Blog do Raul

Raul Christiano

Ano novo começou antes da Quarta de Cinzas

Olhares vem desde ontem.

Nunca antes na história vivemos uma época assim. Seria comum postar feliz ano novo nas redes sociais, ou centrar as rodas de conversas, porque no Brasil o ano sempre foi dado como iniciado na Quarta-feira de Cinzas! Agora é diferente, simplesmente porque não houve Carnaval como antes.

Nem passamos os dois primeiros meses do ano escolhendo as fantasias e os nossos destinos para poder rasgá-las na folia. Tempos mudados, com rima e tudo, de pandemia. Então me estranho nessa condição de ter recomeçado as minhas atividades de trabalho, longe de repetir aquele rito que sempre fez parte da nossa história.

Certa vez um professor da faculdade de jornalismo ensinou evitar títulos ou inícios de textos com nãos, nuncas, nens. E com ele aprendi que devia escrever uma redação, crônica, artigo científico ou trabalho escolar com um começo cativante, para funcionar como um convite para ser lido até o final. Hoje fiz uma salada mista, porque não tenho uma boa história de Carnaval para lhes contar, pois não houve desfile de blocos nas ruas, trios elétricos baianos, marchinhas nos salões dos clubes, campeonatos de escolas de samba.

Também não vou ficar resmungando aqui da pandemia da Covid-19, que ainda mantém protocolos de segurança sanitária que são para o nosso próprio bem. Nem falar de políticos que quando abrem as suas bocas ou agem nas suas esferas, é melhor cancelar de vez.

Simplesmente porque o ano novo começou no dia certo em 2022: 1.º de janeiro e será inesquecível. Escolhi viajar para um lugar tranquilo, Brotas, no Interior do Estado de São Paulo e não foi para ficar contemplando a natureza num refúgio ou retiro espiritual. Vacinado e cumprindo à risca as distâncias regulamentares, pude assistir de perto algumas cantorias de marchinhas antigas, inclusive com letras adaptadas para os dias atuais e pensar como está passando rápido esse novo ano.

Essa sensação toma conta por causa da quantidade de coisas que já aconteceram e pela instabilidade do mundo com essa máquina de guerra da Rússia. A emergência climática que estamos vivendo, com eventos extremos cada vez mais extremos, sem um movimento urgente dos governos de plantão de antecipação de socorro aos desastres naturais em áreas urbanas. E o ataque contra o povo ucraniano sem perspectivas ainda de um cessar fogo, apesar de toda a mobilização das atenções pelas pessoas que temem pela integridade da própria Terra.

Como é possível minimizar esses acontecimentos, marcados por um tsunami de sangue e mortes, que não vimos antes na história nessa época do ano, salvo raras exceções? Esse Carnaval aconteceu na época certa do calendário, mas o que mudou mesmo foi a nossa forma de nos importar com tudo.

Aprendi com a vida que amadurecer é um processo experimentado diante de situações que exigem o crescimento pessoal, para controlar melhor nossas emoções, entender limitações próprias e tomar decisões com mais segurança. Por isso considero que esses dois meses findados de 2022 serviram bastante para nos fortalecer e poder decidir melhor os novos caminhos que já realçam no horizonte dos próximos 10 meses.

Não acho inteligente, por exemplo, o Brasil mostrar a sua insignificância política, econômica e cultural, porque, como diz assertivamente o jornalista e escritor Mário Sabino, “não somos insignificantes, nos fazemos insignificantes”. Certa vez, o também escritor Stefan Zweig, que escolheu viver em nosso país, fugindo das atrocidades do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial na Europa, em 1940, escreveu o livro cujo título marcou e ainda marca discursos ao longo da nossa história: “Brasil, um país do futuro”.

Já estamos no início do terceiro mês de 2022 e apesar do crescimento de 4,6% do PIB em 2021, o Brasil caiu do 12.º para o 13.º lugar no ranking das maiores economias do mundo, de acordo com levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating. Portanto esse ranking possibilita uma comparação do PIB dos países em valores correntes, em dólares, mostrando que fomos ultrapassados no ano passado pela Austrália, assim como em 2020, Canadá, Coreia e Rússia, tiraram o nosso país da lista das 10 maiores economias do mundo.

