Blog do Raul

Partidos para sempre ?

A governabilidade é possível com a maioria parlamentar, e todo mundo sabe que isso tem preço e quem paga a conta somos nós. Essa relação infame seduz uma legião de figuras políticas sem crença doutrinária e ideológica, que privilegiam a busca de objetivos pessoais e até comerciais com os seus mandatos. Será que a exigência da fidelidade partidária botará um freio nessa realidade? Por que os partidos brasileiros sempre fizeram vistas grossas com a fidelidade programática, estatutária, ética e moral? O jogo político exige jogo de cintura e de aparências? Se houver mudança nesse cenário, a opção partidária será para sempre?

Dúvidas assim povoam uma parte de nossas cabeças iniciadas e até daquelas aparentemente indiferentes. Quantas vezes ouvimos interlocutores dizendo que não gostam de política, por causa dos maus políticos, ou então, para se afastar do assunto, que são "apolíticos". Em todos os casos a culpa recai sobre os partidos, que se mostram incapazes de controlar os seus representantes ou coniventes porque sobram políticos nas suas direções.

O Supremo Tribunal Federal (STF) sinaliza que na próxima quarta-feira vai impor a vinculação dos mandatos de parlamentares (vereadores, deputados e senadores) e de executivos (prefeitos, governadores e presidente da República) a fidelidade partidária. Num primeiro momento, as algemas seriam colocadas nos parlamentares, para impedir que troquem de legendas como quem troca de camisas; mas principalmente para os partidos reaverem vagas que perderam com a saída de infiéis.

A ansiedade é maior para a oposição, porque mais vulnerável, dividida e pressionada por demandas regionais, paroquiais, com verbas, cargos de direção. Presa fácil dos "negociadores" da governabilidade, as legendas oposicionistas fazem coro ao STF nessa hora.

Na minha opinião, a iniciativa do STF não pode ficar isolada em si mesma. O passo seguinte é pressionar o Congresso para que realize a Reforma Política, com dispositivos cumpríveis além da fidelidade, com voto distrital, financiamento público das campanhas, cláusula de barreira, Parlamentarismo. Acontece que a "governabilidade" é soberana e a Reforma Política não interessa agora, a não ser que a perspectiva do terceiro mandato para Lula da Silva seja agendada.    

 

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1 comentário em “Partidos para sempre ?”

  1. Concordo plenamente com Raul, a fidelidade partidária é tão urgente quanto a Reforma Política. A televisão do Brasil, apesar de servir como indústria cultural aos interesses dos poderes desmoralizados de um capitalismo anacrônico até feudalista, se dá ao luxo de arrasar culturalmente com o Senado em final de novela de incrível audiência, mostrando o estado das coisas de Estado em Brasilia. O Presidente, que pratica o populismo getulista na sua pior edição se transformou também em Rei (“nu” ou vestido por costureiros de grifes da Elite) de fato e direito torto rsss em suas últimas falas, faltou dizer (parodiando A França pré revolução francesa) “L’etat cest moi”,com as devidas ressonâncias nas mídias subservientes.
    A Reforma política é uma necessária U.T.I., dessa nobre atividade social que na boca dos “apolíticos” (na língua grega ideotas rsss) é uma sustentatação do(Getulio again) A Lei…ora a Lei… é para ser usado contra a oposição, ou seja……como se dizia no caipirismo da burguesia do café…. “Nóis é nóis e o resto é nóis”.
    Bom dia e um abraço
    Ivan Alvim

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