas, em 04 de fevereiro de 2022.

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Quando o poeta trava pra escrever poesia …

Um Olhar Sobre o Mundo

Há uma situação possível de acontecer com os escritores, principalmente os poetas, que as pessoas normais podem desconhecer. Os especialistas chamam de bloqueio criativo e confesso que isso já aconteceu comigo. Fiquei sem escrever poemas durante 24 anos de minha vida, no período compreendido entre 1984 e 2008.

Quem depende da escrita para sobreviver, esse pode ser um problemão. Ainda bem que para mim aconteceu apenas em relação à poesia, deixando todo o resto – crônicas, artigos, matérias jornalísticas, discursos etc. – livres para eu garantir o meu pão de cada dia. Certa vez o grande poeta brasileiro, Ferreira Gullar, escreveu sobre um texto que ele perdeu no meio dos seus livros e escritos e coisas do seu dia a dia.

Gullar conta isso numa crônica publicada na Folha Ilustrada, em setembro de 2015, com o título “Buscar o perdido”, que é uma delícia de ler, principalmente porque além de tentar achar o original do conto chamado “Osíris Come Flores” (que lhe garantiu um emprego na revista “O Cruzeiro”), ele sintetiza o seu processo criativo. Antes, porém, dá pra sentir na pele de escritor a sua angústia quando desabafa: “Tenho que achar esse texto, custe o que custar! ”, que ele achou.

E começou a revirar o armário onde guardava as pastas com o que escreveu e o que escreveram sobre ele, incluindo revistas e recortes de jornal: “Oito prateleiras atochadas de pastas, envelopes e embrulhos”, contou. Ora, me senti no seu lugar, no meio da minha bagunça organizada em casa; antes eu dispunha também de um escritório com esse cenário.

O mesmo Ferreira Gullar, falecido em dezembro de 2016, revelou numa entrevista, um ano antes de sua morte, que a poesia nascia dele como se desconhecesse o mundo, “porque o mundo não tem explicação e que a inspiração surge de espantos: espanto diante do inusitado que me move. E isso não posso buscar. Se tudo na vida acaba, porque minha capacidade de escrever não poderia terminar? ”

Essa releitura tem muito a ver com “Um Olhar Sobre o Mundo”, porque tomando Ferreira Gullar como referência, lembro que ele não foi apenas um grande poeta brasileiro, mas escritor, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta e um dos fundadores do neoconcretismo. Aproveito essa história sobre o ato de escrever, para comparar com a água, que não é infinita e depende de um ciclo natural que pode torná-la escassa e inspira cuidados que preservem as suas fontes.

Por seu lado, o escritor não é uma cachoeira de palavras, nascida do nada. A escrita origina naturalmente da leitura de outras escritas, conhecimento, vivências, verdades. Sou favorável à escrita sobre coisas que movem as vidas das pessoas, a natureza e o universo. Assim vejo mais sentido ainda na importância da água, contextualizando, quando a sua relação com o todo é fantástica e a sua involuntária escassez se agrava por conta da atuação humana, da desigualdade social e da falta de manejo e usos sustentáveis dos recursos naturais.

Tanto quanto o bloqueio criativo dos poetas, que muitos podem ter ouvido pela primeira vez agora, acho que ignoram que a irrigação corresponde a 73% do consumo de água, que 21% vai para a indústria e que apenas 6% destina-se ao consumo doméstico. Ou ainda que a industrialização consome mais água que a urbanização, e que a concentração populacional gera demandas adicionais de consumo, na medida que as pessoas acessam a cadeia alimentícia e passam a consumir mais carne bovina, suína, aves, ovos e laticínios, consomem mais grãos.

Parece confusa essa mistura, não é mesmo? A natureza e os poetas. Quando escasseiam os seus produtos é comum valorizar formas inovadoras de se comunicar. De um lado, a natureza fica agradecida, com o seu ciclo, dos cuidados com as nascentes e o senso do não desperdício. Esses estímulos resultam de justificadas campanhas para o uso racional da água, como alertas à preservação ambiental e engajamentos, contra o perigo das torneiras secarem

E os poetas que se travam? Aí me aproprio da definição de Ferreira Gullar, que do óbvio não há espanto e não espantando não se criam poesias. A poesia ou a linguagem poética depende da alma do poeta, alimentada por seus amores e humores. Na sabedoria, comuns, poetas e natureza, sobrevivem de amor.