Retomando a linha do raciocínio com foco na mudança, uso uma frase que passou a circular nas redes sociais em 2020, após um estudo da Organização Mundial da Saúde – OMS ganhar manchetes apontando “o brasileiro como o povo mais otimista do mundo. E de tanto pensar no futuro, esquece de agir no presente”. Em 2017, a mesma OMS revelara que o Brasil também era considerado o campeão mundial de transtornos ansiosos, revelando que ninguém teme o futuro mais do que nós.

Ora, quase 19 milhões de brasileiros tinham a qualidade de vida comprometida, antes do coronavírus, que desencadeou transtornos mentais e piorou a situação de quem já sofria com eles. Então, o Ministério da Saúde conduziu pesquisa para avaliar a nossa situação mental, com a participação de mais de 17 mil pessoas em todo o Brasil. O resultado ficou mais alarmante: 86,5% dos entrevistados estavam enquadrados em algum tipo de ansiedade patológica.

Como você, leitor, chegou até aqui, deixo uma questão para refletir e comentar aqui na coluna: Pelo fato de o Brasil ser considerado por uma boa parte da sua gente ufanista ou não, o país do futuro, será eternamente padrão esperar que o melhor esteja somente no futuro?

Artigo publicado no site do “Jornal da Orla” de Santos, espaço de colunistas, Um Olhar Sobre o Mundo, em 04 de março de 2022.

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Todavia a paz é melhor para o Mundo

Guerras não são bem-vindas. (Foto: Anna Moneymaker – Getty Images)

Desde o fim da Guerra Fria, em 1991, a União Soviética e os Estados Unidos não se estranhavam e ficavam literalmente em pé de guerra como agora, por conta da invasão da Ucrânia pela Rússia. Esse que não é um mero detalhe na história do mundo deve ser trazido à baila para tentar entender melhor o que está acontecendo e provocando um verdadeiro estado de insegurança em todos nós.

Vejo que governantes e partidos estão tropeçando nas suas falas sobre os acontecimentos, porque a cultura da paz deve prevalecer. E isso não é só o politicamente correto, marcando a sua posição. Mas uma condição de continuar respeitando a sociedade que já vem apavorada pela pandemia do Covid-19 e que não percebe o grau de manipulação a que está sujeita. A Ucrânia é um detalhe que comove o mundo diante da violência e dos efeitos de um ensaiado ataque genocida, que por ora se sobressai com a cena de um tanque atropelando um automóvel civil, guiado por um motorista idoso, nos arredores de Kiev.

A União Soviética foi extinta em 1991 e Vladimir Putin com a sua decisão de realizar uma “operação militar especial” que se diz sintonizada com o artigo 51 da Carta das Nações Unidas (da legitima defesa individual ou coletiva dos países membros), apesar de induzir geral à intenção de reintegrar territórios separados, alega que quer desmilitarizar a região que descumpre o Protocolo de Minsk. Esse documento é um acordo assinado em setembro de 2014, para por fim à guerra no leste da Ucrânia, onde há separatistas em busca de formação de um outro país.

Acho importante o conhecimento da história, para compreender inclusive que no momento agudo em que estamos vivendo, à flor da pele, qualquer demonstração de força bélica pode ameaçar um conflito mundial e de proporções que sempre nos atormentaram. Certa vez escrevi um texto sobre ter crescido na adolescência, motivado pela linha tênue da Guerra Fria, achando que uma 3.ª Grande Guerra nos dizimaria. Confesso que, assistindo aos movimentos de Putin e as contrarreações de lideres mundiais, a cultura da paz prevalecerá, porém é fundamental que todos pudessem conhecer mais sobre os avanços de bases militares e zonas de influência de países como os Estados Unidos, com o respaldo da OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Estados Unidos e União Soviética foram aliados na luta contra a Alemanha nazista na 2.ª Grande Guerra, de 1939 a 1945, e logo após a vitória se tornaram adversários até 1991. Chamou-se de Guerra Fria porque não houve uma guerra ou conflitos entre as superpotências, uma vez que seria inimaginável restar o Mundo ante uma batalha nuclear, porque houve uma corrida armamentista para a construção de um grande arsenal de armas nucleares nos primeiros 20 anos desse conflito de ideologias defendidas por cada uma.

