Há uma cobrança de muitos especialistas em educação sobre a ausência de propostas dos atuais candidatos a presidência da República para o ensino básico. A conjuntura eleitoral está priorizando a discussão de saídas urgentes para evitar o apagão na educação para o emprego, ou seja, a qualificação profissional para que jovens e trabalhadores possam ocupar as novas demandas de emprego no país. Mas isso não significa que o ensino fundamental esteja fora das cogitações ou não é considerado uma questão urgente para o país.
Li comentários do senador Cristovam Buarque no twitter (www.twitter.com/Sen_Cristovam) defendendo uma possível federalização da Educação de Base, para fazer com que todas as escolas do Brasil sejam, pelo menos, tão boas quanto o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. A União banca o Pedro II e, por meio das universidades federais, os Colégios de Aplicação, que estão entre aqueles que melhor ensinam em todo o país.
Acho que seria um retrocesso inverter completamente a ordem de responsabilidades, constitucionais inclusive. Hoje cabe aos municípios a gestão do ensino básico, da educação infantil ao ensino fundamental, sendo que alguns conseguem assumir o ensino médio, que é uma atribuição dos Estados. Ao governo federal, ou à União, cabem o ensino superior e as diretrizes didático-pedagógicas para todas as fases do aprendizado nacional.
A Educação Básica necessita de mais recursos financeiros para atender às demandas iniciais de formação do povo brasileiro. Não acredito, entretanto, que esses recursos seriam conseguidos por meio de novas leis carimbando receitas da União com tributos existentes ou novos. O Congresso Nacional aprovou recentemente que 50% dos recursos do Fundo Social a ser formado com os rendimentos da exploração de gás e petróleo sob as camadas de pré-sal sejam destinados à Educação. E que destes 50%, 80% sejam aplicados em Educação Básica.
Se isso for confirmado pelo atual governo federal, que numa primeira manifestação demonstrou a sua contrariedade com essa focalização, justificando que isso dificultaria a manutenção de políticas sociais, como a Bolsa Família, os gestores deste país conseguiram cumprir as suas atribuições para a melhoria da qualidade da Educação. Atualmente a maior parte do orçamento do Ministério da Educação – MEC está comprometida com a manutenção das IFES – Instituições Federais de Ensino Superior.
O custo/aluno/ano hoje apresenta distorções muito graves, se fizermos uma comparação sobre a distância da União em relação à educação básica. Um estudante universitário federal custa cerca de R$ 9,5 mil, um aluno de escolas técnicas mantidas pelo MEC tem investimento da ordem de R$ 3,7 mil, enquanto a média para atender às crianças e adolescentes fica em torno de R$ 1,5 mil. Acontece que para tocar nesses números, explicitando a necessidade de uma redistribuição de valores por um determinado período, provocará um levante das corporações da Universidade Federal, principalmente, que já considera baixos os investimentos em seus níveis de ação.
O Brasil avançou bastante a partir do momento que começou a avaliar as condições do ensino ofertado da educação básica ao ensino superior. Contudo essa avaliação enfrenta resistência apenas quando o mérito dos gestores e educadores é considerado, com a preocupação de que o educador mal avaliado terá a culpa pela má qualidade do ensino e do aprendizado. Esse fator, na realidade, funcionaria como o uso do termômetro num paciente antes de solicitar outros exames antes do diagnóstico. Na minha visão, o senador Cristovam Buarque está certo quando mira a sua atenção para instituições muito bem avaliadas em todos os sentidos, mas sem dúvida o próximo presidente da República não pode deixar para depois das eleições as suas ideias concretas para melhorar a formação do povo brasileiro, desde os primeiros contatos com a Educação, nas próprias creches.
Não há como elevar e igualar a qualidade em todo o Brasil sem federalizar o assunto da educação de base com uma Carreira Nacional do Professor e um Programa Federal de Qualidade para garantir edificações e equipamentos pedagógicos eficientes em horário integral.É simples:fazer com que todas escolas do País tenham a qualidade do PedroII,das Escolas Técnicas,dos colégios militares ou de aplicação,todos federais.É simples e toma tempo,estimo em 20 anos para chegar a todo o Brasil.
Concordo com vossas colocações Raul.
Comparar e buscar que todas as escolas sigam o modelo do Pedro II é voltar aos anos 50 e 60 quando o currículo oficial era baseado no Pedro II.
Hoje as diferenças regionais e as necessidades locais mostram a necessidade um curriculo amplo e adequado a todos Uma base comum mas com uso de experiências e exemplos locais além de disciplinas complementares adequadas a cada público.