Artigo publicado no site do “Jornal da Orla” de Santos, espaço de colunistas, em 28 de janeiro de 2022.

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Política não é um jogo

A alternativa a Lula e Bolsonaro.

Sou militante dos princípios e ideais do PSDB, partido que ajudei a fundar em 1988, ao lado de figuras importantes do cenário político nacional. De pronto, faço questão de lembrar, antes que pedras sejam arremessadas em minha direção, que o PSDB não mudou seus ideais, o manifesto e o programa escritos na origem.

Dessa pilha de legendas (33 legalizadas no Tribunal Superior Eleitoral, desde dezembro de 2019), o PSDB figura entre os incomuns, porque mantémdiferenças ideológicas claras, abrigando ideias sociais democráticas, socialistas democráticas, democratas cristãs e liberais progressistas. Esse arco fez com que políticos de outras legendas, representadas na Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988), as abandonassem e se juntassem na formação do PSDB.

Trinta anos depois, o Brasil fez uma opção eleitoral (2018), votando e elegendo alguém que expunha como valor a negação da política e dos partidos. Convenceu que significava a nova política, por ser diferente e desdenhar o papel institucional partidário, porque já esteve em muitos, e se tornaram bode expiatório da má conduta de alguns dos seus filiados. Não segui essa tendência, pois acredito na história e numa plataforma programática para o país.Também não sou um arrependido e nem me sinto desobrigado de fazer alguma coisa para mudar esse estado de coisas.

O PSDB mantém e segue à risca o que preconizou nas suas raízes. Pelo histórico de cada um de nós, algumas estratégias nos puseram ao lado de partidos e figuras exponenciais do campo progressista; nos colaram neles e nelas, nos momentos em que não polarizamos localmente. Essas opções não se balizaram no clientelismo convencional, conforme os costumes políticos brasileiros.

Tenho lido considerações de baixo nível sobre companheiros do PSDB que estão decidindo mudar de legenda para seus projetos políticos, pouco claros hoje em dia. Mas a maioria do PSDB permanece no mesmo lugar, revigorando os ideais e requalificando nomes de protagonistas para as disputas eleitorais. Em síntese, a fila interna de nomes andou, graças à democracia interna, que ampliou a decisão das escolhas com prévias e rejuvenesceu lideranças a nos conduzir para novos desafios.

Não fulanizo e nem polemizo, dentro ou aqui fora, porque creio na tarefa de trazer a maior parte dos que ficaram para a tese da política, como ela é e irá favorecer a descoberta de caminhos que tirem o país desse atoleiro social e econômico, além dedesgovernos. Posso dizer que identificamos quem vai nos liderar nesse processo, novos nomes e capacidades reservadas ao debate próximo futuro.

De toda forma, embora estejamos fadados à condenação prévia pela existência da polarização política que domina o sentimento nacional, como se isso fosse obra das disputas recentes na história, entre PSDB e PT, acho que o fator positivo desse entendimento em perspectiva pode desaguar num caráter educativo.

um papel histórico a cumprir nas próximas eleições gerais de 2022. Diante dessas duas caras – Lula e Bolsonaro – não é possível perder de vista que caberá ao PSDB furar o bloqueio do cenário posto. E se prestarmos a atenção no tabuleiro, para os que gostam de comparar o momento político a um jogo, faltam casas e peças para movimentar com sabedoria e bom senso. Sem isso, o entendimento da democracia na sua plenitude, será desvalorizado, como não bastassem as condições desiguais dos que se propõem fazer algo pela mudança de verdade, não só de narrativas.

A ideia é instigar a pensar na conjuntura por inteiro,o que pode parecer uma utopia. A educação política no Brasil é entendida à base da troca de migalhas e favores clientelistas pelo voto, sem sonho ou esperança. Não desejo Lula e nem Bolsonaro na presidência do nosso país. O melhor para a nossa história republicana está por vir. Não basta provocar com um “quem viver, verá”. Fará bem a todos, participar para mudar!

Artigo publicado no jornal “A Tribuna” de Santos, em 27 de dezembro de 2021.

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Brasil inova, com ciência e educação

O caminho da estratégia.