Vale perceber nesse entendimento, que a rivalidade se distinguia das incompatibilidades, da defesa norte-americana do capitalismo, da democracia, da propriedade privada, da livre iniciativa; enquanto a União Soviética queria o socialismo, o fim da propriedade privada, a igualdade econômica, um Estado forte para garantir as necessidades básicas do povo. Hoje em dia essas ditas incompatibilidades povoam o imaginário político global, polarizando disputas eleitorais em todos os continentes.

Posto isso, o episódio global e histórico que estamos testemunhando, com o encaminhamento de tropas a Ucrânia, somado de sanções econômicas a Rússia, que já recebeu sinais de apoio da China, que possui força econômica, tecnológica e o maior exército do mundo, incomoda geral. Era difícil de imaginar que ocorresse durante a pandemia do novo coronavírus, mas nada é impossível hoje em dia.

Que a paz é a melhor bandeira para se hastear no mundo, isso é indiscutível. No entanto, como nos proteger da angústia que nos toma diante de ameaças genocidas? Importa conhecer que há um poderio de influência política, econômica e ideológica em curso, em todo esse mundo. E não se trata de uma questão plebiscitaria, de tomar um lado da questão e pronto. Com a paz mundial é mais possível compreender que cada pessoa é um agente transformador, um cidadão, capaz de fazer mudanças, sem mais manipulações.

Artigo publicado no site do “Jornal da Orla” de Santos, espaço de colunistas, Um Olhar Sobre o Mundo, em 25 de fevereiro de 2022.

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Participação política e discurso atual

A participação política em perspectiva.

 

 

 

 

 

 

O calendário eleitoral para as eleições de 15 de novembro de 2020 prevê campanha a partir de hoje (27 de setembro). Logo cedo estive numa padaria perto de casa, que frequento há quase 40 anos, e pude sentir o clima. Como participei de outras campanhas, como candidato ou militante apoiador, e sou uma figura pública na região da Baixada Santista, não passei despercebido. Não faltaram acenos e olhares de alguns fregueses, e fui abordado pela moça do caixa com a pergunta: __ Seu Raul, o senhor está no páreo?

Não, não estou no páreo, tenho outra missão, respondi a ela e faço questão de registrar aqui no blog. Na semana passada escrevi sobre impressões das campanhas que acontecem no Brasil e nos Estados Unidos, em meio à pandemia do novo coronavírus (#Covid19), justificando trocas de mensagens com amigos e companheiros de lutas comuns ao longo de uma vida inteira, desde o movimento estudantil secundarista, nos anos 1970.

É evidente que as bandeiras passadas estão consolidadas e garantindo uma participação irrestrita da população nos canais de manifestação e decisão políticas. Me refiro à democracia, que em diversas oportunidades nos últimos tempos foi posta ao risco de medidas autoritárias. Atualmente essas medidas se baseiam principalmente no preconceito social, político, doutrinário, ideológico, de gênero e raça. O que há de retrocesso nisso vale um post específico.

Mas tratando mesmo das eleições municipais, que renovarão ou darão novos mandatos a prefeitos, vice-prefeitos e vereadores (entenda-se femininos também, para ser mais explicito), em todo o país, neste ano, o foco deve ser outro. Porque o elenco de expectativas do eleitorado é completamente diferente das eleições passadas, antes desse novo normal esperado pela sociedade.

O futuro em perspectiva passa a ser o maior desafio dos candidatos em suas tentativas de convencimento em busca do voto de confiança e nas urnas. No horizonte, nessa quarentena vivida a partir de meados de março no Brasil, a única perspectiva é a vacina e bem como a vacinação em massa, para permitir um novo fôlego à superação e sucesso de cada um e suas metas sonhadas. Afora isso, qual o discurso diferente de um candidato para conquistar a atenção popular?

