Qual a credibilidade de uma imprensa que sensacionaliza a aprovação de uma criança, de 8 anos de idade, num vestibular para o curso de direito em Goiânia? Faz alguns anos, o personagem foi um analfabeto no Rio de Janeiro, com os mesmos argumentos de exibir a fragilidade do sistema de provas, a proliferação de faculdades particulares no país, a péssima qualidade do ensino e, por fim, o direito de matrícula já que foi aprovado.
Não consigo dormir sem registrar que estou pasmo com a fabricação desse "novo escândalo" da política educacional do Ministério da Educação, com a indolência da OAB Federal que não esboçou uma palavra de condenação ao gesto exibicionista da criança pelos próprios pais e de alguns ignorantes que alimentam a imprensa de factóides para alimentar interesses corporativos e tentar desmoralizar instituições educacionais privadas.
Essa nova história ganha vulto porque a OAB fez questão de botar pilha no assunto. Ela é useira e vezeira em se vangloriar da reprovação de bacharéis de direito em todo país, porque aplica provas xenófobas, que nem mesmo os seus atuais dirigentes conseguiriam os pontos necessários à aprovação. Há um prazer em compor provas difíceis, que muitas vezes de tão ininteligíveis várias questões são canceladas, porque nem os próprios mentores conseguem definir qual a resposta esperada. Isso é esdrúxulo para não dizer trágico e desmoralizante por si só.
Qualquer criança, jovem ou adulto analfabetos são capazes de aprovação num exame vestibular. Os testes são de múltipla escolha e, com os baixos níveis de escolarização de uma parcela importante dos pré-vestibulandos, não zerando nas provas é mais do que suficiente para o seu sucesso. Uma mera questão de probabilidade, ensinada nos cursinhos e/ou recomendada por uma alma que saliva pelo sensacionalismo, expõe a regra de reincidir numa alternativa apenas (a, b, c, d ou e) quando não souber a resposta, como forma de evitar que saia chutando respostas prova afora.
Passada essa fase e, se o nome estiver na lista de aprovados e/ou promovidos, na hora da matrícula em curso superior, há que se verificar se o mesmo tem a comprovação de certificados idôneos de cumprimento regular das etapas anteriores necessárias e de conclusão do ensino médio, não importa a idade. É óbvio que uma criança de 8 anos pode estar, no máximo, na quarta série do ensino fundamental. E, no caso daquele analfabeto carioca, um supletivo com certificação idônea para queimar etapas lhe faria bem.
Fora isso, se houve a matrícula da criança no 1.º ano do curso de Direito da UNIP de Goiânia, sem as devidas exigências documentais, este é um caso de negligência dos funcionários da secretaria da universidade ou os pais arquitetaram uma fraude, para fabricar o caso sensacionalista de uma criança traumatizada porque não conseguiu assistir às aulas com os seus colegas "bixos" (sic).
Lamento perder nosso tempo com sensacionalismo e com notícia que cheira a plantação, mas o fato é absurdo e me causou profunda indignação.
Se há solução para superar essa história? Claro que há, se o problema estiver localizado apenas nas formas de acesso ao ensino superior. As provas precisam ter questões mescladas entre múltipla escolha e respostas dissertativas. Além disso, precisam ter a exigência de uma pontuação mínima, pondo fim nessa coisa de não zerou passou.
O quê deve fazer o Ministério da Educação? Focalizar a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis, a começar por uma atenção quintuplicada nos ciclos fundamentais. Não dá para dizer que a prioridade é a educação, dispersando ações e recursos com o ensino superior, que a meu ver pode ser auto-sustentável. Uma outra discussão, para outro dia.
Amigo Raul! Fiquei mais impressionado com outro fato registrado pela imprensa: “estudante de 14 anos que agrediu uma professora com socos e ponta-pés”.
Relativo a disciplina nas escolas, iniciei meu antigo “primário” no governo João Goulart, portanto a ditadura não tem nada a ver com disciplina. Isto não seria imaginável, mais começava pela entrada na classe.