Os exemplos estão escancarados mundo afora, justificando que investir em educação, ciência, tecnologia e inovação deve ser tarefa essencial para garantir um país mais desenvolvido tanto no plano econômico quanto social. No Brasil, 95% das pesquisas são produzidas pelas universidades públicas, mas esse desempenho parece não importar quando saímos da esfera acadêmica e constatamos a realidade do mundo político atual.

Infelizmente não é surpresa ler que devido à falta de verbas, universidades federais como a UFRJ, uma das instituições mais importantes do país, pode fechar prédios e realizar rodízio em suas instalações. E o comprometimento do funcionamento de muitas outras pelo mesmo problema é revelado em praticamente todas as unidades da federação. O corte orçamentário de 2021, comparado a 2020, chegou a 18,2% para custeio, 22,8% nos recursos de capital e 18,3% na assistência estudantil.

Na semana passada, uma notícia importante adveio do leilão da nova geração de internet móvel – 5G – com a movimentação de 47,2 bilhões de reais e o compromisso das empresas em executar entre as contrapartidas de investimentos, a colocação de internet nas escolas públicas de todo o país. Se isso acontecer de fato, haverá um impulso histórico para a diminuição da desigualdade existente no desempenho dos estudantes, que durante a pandemia ficaram ainda mais para trás no aprendizado, dadas as dificuldades com o ensino à distância.

Contudo, é preciso ter em mente que uma parcela importante das escolas públicas brasileiras, que não tem internet, também não possui energia elétrica, água potável, saneamento básico. Esse quadro precisa ser considerado quando se busca responder “o que o Brasil quer ser”. Então, como os governos e legislativos avançarão em macro políticas em busca da qualificação, como fazem os países considerados mais ricos, como EUA e Alemanha, e também nos que vem se desenvolvendo mais rapidamente nos últimos anos como China, Coreia do Sul e Cingapura?

No Brasil parece que não há garantias à educação, ciência e pesquisa, por conta dos bloqueios e cortes orçamentários. Isso explica o motivo de não contar com conglomerados Apple, Google, Tesla, Huawei, Pfizer e Moderna. A negligência nacional é tanta que provoca a “fuga de cérebros” para países que valorizam a educação como valor fundamental e tratam a inovação como mola propulsora do desenvolvimento social, financeiro e econômico.

Olhando para o mundo, o presidente norte-americano Joe Biden tem dito que “Wall Street não construiu os EUA”. Por si só essa afirmativa devia orientar determinados responsáveis por nossa economia, para justificar que determinadas medidas governamentais não agradaram ao mercado. Mercado dos fundos de investimento, Bolsa de Valores, bancos, onde o dinheiro gira, mas se distancia da economia real, movimentada pela produção industrial, de serviços e do comércio.

Essa a insegurança dos industriais no Brasil, que é preciso acabar e que têm que ter garantias que o jogo econômico ao seu redor não mude ao sabor do humor do governante federal de plantão. Só assim, o industrial deixará de ser rentista.

Ao fechar essa trilogia de reflexões, nos inspira a iniciativa de Biden, com o seu plano Build Back Better (“construir de volta e melhor”). Quem sabe, conforme o tamanho do nosso bolso, elas se reproduzam no Brasil, na infraestrutura, com reforço da frente industrial e de energia limpa, para a geração de empregos, auxilio emergencial a famílias de renda média e baixa, como lema para se ter uma economia forte no pós-pandemia.

Artigo publicado na edição de 09 de novembro de 2021, do jornal “A Tribuna de Santos”, na seção Tribuna Livre.

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Brasil que fica pra trás

O sentido é figurado.

No momento em que escrevo este artigo, o atual presidente do Brasil não participa da 26.ª edição da Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, na Escócia. Líderes de todo o Mundo estão lá para reafirmar as suas metas climáticas e limitar o aquecimento global, sendo um importante indicador para a convivência do desenvolvimento econômico com a proteção das suas comunidades e hábitats, estabelecendo a cooperação entre governos e sociedade civil.

Ora, o Brasil vinha ocupando papel de destaque na recuperação do tempo perdido em defesa das suas florestas e mananciais, como manda o figurino das melhores práticas ambientais em nosso planeta. Isso travou. Porque a pandemia não interrompeu o aquecimento global e nessa retomada das atividades econômicas, com a transformação dos modos e fazeres, o nosso país sente os impactos do atraso, justamente pelo atraso tecnológico.