Enquanto escrevo este texto, acompanho o movimento nas praias cariocas neste domingo. Pessoas de todas as idades, contrapondo às regras usuais para seguir os protocolos da comunidade médica e científica no enfrentamento à pandemia, circulam ou se agrupam estacionadas na areia, sem máscaras e sem cumprir a distância mínima de segurança da possibilidade de contaminação.

O Rio de Janeiro não vem se constituindo no melhor exemplo para o Brasil, também no tocante à administração pública, haja vista o histórico de seus últimos governantes do Estado e respingos nas municipalidades. Mas esse mal exemplo deve ter uma resposta, inclusive além do Rio, de modo que a sociedade brasileira como um todo se sinta representada por uma legião de dirigentes que está para ser eleita.

Um de meus temores está na polarização de um conflito pretérito entre a ciência e a religião, que atualmente se comparam ao negacionismo das mudanças climáticas e o futuro do planeta em jogo. Quando se colocam em dúvida conceitos científicos, por exemplo, não se trata da simples garantia da liberdade de opinião, mas uma visão ingênua do mundo atual. Por outro lado, qual é mesmo a expectativa da sociedade para se convencer?

Reitero que não é uma tarefa fácil hoje a apresentação como candidato vendedor de sonhos de mudanças e transformações radicais nas vidas das pessoas. O protocolo exige que as promessas estejam sincronizadas com a verdade e a bem dessa afirmação, a Justiça Eleitoral tem feito uma campanha muito assertiva nos seus alertas contra as Fake News e no incentivo à maior participação da juventude nas campanhas deste ano, com a provocação de que “nunca é cedo para fazer a diferença”.

Aposto na indicação de novos caminhos a serem percorridos, com garantias concretas de trabalho, pão, casa, saneamento básico, educação, cultura, segurança e paz para todos. O povo precisa se sentir seguro para que os resultados eleitorais de 2020 sejam os melhores e mais conectados com o valor do seu voto.

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Uma Rosa com Amor

Há rosas azuis no jardim da Democracia.

Aprendi com a escola e as orientações de meus mentores políticos, que na vida política, ou você tem vocação para servir o público, ou é melhor não tentar. Sem essa vocação, corre-se o risco de usar a política como escada para conseguir vantagens pessoais. Isso acontece em grande medida – e é o que causa o repúdio tão grande do povo aos políticos. Fernando Henrique Cardoso sempre acentuou essas afirmações, e as incluiu em seu livro “Cartas a um jovem político: para construir um país melhor”. E acho que hoje é um momento muito propício para refletir sobre a reafirmação de nossas convicções, que se construíram teórica e praticamente com a militância por ideais desde os tempos em que atuávamos no movimento estudantil secundarista.

Em diversos momentos da história do Brasil, dada a coincidência de bandeiras como a democratização, a normalidade institucional e a redução das desigualdades sociais, nos mobilizamos em busca do bem comum. Nessas ocasiões estivemos em agrupamentos comuns ou firmamos alianças políticas para fortalecer vozes com um número representativo e maior, e alcançar os alvos, no caso os centros decisórios, que em nosso país estão representados pelos poderes Legislativo e Executivo. O Judiciário era buscado quando esgotadas as chances de conquistas pela unidade da sociedade.

Meus parceiros mais acessíveis combinavam socialistas democráticos, social-democratas, liberais progressistas e democratas cristãos. O radicalismo permeava as ideias e objetivos a serem alcançados para o bem geral, havendo uma concentração de ações no convencimento da sociedade para que ela pudesse se sensibilizar e utilizar os canais democráticos de participação e representação políticas. A dicotomia esquerda versus direita sempre existiu e juntava militantes de um lado, não proprietários, do outro, elites influentes. O senso de justiça da maioria do povo sempre prevaleceu, entre os que se atribuíam a missão de obter o avanço das classes que viviam de seu próprio trabalho. A direita era composta de velhas facções das elites dominantes, com uma visão mais conservadora da sociedade e da ação política.

