Blog do Raul

Partido pode. Idéia “nanica” não pode !

Há correntes de pensamento contrárias à existência de partidos "nanicos", legendas que têm representação mínima ou quase nenhuma. O Congresso Nacional poderia decidir sobre isso, com a chamada cláusula de barreira, limitando a sua existência ao número de parlamentares federais eleitos, mas preferiu ignorar qualquer condição para a sobrevivência deles. Para mim é indiferente, desde que tenham bem definidas as suas orientações ideológica, doutrinária e programática. Inaceitáveis são as "idéias nanicas", vazias ou insubsistentes, dos partidários de legenda de qualquer tamanho.

Esta reflexão nasceu em decorrência do último debate entre os prefeituráveis da Capital de São Paulo, pela TV Bandeirantes. A bancada de participantes não excluiu candidatos, oito no total – Ciro Moura, Geraldo Alckmin, Ivan Valente, Kassab, Maluf, Marta Suplicy, Renato Reichmann e Soninha -, contrariando análises recentes sobre a tendência plebiscitária das disputas. Alguns analistas apontam para a redução do número de candidatos a cada eleição, e para a aplicação ao primeiro turno das regras do segundo, unificando compromissos e tempos de propaganda gratuita de rádio e tv.

Durante o debate da Band se verificou o descompromisso da maioria dos candidatos com as estatísticas da Cidade de São Paulo. Para alguns eleitores-telespectadores, sem condição de checá-las, sobra a idéia do conhecimento da realidade do município e a interpretação equivocada de que são mais capazes para realizar programas que resolvam os problemas locais. Mas ficou claro, que independentemente dos números colocados, há candidatos bem posicionados sobre as soluções e da necessidade de analisar o poder local sob a ótica do relacionamento com os governos José Serra e Lula da Silva.

Pelo que tenho lido sobre as interpretações da Justiça Eleitoral, as opiniões pela Internet estão limitadas a considerações gerais. No caso dos candidatos, o debate deve se restringir à página virtual de campanha. Vasculhe os sites de buscas e conheça milhares de opiniões além do quê está mais escancarado. A imprensa repercutiu o debate comparando os desempenhos e registrando o despreparo de dois representantes de partidos nanicos, Ciro Moura e Renato Reichmann. Realmente é preciso ter muita cara-de-pau para se apresentar numa disputa da importância da maior cidade do país, e promover uma hemorragia de achismos e de idéias mínimas.

A democracia proporciona campeonatos nacionais, com direito de participação de todas as legendas partidárias, porque essa é a regra atual. No entanto, uma reforma política que poderia reorientar também o processo eleitoral, qualificando melhor os debates, é desdenhada. O desejo de elevar o debate, passando a limpo a vida pregressa e o preparo dos candidatos, para oferecer tranquilidade em relação à confiança de nossos destinos e à competência no enfrentamento da difícil tarefa de gerir a coisa pública, não pode ser omitido.

Debates como o da Band reforçam o alerta para que os eleitores não se apequenem com as idéias absurdas ou nanicas de fundamento. Longe da elitização das campanhas, porque essas, pelo abuso do poder econômico ou pelo forjado manancial de idéias, também não sensibilizam; mas perto da realidade, da sinceridade e da forma mais séria de ver a verdadeira função do homem ou da mulher que se dispõem cuidar do seu município, seus problemas, soluções, desenvolvimento …

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5 comentários em “Partido pode. Idéia “nanica” não pode !”

  1. Thiago Eloi Onofre

    Raul, realmente esse debate da Band foi horrível, perdeu-se a oportunidade de colocar frente a frente as propostas dos verdadeiros prefeituráveis, cedendo espaço para candidatos que não tem nenhuma expressão eleitoral, além dos candidatos despreparados, nos levando a um debate difícil de assistir.
    Mas vale ressaltar que a Democracia no Brasil vem se amadurecendo, o numero de partidos já deu uma reduzida, se comparado com a última década e como foi dito acima o numero de candidatos também vem diminuindo, com a medida do Judiciário, o troca troca de partidos também diminuiu.
    O que me preocupa na redução de partidos é que partidos históricos que tem uma ideologia clara, mesmo que minoritária, acabam entrando no mesmo barco dos partidos sem ideologia definida e correm o risco de serem extintos. Em contra partida os grandes partidos brasileiros, ou perderam sua identidade original, ou não conseguem explicitar sua ideologia de forma clara e objetiva, ficando a população sem ter como diferencia-los.
    Mas diretamente no Caso da Eleição de SP temos dois candidatos despreparados, dois candidatos que mesmo sem ter chance tem postura e levantam propostas, dois candidatos que acham que correm por fora, quando na realidade estão é fora do páreo, e dois candidatos que realmente disputam essa candidatura, será que só veremos um debate direto entre esses dois no segundo turno? Sinceramente espero que não

  2. Raul, na minha opinião debate, nada mais é do que um longo discurso.
    Acostumamos a assistir diversos debates, e após eleito, o então ex. candidato passa a ter uma espécie de amnésia, esquece tudo que dise e que se comprometera.
    Com relação aos pequenos partidos, ou partidos nanícos, agem de forma que seus representantes permanessam no cenário político (em evidência), essa de ideologia é papo furado e não é sómente os pequenos partidos que agem assim.
    Infelismente até os considerados grandes partidos, quando chegam nas eleições, seus comandantes se omitem da disputa, para apoiar quem geralmente esta com a máquina namão, e portanto ,muitas das vezes garantir com isso que os mesmos permanessam sempre na brisa dos ar condicionados, em seus gabinetes, e bem longe do pulsar das ruas empoeiradas e calorentas, que quem se dispõe a disputar as eleições tem que encarar.
    Exemplo disso meu caro amigo Raul, encontra-se o PSDB Santista com os atuais mandatários, sem ideologia nenhuma.l OU estou errado?
    Um grande abraço.

  3. José Augusto

    Caro Raul.
    Como sempre você coloca um tema apropiado para discussão.
    Meu amigo o duro é quando as idéias não são nanicas mais a ação é.As idéias nanicas tendem a não perdurarem,mais aqueles que professam idéias magistrais e tem uma ação pífia fazem um estrago,violento.Sou favoravel a que todos possam ir aos debates.Só assim os nanicos de pensamento e de ação serão desmascarados.Vamos realizar debates em praça pública também.Um abraço.

  4. Claudio Alves de Amorim

    “A política é como a esfinge da fábula: devora todos que lhe não decifram os enigmas.” (Antoine Rivarol)

  5. Graciela locateli

    Oi raul, simplesmente é muito precaria a condiçao de alguns de nossos candidatos, que muitas vezes vêem no mundo da politica uma forma de ganhar dinheiro as custa da populaçao e nem ao menos sem presam a buscar uma solida base para defender suas propostas, achando assim que nos brasileiros somos burro. Ate quando vamos ver isto.

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