Ter no entanto o Pedro II (e temos outras escolas públicas de real qualidade notória como o Sistema Paula Souza) como modelos de sucesso é importante para repensarmos. Mas não copiar ou repetir procedimentos.
Cases de sucessos na Administração são importantes não para serem copiados mas para serem compreendidos como frutos de uma gestão responsável, focada em objetivos e que se adequou ao seu momento, público, necessidades, recursos humanos e materiais e tempo.
Este fluxo para a Educação é importante e necessário.
Se não somos uma federação verdadeira, por que o ensino deveria ser federalizado? Temos que começar pelo princípio de fortalecimento das entidades federativas, com maior liberdade de ação e maiores recursos. Com isso, os Estados e municípios vão ter condições de ter melhor ensino básico. A formação de professores deve melhorar e ser mais técnica. Professor de matemática tem que ensinar matemática, não sociologia ou coisa parecida. Professor de português, tem que ensinar português, não filosofia. Coisas simples, que darão melhor resultado so longo do tempo. Mais tempo para educação e educadores, que nossas crianças estudam muito pouco!
Raul,
Quando você escreve sobre o levante nas instituições universitárias federais, que já não vêem investimentos, você toca na mais absurda situação do ensino superior brasileiro. A falta de pesquisa.
O ensino básico municipal é de qualidade na maioria dos municípíos. Afinal, as Secretarias de Educação estão próximas. O ensino médio só consegue ser bom, realmente, em instituições particulares. Raros casos federais pois essas escolas são raras.
Federalizar o ensino básico é retrocesso, em que pesem as afirmativas do senador Cristovão Buarque. Será como é o MEC em relação as escolas superiores: longe dos olhos, longe do coração.
E muito bom dito. Os professores com formação adequada para as cadeiras específicas. Mas aí, Raul, entramos na formação de professores. Como você bem sabe história, geografia, filosofia são disciplinas que somem das faculdades e universidades. Letras, biologia, muitas outras.
Quem quer ser professor? Você, com sua experiência sabe que a categoria está cada vez mais humilhada, com baixa auto-estima. Ãrvore de Natal para professor é sinônimo de demissão, MESMO.
E as mantenedoras. Querem cursos sem alunos, caros, que carecem de pesquisa e laboratórios? Veja o que aconteceu no maior centro de pesquisa arqueológica na Baixada. Sumiu. Procure os nomes de professores demitidos recentemente de grandes isntituições paulistas, cariocas, aqui da baixada mesmo. É gente dessas áreas que citei. Que formaram gerações e agora foram eliminados pois seus cursos “não tem alunos para cobrir custos”.
Não há jeito Raul. Como professor, jornalista, cidadão, não acredito em solução no atual modelo econômico, social, ético. A bola de neve que já vem a tempos aumentando já derrubou a velha e combalida escolinha de taipa.
“O BRASIL DE VERDADE não passa na gloBo – O que passa na glOBo é um braZil para TOLOS”
Sou professor da rede estadual paulista e sofro com o PSDB ” pior salário do Brasil ” Gostaria de dar aula em uma única escola, gostaria de poder fazer poós graduação a noite depois das aulas, gostaria de dar maior atenção ao, meus aluninhos para q tenham uma melhor nota no IDESP, queria queria queria……Por isso Votamos Dilma.
O Brasil tem o pior salário mínimo do mundo,o menor nível de escolaridade (média de 7 anos) se não houver um grande investimento para elevação da escolaridade, maior e melhor qualificação profissional para os nossos jovens , continuaremos com uma baixa produtividade e assim a minoria será sempre beneficiada.
Será que para o atual governo é viável que o nosso povo não precise de “bolsas” e tenha condições optar, opinar e exigir com clareza o que é melhor para sua vida?
Pense!
E veja até onde essa SUIÇA, que o atual governo apresenta é verdadeira.
Toda casa tem que ser iniciada pela idealização, que é o projeto da planta e o segundo passo é começar estruturando bem o alicerce, pois se assim não ocorrer toda a estrutura ficará comprometida. A educação brasileira, historicamente sempre se preocupou com o acabamento e negigenciou o alicerce. Como se tentasse construir a casa pintando as paredes. Não adianta bolsas de estudo para as universidades se a base da escola púbilca efetivamente não for estruturada para oferecer ensino de qualidade. Propostas eu tenho, mas não as divulgarei agora.