Nesse cenário construi minha história, reafirmando em muitas oportunidades que me mantive do mesmo lado, desde 1976, quando comecei a minha militância política e partidária. Contudo, faço questão de frisar que o meu alinhamento nunca foi incondicional com todas as forças políticas que se articulavam no mesmo arco de alianças. Acontece que dado o foco da nossa atuação, este lado era batizado de esquerda e mais tarde o meu campo se enquadrou como de centro-esquerda. Politicamente é assim que me apresento e localizo, embora haja hoje em dia um pensamento radical da existência apenas de dois polos, esquerda ou direita. Antes da queda do Muro de Berlim, em 1989, o patrulhamento ideológico determinava lados, principalmente no Brasil em que havia gente contra a democracia.

O patrulhamento ideológico e partidário existente nos dois campos, ao longo da história, hoje está muito presente e visível nas redes sociais. Estas permitiram a participação livre e irrestrita das pessoas, independentemente das suas convicções ou visões formadas a respeito das coisas à sua volta ou no próprio mundo. Os envolvimentos de figuras políticas do PT e de partidos mais aliados em circunstâncias eleitorais desde 2003, com o espetáculo da corrupção desenfreada – Mensalão e Lava Jato, para citar as principais denúncias, serviu de base para definir os lados na conjuntura atual. A população de eleitores negou confiança e voto naqueles que tinham algum tipo de ligação com essas denúncias e operações da Justiça e Polícia Federal, mesmo que pessoalmente limpas de qualquer participação.

Por isso, quando se pretende promover uma reavaliação dessa condição militante e se ligar mais com a maioria da sociedade, que desidratou os partidos políticos como o meu, PSDB, é necessário desarmar espíritos. Continuo caminhando e cantando, mas acho muito oportuno o poema-canção “Metamorfose Ambulante”, de Raul Seixas, em especial quando acentua que “É chato chegar a um objetivo num instante / Eu quero viver nessa metamorfose ambulante / Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo / […]”

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Poesia em Tudo – 2016

Livro de Poesia: Poesia em Tudo

A Realejo Livros difunde o poeta Raul Christiano como uma figura irrequieta e envolvente, no livro ‘Poesia em tudo #AmorAosTuítes’. Justifica o editor que essa essência transborda nas linhas poéticas desta obra, antagônica diante do passado marcado pela geração do “mimeógrafo”, junto com companheiros do Grupo Picaré, de poesia e artes, para uma linguagem contemporânea, high-tech. Raul se apropriou tão naturalmente a partir do advento das comunicações instantâneas virtuais e suas redes sociais de relacionamento na Internet. O artista visual, poeta e arquiteto Eber de Gois ilustra essa obra, que vale a pena ler, curtir e compartilhar…

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Sobrevivi

Desenho expectativas positivas

Felizmente 2018 chega ao fim. Posso afirmar categoricamente que dele nenhum rebotalho guardei para ter lembranças boas. Resisti bastante em escrever estas linhas, porque conheço bem a imaginação dos que me leem e podem interpretar com preocupação um estado de espírito que jamais expus. De pronto repilo que esteja deprimido nessas horas finais, porque estou reacionário e a esperança sobre 2019 já inunda meu coração, minha mente e alma, com um feixe de planos que desejo realizar nele.

Tive a oportunidade de comentar logo em janeiro passado que a minha travessia de 2017 não havia sido das melhores, justamente porque brindava real e feliz, mas não conseguia àquela altura imaginar o que estava por vir. Tive muitas decepções em 2017. Sou um ser dominado pelo altruísmo e frustrei expectativas com pessoas que colaborei tanto para formar e estruturar para que tivessem voos e caminhos autônomos.

Relembro que é do conhecimento geral a minha condição de um ser idealista na política e no convívio com os partidos que as regras estabeleceram suas existências. Certa vez um amigo mais experiente me sacudia contra essa visão romântica da política, me alertando que deveria ser mais profissional do que militante nessas horas, porque as mudanças sujeitavam-se a acordos que nem sempre preservam as boas práticas.