A perda da capacidade de emprego no Brasil será muito grande e pode chegar a 50, 60% de postos de trabalho extintos. Por isso mesmo não se justifica minimizar a importância das realizações, tanto da reunião do G-20, na Itália, quanto a COP26, na Escócia, como insultam certos negacionistas. O mundo está em transição energética. De formas poluentes para formas não poluentes e que não impactem negativamente o meio ambiente.

A pergunta que resulta disso é: “e o que isso tem a ver com os empregos?” Respondo, a partir dos exemplos da indústria automotiva. A Tesla, empresa automotiva e de armazenamento de energia norte americana, que desenvolve, produz e vende automóveis elétricos de alto desempenho, por exemplo, ainda que essa produção seja menor, em relação a General Motors (GM) e Ford juntas, vale, em termos de mercado financeiro, mais que a soma dessas duas grandes produtoras de veículos.

A Volkswagen anunciou em 2018, que estava investindo 3,5 bilhões de euros (cerca de R$ 22 bilhões), no desenvolvimento de novas tecnologias de mobilidade urbana, para produtos como armazenamento de informações em nuvens, para veículos conectados e serviços de compartilhamento de carros. Em março deste ano, a Volvo anunciou a intenção de ser totalmente elétrica até 2030; e a GM já informou que até 2035 será 100% elétrica.

Independentemente se o carro será movido por baterias elétricas ou a hidrogênio, só nesse segmento automotivo, no Brasil, milhares de empregos serão extintos e centenas de empresas que fornecem produtos “tradicionais” para as montadoras terão as suas portas fechadas. Vejam bem: em um carro elétrico, o sistema de transmissão subsistirá? Se não subsistirá, quantas empresas fornecedoras de peças de transmissão fecharão? Quantos empregos serão extintos?

Faz parte do desenvolvimento, e é inevitável, o surgimento de inteligência artificial, robôs, drones, além de cidades, casas, ônibus, caminhões, tratores e carros inteligentes, sempre substituindo mão de obra e extinguindo empresas fornecedoras tradicionais. Como escrevi no artigo anterior, “Brasil que não faz”, a China planejou o seu futuro e produz, produtos reais. Não se preocupou com aquilo que se denomina “mercado”, que na realidade é o mercado financeiro.

E o que se discute no Brasil a partir de Brasília? Atualmente, dependemos tão somente da agropecuária, como era antes de 1940, com a política do café com leite. Teve que ter uma revolução, com Getúlio, para se planejar e implantar a indústria brasileira. E agora, qual a política industrial? Qual a política educacional perante esses não tão novos desafios? Como o Brasil vai lidar com as empresas que não subsistirão?

Artigo publicado na edição de 02 de novembro de 2021, do jornal “A Tribuna de Santos”, na seção Tribuna Livre.

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Brasil que não faz

Chaplin, em “Tempos Modernos”, transformação na indústria.

A China não se tornou a economia mais forte do mundo por acaso. Para atingir a esse patamar, começou a planejar há pelo menos 30 anos. Tomo como base o raciocínio de que os números geralmente são relativos e que a realidade deles pode não apresentar consistências, no entanto é possível afirmar que a China é, simplesmente, uma das maiores forças econômicas do planeta, sem exageros.

Enquanto isso há no Brasil uma certa miopia, quando se mira na China de maneira rasa ou se pretende resumir a visão dessa potência a uma mera confusão sobre conceitos e ações entre direita-esquerda. Os gurus do atual governo do Brasil não são apenas negacionistas, mas uma negação, na compreensão da realidade de um modo geral.

A China produz de tudo para todos os países, enquanto o Brasil ainda não tem noção do que pretender ser. Mas o mundo não está esperando muito daqui, conforme o andar da carruagem. Será que não enxergam os movimentos internacionais e como o país está literalmente jogado na vanguarda do atraso?

Vamos aos dados consistentes do cenário macroeconômico: até 2035, quase metade dos empregos existentes no Japão serão extintos em função das novas tecnologias, indica a consultoria Nomura Research Institute, a maior empresa de pesquisa econômica daquele país. De outro lado, nos Estados Unidos, metade dos atuais empregos estão desaparecendo e sumirão no mapa nos próximos 20 anos. E no Reino Unido, conforme estudo da Universidade de Oxford, 35% dos empregos atuais serão extintos nesse mesmo período.

