Sou a favor de uma vida mais digna para todos os aposentados. Sempre achei injusto um cidadão trabalhar uma vida inteira para conseguir sobreviver e quando pode se dedicar com liberdade aos desejos pessoais fica recluso em casa ou é expulso dela porque não conseguiu comprar uma antes ou não consegue pagar os próprios aluguéis. Faz tempo que o Brasil não dá a devida atenção para os aposentados e muitas vezes olham para eles como se fossem um estorvo. Parlamentares e governos precisam encontrar logo uma saída.
A Previdência Social acumula déficit de R$ 29,9 bilhões de janeiro a agosto, segundo dados divulgados pelo ministro da Previdência, José Pimentel. O fluxo de caixa no mês de agosto, por exemplo, indica que a arrecadação foi de R$ 14,4 milhões enquanto a despesa com benefícios foi de R$ 19,5 milhões. Essa conta negativa evidencia um déficit e faz a previdência recorrer às reservas, dificultando novos reajustes.
Faz muito tempo que os recursos da previdência foram utilizados pelos governos para muitas outras atividades, impulsionando o rombo nas suas contas. A equação é simples: anteriormente havia um número maior de contribuintes da carteira previdenciária e o país não se preparou para a hora em que milhares de trabalhadores da ativa mudariam de condição.
O PT honestamente falhou para resolver no passado essa questão, porque quando os governos anteriores a Lula agendavam uma discussão sobre o tema, esse partido era o primeiro a levantar bandeiras impossíveis e demagógicas. Agora faz de conta que nunca antes se comportou dessa maneira. E nesse ponto acho que a coerência não pode ser abandonada, mesmo quando há necessidade de dizer um não negociado ao invés de um sim que você não reúne qualquer condição de atender. Mário Covas ensinava isso, mas muitos agem pelo contrário, inconsequentes como foi e tem sido o PT.
O governo Lula está empurrando com a barriga o temas "Previdência" e "aposentados". Por isso não quer nem ouvir falar dos projetos no Congresso Nacional que aumentam as despesas da Previdência, como o que vincula os aumentos de todas as aposentadorias ao salário mínimo e o que põe fim ao fator previdenciário, criado com a finalidade de reduzir o valor dos benefícios no momento de sua concessão, de maneira inversamente proporcional à idade de aposentadoria do segurado.
Na oposição o PT nunca se preocupou com "o limite do responsável e do sustentável ao longo dos anos". Prometiam um mundo novo que jamais teriam condições de entregar. Seguindo esse raciocínio, lógico seria que um governo do PT, que sempre defendeu a vinculação das pensões ao salário mínimo, soubesse de onde extraíria os recursos necessários para realizar as suas velhas promessas.
Sobra então a situação de penúria para aqueles que sempre ajudaram o país a se desenvolver e não tem culpa pela incompetência de gestão que remonta décadas. Para valer a demagogia petista dos palanques, o nosso sistema previdenciário não aguentaria. Mas o pior é que até agora o governo do PT não apresenta uma proposta que responda ao equilibrio das carências dos beneficiários, para aproximar mais os seus ganhos atuais da realidade econômica. Não apresenta porque não quer desagradar os aposentados e fica criando subterfúgios, incluindo mais essa conta nas potencializadas riquezas do pré-sal, a exemplo da educação e da saúde de primeiro mundo no futuro, do Grande PAC Brasil e da eleição de Dilma Rousseff.
Fábio Gambiagi fez uma análise profunda sobre a pressão do salário mínimo sobre a previdência e deixou algumas questões, como: "Quanto tempo mais o país irá manter a política de aumentos do piso previdenciário? Os políticos têm a palavra. Este ano e no próximo, o SM e o piso previdenciário, em termos reais, estarão aumentando mais de 5% ao ano. É óbvio que essa é uma decisão que já está tomada e deve ser cumprida. Na próxima década, porém, se o SM continuar a crescer nessa velocidade, a despesa do INSS cresceria em torno de 6,0% todos os anos. Se o PIB crescer 4,5% ao ano, o gasto do INSS, que em 2010 deverá ser da ordem de 7,5% do PIB, alcançaria 8,6% do PIB 10 anos depois. Lembremos que o investimento do governo é hoje de 1% do PIB. O país pode não fazer nada. O risco, nesse caso, é que em 2020 não sobre nada para investir. O próximo presidente terá provavelmente que propor algo a esse respeito."
Afinal, qual é mesmo a proposta real do governo do PT para todos aqueles que já fazem parte da história do Brasil, por seus suores e contribuições ? Mãos à obra !