Conheci um caso bem exdrúxulo de uma faculdade de Santos Conta-se que um fulano no dia do vestibular se atrasou e não conseguiu entrar, e assim resolveu ir para a praia sem contar nada para os pais. Tempo depois a surpresa ele estava aprovado, teve até festa com direito a colocação de faixa na rua e tudo o mais . O fato só veio a tona porque os amigos e a namorada(depois de uma briga) souberam do ocorrido e desmontaram a farsa, mas só para a família, porque ele continuou cursando a mesma faculdade e deve até ter se formado. Entre isso e curso por Internet acho que não vamos muito longe, nada contra a tecnologia.Acho fundamental a vivência dos pátios e das salas de aula . Sou da época dos colegios onde era efervecente o dinamismo cultural e intelectual da nossa turma. Lá pelos idos de 75 a 78 no colégio Estadual Primo Ferreira, onde nasceu uma academia juvenil de letras, um Grupo de Teatro,além de Festivais de música, compositores e etc, gente que hoje é referência em suas áreas de atuação…Você Lembra Raul?
Raul, entrei pela 1a. vez em seu blog. Parabéns. V. é a confirmaç~çao de uma tese que sempre apresento aos estudantes de jornalismo. No futuro (e ele já começou) cada jornalista será um veiculo de comunicação ligando-se diretamente ao consumidor de mídia.
Com relação a seu post de hoje, concordo que existe uma imprensa que vive atrás de escândalos, aproveitando-se de fatos inócuos para manchetizá-los e multiplicá-los em “suites” também inócuas mas com artificialismo. Isso é a escória do jornalismo. No caso específico, acho generalizante, com relação à imprensa brasileira, a o acusação de que a imprensa está afim de “desmoralizar as instituições educacionais privadas”. Acho hoje a imprensa brasileira crucificando mais o ensino público que o privado.
Só um dado: de 92 pra cá com a fundação da ANDI-Agência Nacional para Defesa da Infância – que acompanha o volume de noticias sobre educação, a pauta educação saiu da l4a. posição para a 3a., logo depois das pautas política e economia. Segundo as leis da dialética a qualidade nasce da quantidade e isso é uma esperança que o noticiário sobre educação melhore e expurge factóides como esse que lhe pautou o post de hoje deixando-os para a lata do lixo do jornalismo. Sinval
raul, conheço um cara que não foi no dia do vestibular e foi arovado numa faculdade aqui de Santos…
e isso não saiu na imprensa…
Raul, tava dando uma olhadinha geral no seu blog e uns dados me chamaram a atençà o. Vamos aos números: no comentário sobre o Lula foram 3 comentários, no do Bruno Covas, 21; sobre os EUA, 6; lei de Imprensa 1 – um mísero comentário; sobre o Alckmin foram 13 e sobre o garoto universitário 4 leitores deixaram suas opiniões até agora.
fica claro que seus leitores querem discutir temas políticos e tucanos!!!!!!!!!!!!
Sem normas(disciplina), nunca irá existir: qualidade de ensino, qualidade de produtos, qualidade de gestão, qualidade de vida,etc…etc…etc…
Esse episódio lamentavél, mostra o quanto existe pessoas mal intencionadas em todas as áreas, notíciários sensacionalistas, aparecem cotidianamente, são sub profissionais mercenários, que se preocupam apenas em vender jornais, revistas e até vídeos para serem exibidos através da tv, internet, etc. Existem também os que compram certificados de conclusão, os que pagam por uma vaga em Universidades Públicas, ou direto no balcão , tratando com funcionários corrúptos e ou através de outros que se passam por quem pagou, no dia do vestibular. Infelizmente isso não é de hoje que acontece em nosso País, só que por falta de fiscalização por parte dos órgãos competentes a coisa tem piorado a cada dia. A prova dada pela OAB é absurda , como também a obrigatoriedade de se fazer vestibular, ambas são criadas com um só intúito, arrecadar, arrecadar e arrecadar! Essa coisa de má índole não é culpa do s governantes, isso é mais uma questão da ausência dos país, esses sim tem obrigação de mostra o caminho do bem para a formação de sues filhos, e não somente esperar que os professores sejam responsabilizados pela educação de seus filhos, até porque , na hora de fazer, ninguém é convidado para participar. Concorda?