A pergunta que não cala é sobre a compensação desse desemprego planetário, de quantos empregos novos surgirão dessa transformação que podemos batizar de 5.ª ou 6.ª revoluções industriais? Evidentemente, muitos, mas muito menos dos que serão extintos.

Para entender a essa complexidade, é essencial que os planejadores tenham em mente qual o nível de exigência para a formação educacional desses novos empregos. Ainda que essas projeções estejam restritas à análise em relação às demandas de países altamente desenvolvidos, na contramão do Brasil; atrasado tecnologicamente e mercê de impactos ainda maiores para o mal.

Enfim, às vésperas de um ano de eleição para a presidência da República, o Brasil caminhará inacabado para um novo momento, sem realizar a lição de casa. Pior que isso, evidenciando um comportamento tão errático do governo atual na condução da sua política diplomática, ora em relação às parcerias econômicas, ora em respeito ao consenso global de que somente a vacinação em massa projeta a sobrevivência das pessoas e a volta à normalidade.

A ideia é escrever uma trilogia de artigos, para tentar responder “o que o Brasil quer ser”. No próximo vamos tratar sobre temas que estão sob o guarda-chuvas da sigla ESG, em inglês, para “environmental, social and governance” (ambiental, social e governança, em português), geralmente usada para referir às melhores práticas ambientais, sociais e de governança de um negócio, mas que também pode ser um critério para investimentos.

Artigo publicado na edição de 26 de outubro de 2021, do jornal “A Tribuna de Santos”, na seção Tribuna Livre.

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Sonhei com o meu chalé

Era uma casa apertada e cabia tudo.

Quando cheguei a Santos, em 1971, fui morar no bairro Campo Grande, que fica entre o Marapé e a Vila Belmiro. Era um chalé de madeira, alugado, onde cabiam os meus pais e irmãos (1 menino e 2 meninas). Hoje esse chalé, resquício das tradições portuguesas em nossa cidade, não existe mais, porém o reencontrei num sonho nessa madrugada de domingo, que me despertou, de tão real e bacana.

Enquanto caminhava por um lugar desconhecido, ruas bem cuidadas, flores e pessoas simpáticas por todos os lados, avistei uma casa de madeira num sopé de morro, que me parecia familiar. Parei para enxergar melhor e identifiquei alguns detalhes do meu chalé em Santos.

Bateu uma saudade dos tempos em que vivemos todos apertadinhos e felizes na adolescência. O orçamento familiar não permitia um lugar maior ou melhor, então periodicamente nós pintávamos as paredes, conforme o estado de espírito da família – ora verde musgo, verde claro, azul claro, amarelo. Enfim, quem quer ter um lar, cuida, sem grandes investimentos. Vale a vontade, o capricho e o desejo de evidenciar a harmonia donde vivemos.

Era o meu chalé montado noutro lugar. Me aproximei do portão de entrada e bati palmas para perguntar aos seus novos moradores. Mas não era residencial, e me autorizaram entrar e confirmar se eu não estava confundindo as coisas, tipo uma demência precoce ou coisa assim. Afinal, esse chalé fazia parte de uma memória passada e logo lembrei também de mamãe que foi acometida de Alzheimer.

Eram as mesmas madeiras, ainda na cor da nossa última pintura, por volta de 1978, com um mobiliário moderno e aconchegante. Diferente das nossas camas beliche e parede de duratex pra dividir um quarto em dois e caber nós 4, mas restavam 3 coisas do nosso tempo, numa vitrine: uma imagem de Cosme e Damião, um porta lápis de madeira com a impressão da marca Corona (de rolhas e tampinhas de garrafas), conosco desde o início dos anos 1960, e a minha máquina de escrever Remington.

Tudo me parecia familiar e não me cansava de repetir que essa tinha sido a minha casa, desde 1971, na rua Evaristo da Veiga, Campo Grande, em Santos. Os novos donos da casa negavam, mas não sabiam explicar também como chegaram ali ou como a casa foi remontada e os nossos objetos de fé e trabalho estavam bem mantidos.