Ora, vejam a coleção de desapontamentos com figuras que sempre segui e defendi, pelo menos nos últimos 35 anos. O mar de lama veio como um tsunami sobre as instituições partidárias, inclusive a minha, o PSDB, e instantaneamente perdi o meu discurso ético e moral, diante do nivelamento normal da condição anormal de uma república de malfeitos. Pelos meus antecedentes, não adotei bandidos de estimação entre os companheiros de minha turma.

Não tinha planos para 2018, mas tinha a compreensão da necessidade de liquidar esse cenário e ajudar a reconstruir uma sociedade com princípios e ideais. Pelo histórico em validação, não aceitava e não aceitei outra alternativa que pudesse representar essas mudanças de cenário que não fossem nós conosco, optando pelo voo mais cego de toda a minha vida tão planejada antes.

Pressenti as derrotas eleitorais, mas não contava que estava perdendo parte de mim mesmo quando descobrimos uma doença feroz na minha própria família, ferindo de morte a minha companheira desde o século passado. Se 2017 havia sido o ano da decepção, 2018 foi o da dizimação. Incrédulo, tentei uma candidatura pessoal para fazer parte por dentro do processo político, já que fracassei com as minhas crenças na medicina e na superação dos cânceres corriqueiros na vida de familiares de todos os sobrenomes e nacionalidades.

A tragédia foi anunciada por um anjo torto na virada de 2017 e achei que o meu otimismo sempre agiria como um antídoto. 2018 foi implacável contra o meu otimismo, a minha vida pessoal e em relação às melhores partes do que ajudei a construir na política. Quero deixar claro que a derrota da minha candidatura a deputado estadual nas eleições deste ano não me abalou um milímetro. Mas as caminhadas para a derrocada do PSDB e de Geraldo Alckmin agiram em mim como um tipo desconhecido de câncer, que não hesitarei alcançar a cura e a ressurreição.

Portanto, não me venham falar em adversidades. 2019 é uma grande promessa de vida nova, em todos os sentidos. Como dizia Mário Covas, a vida o ensinou que diante da adversidade, só há três atitudes possíveis: enfrentar, combater e vencer. Aviso aos navegantes que teclo o último período deste texto reagindo fortemente. Sou um sobrevivente e me orgulho de nunca perder a esperança.

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Jogos não tão virtuais

SP inicia campanha entre professores
Entende-se por virtual o que não existe como realidade, mas sim como potencia ou faculdade. Também pode-se afirmar que o virtual é algo inexistente que provoca um efeito, que de tão próximo da verdade, sua existência acaba sendo considerada. Exemplos disso estão escancarados no cotidiano e em especial na comunicação contemporânea por conta dos usos desbragados das redes sociais. E é nesse território, que muita gente acha livre, que o virtual se confunde com a realidade, em especial para os desavisados.
Nesse contexto crescem nos últimos dias as consequências do Desafio Baleia Azul, principalmente entre crianças, adolescentes e jovens. Especialistas pontuaram que “não se pode dar tanta importância para um jogo, mas é hora de falar sobre o assunto”. As ocorrências que derivaram do exterior para o Brasil, foram graças à comunidade global, como preconizou o dito popular sobre um tal de “mundo velho, sem porteiras”.
As primeiras reações da sociedade que tem escrito coisas sem pensar nas redes, motivada pela leitura apressada e sem refletir, indicam uma transferência instantânea das responsabilidades ao sistema educacional brasileiro. Mas é prudente em demasia que se pensem e ajam de forma compartilhada com foco no papel da família, de modo basal e preventivo.
O Governo do Estado de São Paulo já reforçou em boletim extraordinário da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica, que deve servir de orientação geral para ações organizadas e gerais, sobre “o compromisso da escola e dos educadores com a diminuição da vulnerabilidade de crianças e adolescentes em situações que possam vir a comprometer a integridade física, psíquica e emocional dos estudantes”.
Há o consenso propagado pela Organização Pan-Americana da Saúde, de que “a adolescência é um período da vida marcado por mudanças, incertezas e experimentações. Uma fase rica em sonhos e aprendizados, mas também carregada de riscos e armadilhas”. Quanto mais amadurecemos parece que nos tornamos menos corajosos e destemidos. Quem consegue dormir enquanto os filhos não estão ainda em casa? Quase todos nós, porque sobra-nos as sensações de medo e insegurança pelo conhecimento das ameaças externas.
Mas a um passo da sala ou do quarto rondam perigos reais, que entraram na sua porta sem tranca. E é nesse sentido que, educadores e corresponsáveis pela geração que ainda depende da educação básica, deve reforçar as ações pedagógicas de conscientização quanto ao uso seguro da internet e temas relacionados à melhoria da convivência no ambiente escolar e na comunidade do entorno real, como o bullying, a pedofilia, a intolerância de toda ordem etc., acolhendo e conversando sempre.
O assunto Desafio Baleia Azul ocupa as mídias e ainda há uma parte de pessoas e instituições que optou por não tratar do jogo ou do tema com os filhos ou alunos, para evitar que eles se inspirem nos relatos. Buscar meios de falar dele, sem medidas extremas como a desconexão virtual e sem parecer uma nova lição de moral ou revelação dos medos que os mais maduros têm do desconhecido, deveria pautar ações de reaproximação pessoal, diálogo, diminuindo o isolamento social reinante.
Que estas reflexões nos estimulem a tratar desses jogos virtuais e de suas implicâncias na sociedade, com inteligência e respeito. Por trás da “brincadeira”, certamente estão hackers, perturbados mentais, que cultuam o mórbido e o macabro. À nossa frente, por exemplo, está uma sofrida mãe de São Carlos, minha conhecida dentre tantas mundo afora, atingida pela torpe experiência a que seu menino se permitiu.