Não perca de vista, leitor, que isso tudo aconteceu no meu sonho nessa madrugada de domingo de outubro de 2021. Mais de 50 anos depois da minha chegada a Santos com os meus pais e irmãos. E prossegui:

De repente, estava noutro lugar. Um tipo bar chic e com móveis vintages, luminárias afins, pratos e drinks daqueles filmes antigos em Nova York. Mas o tema era o mesmo. Como existe ainda o meu chalé, apesar de agora parecer um studio de arte, mesclando o contemporâneo com as nossas coisinhas simples da história de nossas vidas.

Entabulei referências sobre o que sabia da nossa casa em Santos, antes de meu pai alugá-la. Nada mudava o semblante dos meus anfitriões no sonho, eis que me veio uma das histórias fantásticas e pus na roda.

Perguntei-lhes: __ sabe quem morou antes de nós, nesse chalé!? Pela primeira vez eles pararam de falar e todo o ambiente dissipou, como estivéssemos num local deserto, em ponto ignorado desse mundo.

Antes que respondessem, fui logo dizendo: __ Leny Eversong. A cantora brasileira, que cantou com Elvis Presley, cujo marido foi preso em Santos na época da ditadura, confundido com um militante de esquerda, e achado morto algum tempo depois.

Acordei, porque fiquei com vontade de falar mais sobre ela, pessoa tão importante que certa vez me disseram que havia morado no meu chalé. Desperto, corri pro Google. Não confirmei essa história, que morou no Campo Grande em Santos, mas curiosamente li que ela fazia aniversário no mesmo dia que eu – 10 de setembro. Se Leny Eversong fosse viva, teria completado 101 anos em 2021.

Agora quero saber mais sobre a sua história, Hilda Campos Soares da Silva, nome real de Leny Eversong, que em 1958, ano em que nasci, já cantava no Olympia de Paris.

Se vc que leu até aqui souber mais sobre a história de Leny Eversong em Santos, me chame no Messenger ou por e-mail: [email protected]

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Porque voto em João Doria

SP priorizou a vacina.

As opções políticas de cada um podem ser expressadas livremente nas redes sociais graças à internet e aos pressupostos da Democracia. Então é importante lembrar as características da democracia moderna, que significa a garantia da liberdade individual, a liberdade de opinião e expressão, a liberdade de eleger seus representantes e a igualdade de condições, direitos políticos e oportunidades favoráveis entre as pessoas.

A revelação do meu voto, como fundador e militante histórico do PSDB, na candidatura do governador de São Paulo, João Doria, na disputa de prévias internas do partido para a escolha do nome que disputará a presidência da República em 2022, está causando reações desproporcionais. Curioso é que, majoritariamente, essas reações partem de pessoas que não compõem esse processo, mas que se aproveitam para evidenciar suas críticas ao nome de Doria por conta de interesses próprios ou de grupos sociais, trabalhistas ou políticos onde estariam inseridos.

Para responder ao debate, que a essa altura eleva o número de acessos ao meu perfil pessoal no Facebook, em tom crítico e também de revelações de decepções com o meu comportamento político, tento tratar o tema com a velha civilidade que sempre norteou a minha vida, em todas as suas faces.

De pronto, vou ignorar os adversários políticos externos do PSDB ao João Doria e ao próprio partido. Porque essa comparação sobre o melhor nome para comandar o Brasil a partir de janeiro de 2023 vamos fazer e debater democraticamente na campanha eleitoral de 2022. Assim, os simpatizantes do atual presidente da República terão os seus comentários preservados, mas sem importância, como se não estivessem publicados.

Antes de mais nada é necessário esclarecer que as prévias do PSDB para a escolha entre os três nomes inscritos – João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio Neto – vão acontecer no dia 21 de novembro e apenas participam e votam os seus filiados, dirigentes, vereadores, prefeitos, deputados e senadores, de todo o país. Esta não é a primeira vez que o partido se utiliza desse instrumento para a escolha dos seus candidatos e reafirmo que já escolhi e anunciei o meu voto e apoio ao João Doria.

O João Doria é uma figura bastante conhecida e sempre foi bem aclamada, em todas as atividades públicas que exerceu, na comunicação, com programa de entrevistas sempre de alto nível; nos empreendimentos empresariais em São Paulo e fora do Estado; na vitória histórica para a Prefeitura de São Paulo, tendo Bruno Covas como vice-prefeito, em 2016; na convocação do PSDB para disputar o governo do Estado em 2018, porque o partido sempre teve candidatos próprios nas eleições para governador e presidente da República.