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“Novo PSDB” com Paulo Alexandre

Paulo Alexandre, o 1.º prefeito de Santos pelo PSDB
A vitória no primeiro turno das eleições para prefeito de Santos, do deputado estadual Paulo Alexandre Barbosa, é histórica para o PSDB. Ela acontece pela primeira vez desde a fundação do partido em 1988 e há fatores políticos exemplares que trago à discussão, principalmente aos simpatizantes, filiados e dirigentes tucanos em todos os níveis e localizações.
Inicialmente é preciso situar o Paulo Alexandre no cenário político atual, tanto em Santos, na região metropolitana da Baixada Santista e no Estado de São Paulo. Deputado estadual, no exercício do seu segundo mandato, entre os mais votados em 2006 e 2010, Paulo foi convocado pelo governador Geraldo Alckmin para missões estratégicas na sua atual gestão: inicialmente na Secretaria de Desenvolvimento Social, transformou em medalha governamental a rede de proteção das pessoas; depois, na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, elevou os índices de novos empregos e de trabalhadores qualificados para a ocupação dessas vagas.
O mesmo Paulo, na gestão anterior de Alckmin, foi secretário adjunto da Educação e responsável pela implantação e execução do Programa Estadual “Escola da Família”. Os resultados de ontem e os mais recentes foram bastante exitosos, fortalecendo ainda mais o projeto político do PSDB, que construiu o seu nome como virtual candidato a prefeito de Santos, desde o dia seguinte das eleições municipais de 2008.
É sabido que o PSDB em Santos, que teve um dos primeiros diretórios políticos organizados no país, também é conhecido pela diversidade de correntes internas, que em eleições passadas colheu insucessos eleitorais, por sua desunião política. Foi assim logo em 1988, com a candidatura de Nelson Fabiano; em 1992, com Koyu Iha; em 1996 e 2000, com Edmur Mesquita; e em 2004, comigo Raul Christiano.
Em 2008 esse quadro começou a se modificar, quando o partido decidiu pela composição com o prefeito e então candidato a reeleição pelo PMDB, João Paulo Papa, ocupando a vice Prefeitura.
Rubens Lara, falecido antes das convenções que homologaram essa decisão, não conseguiu testemunhar os resultados advindos desse momento novo. Também não imaginou que Paulo Alexandre, um jovem e mais recente quadro político tucano, se aprofundasse na busca da convergência de objetivos com todas as lideranças das suas correntes, para fortalecer o PSDB com a união necessária de todos os seus pares.
Nessa nova fase do PSDB, testemunhei e participei de incontáveis encontros entre Edmur Mesquita, Bruno Covas e Paulo Alexandre. Os projetos políticos foram planejados nos níveis municipal (Santos) e regional (Baixada Santista), respeitando-se as vocações e disposições de candidaturas a deputado e às prefeituras, com base no empenho e construção de consensos.
Foi desse modo que, pela primeira vez na história do PSDB, Paulo Alexandre concorreu a Prefeitura de Santos com o apoio de todas as correntes internas. Louve-se que Paulo contribuiu para essa tendência harmônica durante todo o processo, desde as ações pré-eleitorais à elaboração de um programa de governo participativo e à consagradora vitória no dia 7 de outubro de 2012.
Essa atitude vitoriosa representa um exemplo para o PSDB, que ainda enfrenta dificuldades em muitos locais no território nacional, por conta da ambição de projetos pessoais e da falta de capacidade de buscar o diálogo, o entendimento e a convergência de objetivos políticos, antes mesmo de se utilizar os meios democráticos de participação e decisão partidárias, com primárias, prévias e convenções municipais.
Paulo Alexandre venceu a eleição municipal no primeiro turno, com 57,9% dos votos válidos. Disputa das mais difíceis, porque aconteceu com as participações de dois ex-prefeitos, de um candidato apoiado pelo prefeito mais bem avaliado da história de Santos e por um político com grande inserção nos meios estudantis da cidade. Sua campanha terminou do mesmo jeito em que se iniciou, exalando unidade e força internas do PSDB e dos 10 partidos que se uniram também para elegê-lo.
Leio que o presidente Fernando Henrique reafirma a avaliação de sacudir o PSDB com a renovação de ideias e para escapar da fadiga de material na maioria dos partidos hoje em dia. A intenção deste artigo é ratificar o ditado de que “uma andorinha só não faz verão!”

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‘Fichas-sujas’ com a barra limpa!

Assuntos como “fichas-limpas” e “combate à corrupção” foram tratados durante o processo eleitoral deste ano como obrigações e não como virtudes para todos os candidatos. Acontece que ao invés desses valores serem proclamados como os mais importantes, juntamente com os conteúdos programáticos das campanhas políticas, a sociedade acabou por considerá-los secundários e no dia da eleição 208 políticos estavam com a candidatura barrada pela Justiça Eleitoral, mas mesmo assim receberam pelo menos 8,7 milhões de votos em todo o país.

Não vou perder mais tempo com a análise da transformação do horário eleitoral no rádio e TV em programas humorísticos. Ontem à noite, por exemplo, zapeando os canais de TV encontrei o programa da Luciana Gimenez na Rede TV apresentando o espetáculo horroroso das pessoas que foram usadas por alguns partidos para servirem de isca-eleitoral. Nunca antes na história deste país creio que pudemos ver tanto baixo nível em relação à visão de determinados cidadãos da política e dos políticos.

A culpa desse desvio recai sobre Lula, o presidente da República mais popular que o Brasil já teve, que banalizou os desvios de conduta, interpretando como uma mera reedição de comportamentos que ele aceita porque “sempre foram comuns na vida política do país”. Se na ocasião da descoberta dos esquemas do mensalão pago durante o seu governo ele ousasse repreender e punir com firmeza os responsáveis, tanto do Executivo quanto do Legislativo, a sociedade sem dúvida daria mais valor à ética e à moral quando diz respeito à coisa pública.

Essa inversão de valores é preocupante. Se o homem público é obrigado a primar por uma conduta exemplar e as pessoas vêem isso como uma obrigação que ele não respeita, o quê podemos esperar das instituições que em tese deveriam garantir a lisura para continuar merecendo o respeito de todos?

A matéria do jornal ‘Folha de São Paulo’ (5 de outubro de 2010), com o título “8,7 milhões de votos em ‘Fichas-sujas'”, infelizmente não me surpreende, mas nem por isso fico convencido de que ainda estamos muito longe de ter mais segurança com a interpretação justa e o cumprimento de todas as leis. Enquanto houver uma dúvida sobre a validade das obrigações, não será uma andorinha só que fará o verão para todos nós!

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