Acho necessário, nesse debate, considerarmos a situação do Estado de São Paulo hoje, que é bem diferente de outros Estados e do Governo Federal, trazendo de forma transparente as ações governamentais que são concretas e em nenhum momento deu ênfase ao populismo, que satisfaz alguns do povo de imediato, mas retarda o que é estruturante e proporciona maior segurança para a maioria do povo paulista.

João Doria dispõe de um rol de feitos, além da reconhecida obstinação pela vacinação em massa contra a Covid-19, que o colocam numa agenda de exemplos que o país precisa para enfrentar novamente questões que já estiveram melhor resolvidas, como a estabilização da economia, a execução contínua de uma rede de proteção social com base na Educação e na Cultura, a geração de empregos e renda.

Vamos tratar dos temas que desgostaram individualmente ou categorias de trabalhadores ou aposentados no Estado? Vamos esclarecer a posição de São Paulo em relação aos privilégios de muitos ainda no Estado e no país? João Doria no Governo paulista teve duas alternativas, frente à Lei de Responsabilidade Fiscal e a situação geral do Brasil: fazer ou fazer.

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Futuro para o brasil

Democracia interna mobiliza militância tucana.
Democracia interna mobiliza militância tucana.

Leio que algumas lideranças regionais do PSDB estão preocupadas com os seus próprios palanques. Isso estimula especulações políticas sobre adesões aos discursos extremistas, inclusive, do bolsonarismo direitoso ao esquerdismo lulopetista. O tabuleiro da disputa de 2022 ainda está sendo composto.

É óbvio que os defensores de uma terceira via, especialmente no cenário nacional, estejam no modo pause, esperando a definição do nome tucano à presidência da República. Como diz o presidente Fernando Henrique Cardoso, o discurso conciliatório do candidato do PSDB nessa estratégia é fundamental para agregar apoios fora do partido, dimensionando palanques competitivos nos Estados.

Só que essa escolha do PSDB, que segue resoluções internas com a democracia interna preconizada nos seus estatutos e discursos da sua militância mais aguerrida, nesse momento conjuntural pode ter alguma influência externa. Sempre defendi candidaturas próprias e o PSDB participou de todas as disputas, desde a retomada de eleições diretas para presidente em 1989.

Não se cogita um partido que já presidiu o Brasil durante dois mandatos e é formado desde a sua fundação por quadros políticos de destaque nacional, abrir mão de encabeçar uma chapa presidencial. Mas a conspiração corre solta nos bastidores e ações, muito além da teorização. Como, por exemplo, sobre deputados tucanos se curvando ao governo Bolsonaro em troca de emendas orçamentárias, tentando influir na escolha do candidato à presidência da República nas prévias tucanas, que acontecem em 21 de novembro.

É evidente que há um objetivo maior em toda essa movimentação pelo país e que não é possível uma agenda sem o Brasil em primeiro lugar. O povo não é mero espectador das definições partidárias, mas hoje figura como vítima de governos que não atenderam e atendem as suas necessidades fundamentais. Então é preciso que os objetivos dos pretendentes sejam mais claros sobre como lidar para superar as dificuldades aparentemente impossíveis de solução, com propostas mais claras.

Me preocupo com os rumos do país em relação ao futuro. Tive a honra de participar do governo do presidente Fernando Henrique, que foi estruturante de fio a pavio, do Plano Real de estabilização da economia às políticas de proteção social e compensatórias de renda. Mas agora, novos desafios são exigidos de nossos potenciais governantes, também por conta do agravamento da crise econômica e social decorrente da pandemia do COVID 19.

O país precisa de um choque de gestão à la Mário Covas e também não é prudente desenhar um plano sem considerar os resultados que São Paulo apresenta hoje, depois de ter sido demonizado por agir de maneira exemplar no controle da infestação do coronavírus, ora com ações restritivas, ora com o aumento da capacidade de atendimento intensivo aos pacientes e na busca de vacinas para todos.

Essas linhas para o debate amplo e com bastante difusão são um ponto de partida. A meu ver elas mobilizam a representação histórica do PSDB, que sempre defendeu uma proposta social democrata progressista para o Brasil.

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